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O meu percurso ao longo de toda esta etapa de Mestrado em Educação Pré- Escolar e, em especial, os períodos de prática profissional supervisionada constituíram- se como oportunidades de (trans)formação repletas de aprendizagens significativas, pelas possibilidades de construção de conhecimentos e competências que me permitiram experienciar.

Agora encaro o lugar da avaliação na educação de infância numa perspetiva de continuidade e multidimensionalidade. É o meio pelo qual o educador conhece as crianças e os seus contextos, a ferramenta que o orienta nas suas escolhas pedagógicas, que o leva a refletir sobre a adequação da sua prática e lhe permite reformulá-la ao longo do tempo. No fundo, permite que o educador desenvolva uma compreensão acerca de todas as dimensões envolvidas no processo de ensino-aprendizagem da criança e, portanto, deve ser considerada como um “caminho seguro para a melhoria da qualidade em educação” (Nabuco, 2000, p.81).

Numa avaliação geral da minha atuação ao longo das PPS, julgo que a concretização efetiva da participação das crianças foi o aspeto que mais inquietação me provocou, principalmente considerando que, como educadora, deverei ter a capacidade de torná-las protagonistas na esfera educativa (ainda que à partida já o sejam), ampliando a sua voz, sem, no entanto, perder a minha própria voz. Não podendo afastar- me da minha responsabilidade de educar, devo dar-lhes espaço, como recomenda Bae (2015), “para apresentarem os seus pensamentos, sentimentos e ações”, mas devo “também participar como sujeito ativo, partilhando conhecimentos, brincadeiras ou outro aspeto qualquer” (p.17).

Na construção desta minha perspetiva das crianças como atores socias, capazes de agir sobre o seu meio e influenciá-lo, pesaram bastante os resultados das investigações realizadas em ambos os contextos da PPS. Particularmente sobre a investigação em jardim-de-infância, é importante destacar que as crianças do grupo desenvolveram, ao longo do tempo de intervenção, mais competências ao nível da resolução de conflitos e de manutenção da brincadeira com os pares, ainda que revelem utilizar várias estratégias que as conduzam ao fracasso na entrada num grupo de pares. Assim, tanto este conjunto de resultados como o conjunto obtido na investigação em berçário, confirma que as crianças são bastante competentes nas relações que estabelecem com o outro, recorrendo a diversas estratégias que contribuem para o êxito das suas interações com os pares.

Partindo das conceções que construí suportadas nestes resultados, acerca da competência das crianças e do papel que os adultos desempenham no seu desenvolvimento, posso agora definir novas estratégias de ação educativa para promover as interações entre pares, mediando-as e valorizando-as. Assim, define-se a relevância que o processo investigativo assume no panorama educativo, como meio para conhecer a realidade e agir sobre ela, de modo mais informado e, portanto, mais pertinente. Por isso mesmo, é fundamental que se reconheça que, assim como afirma Tuckman (2000), “a investigação tem o mérito de contribuir para aumentar o conhecimento e, em última análise, para o melhoramento humano” (p.20).

A investigação em contexto de infância é um dos aspetos que, nesse sentido, contribui para a construção da profissionalidade do educador. Além disso, surgem como fatores relevantes para este processo infindável de (re)construção do docente a formação contínua a que se dedica e a relação que estabelece com todos os outros intervenientes do processo educativo.

Durante o tempo em que tenho vivido este processo, fui modificando as minhas conceções acerca da criança, da infância, da educação, do papel do educador, da profissão docente. Fui construindo mais saberes e práticas e sendo capaz de as integrar na visão daquilo que ambiciono tornar-me ao longo do meu caminho como educadora. No fundo, este processo tem vindo a contribuir para a fundação da minha identidade, que acredito, como Day (2004) que “é formada através da mente, do coração e do corpo” (p.92), traduzida nas competências do saber, do ser e do fazer que o educador deve desenvolver.

As vivências que têm composto este caminho levam-me a considerá-lo o final de um percurso de aprendizagem e, ao mesmo tempo, o início do verdadeiro caminho que desejo percorrer, acreditando que estará repleto de confrontos pessoais, sucessos e obstáculos e que, desse modo, me impulsionarão a refletir para, a cada momento, me ir completando de acordo com a imagem de educadora de infância que projeto para mim.

