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Crescimento da população

No documento Caieiras: núcleo fabril e preservação (páginas 97-101)

Figura 12 O “auto-trem”, veículo adaptado

Figura 22 Padre José e outros moradores durante

2.2 O povoamento das vilas

2.2.1 Crescimento da população

Embora seja difícil ter um quadro preciso acerca do crescimento populacional de Caieiras antes de 1939, quando foi criado o Distrito de Paz de Caieiras62, podemos tomar como referência levantamentos feitos em alguns períodos. Estabelecemos um comparativo de crescimento entre os anos de 1874 e 1920, com ressalvas devido à modificação da área de Caieiras, que neste período estava dividida entre dois municípios: Parnahyba e Juquery. Consideremos, então, que até 1934 a Fábrica de Papel da Companhia Melhoramentos e sua vila pertenciam à Parnahyba (LANGENBUCH, 1971). Mas, para traçarmos um panorama

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Com a delimitação das áreas fabris e implantação de novos loteamentos, o conjunto já estava locado fora das áreas fabris da empresa. Até a década de 2000 sua utilização estava vinculada à sede da imobiliária que efetuava as vendas dos lotes pertencentes aos loteamentos promovidos pela Companhia. Algum tempo depois, o imóvel foi vendido e incorporado ao Bairro Nova Caieiras.

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Nova Caieiras não constitui juridicamente um condomínio mas alguns dos moradores do bairro se uniram para formar uma associação. Os moradores que aderiram a esta associação pagam uma taxa mensal para manutenção e segurança do bairro e desta forma promoveram a construção de muros em quase toda a extensão e instalação de uma portaria com controle de entrada e saída de visitantes.

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Em 1º de maio de 1939, por meio do Decreto 9775, foi criado o Distrito de Paz de Caieiras do município de

também dos arredores consideramos, na análise, os dois municípios. Abaixo, a tabela populacional entre os anos de 1874 e 1920 da região de Juquery e Parnahyba, ressalta que Parnahyba teve maior crescimento entre os anos de 1874 a 1900, período de implantação das fábricas do Coronel Rodovalho, permanecendo relativamente estável até 1920. Enquanto isso, Juquery aponta significativo crescimento a partir de 1886, talvez após a instalação posterior da estação ferroviária no local e do Hospital Psiquiátrico, e continua com grande desenvolvimento até 1920.

Tabela 3 Crescimento populacional de Juquery e Parnahyba, período de 1874 a 1920

Ano População em Juquery População em Parnahyba

1874 2720 3338 1886 3363 4931 1900 5263 7406 1920 9098 7981 Fonte: Recenseamento Geral do Brasil, 1920 apud Langenbuch (1971, p. 123)

Tabela 4 Percentual do crescimento populacional de Juquery e Parnahyba (1874 a 1920).

Variação do crescimento População em Juquery População em Parnahyba 1874-1886 23,6% 47,7%

1886-1900 56,4% 50,1% 1900-1920 72,8% 7,7% Fonte: Recenseamento Geral do Brasil, 1920 apud Langenbuch (1971, p. 123)

Considera-se nos números expressos referentes à formação de Juquery os atuais municípios de Mairiporã, parte de Caieiras e parte de Franco da Rocha. No que se refere à população de Parnahyba refere-se aos atuais municípios de Santana de Parnaíba, Carapicuíba, Barueri, Pirapora do Bom Jesus, Cajamar, parte de Caieiras e parte de Franco da Rocha.

Durante o começo do século XX, quando o desenvolvimento da Companhia Melhoramentos de São Paulo tomou força, referir-se à Caieiras era referir-se às instalações da Companhia.

[..] até 1930, Caieiras era Companhia Melhoramentos de São Paulo, em sua atividade sempre crescente , pois o que somente não lhe pertencia era a Estação Ferroviária da antiga Inglesa (História do município de Caieiras, 1973, apud

DONATO, 1990, p.72).

Em 1934 foi criado o distrito de Franco da Rocha. A divisa Parnahyba- Juquery que antes se estendia ao longo do rio Juqueri e de seu afluente, o ribeirão Euzébio – a

pouca distância da estrada de ferro Santos-Jundiaí, foi deslocada para Oeste. Deste modo, a fábrica de papel da Companhia Melhoramentos e sua vila operária passaram do município de Parnayba para Juquery. Com este deslocamento a comparação do crescimento populacional da região entre o recenseamento de 1920 e o de 1940, fica dificultada, devido ao prejuízo de população atribuída à Parnayba com a transferência da divisa. O trecho da matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, transcrito anteriormente (ver p. 80) dá uma ordem de grandeza acerca da população em 1935, ao dizer que “[...] a população é de mais de 6.000 habitantes. Só a Companhia Melhoramentos de São Paulo dá emprego a mais de 1.000 operarios”. Entretanto, o Recenseamento Geral do Brasil de 1940, cinco anos depois, expressa números mais exatos e mostra que em Caieiras a população perfazia um total de 5.934 pessoas.

Em 1939, foi criado o Distrito de Paz de Caieiras, pertencente ao município de Juquery. Com a autonomia de Franco da Rocha, em 1944, Juquery passou a ser chamado de Mairiporã e Caieiras passou a pertencer a Franco da Rocha e assim permaneceu até 14 de dezembro de 1958, quando ocorreu a emancipação. O primeiro levantamento demográfico de Caieiras, de 1957, apontava um total de 8715 pessoas distribuídas em 539 residências construídas na Vila Cresciúma63 para 2.235 pessoas enquanto nos bairros da Companhia havia 1842 residências, número suficiente para o pedido de emancipação mesmo sob os protestos de Franco da Rocha (PERES, 2008).

