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Conforme destacam vários autores como Ghemawat (2000), Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), Omerzel (2008) e Kunst (2009) para que se possa afirmar que uma organização tem desempenho maior que outra, é necessário que se determinem padrões para que seja possível essa comparação. Desta forma o presente estudo adotou como base de comparação para avaliar o desempenho dos destinos escolhidos, a média dos demais destinos turísticos pesquisados pela Santur, no ano de 2008, uma vez que eles também contribuem para fazer com que o estado de Santa Catarina seja reconhecido como um dos que possuem grande potencial para o desenvolvimento de atividades ligadas à exploração do setor turístico, conforme pesquisa feita pelo WTTC (2009).

Para compor esses índices recorreu-se às bases de dados secundárias disponibilizadas pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que são fontes de informação fidedignas e que tornaram possível a mensuração de dados e a construção de indicadores que irão possibilitar que sejam avaliados os desempenhos individuais de cada um dos municípios pesquisados. Esses indicadores foram construídos e adaptados, a partir do conjunto de indicadores de desempenho competitivo propostos por Dwyer e Kim (2003), no que tange aos aspectos relativos ao estudo de competitividade. Para se analisar o nível de qualidade de vida foram construídos e adaptados outros indicadores, com base nos estudos de Santos e Martins (2002) e hierarquizados conforme os estudos de Maslow (1987) e atualizados por Chapman (2007).

Competitividade Desempenho Médio Origem

Turistas estrangeiros 13,39% Santur

Receita estimada do turismo R$ 121.123.229,84 Santur

Taxa de ocupação da rede

hoteleira 58,54% Santur

Média de gastos dos turistas

nacionais por dia R$ 59,36 Santur

Média de gastos dos turistas

estrangeiros por dia R$ 60,01 Santur Média de tempo de permanência

em hotéis no destino 3,20 dias Santur

Procura por meios de hospedagem 40,08% Santur

Receita estimada do turismo por

habitante R$ 65,45 Santur

Renda média mensal 2,7 IBGE

População empregada 33,93% IBGE

Candidatos por vaga de emprego 23,368 IBGE

Volume de investimentos feitos R$ 3.633.696,90 Padrão definido pelo

Pesquisador

Satisfação com o investimento 80,00%

Quadro 20 – Padrão de referência para análise dos indicadores efetivos de competitividade Fontes: Santur (2008) e IBGE (2010)

O Quadro 20 mostra os valores definidos como sendo o desempenho médio dos municípios estudados pela Santur no ano de 2008 (Balneário Camboriú, Blumenau, Bombinhas, Florianópolis, Fraiburgo, Garopaba, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, Laguna, Penha, Pomerode, Porto Belo, São Franscisco do Sul, São Joaquim e

Urubici). Alguns indicadores foram construídos a partir das informações disponibilizadas pelo órgão (relativas ao período de alta temporada, que corresponde aos meses de janeiro e fevereiro do ano de 2008), como é o caso do indicador “Turistas estrangeiros”, no qual foram utilizadas as informações quanto à quantidade prevista de turistas nacionais e a quantidade prevista de turistas estrangeiros para se calcular o valor percentual referente a cada um dos municípios citados, dos quais se obteve a média que é apresentada no quadro.

Para apurar o valor do indicador relativo à população empregada, foi calculado o percentual do total de pessoas empregadas (IBGE, 2010) em relação à população total de cada um dos municípios e posteriormente feita a média aritmética simples, que é o valor expresso no quadro 21. De maneira semelhante para se obter o número de candidatos por vaga de emprego, tomou-se o número total de habitantes e dividiu-se pelo número de empresas atuantes no município (IBGE, 2010), e deste valor foi apurada a média, que passou a ser considerada como valor de referência. Todos os demais indicadores, baseados em fontes secundárias, foram obtidos com base no cálculo das médias dos valores pesquisados (SANTUR, 2008) para o conjunto de municípios anteriormente explicitado.

