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Da palavra e do poema, da literalidade e da liberdade, do mesmo e do outro

O refrão-caminho

Canto 2: Tiñaradɨdo/Iapi'ido Ko koooo


1. Tensões e intensidades do traduzir

1.1. Da palavra e do poema, da literalidade e da liberdade, do mesmo e do outro

Uma das tensões constitutivas das teorias da tradução cabe principalmente à determinação da unidade da tradução. Pude, no segundo capítulo, tentar descrever como a definição do original a ser traduzido variava de um autor do movimento etnopoético para outro. As suas divergências se voltavam também para a forma de distribuição das palavras (sua versificação, o espaço linear…) e a delimitação por vezes ambígua de uma unidade de base, com segmentações internas ou reagrupamentos que levavam, sobretudo, a constituir ou caracterizar as palavras ameríndias traduzidas como poéticas e sua análise consequente, do que o ato em si de traduzir. A definição da unidade a ser traduzida, nos estudos da

tradução (abraçando desde então também outros domínios que não a poesia) remete a uma noção de unidade mínima. Pareceria que ela decorre mais correntemente do processo de validação e de crítica que participam da vida secundária das traduções e constituem a maior parte dos textos teóricos em torno da tradução. No caso dos estudos da tradução, a questão da unidade da tradução é um debate de longa data do qual retraço aqui apenas algumas passagens, tais como estão descritas por Rabadán num artigo dedicado à questão (2008). Rabadán assinala que a unidade de tradução deixou de ser a palavra desde Cícero, e pôde ser redefinida e reinventada enquanto unidade de pensamento, logema, inforema, e por fim

translema ao longo da segunda metade do século XX. Até os anos 1970, a teoria da

tradução é predominantemente linguística, gravitando em torno de uma ideia de correspondência formal entre as duas línguas: o sentido é dado em nível lexical. Depois disso é ao texto, na sua integridade, que cabe o papel da unidade a ser traduzida, trazendo com ele questões de co-textualidade, de contexto, e das tipologias (ibid:40). É provavelmente devido ao seu afastamento da linearidade característica da poesia que a ideia do poema como unidade a ser traduzida torna-se particularmente efetiva. No domínio da poesia escrita, que o poema seja a unidade a ser traduzida é uma ideia que se encontra notadamente em Meschonnic (1999), associada a um conceito singular de ritmo, para o qual voltarei posteriormente. Reencontra-se o poema (ou a narrativa) como unidade, igualmente sob outros aspectos, com Hymes e o pensamento de um sistema subjacente de relações interlineares a desvelar e traduzir, e com Rothenberg com o everything that happens (1981:131). O poema como unidade a traduzir junta-se, no caso das artes verbais ameríndias, à questão da delimitação do original. No caso dos estudos da tradução, a necessidade de unidades menores volta à baila sobretudo por efeito da largura variável dos textos a serem estudados, de tal forma que aparecem diversos conceitos que remetem por vezes à etapa de compreensão do texto a traduzir, misturando critérios linguísticos e funcionais, tais como o textema ou a unidade de processamento (Rabadán, art. cit). Seguem-se dois outros conceitos que se voltam não somente para o texto-fonte, mas implicam os dois polos da passagem da tradução, o inforema inteiramente voltado para o transporte da informação (a menor unidade sintática com carga lexical) e o translema de acepções diversas mas cuja particularidade é de ser um conceito relacional que não pode ser definido senão depois da tradução feita, ou seja emergindo inteiramente da fase crítica. Se nos arriscamos em encontrar algumas transformações paralelas entre os dois campos de pesquisa, pareceria que a etnologia e os estudos da tradução estadounidenses voltaram-se para uma ideia do

whole ao mesmo tempo. Não me arisco em encontrar correspondências aos conceitos

seguintes (textema, unidade de processamento, inforema et translema) no seio do campo etnológico. *