Em 1960 o recenseamento mostra que o número de habitantes cresceu para 9.405 (LANGENBUCH, 1971). O Departamento de Estatística da Secretaria de Economia e Planejamento elaborou uma planilha considerando a média estimativa do período de julho de 1962 e julho de 1963 acerca do quadro de pessoal e estabelecimentos industriais da grande São Paulo. Este quadro revela que neste período a população de Caieiras figurava um total de 10.376 pessoas e que a Companhia Melhoramentos ocupava 98% da mão-de- obra industrial da região, ou seja, dos 1780 trabalhadores da indústria, 1752 trabalhavam para a Cia. Melhoramentos. Em uma tentativa de compilar os dados que conseguimos entre os anos de 1920 e 1962 acerca do crescimento populacional de Caieiras compomos a seguinte tabela:

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Tabela 5 Quadro resumo: crescimento de Caieiras. Ano População Funcionários da CMSP Famílias estabelecidas na CMSP Solteiros estabelecidos na CMSP Casas CMSP CMSP Fora da CMSP Total 1920 1500 650 1926 2400 Não havia 2400 946 472 116 1930 1084 1935 Superior a 6.000 Superior a 1000 1940 5.934 1949 8000 1800 900 1957 5949 2235 8.715 1960 9.405 1962 10.376 1752

Fonte: A marca d’água, Recenseamento Geral do Brasil de 1920 apud Correia, 1998; Recenseamento Geral do Brasil,

1940 apud Langenbuch, 1971; Dados compilados no Departamento de Estatística da Secretaria de Economia e Planejamento; Jornal O Estado de São Paulo, dezembro de 1935; DONATO, 1990; PERES, 2008, Prontuário Deops nº 96964.

Podemos dizer que o número que mais nos chamou a atenção neste quadro refere-se ao de trabalhadores apontado no ano de 1920 e a queda expressa pelo número apontado em 1926. Estes números podem estar ligados à crise ocorrida na Companhia antes da incorporação com a Weiszflog Irnãos. Como já citado, a Companhia vinha de uma intensa fabricação de papéis neste período, sem enfrentar a concorrência do papel importado, o que lhe favoreceu o aumento de produção e configurou um período de crescimento. Entretanto, Donato (1990) afirma que por volta de 1920 os papéis estrangeiros reapareceram com maior sofisticação e preços baixos no momento em que o maquinário da Companhia havia sofrido desgaste devido à intensa produção dos anos anteriores. Com uma máquina desmontada e duas outras funcionando de maneira precária, esta situação gerou a diminuição da produtividade em Caieiras. O capital social da empresa foi partilhado entre grupos empresariais. Um elevado percentual das ações da Companhia foi adquirido por um grupo empresarial norueguês. Outra parte foi adquirida por bancos internacionais: Italo- Belga, London and River Plate Bank, London and Brazilian Bank e o The National City Bank of New York. Os interesses diversos do grupo heterogêneo composto pelos acionistas da empresa culminaram em uma crise na direção. A diretoria da empresa propôs a recuperação dos maquinários e retomada do ritmo de produção. Esta proposta envolveria uma avolumada importância financeira e acabou por gerar a discordância entre os

acionistas resultando na queda do valor das ações. Em meio a esta crise, os noruegueses desistiram da participação entre os acionistas. Nicola Puglisi e Rodolpho Crespi estavam entre os diretores da Companhia que tentavam manter o controle da crise e negociar a incorporação ou venda da empresa (DONATO, 1990).

[...] a terra, a fábrica, o mercado lá fora e principalmente o futuro, pesaram mais do que o balanço financeiro, o mau estado do equipamento, a técnica rudimentar em uso no produzir e no comercializar. Alfried optou pela compra. [...] apenas concluído o negócio, o novo dono da Melhoramentos corre à Europa, à procura de técnica e de técnicos. Voltaria com Johannes Ehlert [...] para direção da fábrica de papel (DONATO, 1990, p.58).

Com a nova administração que visava, principalmente, o aperfeiçoamento técnico da produção o crescimento da Melhoramentos foi retomado. Neste mesmo ano, Alfried comprou um terreno localizado entre o Bairro da Água Branca e Lapa com intenção de ampliar as instalações gráficas que estavam locadas no prédio da Líbero Badaró. Alfried argumentava:

[...] em pouco tempo as instalações daqui da Líbero serão pequenas para o nosso crescimento. E vamos crescer. Por isso comprei um terreno. Na Água Branca ou Lapa [...] mas é deserto. Não há nada na Água Branca-Lapa [...] mas o progresso vai para lá. Está na direção o oeste, de Caieiras, das ferrovias, da estrada de rodagem para Campinas (DONATO, 1990, p.67).

O edifício da oficina da Lapa foi iniciado em 1921 e mudada a gráfica da Líbero para as novas instalações da Lapa, o transporte do material da fábrica ficaria facilitado tanto pela proximidade entre Lapa e Caieiras quanto pelas melhorias de acesso à Caieiras com a inauguração da estrada São Paulo-Campinas (atual av. Raimundo Pereira de Magalhães e rodovia Tancredo Neves, antes conhecida por Estrada Velha de Campinas).

No documento Caieiras: núcleo fabril e preservação (páginas 97-101)