Quanto ao indicador “Volume de investimentos feitos” definiu-se como valor padrão o percentual de reinvestimento de 3% da receita Estimada do Turismo no período, como sendo um montante que possibilite aos empreendimentos estabelecidos e aos gestores públicos e privados a manutenção e conservação das condições existentes em termos de estrutura voltada ao atendimento dos turistas. O percentual de 3% foi obtido com base na meta de inflação prevista para o ano de 2011, estipulada em 4,5%, representando desta forma 2/3 (dois terços) desse valor.

Além deste, outro indicador que teve seu padrão definido pelo pesquisador foi o “Satisfação dos investidores”, no qual foi adotado o princípio de que para um investidor continuar mantendo e ampliando o montante de recursos envolvidos em determinado ramo de atividade, faz-se necessário que ele obtenha no mínimo 80% de satisfação com o empreendimento, uma vez que o desempenho acima desse patamar poderá ser considerado como sendo ótimo, numa escala de 1 a 5 e abaixo desse nível seria considerado no máximo um bom investimento.

Os valores referência para a análise dos indicadores efetivos de qualidade de vida são mostrados no quadro 21, que mostra a origem dos valores adotados como base para a comparação do desempenho individual da qualidade de vida dos municípios selecionados para o estudo de caso que foi desenvolvido neste trabalho. A maioria dos indicadores foi obtido por meio de consultas a bases de dados secundárias (FBSP, 2010; IBGE, 2003; IBGE, 2009; IBGE, 2010a; IBGE, 2011; RIPSA, 2011; SNSA, 2010), sendo que em todas foi possível obter um intervalo de desempenho que servisse como parâmetro para se avaliar o nível de qualidade de vida em Balneário Camboríu, Bombinhas e Garopaba.

Contudo, alguns indicadores não possuem estatísticas que permitam a definição de um comportamento padrão a ser avaliado como o desempenho referencial. Desta forma, o pesquisador optou por estipular um conjunto de valores que pode ser considerado como aqueles que se enquadram dentro de requisitos aceitáveis para que se possa atender de maneira satisfatória ao conjunto de necessidades humanas associados a eles. Neste conjunto de indicadores encontram-se, os seguintes: segurança – cobertura; participação comunitária; opções de socialização – jovens; opções de socialização – mulheres; e opções de socialização – idosos.

Para avaliar o indicador “Segurança – Cobertura” – adotou-se como ponto de referência o tempo para atendimento de uma ocorrência, que segundo orientações do comando da polícia militar de determinados estados da união (como exemplo, cita-se o Ceará, que implantou o projeto Ronda do Quarteirão) que adotaram como tempo de resposta a uma ocorrência o intervalo de 5 (cinco) minutos entre o chamado e a chegada da viatura ao local.

Para poder responder a uma ocorrência neste intervalo de tempo que é considerado muito bom pelos órgão de segurança pública a distância a ser coberta pela viatura não poderia ser superior a 10 (dez) quilômetros, mas como esse é um desempenho considerado superior, adotou-se como valor referência uma distância variando entre 10 a 20 km2, o que possibilitaria que as ocorrências fossem atendidas com um intervalo de tempo superior a 5 (cinco) minutos, mas inferior a 10 (dez) minutos, com o veículo deslocando-se da base até o local da ocorrência a uma velocidade média de 60 Km/h (sessenta quilômetros por hora).

Necessidades Físicas e Biológicas (Alimentação, bebida, abrigo, saúde)

Indicador Valor Referência Origem

Cesta Básica 13,31% IBGE (2010a)

Acesso a Água Tratada 80-90% SNSA

Moradia – Locação 15,57% IBGE (2010a)

Saúde – Atendimento 1,77 RIPSA

Saúde – Saneamento 10-20% SNSA

Necessidades de Segurança (Proteção, ordem e estabilidade)

Indicador

Segurança – Atendimento 2,89 FBSP

Segurança – Cobertura 10 a 20 Km2 Padrão definido pelo

Pesquisador

Ordem 11,9 FBSP

Desigualdade (Índice de GINI) 0,38 IBGE (2003)