Os estudos da tradução têm isto de particular, de não constituírem realmente uma disciplina de contornos definidos. Ora, não se pode omitir os dicionários e escritos de linguística dedicados às línguas das terras baixas, bem como uma vasta literatura a respeito da tradução das Escrituras para as línguas dos grupos indígenas (não restrita às terras baixas) incitada inexoravelmente pelo projeto ocidental persistente de conversão. Aqui, é a obra de Nida e Taber (1982[1969]) que proponho sobrevoar sucintamente, à guisa de ilustração dos contornos que podem tomar uma teoria da tradução, que, não podendo servir diretamente aos antropólogos-tradutores (porque se trata de traduzir para línguas indígenas, desta vez entre textos ainda que o texto-alvo seja pensado para a oração, etc.), concerne diretamente aos mundos ameríndios e merece, portanto, um certo interesse. Além da influência notável destes escritos teóricos (colocados em prática à escala mundial), importa assinalar que os diversos processos de tradução da Bíblia podem vir constituir um objeto potencial de pesquisa para o etnógrafo. Uma reflexão em torno dos princípios propostos pelos dois autores e de suas efetivações práticas e os escritos a respeito da (não)conversão das populações indígenas (cf. entre muitos outros, Viveiros de Castro, 2002) poderia ser particularmente pertinente. Tão fastidiosa quanto deplorável, a obra de Nida e Taber é particular dado que se posiciona para além do polo da acessibilidade, procurando que a tradução não seja apenas entendida, mas igualmente aja (produza uma conversão).

Com Nida e Taber, desde as primeiras páginas de Theory and Practice of translation (1982[1969]), a forma tornou-se um enfoque do passado, o interesse do tradutor rigoroso — aqui, particularmente, das Escrituras — consiste agora na resposta do receptor. Ora, se é crucial ver neste interesse à resposta o foco da conversão, pode ser importante assinalar o quanto dever-se-ia preocupar pela resposta na antropologia. Os autores destacam uma polarização do pensamento da tradução:

As may be clearly noted from the discussion of the definition of translating, one is constantly faced by a series of polar distinctions which force him to choose content as opposed to form, meaning as opposed to style, equivalence as opposed to identity, the closest equivalence as opposed to any equivalence, and naturalness as opposed to formal correspondence. (1982[1969]:14).

Dada a necessidade das escolhas, os polos viram perspectivas para o tradutor, dentre as quais Nida e Taber escolhem o ponto de vista da compreensão, em oposição, conforme eles, à perspectiva da forma (ibid). Uma tal perspectiva propicia uma lista das prioridades da tradução: uma consistência contextual em vez de verbal, uma equivalência dinâmica tomando em conta a reação dos receptores e não a correspondência, um privilégio do aural e das formas aceitáveis e comuns para a audiência em vez de ‘formas tradicionalmente mais prestigiosas’ (ibid.).

Para os dois autores, as dificuldades da tradução compreensiva remetem primeiramente ao fato que a passagem entre linguagens se caracteriza por ‘many-to-many relationships’. Trata- se principalmente de um interesse na ambigüidade semântica. Ambos estabelecem posteriormente uma correlação entre o grau de abstração e o gradiente de ambigüidade, fundamentando-se sobre o postulado do caráter universal da percepção, utilmente condicionada pela ‘forma e o tamanho das coisas’. As operações de classificação, remetendo à concepção (‘como são pensados objetos, eventos, e qualidades’) distanciariam mais as línguas (ibid:21):

In fact, languages tend to be more alike on the specific concrete level and increasingly different on the higher levels. This is true because the distinctions made on the lower levels depend primarily on “perception” (the shape and size of things), while the upper layers of classification depend essentially upon “conception” (the way people think about objects, events, and qualities).