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ANEXO A – NOTAS DE CAMPO MOBILIZADAS NO CORPO DO

TEXTO

Capítulo 2. Caracterização do contexto educativo

NC1 O Z., do CDC, veio ajudar o grupo da atuação do Chaplin a construir os adereços. Quando chegou à sala ainda estávamos na reunião da manhã e, por isso, juntou-se a nós. No final, enquanto as crianças comiam o reforço, ele cantou-lhes uma canção – Cartas de amor – e todas as crianças ficaram caladas para o ouvir, reunindo-se à sua volta. (Nota de Campo, 7 de dezembro de 2016).

NC2 O D. disse hoje, na reunião da manhã «O autocarro é para os dias em que está a chover», referindo-se à rotina matinal que completa antes de chegar à sala. (Nota de Campo, 20 de outubro de 2016).

NC3 Num dos cafés, além de as crianças entregarem doces, também receberam, de um senhor mascarado, enquanto todos os que estavam no café se colocaram à porta ou na esplanada para assistirem ao desfile. Também uma das empregadas da farmácia, assim que viu chegar o grupo, se encaminhou para a porta com vários sacos de doces. Isto demonstra que já estariam à espera da passagem das crianças e que se preocuparam em preparar-se para poderem entrar na brincadeira com os grupos. (Excerto do Registo Diário nº25, 31 de outubro de 2016).

NC4Quando chegámos à sala, a Va pediu ao GuiT e ao GuiB que fossem buscar o seu fato de judo ao cabide. (Nota de campo, 29 de setembro de 2016) // Hoje [as meninas] andavam todas felizes pela sala, mostrando a sua roupa aos amigos e conversando entre si sobre o ballet. (Nota de campo, 26 de outubro de 2016).

NC5 Antes de entrarmos na sala depois da hora dos finalistas, a educadora colocou o tapete por cima de nós (C, S e eu) e tapou-se também para pregarmos um susto ao resto do grupo que já estava sentado à volta da mesa para começar a reunião do Conselho. (Nota de campo, 21 de outubro de 2016).

NC6 Enquanto se completava este processo, chegou o pai do FranT e a educadora pediu-lhe para o deixar ficar mais um pouco na sala, para que ele pudesse fazer as bolachas. Depois disse ao pai que ele podia entrar na sala e ajudar a fazer as bolachas. Ele participou, ajudando as crianças à sua volta a construir alguns moldes. (Excerto do Registo Diário nº8, 6 de outubro de 2016).

NC7 Às segundas-feiras à tarde, a educadora não está na sala, porque participa em reuniões relacionadas com o seu cargo de coordenadora, ficando assim a tarde destinada ao acabamento de trabalhos em falta com o apoio da auxiliar. (Excerto de Registo Diário nº1, 26 de setembro de 2016).

NC8 Depois da reunião da manhã, o AfS, como Presidente da semana, foi verificar as tintas no cavalete. Depois de se aperceber que os copos estavam quase vazios, foi ao armário do lavatório buscar os frascos das diferentes cores e despejou mais tinta em cada copo. (Nota de campo, 26 de setembro de 2016).

NC9 Outras estiveram com a educadora a fazer o inventário de tudo o que existe na casinha e de como podem brincar nesta área. Reuniram-se à mesa, na área da casinha, verificaram todos os tipos de objetos que existiam e conversaram sobre as brincadeiras que podiam fazer de acordo com os diferentes tipos. (Excerto do Registo Diário nº10, 10 de outubro de 2016).

NC10 Por volta das 11h30 [as crianças] arrumaram a sala, empilhando as cadeiras, e dirigiram-se para o recreio (Excerto do Registo Diário nº2, 27 de setembro de 2016).

NC11 Hoje insisti bastante com a MI para que utilizasse o garfo, já que muitas vezes utiliza as mãos para levar a comida à boca. (Nota de campo, 10 de outubro de 2016).

