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CAPÍTULO III – MORAL E EMPATIA

3.1. Considerações teóricas

Durante muito tempo se difundiu a idéia de que as emoções podem prejudicar o raciocínio moral. Em um tribunal, por exemplo, os jurados são orientados a não permitir que as emoções influenciem suas decisões. Segundo Pizarro (2000), esta concepção que percebe um antagonismo entre julgamento moral e emoção encontra nas teorias acerca da moral pelo menos três argumentos favoráveis. O primeiro, é que as emoções destroem o princípio da imparcialidade do julgamento. Por exemplo, ao avaliar as ações de um indivíduo que roubou um carro, a opinião do indivíduo tende a mudar quando ele descobre que o ladrão é seu irmão. Neste caso, as emoções podem conduzir o avaliador no sentido de favorecer àqueles com quem ele se importa. Um segundo problema com as emoções é que elas surgem freqüentemente devido à presença de fatores arbitrários. Por exemplo, quando o indivíduo fica diante de um estranho necessitado, ele pode ser motivado a não ajudá-lo simplesmente porque ele está vestindo uma camisa que o faz lembrar de um velho inimigo. Os efeitos do humor no comportamento de ajuda também revelam este lado arbitrário das emoções. Por exemplo, o fato da pessoa estar de bom humor pode motivá-la a ajudar os necessitados. Finalmente, o terceiro argumento é que as emoções são involuntárias e, portanto, irracionais. Se isto for verdade, as emoções seriam meros reflexos automáticos da mente.

Diante dos argumentos apresentados, parece claro que, em alguns casos, as emoções de fato levam os indivíduos a agir de uma forma que pode comprometer as suas decisões morais. No entanto, conforme argumenta Pizarro (2000), é questionável o posicionamento de

alguns teóricos que afirmam que as emoções nunca podem ajudar, e sempre prejudicam os julgamentos morais. Em primeiro lugar, porque, na análise de Pizarro, as pessoas são dotadas de capacidade de regular suas emoções, e em muitas ocasiões são capazes de efetivamente induzir ou suprimir as reações emocionais por meio de uma variedade de táticas, que as permitem recrutar emoções quando necessárias e flexibilizar outras. Em segundo lugar, conforme pontua Pizarro, as emoções não estão vazias, nem desprovidas de influência racional. Ao contrário, as emoções refletem as preocupações pré-existentes, como crenças e princípios morais, o que torna as emoções menos arbitrárias do que pode parecer. Finalmente, Pizarro argumenta que as emoções, ao invés de atrapalhar o processo de raciocínio moral, na verdade, ajudam o raciocínio moral agindo como um agente centralizador, que concentra a atenção e o recurso cognitivo do indivíduo sobre o problema em pauta.

A defesa de Pizarro (2000) em relação à relevância das emoções sobre o julgamento moral fica ainda mais contundente quando ele pontua os benefícios da empatia para o julgamento moral, o que, na realidade, já vêm sendo destacado na psicologia do desenvolvimento (Eisenberg, 1986; Hoffman, 1990), na psicologia social (Batson, 1991) e na filosofia (Blum, 1980).

O primeiro argumento que demonstra os benefícios da empatia para o julgamento moral refere-se ao fato de que a empatia tem a capacidade de sensibilizar o ser humano para o sofrimento do outro. Quando se está, por exemplo, na presença de uma pessoa angustiada, o sentimento empático fornece pistas do estado do outro, o que possibilita uma ação moral congruente com tal percepção (Eisenberg, 1986; Hoffman, 1990)

Um outro argumento que ressalta os benefícios da empatia para o julgamento moral está atrelado a idéia de que o despertar da empatia não apenas conduz a informação do estado do outro, mas também leva o indivíduo a sentir com o outro, o que, por sua vez, pode determina a ação. Porém, é bom lembrar que, na análise de Pizarro (2000), a empatia não

determina a ação de forma automática, pois ela também pode ser confrontada com o sistema de crenças de um indivíduo. Por exemplo, se um indivíduo acredita que as injustiças na sociedade são devidas as desigualdades estruturais existentes; se este indivíduo é confrontado com uma pessoa sem-teto, sofrendo frio, mas que aparenta estar bêbado e lhe pede dinheiro; e se ele começa a ter uma resposta empática, neste instante, ele pode questionar se sua resposta empática é justificável. Em outras palavras, para Pizarro, na ausência de inconsistências graves, a ação de ajuda poderia até ser automática, apesar de não deixar a jurisdição das crenças morais; mas, em situações que causam inconsistências maiores entre as crenças morais, a empatia experimentada funcionaria mais como uma informação útil para a decisão a ser tomada. Por outro lado, conforme lembra Pizarro, a empatia também possui o poder de afetar o sistema de crenças morais.