A noção de uma equivalência dinâmica em Nida cabe ao projeto de conversão. Não se trataria mais de comparar o produto fonte com o produto alvo após a operação de tradução mas de olhar para uma comparação das recepções, compreensões respectivas dos receptores previstos para cada uma das ‘mensagens’. O sentido torna-se o que Meschonnic chamará de uma ‘resposta de comportamento’ (1999:117). É a efetuação da intenção do texto que se encontra no primeiro plano da tarefa do tradutor de tal forma que da mensagem que importa transmitir na operação de tradução deve-se, simultaneamente, ser transmitida uma informação (aspecto informativo da comunicação), a própria relevância (aspecto ‘expressivo’) e uma necessidade de agir (aspecto imperativo). A estrutura da teoria tradutória dos dois autores, além de um posicionamento dentro de um pensamento polarizado da tradução, implica igualmente a definição de uma unidade mínima da tradução, os kernels ou cernes, aos quais se chega por meio da fase intermediária da paráfrase e que dão o fundo de uma relação a ser traduzida entre objetos (coisas e entidades), eventos (ações, processos), e abstratos (qualidades, quantidades, graus) (Nida &

Taber, 1982:37-39). Além de uma unidade mínima, os autores dotam seu protocolo tradutório de um foco: o parágrafo ou ainda o discurso na sua totalidade (ibid:102), que permitira a uma só vez dar conta dos fenômenos de transição e levar em conta a maneira pela qual linguagens estruturam diferentemente seus discursos (é com isso, por exemplo, que os autores situam a transformação mais comum da tradução na passagem para o discurso direto). À semelhança da ideia de um inforema, a tradução aqui reduz a linguagem a uma informação, a Mensagem, e a tradução se inscreve numa teoria abrupta da comunicação.

A dificuldade maior para efetuar uma comparação entre a tarefa dos etnólogos e dos tradutores missionários deve-se à profusão de diferenças quanto à intenção, à forma e à direção da tradução, além, claramente, dos materiais a serem traduzidos (os cantos e narrativas orais por um lado, as Escrituras do outro). A primeira parte de uma diferença continuamente encontrada do lado do ‘texto alvo’, enquanto a segunda parte sempre do mesmo texto (previsto em grego). Os tradutores da Bíblia podem se valer igualmente de uma multidão de traduções anteriores, enquanto os etnólogos se atrelam, na maior parte do tempo, a textos que eles mesmos, com seus cooperadores, construíram. Na história das analogias entre a antropologia e a tradução , a forma de tradução desenhada por Taber e 63

Nida poderia eventualmente (e não sem riscos e, portanto, reservas) ser comparada àquela que Geertz implica na sua antropologia interpretativa fundada na compreensão: norteada pelo sentido, desenrolando-se primeiramente por uma paráfrase, etc.

O que é interessante no entanto, no caso da obra de Nida e Taber, é que ela assinala pela negativa a inadequação de um pensamento binário para refletir a tradução. Se existe um lugar onde é esperado que a tradução seja fiel, voltada para o texto-fonte, é na tradução tradutória missionária. Não que a fidelidade às Escrituras não seja requerida por Nida e Taber, mas é uma fidelidade voltada para a língua-alvo: visando a um só tempo a

compreensão e a intenção da mensagem (a conversão), encontram-se embaralhados os valores

analíticos dos polos da adequação e da accessibilidade. *

A analogia conforme a qual a antropologia é uma forma de tradução não é nova, mas a tradução e a

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antropologia partilham por vezes mais do que analogias, participações concretas históricas comuns notadamente ao processo colonial (associando-se portanto metáforas mais difíceis: a colônia como tradução, a colônia como campo), e reações semelhantes (a ideia de restringir/parar com a tradução para línguas imperiais, aquela de negar a transformação dos mundos vividos em campo…).

Herdada da teoria hegemônica da tradução precedendo os anos 1970, tal como mencionada acima, outra das distinções comuns quando se trata de tradução, e isto fora do domínio da etnologia, é aquela particularmente vaga de tradução livre e literal. Veja-se aqui um exemplo de definição de ambas:

Literal translation tries to assimilate the language being translated into, English in this case, to the language being translated from (Desert Indian [língua des Tohono O’odham]). It does not wish to translate Desert Indian into good English, but to make English imitate Desert Indian. Free translation does the opposite. It frees itself from something in the “from” language (Desert Indian) in order to say more or less the same thing in the “to” language (English). It is fairly clear what the translation frees itself of : the words, the very word-for- word sequence, of the original. I am aware of nothing else that a translation can be free of. The accuracy of literalness is in the matching of words.” (Bahr, 1992:261).