Necessidades de Afiliação e Amor (Trabalhos em grupo, opções de socialização)

Indicador

Participação comunitária 5 a 10 Km2

Padrão definido pelo Pesquisador Opções de socialização – jovens 1000 a 2000

Opções de socialização –

mulheres 5 a 10%

Opções de socialização – idosos 10 a 20%

Necessidades de Estima (Realização, status, responsabilidade)

Indicador Ensino – Cobertura 49,19% IBGE (2009) Ensino – Atendimento 25,00 Emprego 45,09% IBGE (2011) Oportunidades 20,07 Renda 2,6

Quadro 21 - Valores referência para análise do nível de qualidade de vida

Fontes: FBSP (2010), IBGE (2003), IBGE (2009), IBGE (2010a), IBGE (2011), RIPSA (2011) e SNSA (2010)

Os outros indicadores que não possuem valores referência controlados por valores oriundos de estatísticas previamente elaboradas, são aqueles que objetivam medir as oportunidades de atendimento às necessidades de afiliação e amor, que estão ligadas às possibilidades de participação comunitária existente no município e as opções de socialização disponíveis para os jovens, para as mulheres e para os

idosos, que são os grupos com maior tempo disponível (em tese) para aproveitar as opções de socialização. Adotou-se como critério para definição dos valores padrão desses indicadores a capacidade do estado em oferecer serviços ou equipamentos que pudessem absorver a demanda existente, de maneira a garantir que além daqueles que possuem recursos para opções de socialização pagas, tivessem a oportunidade de desfrutar desse tipo de atividade.

Para definir a capacidade de oferecer opções para a participação comunitária, adotou-se como ponto básico de análise a dificuldade do cidadão em deslocar-se de sua residência até a sede da associação de bairro. Portanto, definiu-se que quanto maior a área de abrangência de uma determinada associação, menores as chances de que os moradores venham a participar da vida de sua comunidade. Estipulou-se como sendo o ideal, que as associações se localizassem a menos de 5 (cinco) quilômetros de distância da residência dos moradores e portanto um desempenho médio, que é o que consta do quadro 21, foi definido como sendo o intervalo entre 5 (cinco) e 10 (dez) quilômetros, distância essa que permitiria o deslocamento do cidadão, num tempo de aproximadamente 5 (cinco) a 10 (dez) minutos com o transporte particular ou no máximo o dobro desse tempo com o transporte público. Para mensurar as opções de socialização de jovens, cuja idade definida para se enquadrar os indivíduos ficou na faixa de 15 (quinze) a 24 (vinte e quatro) anos, de ambos os sexos, adotou-se por sistemática ideal considerar as opções disponíveis no município para a prática de esportes, entendendo que esta seria uma forma saudável, barata e de controle por parte do estado de uma fonte de opções de atividades sociais para a juventude.

Considerando que sejam atendidas em torno de 20 (vinte) indivíduos por hora, durante 10 (dez) horas (expediente comercial) por dia e durante 5 (cinco) dias por semana (expediente padrão dos órgãos públicos municipais), chega-se ao número de 1.000 (mil) jovens atendidos por semana em cada espaço público para a prática de esportes. Porém, esse número foi considerado pelo pesquisador, como sendo um desempenho acima da média, e desta forma optou-se por considerar que sejam atendidos em média de 1.000 (mil) a 2.000 (dois mil) jovens por semana nos espaços disponibilizados atualmente, sendo este o intervalo de referência definido no quadro 21.

Com relação às opções de socialização para as mulheres (cujo público-alvo restringiu-se àquelas com idade compreendida no intervalo entre 20 e 64 anos) entende-se que a oferta de vagas para se desenvolver atividades junto aos chamados “clubes de mães” é a opção disponibilizada pelo poder público para atender a essa demanda. Contudo, como este grupo compreende uma parcela significativa da população de uma cidade, adotou-se como referência estipular um percentual de atendimento do público que se enquadra nos requisitos para esse tipo de atendimento, que deveria envolver em média de 5% a 10% do total de pessoas, uma vez que grande parte desse público possui compromissos laborais que comprometem o tempo disponível, impossibilitando que elas venham a se envolver com este tipo de atividade.