Parece, de fato, existir, conforme justificou Pizarro (2000) uma forte relação entre empatia e moral. Apoiando esta idéia, Fabes, Carlo, Kupanoff e Laible (1999) afirmam que, na atualidade, a maioria dos pesquisadores concorda que para desenvolver uma explicação abrangente do desenvolvimento pró-social e moral é necessário considerar a influência das emoções. Um bom representante desses estudiosos é o psicólogo Martin Hoffman.

Na verdade, conforme lembra Hoffman (2003), a idéia de que as emoções, mais precisamente a empatia influencia o julgamento moral, não é nova. David Hume (1751/1957, citado por Hoffman, 2003) sugeriu, há dois séculos, que os seres humanos têm uma tendência a apoiar atos que promovem bem-estar no outro e a condenar atos que podem fazer mal. Neste sentido, se uma pessoa empatiza com alguém deve, por conseguinte, apoiar ou condenar, respectivamente, atos que ajudem ou prejudiquem este alguém. Além disso, Hume argumentou que a empatia promove o último critério válido para um julgamento moral correto/ menos injusto (correctness).

Particularmente Hoffman (1990) acredita que, durante o desenvolvimento, os afetos empáticos tornam-se parte de muitas estruturas motivacionais e afetivas, antes mesmo que os princípios morais sejam elaborados. E apóia, nesta direção, a idéia de Hume de que a empatia goza de uma anterioridade em relação à moral, e, em certo sentido, a determina. Desta forma, Hoffman difere de Piaget (1932/1994) e Kohlberg (1969, 1976, 1984).

A crítica mais contundente que Hoffman (1990) faz à teoria de Kohlberg está relacionada ao pressuposto kohlberguiano de que a justiça é a essência da moralidade e constitui um princípio universal. Também considera falha a teoria de Piaget porque, de forma semelhante à Kohlberg, negligencia em suas investigações a influência de fatores afetivos e motivacionais no julgamento moral.

Especificamente no que se refere à relação entre raciocínio moral e empatia, Hoffman (1990) percebe o raciocínio moral como sendo fortemente influenciado pela empatia, que age auxiliando o indivíduo a eleger qual dentre os princípios morais de justiça (necessidade, igualdade e eqüidade) seria mais importante para ser considerado em uma determinada situação. Em outras palavras, na visão de Hoffman (1990, 1991), o ato moral é motivado por uma tendência a buscar o bem-estar das outras pessoas, decorrente de afetos empáticos. Neste caso, seria a empatia que contribuiria para o julgamento moral e não o inverso.

Por outro lado, é bom lembrar que, apesar de Piaget e Kohlberg não terem enfatizado o plano afetivo em investigações empíricas, eles não desconsideraram esta dimensão em suas teorias: segundo Kohlberg (1971), “...todos os eventos mentais têm aspectos cognitivos e afetivos, e o desenvolvimento de disposições mentais reflete mudanças reconhecíveis tanto nas perspectivas cognitivas quanto nas afetivas” (pp. 181-189); e, de acordo com Piaget (1977): “vida afetiva e vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas. E são inseparáveis porque todo o intercâmbio com o meio pressupõe ao mesmo tempo estruturação e valorização... Assim é que não se poderia raciocinar, inclusive em matemática, sem vivenciar

certos sentimentos...” (p. 16). De forma semelhante, dizer que Hoffman ressaltou a importância dos afetos sobre o desenvolvimento moral, não significa dizer que ele desconsiderou o aspecto cognitivo em sua teoria. Pelo contrário, na teoria de Hoffman (1990, 2003) o desenvolvimento cognitivo é exaltado na medida em que, para Hoffman, a empatia está inteiramente relacionada ao desenvolvimento de um senso cognitivo sobre a existência de outras pessoas e ao processo de diferenciação do self.