Como para outras distinções efetuadas ao longo deste escrito, as noções de traduções literal e livre são mais bem gradientes do que formas existentes de tradução. Não existe jamais correspondências exatas entre duas línguas (em termos de vocabulário, sintaxe, etc.) de forma que toda tradução já é uma licença, uma aproximação. Que uma tradução seja afirmada literal, nos ensina, aliás, muitas vezes mais sobre os parti-pris do tradutor do que diretamente, sobre sua prática do traduzir. Pode-se argumentar que existem apenas traduções relativamente literais, sempre um pouco livres. Além deste primeiro ponto, a noção de tradução literal, já inexata para a linguística, assume outros contornos desde que se observe não mais apenas a língua, mas também a linguagem.

No artigo citado anteriormente, sobre a escritura de um texto de lei dentre os Tohono O’odham (Arizona), Bahr propõe abordar a questão do que uma tradução literal imita da linguagem: há, segue o autor, sempre mais do que a língua numa linguagem, sempre mais do que palavras. Retomando a tensão constitutiva das práticas tradutivas tal como definida por Krupat (ver infra), Bahr assinala a difícil inteligibilidade das traduções literais, que ele associa — em referência a Sapir — às diferenças de estrutura gramatical, ou tipos de conceitos gramaticais: todas as línguas incluem dois tipos de conceitos gramaticais ditos concretos e ‘puros relacionais’, alguns empregam, além destes, os ‘complexos puros relacionais’ e os ‘complexos mistos relacionais’. Bahr retém sobretudo dos conceitos relacionais que sua força excede a palavra no seio da qual estão colocados:

Granted that they are lodged in words, relational solutions of one language are never perfectly translated into the words of another language, at least not of a langage of different structural type.

O exemplo dado pelo autor é aquele dos termos monossilábicos ditos ‘auxiliares’ muitas vezes colocados na segunda posição de uma frase e que especificam os conceitos gramaticais de pessoa, número, aspecto verbal (1992:260). Enquanto uma tradução literal tenderá a auxiliar (auxiliarate) o inglês, e não seguirá as exigências da língua inglesa (sujeito- verbo…) uma tradução livre fará aparecer a ordem sujeito-verbo-objeto, no entanto imaterial no Desert Indian, omitindo a presença de auxiliares.

Thus the free translation reads smoothly because the foreign relational features are concealed, and the literal translation reads roughly because those features are retained. This is the cost or price of literal translation.(1992:261)

É interessante sublinhar que, para o autor, é precisamente no caso das traduções do Desert Indian, a relacionalidade (noção cuja saliência é digna de consideração nos mundos ameríndios) que será sacrificada numa tradução dita livre. Além disso, com Bahr, a distinção entre tradução literal e livre se junta à tensão particularmente viva na etnologia da acessibilidade e da autenticidade (além dos questionamentos éticos implicados por esta tensão, o fato que a maior parte das palavras ameríndias quando são traduzidas o são raramente mais de uma vez —  à diferença da literatura escrita  — parece ter um certo desempenho na questão, ambos os aspectos participando de um mesmo problema da geopolítica da tradução).

Pode ser interessante assinalar que a polarização entre tradução literal e livre pode se assemelhar com aquela da (não)concordância na tradução. A consistência ou concordância sistemática, que Meschonnic relaciona com o “fetichismo da palavra pela palavra” (1999:33), raramente se encontra nas traduções das palavras levadas. Tedlock por exemplo, nas suas traduções do Quiché, escolhe precisamente não optar por uma ‘consistência mecânica’ que ele considera apta a uma simples reiteração  [trot] em vez de uma tradução:

The reader may note that my English translations of Quiché demonstrative, conjunctive, and prepositional words and phrases — those little bits that fill up the interstices of languages — are not followed out by with mechanical consistency. That is to say, if I translate quehe cut as “and so” in one place, I will not necessarily do so in every other place. The reason is that such words do not have one to one correspondences across languages; there is no use in using “and so” in an English context where no one would ever choose those particular words, unless one’s aim is to do what classicists call a “trot” rather than attempting a translation (1983:147).