O último indicador a ser tratado, de forma referencial por parte do pesquisador, envolveu as opções de socialização oferecidas aos indivíduos que atingiram a chamada “terceira idade”, ou seja, aqueles homens e mulheres que ultrapassaram a barreira dos 65 (sessenta e cinco) anos de idade e que são atendidos pelos entes públicos pela oferta de vagas nos chamados “grupos de terceira idade” ou “grupos da melhor idade”. Como o número de indivíduos que atingem este grupo é muito reduzido em relação aos demais grupos anteriormente discutidos, adotou-se como critério que uma parcela maior (em percentual) seja atendida pelo poder público. Para isso definiu-se como um desempenho médio, que seja atendida uma faixa entre 10% a 20% dos indivíduos.

Uma vez definido o desempenho médio do Estado e os padrões de comparação para análise do desempenho individual de cada um dos destinos escolhidos, a próxima etapa do trabalho trata da análise dos dados, momento no qual serão debatidos os resultados obtidos em contraste ao referencial teórico no qual esta pesquisada foi alicerçada.

4 ANÁLISE DOS DADOS

A competitividade de uma destinação turística, conforme Crouch e Ritchie (1999), faz com que ela tenha um desempenho destacado em relação à outras destinações que não apresentam o mesmo conjunto de recursos reunidos por ela. Partindo deste princípio, Kim e Dwyer (2003) utilizaram a opinião dos gestores com a relação à competitividade de seus destinos turísticos para analisar em que pontos ela se apresentava como positiva e, portanto, devendo ser ampliada e quais os pontos vistos como negativos e que desta forma mereceriam uma atenção especial no sentido de se melhorar, ou até mesmo corrigir as falhas apontadas.

Da mesma forma o presente estudo, nesta parte de análise dos dados dedica-se a analisar a percepção dos gestores ligados ao desenvolvimento da atividade turística nos municípios de Balneário Camboriú, Bombinhas e Garopaba, que foram identificados, dentre os municípios catarinenses pesquisados pela Santur, no ano de 2008, como aqueles que possuem como principal atividade econômica a exploração do turismo, com o intuito de se verificar como se apresentam os indicadores de competitividade em cada um desses municípios. Contudo, objetiva-se verificar a correspondência entre essa percepção e os dados de desempenho competitivo, para que se possa avaliar a correção do diagnóstico feito a partir do uso dessa ferramenta.

Analisando os estudos de Ritchie e Crouch (2003) e Dwyer e Kim (2003), constatou- se que a competitividade não pode ser considerada como um objetivo final a ser alcançado, devendo estar atrelada a outro objetivo superior, que é a melhoria da qualidade de vida das populações envolvidas. Para verificar se isto realmente tem relação com a realidade, foi feita uma pesquisa, quanto a percepção dos residentes em cada um dos municípios selecionados, com o intuito de se apontar quais os indicadores que eles apontam como possuindo melhor ou pior desempenho em relação à contribuição para a melhoria do seu nível de qualidade de vida. E, de maneira análoga ao que foi feito quanto à competitividade, realizou-se a coleta de dados efetivos referentes aos fatores que podem contribuir para a melhoria do nível de qualidade de vida de uma comunidade, que neste estudo é entendida, como sendo a capacidade de se satisfazer as necessidades humanas, de acordo com a

hierarquia proposta pela “Hierarquia das Necessidades Humanas”, desenvolvida por Maslow (1987), utilizada por Sirgy (1986) e atualizada por Chapman (2007).

Neste capítulo a análise inicia com a descrição individualizada de cada um dos municípios, começando pela sua caracterização de forma geral e aprofundando a verificação de cada um dos pontos envolvidos na compreensão dos fenômenos que se deseja estudar, partindo da percepção dos gestores quanto ao desempenho competitivo, passando pela percepção dos residentes quanto a qualidade de vida e culminando com a verificação da correspondência entre os resultados.