Sobre este aparente antagonismo entre Kohlberg e Hoffman, Gibbs (1991) comenta que essas duas teorias são potencialmente integráveis e complementares: “Similarmente, [é razoável supor que] tanto a justiça (prescrições baseadas na igualdade e na reciprocidade) quanto à empatia... contribuam para a motivação do comportamento moral.” (p. 207). Gibbs acrescenta que tanto Kohlberg quanto Hoffman permitem tal integração: Kohlberg quando reconhece que não se dá a devida atenção ao papel desempenhado pelos sentimentos de empatia e compaixão; e Hoffman quando afirma que uma teoria da moralidade completamente compreensível deve, necessariamente, abordar o processo cognitivo da descentração. Em relação a Piaget, Gibbs (1991) afirma que esta visão é a mais completa acerca dos papéis motivacionais desempenhados pela afetividade e pela cognição, na medida em que para Piaget estas duas instâncias são inseparáveis e se influenciam mutuamente.

A seguir serão apresentados os estudos empíricos que relacionam empatia e desenvolvimento moral, que, de uma forma ou de outra, confirmam ou refutam o que os autores aqui apresentados teorizaram.

3.2. Estudos empíricos

chave, revelou a presença de 615 no PsycINFO, 592 no BIREME e 3 no Scielo Brasil. Contudo, nessa seção, somente serão apresentados os artigos que, de uma forma ou de outra, contribuem para o debate teórico e empírico de interesse para esta tese.

Preocupados em investigar como o cérebro infantil processa informações morais e empáticas, Decety, Michalska e Akitsuki (2008) realizaram experimentos com crianças entre sete e 12 anos. Os pesquisadores da Universidade de Chicago utilizaram uma functional Magnetic Resonance Imaging (fMRI) para avaliar a reação de 17 crianças (nove meninas e oito meninos) ao se deparar com fotografias de pessoas experimentando dor provocadas tanto de forma acidental (como quando alguém derruba uma tigela pesada e machuca a mão de uma pessoa), quanto de forma intencional (quando alguém pisa intencionalmente no pé de uma pessoa). As crianças também viram imagens de pessoas sem dor e imagens de pessoas ajudando alguém a aliviar a dor. Os investigadores constataram que as crianças parecem ser naturalmente inclinadas a sentir empatia e a ter um pensamento moral ao se deparar com a dor do outro. Os exames mostraram que as partes do cérebro ativadas quando os adultos vêem a dor também foram acionadas em crianças. Mais precisamente, a percepção das outras pessoas com dor foi associada com o aumento da atividade hemodinâmica nos circuitos neurais envolvidas na transformação da experiência da dor, incluindo a ínsula, córtex somatosensorial, córtex midcigulate anterior, área cinzenta periaquedutal e complementares. No entanto, regiões diferenciadas foram ativadas quando as crianças viram animações em que se prejudicava alguém intencionalmente. Ativou-se, neste caso, as regiões do cérebro relacionadas à interação social e ao raciocínio moral medial (a junção temporo-parietal, o paracigulate, orital córtex frontal e amígdala). Este estudo foi aprovado pela National Science Foundation e forneceu pistas de que crianças possuem, desde cedo, noções de certo e errado e uma capacidade de se colocar no lugar do outro, e de como seus cérebros processam tais

informações. Além disso, 13 das 17 crianças, após verem as imagens, confirmaram verbalmente seu sentimento moral de injustiça revelado na ressonância.

Também interessados em investigar questões morais e empáticas na infância, Nunner- Winkler e Sodian (1988) constataram, por meio do uso de histórias em que o personagem principal deliberadamente roubava, mentia ou atacava outra criança, que os participantes mais velhos (cerca de 8 anos) já conseguiam se colocar no papel do protagonista e inferir seus sentimentos, no sentido de avaliá-lo como estando mal ou triste em função da quebra da regra, enquanto que as mais novas só conseguiam fazer a inferência da felicidade da personagem por ter conseguido o que queriam.