Escassas são as obras etnológicas onde se encontra hoje propostas de traduções literais num sentido estrito, ou sem que sejam seguidas de uma proposta de tradução livre. Para

Bahr, a precisão de uma tradução livre podia ser outra: pode tocar ao espírito, à dignidade, ou à sensação geral (1992:260). Se se encontra muitas vezes, ao lado das ‘traduções livres’, a expressão das intenções explícitas dos tradutores em tão vastos conceitos —  Clastres procura restituir o esprit das Belas palavras Mbya-Guarani (1990:17), Pierri a linguagem da corporalidade, ou sua lógica do sensível (2013:164) —, permito salientar após Bahr que outros podem também acompanhar as traduções proclamadas literais. Assim, Campos procura transportar a pneumática, ou respiração do texto, pela hiperliteralidade como operação de estranheza ou extensão de sua própria língua, processo que ele descreve como uma transcriação por excesso lúcido (2000:22-24).

Até agora, a tradução das palavras ameríndias através deste escrito foi descrita como uma passagem se efetuando através de tensões. É na tensão entre autenticidade ou adequação (termo que privilegio aqui devido ao campo semântico vasto demais da noção de autenticidade) e accessibilidade, entre a literalidade et a liberdade (ou a licença), que se efetuaria a passagem da palavra-fonte para o texto-alvo. Enquanto o primeiro contínuo ou a primeira tensão remetem diretamente ao contínuo da tradução (de fonte para alvo), a segunda parece já se afastar dele um pouco, cabendo mais à definição daquilo que na palavra-fonte deve ser portado pela tradução.

I will suggest that all translations must situate themselves in relation to the principles of Identity and Difference (Sameness and Otherness, Likeness and Unlikeness, Ours and Theirs) — which principles, in any given translation, manifest themselves in terms of accessibility and authenticity, as these situate the particular translation in the disciplinary domain of art or of (social) science (Krupat, 1992:4)

Num artigo a respeito da história das traduções anglófonas de narrativas e cantos ameríndios, Krupat propõe por sua vez dois contínuos para situar as traduções. O primeiro remete à relação que uma tradução entretém entre a identidade e a diferença, o segundo, que é apenas uma manifestação do primeiro nas traduções, seria novamente aquele da

accessibilidade e da adequação. Estes virariam um critério de delimitação do pertencimento das

traduções à arte ou à ciência. A tensão constitutiva da tradução para Krupat é igualmente deslocada para o grande divisor da disciplina antropológica. Assim, não deve surpreender que em suas notas os etnólogos descrevam suas escolhas ou intenções interpretativas em termos idênticos ou aparentados: a estranheza, a alteridade e, mais raramente, ainda que se pôde interpretar assim a meta dos primeiros trabalhos de etnopoética, a acessibilidade.

Qualquer que seja a intenção do tradutor, como estes polos são limites jamais atingidos, a tensão persiste e a tradução aparece, ao menos teoricamente como para sempre infinita. É notável também que uma tensão igualmente constitutiva da tradução se encontra neste outro plano ou contínuo, entre teoria e prática tanto para Larson (2008) como para Meschonnic (1982 &  1999). Larson, como Krupat e outros propõem-se em traduzir esta dupla da teoria e da prática ainda em outra tensão, a saber a tradução entre ciência e arte (o que escolhi aqui não desenvolver devido à fraqueza do seu valor analítico quando assim formulado e no caso presente). Enfim, encontra-se, nos estudos da tradução e notadamente desde a sua própria virada pós-colonial, outra tensão entre apropriação ou assimilação e

restituição, reverência ou partilha (cf. dentre outros, Bassnett & Trivedi, 1999 & Swann, 2011),

que abordo sucintamente no final deste escrito.