NC12 o GuiG, que costuma ser dos primeiros a adormecer, assim que recebe a sua chucha e a fralda, hoje manteve-se acordado durante algum tempo (Excerto de Registo Diário nº28, 4 de novembro de 2016) // o GuiT hoje estava muito contente na hora da sesta porque o seu Mickey é igual ao que o SantO tem todos os dias consigo (Nota de Campo, 12 de outubro de 2016) // Hoje a Le tinha duas chuchas consigo enquanto dormia (Nota de Campo, 19 de outubro de 2016)

// O Af, assim que me aproximei da sua cama, pediu-me a sua chucha (Nota de Campo, 26 de

outubro de 2016).

NC13 o FranT e a MI usam fralda para dormir, mas por vezes, não é suficiente e a roupa fica molhada. (Excerto de Registo Diário nº15, 17 de outubro de 2016).

NC14 A A não usa fralda para dormir, mas ainda está a treinar o controlo dos esfíncteres durante o sono – se não for acordada cedo, acaba por fazer xixi enquanto dorme (Excerto do Registo Diário nº15, 17 de outubro de 2016).

NC15 Hoje a C, que normalmente não dorme a sesta porque não precisa, disse que tinha muito sono e que, por isso, queria dormir a sesta. (Excerto do Registo Diário nº8, 6 de outubro de 2016).

NC16 O FranM protestou, agitando os pés e continuou a chorar. (Excerto do Registo Diário nº3, 28 de setembro de 2016).

NC17 O jogo terminou com o S e o AfS, sendo que o S foi o vencedor. O AfS ficou muito triste com a derrota e começou a chorar. (Excerto do Registo Diário nº27, 3 de novembro de 2016).

NC18 a M aproximou-se e disse imediatamente: "Eu ainda não fiz a casa do meu avô!". Perguntei- lhe se queria fazer e ela disse que sim, puxou uma cadeira e sentou-se perto do AL. (Excerto do Registo Diário nº16, 18 de outubro de 2016).

NC19 foi algo difícil conseguir que o GuiG e o GuiB viessem iniciar a atividade, já que queriam ficar a brincar (Excerto do Registo Diário nº23, 27 de outubro de 2016).

NC20 Quando a C e a La entraram na sala, após terem estado na sala 2 durante o tempo da sesta, correram até à Le – que não viam desde o fim do almoço -, que sorriu largamente e esticou os braços na direção das meninas. Todas deram as mãos e começaram a andar à roda, sorrindo e cantando (Nota de Campo, 24 de outubro de 2016)

NC21 Ela [a A] disse que não tinha gostado que o FranT tivesse chorado porque isso a tinha deixado triste” (Excerto do Registo Diário nº49, 7 de dezembro de 2016).

NC22 Quando o FranT acordou da sesta, disse-lhe para ir à casa de banho tirar a fralda e fazer xixi. Passado algum tempo, ele voltou para a sala e correu até mim: «Joana, não fiz xixi na fralda!» e atirou-se para o meu colo de braços abertos. (Nota de campo, 19 de outubro de 2016)

NC23 De manhã, quando me sentei ao pé da C e da Le e reparei nas suas calças, disse-lhe «Já viram, hoje temos as três calças cor-de-rosa!». Depois do almoço, enquanto seguíamos para a casa de banho, a Le disse-me algo que eu não consegui entender. Pedi-lhe várias vezes que repetisse para tentar compreender o que dizia. Foi só quando ela apontou para as suas calças que consegui perceber que voltava a rir-se do facto de termos as calças da mesma cor. (Nota de campo, 28 de setembro de 2016).

NC24 O AL ficou perto de mim o tempo todo, a ajudar quem vinha marcar a presença e demonstrou reconhecer todos os nomes que existem no mapa das presenças. (Excerto do Registo Diário nº3, 28 de setembro de 2016).

NC25 começaram o S e o V a apresentar o trabalho que tinham feito em conjunto com os carimbos das letras. Foram apontando para cada letra e identificando os amigos que tinham nomes que começavam com aquela letra. (Excerto do Registo Diário nº12, 12 de outubro de 2016)

NC26 A dada altura, pedi-lhe que contasse o número de patas que já tinha na altura. Ele foi capaz de o fazer corretamente, contando cada uma das patas uma e uma só vez, ainda que a forma