Igualmente contribuindo com a compreensão das questões morais e empáticas na infância, Camino, Camino e Leyens (1996) realizaram uma pesquisa com 222 crianças, que foram divididas em dois grupos etários (5 a 7 anos e 8 a 10 anos). Utilizando pequenas histórias, esses pesquisadores manipularam as seguintes variáveis: intencionalidade do personagem principal (sem intenção, intenção altruísta, intenção hostil), as ações desse personagem (agressivas ou de roubo) e a gravidade das conseqüências da ação (mais grave ou menos grave). Os resultados revelaram um aumento na capacidade de atribuir corretamente às emoções dos outros em função da idade; uma relação entre a capacidade de atribuir corretamente às emoções dos outros e o julgamento moral para os dois grupos etários; uma progressão na empatia inferencial e no escore global de empatia em função da idade, no sentido que, quanto mais velhas, mais as crianças se identificavam com o personagem altruísta; e, uma relação entre empatia inferencial e julgamento moral, pois as crianças que sentiram empatia pelo personagem altruísta deram mais respostas certas (ao avaliar quem era o personagem mais vil) do que as que não sentiram empatia por ele.

Eisenberg, Shell, Pasternack, Lennon, Beller e Mathy (1987), por sua vez, em um estudo longitudinal, investigaram a mudança no julgamento pró-social durante um período de

sete anos. Mais precisamente, eles analisaram as inter-relações entre julgamento moral, empatia e comportamento pró-social e examinaram se existiam diferenças de gênero no desenvolvimento do julgamento moral pró-social. Participaram do estudo dois grupos de crianças, entrevistadas pela primeira vez entre 9-10 ou 11-12 anos. Essas crianças foram acompanhadas durante um período de cinco a sete anos. Os resultados revelaram que: o raciocínio hedonista diminuiu com a idade; o julgamento moral orientado para as necessidades simples aumentou com a idade e depois se estabilizou; a maioria dos outros tipos mais sofisticados de raciocínio aumentou de forma linear com a idade; modos de raciocínio que refletem a empatia aumentaram com a idade para as meninas, mas não para os meninos; a empatia foi positivamente relacionada com os julgamentos orientados para as necessidades e com um maior nível de raciocínio pró-social e foi negativamente relacionada ao raciocínio hedonista (dependendo da idade das crianças); a empatia foi relacionada com a doação entre as crianças mais velhas.

Preocupados com a relação entre comportamentos altruísticos, justiça distributiva e empatia, Batson et al. (1995) realizaram dois experimentos com estudantes universitários, com a finalidade de investigar a possibilidade da empatia levar alguém a se comportar de maneira não condizente com seus princípios morais ligados à justiça.

No primeiro experimento, Batson et al. (1995) utilizaram um cenário no qual a tarefa dos respondentes deveria ser indicar como dois trabalhadores (A e C) deveriam ser designados para duas situações: uma com conseqüências positivas e outra com conseqüências negativas. A empatia foi manipulada por meio de instruções para que os participantes imaginassem como o trabalhador C se sentiria, quais seriam as repercussões da decisão distributiva sobre sua vida (condição de alta empatia), ou que tomassem suas decisões da maneira mais objetiva possível (condição de baixa empatia). Além disso, havia uma condição na qual os respondentes recebiam uma pequena carta deste trabalhador, falando de sua

situação atual, necessidades, aspirações (condição de comunicação) e outra na qual eles não recebiam esta carta (condição de não comunicação). Os resultados indicaram que nas condições de não comunicação e baixa empatia, o trabalhador C foi designado 50% das vezes para situação com conseqüências positivas. Por outro lado, na condição de alta empatia o trabalhador C foi designado para situação com conseqüências positivas 75% das vezes.

No segundo experimento, Batson et al. (1995) utilizaram um cenário no qual os participantes foram levados a acreditar que poderiam fazer com que uma criança que tinha uma doença grave melhorasse sua qualidade de vida, por meio de sua realocação na fila de espera de uma associação que prestava assistência a crianças necessitadas, mesmo que isto implicasse em prejudicar outras crianças também seriamente doentes e que estavam em uma posição mais privilegiada. A empatia foi manipulada de maneira semelhante àquela utilizada no primeiro estudo. De uma maneira geral, os resultados revelaram que os indivíduos na condição de alta empatia foram mais susceptíveis a criança em pauta do que os indivíduos na condição de baixa empatia.

