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Hoje, ao contrário do que acontece sempre, não se fez a reunião da manhã. Assim que as crianças chegaram à sala foram marcar a presença e sentaram-se à mesa a desenhar e pintar, enquanto a educadora começou a fazer as pinturas faciais a alguns, no hall de entrada da sala. Neste período, o S esteve sempre bastante calmo, a pintar o seu livro de colorir do Frozen, o que me surpreendeu bastante.

Às 10h, as crianças comeram bolachas e começámos a distribuir os adereços pelo grupo, ajudando-os a colocá-los. Os adereços utilizados foram variados, existindo desde os chifres da “Maléfica”, a chapéus de bruxa, cabeças de abóbora, capas de morcego/vampiro, coroas de rainhas más e vestes de fantasma.

Depois, comecei a tirar algumas fotografias individuais às crianças que já estavam prontas. Por volta das 10h30, todos estavam prontos para o desfile. Quando saímos da sala, estavam imensos familiares no corredor e até à porta da instituição, à espera para acompanharem as crianças no desfile. A educadora tratou de organizar o grupo, assegurando que cada criança estava diretamente sob a responsabilidade de determinado adulto, da equipa ou das famílias. Por exemplo, a mãe do AfS estava responsável por ele, mas também pelo X, que os acompanhava.

Depois de todos organizados, foram distribuídos os cartuchos com doces, que as crianças iriam entregar pelo bairro. Quando chegámos à rua, apercebi-me da grande quantidade de familiares que desfilava connosco. Não esperava tanta adesão, porque nunca estive num contexto em que as famílias participem tanto. Pareceu-me, dentro da dinâmica da instituição, muito natural esta presença e colaboração das famílias.

Enquanto desfilávamos pelo bairro, as crianças dos diversos grupos foram entregando doces nas várias lojas e às pessoas que íamos encontrando pelo caminho. Durante o desfile, estive sempre com a Le e o GuiB, que se mantiveram muito calmos, sorridentes e claramente entusiasmados por entregarem doces às pessoas. Muitas vezes, depois de dar os doces às pessoas, o GuiB, especialmente, agarrava num doce para tentar comê-lo, mas compreendeu quando lhe disse que já tinha comido alguns e que só poderia comer mais à tarde.

Num dos cafés, além de as crianças entregarem doces, também receberam, de um senhor mascarado, enquanto todos os que estavam no café se colocaram à porta ou na esplanada para assistirem ao desfile. Também uma das empregadas da farmácia,

assim que viu chegar o grupo, se encaminhou para a porta com vários sacos de doces. Isto demonstra que provavelmente já estariam à espera da passagem das crianças.

Reparei também que, ao longo do caminho, muitos dos adultos que íamos encontrando conheciam algumas das crianças, revelando que a população do bairro envolvente se conhece e convive regularmente entre si, o que origina a criação de laços com as crianças.

Chegámos à escola por volta das 11h30 e as crianças encaminharam-se todas para o recreio, despedindo-se dos pais, que não estariam presentes desde o almoço até ao lanche, mas que poderiam voltar para o baile, à tarde.

Esta despedida foi algo difícil para algumas crianças, por exemplo, para a M. Quando a encontrei no recreio, ela estava sozinha a chorar. Perguntei-lhe o que se passava e ela disse que queria a mãe, que a acompanhou no desfile e de quem tinha acabado de se despedir). Depois de lhe explicar que a mãe voltaria à tarde, mas que não podia almoçar connosco, disse-lhe que precisava de ajuda para ir guardar umas coisas na sala e perguntei-lhe se queria ir comigo. Ela disse que sim. Quando regressamos ao recreio, ainda esteve algum tempo perto de mim, hesitante em ir brincar, mas depois de algum incentivo lá acabou por fazê-lo.

Entretanto, todos os doces e adereços foram recolhidos pelos adultos e reunidos nas salas, para se organizarem para o baile da tarde. As crianças brincaram durante algum tempo e, quando se encaminharam para a casa de banho, antes do almoço, as pinturas faciais foram limpas.

Depois da sesta, as crianças foram, em pequenos grupos, ajudar a educadora e as crianças de outras salas a preparar a comida para o baile, ficando responsáveis por fazer pipocas e colocá-las em luvas. Outras crianças fizeram bolos e toda a comida foi reunida no ginásio para o baile. A sala foi decorada com alguns elementos do Halloween construídos pelos grupos das várias salas de creche e de JI (monstrinhos, fantasmas, vassouras de bruxa), foi colocada uma lâmpada com luzes de várias cores, para iluminar o espaço escurecido (baixaram-se as persianas e apagou-se a luz para se criar um ambiente mais assustador) e ouviam-se músicas de vários estilos, uma compilação das músicas ouvidas em cada sala da instituição.

As crianças, após o lanche, ficaram na sala a brincar e à medida que os seus pais iam chegando, conversavam com elas sobre o baile, para decidirem se ficariam ou não no ginásio. Pouco tempo depois de estar no baile, chegaram os grupos de creche

com as educadoras. Acabaram por regressar às salas depois de terem estado a dançar e a correr pelo espaço, ficando apenas o grupo dos mais velhos.

Alguns pais iam chegando e saindo com as suas crianças, quer da creche, quer do JI, que já estavam no baile ou que iam buscar para a levar até lá. Algumas famílias não participaram de todo, levando logo as crianças para casa, mas muitas ficaram pelo menos um bocadinho.

Entretanto, por volta das 17h, chegaram ao baile todas as crianças de JI que ainda estavam nas salas. Estavam todas muito entusiasmadas com o ambiente criado e dividiam-se entre as pinturas faciais, as mesas com os doces, ou a pista de dança, que servia para dançar, correr e brincar.

Os adultos foram tentando verificar se as crianças que não tinham os familiares consigo precisavam de comer e participaram em brincadeiras com todos os grupos. Neste momento, notou-se especialmente que todas as educadoras conhecem muitas das crianças de toda a instituição e as interações que estabelecem com elas surgem de forma muito natural.

No final do baile, que terminou por volta das 18h, toda a equipa se reuniu para arrumar e limpar o espaço. Nestes momentos, destaca-se o espírito de equipa entre todos os elementos, educadoras e auxiliares, que trabalham em conjunto de modo a proporcionarem às crianças, famílias e comunidade momentos de convívio especiais.