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Diante desses relatos, constamos que os estudantes do curso de pedagogia apresentaram uma atenção cuidadosa e um olhar sensível para apreender, absorver e refletir as diversas situações da educação infantil relacionadas com a prática do professor, a importância de sua função, a relação teoria e prática, a concepção de criança e de ins- tituição infantil que valoriza a criança como centro da educação que outrora não era reconhecida como sujeito e, sim, objeto, sem direito, voz e opinião. essa instituição era um espaço de “depósito”, desprovida de projeto pedagógico. enfim, verificamos que essa atividade prática incentivou os estudantes a empenhar-se ainda mais em sua formação acadêmica. Percebi em nosso debate em sala de aula e por meio dos relatórios que os estudantes pensaram a realidade da instituição de educação infantil a partir da teoria estudada.

Em nossa discussão sobre essa atividade destacamos ainda mais a importância da teoria para pensarmos a prática, “o pragmatismo que ronda os cursos de formação de professores valoriza mais o lado prático da ação docente, o quotidiano da escola e da sala de aula, desqualifica e nega o sentido da teoria [...]” (CoelHo, 2003, p. 52). Posto isso, en- tendemos que o exercício da prática pedagógica centrada somente no fazer repetitivo ao distanciar-se da teoria torna-se impeditivo para pensarmos e avaliarmos nossas ações educativas. No entanto, quando entendemos que a ciência fornece conceitos, princípios, métodos, haverá constantemente a necessidade de recorrermos à teoria para nortear possíveis soluções de dúvidas advindas de nossas ações cotidianas.

rEfErêNciAS

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FORMAÇÃO DOCENTE: importância, estratégias e princípios - Volume I

Nacionais para a formação inicial em nível superior e para a formação continuada. Brasília: CNE, 2015.

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no ProcEsso dE aPrEndizaGEM no Ead?

Jane Gomes de oliveira17

ivan cançado de Salles18

carla marise canela Salles19

iNTroduÇÃo

A sociedade contemporânea tem sido marcada por mudanças de paradigmas no âmbito do conhecimento envolvendo eixos culturais socioeconômicos e tecnológicos dentre outros. O segmento educacional tem sido afetado por essas mudanças e passa a buscar o conhecimento utilizando variados recursos tecnológicos.

Um dos meios utilizados pela sociedade contemporânea para expandir e universalizar o conhecimento no âmbito educacional é a educação a distância – eAD que surge como uma via de comunicação que sustenta o processo de aprendizagem os recursos tecnológicos.

A partir das mudanças ocorridas no setor educacional e com a expansão do eAD, surge um novo perfil para o professor que atua nessa modalidade de ensino, passando esse profissional a ser alvo de transformações e evoluções na sua prática ao longo das últimas décadas. Como afirma Gomez (2008), o eAD se apresenta com uma visão interacionista opondo-se a visão instrumentalista utilizada na moda- lidade presencial. Para ele, o EAD apresenta como características bem específicas o respeito à individualidade, a autonomia e ao ritmo de aprendizagem dos alunos. Um aspecto importante a ser considerado no EAD é a atuação do professor ausente do contato presencial com o aluno, ou seja, se fazendo presente somente de forma virtual.

17 mestra em Administração. especialista em educação a Distância; Alfabetização; Docên- cia do ensino Superior; Psicopedagogia. Atua como Pedagoga - Consultora - Coordena- dora eaD. e-mail: oliveirajane8@gmail.com

18 especialista em educação a Distância; licenciado em Pedagogia; educação Física. Atua como Docente e Gestor de Polo de ensino a Distância. e-mail: Prof.ivansalles@gmail.com 19 mestre em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento; especialista em educação a Distância. Atua como Docente e Coordenadora Acadêmica eaD. e-mail: carlasallesc@ gmail.com

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o mundo contemporâneo tem passado por transformações que influenciam diversos segmentos dentre eles o sistema educacional em todas as suas modalidades.

A partir dessas transformações o modelo de educação para esse século passa a ser discutido na Declaração Mundial sobre Educação Superior (1998), que indica a necessidade de aprimoramento desse segmento e sugere novas posturas para os diversos atores envolvidos na formação de mão de obra qualificada.

No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB (1996) já apresenta novos enfoques para a educação apontando para novas modalidades e formatos educacionais (ALVES, 2009).

Partindo das reflexões de Preti (2006) a modalidade a distância chega para aliar-se a uma conjuntura econômica e política que atenda as demandas desse novo milênio, sendo considerada uma alternativa viável no que tange aos aspectos econômicos, sociais e pedagógicos.