Batson e Moran (1999), por sua vez, para investigar a relação entre comportamento altruístico, justiça distributiva e empatia utilizaram o clássico dilema do prisioneiro. Participaram deste estudo 60 mulheres universitárias que foram solicitadas a encontrar uma solução para o dilema do prisioneiro. A empatia foi manipulada para um grupo de mulheres. Independentemente do dilema ser enquadrado como uma troca social ou como uma transação comercial, a cooperação foi significativamente maior entre as mulheres que foram levadas a sentir empatia pelo outro do que entre aquelas que não foram levadas a sentir empatia. Esses resultados levaram os pesquisadores a supor que o altruísmo não é simplesmente um tipo de motivação moral, mas é uma forma distinta de motivação que também está relacionada com a empatia.

Baseado no modelo de Batson de altruísmo, Berenguer (2010) testou o pressuposto de que o raciocínio moral referente ao meio ambiente (número de razões morais dadas para comportamentos pró-ambientais) pode ser melhorado por meio da manipulação do sentimento de empatia. Testou ainda a idéia de que o argumento do raciocínio moral seria diferente, dependendo do objeto da empatia ser um animal ou um ser humano. O raciocínio moral foi avaliado por meio de quatro diferentes dilemas morais ecológicos, com as respostas codificadas em três categorias. Os resultados do estudo indicaram que os participantes que mostraram um alto nível de empatia deram argumentos morais mais elevados do que aqueles que mostraram baixa empatia. A hipótese de que os argumentos iriam variar em função do objeto de empatia avaliado também foi confirmada.

Também interessados com a relação entre empatia, moral e comportamento pró-social, Eisenberg, Zhou e Koller (2001) verificaram, em uma pesquisa com estudantes brasileiros, que a tomada de perspectiva parece ter um efeito indireto sobre os comportamentos morais, na medida em que fortalece a motivação gerada pela empatia. Também constataram que os participantes que pontuavam alto nas medidas de comportamento pró-social também tinham graus elevados de tomada de perspectiva e de empatia, sendo o inverso verdadeiro para aqueles que declaravam baixos índices de comportamento pró-social.

Relacionando empatia e comportamento moral, Prust e Gomide (2007) solicitaram a 60 famílias, sendo 30 de risco e 30 de não risco, que respondessem a um questionário de comportamento moral. O teste não paramétrico de Maan-Whitney mostrou diferenças estatisticamente significativas nos indicies de comportamento moral. Um maior nível de comportamento moral entre as famílias de não risco indica que pais que fornecem modelos morais, exercitam a empatia e fazem a reparação do dano diante de atos anti-sociais, têm filhos com melhores índices de comportamento moral (ICM) e que não são usuários de drogas.

Relacionando desenvolvimento moral, empatia e práticas parentais de socialização, Eisenberg-Berg e Mussen (1978) realizaram uma pesquisa com adolescentes. Os participantes foram solicitados a responder a um questionário de empatia, dois instrumentos de desenvolvimento moral e dois questionários sobre práticas educativas, sendo um relacionado a práticas educativas maternas e outro relacionado a práticas educativas paternas. Os resultados indicaram que a empatia estava significativamente relacionada com o raciocínio moral para ambos os sexos e ao comportamento de ajuda para o sexo masculino. A variável práticas maternas de educação infantil se relacionou com a variável empatia: mães de meninos muito empáticos eram vistas como não punitivas, não restritivas, igualitárias e incentivavam seus filhos para discutir seus problemas.

Tratando do tema empatia, moral e técnicas de socialização, Lopez, Bonenberger e Schneider (2001) realizaram um estudo com estudantes universitários, com o objetivo de investigar a capacidade preditiva da técnica de socialização em relação ao desenvolvimento moral e ao desenvolvimento empático. Mais precisamente, eles examinaram a associação entre os estilos de disciplina parental experimentado durante a infância, os níveis de empatia e raciocínio moral durante a idade adulta de 109 estudantes universitários. Análises de regressão múltipla foram realizadas usando estilos de disciplina como variáveis antecedentes e as medidas globais de desenvolvimento moral e empatia como variáveis critério. Os resultados indicaram que o sexo, o uso de punição corporal e indução foram variáveis preditoras significativas de diferentes níveis de empatia: as mulheres apresentaram níveis mais elevados de empatia emocional que os homens; o uso parental de castigo físico e baixa utilização de orientação foram associados com baixos níveis de empatia. Também se