A modalidade a distância apresenta especificidades importantes no seio de sua estruturação e organização. uma dessas especificidades, que será objeto de nossas reflexões é a ausência física do professor nessa modalidade de ensino.

Diante das reflexões de Wenzel (2017) acerca da importância da presença física do professor no eAD, pode-se verificar que:

O professor continua indispensável, tanto no en- sino presencial como no ensino à distância; só que o seu trabalho muda de aspecto. Ele não é mais aquele que possui o saber e o transmite ao aluno para que o aluno o receba como mera cópia e passe a ser copiador, mas se torna o grande orientador da aprendizagem, aquele que transforma a escola num grande lugar do aprender a pensar, a pesquisar, a indagar, a descobrir e a questiona (WeNZel, 2017). moran (2017) corrobora com as reflexões de Wenzel (2017) e com- plementa que as tecnologias interativas, vêm evidenciando, na educação a distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre o professor e o aluno e seu grau de importância nessa relação.

o autor comenta que na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual o conceito de presencialidade também se altera iniciando um processo ininterrupto de construção do conhecimento distante, sem a presença física do professor.

Sendo assim, refletir sobre a ausência física do professor da eAD torna-se necessário devido às mudanças ocorridas no seio da sociedade e ao crescimento do ensino a Distância no Brasil o que têm deixado cada vez mais evidenciada a importância de estudos sobre as influên- cias que essa ausência pode ter sobre o processo ensino aprendizagem dessa modalidade de ensino.

A metodologia desenvolvida nesta pesquisa foi de natureza des- critiva que segundo Gil (2005) e Vergara (2006) visa descrever as ca- racterísticas de determinada população ou fenômeno estabelecendo correlações entre as variáveis estudadas. Foi realizado um estudo de caso que segundo Yin (2001), analisa um determinado grupo social. Foram entrevistados 10 alunos de duas instituições privadas que ofertam o EAD (05 alunos de cada), da cidade de Belo Horizonte.

EducAÇÃo A diSTâNciA E SuAS ESPEcificidAdES

De acordo com Moran (2017) faz-se necessário entender a dife- renciação da eAD em relação à “educação presencial”, pois a respon- sabilidade do docente não está no professor como indivíduo, mas na instituição que congrega professores e especialistas para a elaboração do material didático apropriado, para o acompanhamento do aluno em seus programas de estudos, para a verificação de sua aprendizagem. o autor argumenta que da mesma forma, a instituição é a responsável pela logística da utilização, garantindo o fluxo da comunicação tradi- cional, em suma, da relação didático professor/aluno.

masetto (2007a) complementa as afirmações de moran (2017) colocando que no âmbito social, a educação à distância vem surgindo como uma grande perspectiva, mas acompanhada de uma grande preocupação relacionada à figura do professor e sua prática nessa modalidade de ensino. Parece que o mito professor continua forte e sendo a única justificativa para a aprendizagem do aluno

Valente (2009) coloca que a eAD constitui-se atualmente numa poderosa ferramenta para que os profissionais possam manter um constante exercício de aprendizado, ampliando, cada vez mais, o seu grau de empregabilidade. Trata-se, pois, de uma alternativa para que os trabalhadores brasileiros possam enfrentar, com mais possibilidades de sucesso, o chamado desemprego tecnológico, ameaça real aos que se mantiveram à margem do conhecimento (VALENTE, 2009).

masetto (2007) chama a atenção sobre um dos aspectos que a oferta do ensino à distância apresenta para reflexão. A separação

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física entre professor e aluno, onde a distância entre esses atores passa a ser um desafio, mas não um empecilho para se alcançar o sucesso nessa modalidade.

De acordo com Alves (2009), Zambalde & Figueiredo (2008) procura-se, hoje, no Brasil, integrar a comunicação à distância com elementos de comunicação interpessoal. Para tanto, a comunicação unidirecional, professor/aluno é substituído pela comunicação bidire- cional, através de correspondência, telefone, teleconferência, da tutoria, pelo computador e outras ferramentas tecnológicas. Para eles, a única certeza que temos hoje é que tudo muda o tempo todo, e que tem-se necessidade de aprendizagem constante, razão pela qual a educação à distância tem sido tão promissora.

Quanto ao eAD, Belloni (2006) corrobora com as reflexões dos autores citados acima e ainda argumenta que o processo de construção do conhecimento ocorre de maneira diferenciada, por meio de recursos de mediatização que utilizam linguagens variadas, da correspondên- cia tradicional a internet, e nós precisamos internalizar essas novas formas de comunicação. essas devem ser vistas como ferramentas que dependem de um processo de reflexão sobre seu uso e significado para que sejam utilizadas no processo de ensino e aprendizagem.