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2.5 Os Modelos de Análise de Competitividade

2.5.6. O Monitor de Competitividade do Turismo

O modelo conhecido como Monitor de Competitividade do Turismo (MCT) foi desenvolvido por Gooroochurn e Sugiyarto (2004), por intermédio de um convênio de colaboração entre o WTTC (Word Tourism & Travel Council) e a Universidade de Nottingham, na Inglaterra e tem por objetivo o monitoramento e a mensuração da competitividade de uma destinação turística. Para alcançar seu objetivo elaboraram um estudo baseado em oito temas principais ligados à exploração das atividades turísticas (preço, abertura, tecnologia, infra-estrutura, turismo humano,

desenvolvimento social, meio-ambiente e recursos humanos) abrangendo todos os diferentes aspectos envolvidos.

A análise realizada pelos autores contemplou dados de mais de 200 (duzentos) países e os dados utilizados foram publicados e disponibilizados por fontes confiáveis como o Banco Mundial, as Nações Unidas entre outros, uma vez que permitia a comparação entre os diversos países de maneira a que aqueles com piores desempenhos pudessem analisar quais suas principais deficiências em relação aos outros países que obtiveram melhores resultados na avaliação.

O Monitor de Competitividade do Turismo (MCT) de Gooroochurn e Sugiyarto (2004), mostrado na figura 9, é baseado na construção do Índice de Competitividade do Turismo, que é formado pela mensuração de oito grandes grupos temáticos, formados pelo conjunto de variáveis que afetam o desenvolvimento das atividades turísticas, que são: Indicadores Humanos do Turismo; Indicadores de Preço; Indicadores de Infra-Estrutura; Indicadores Ambientais; Indicadores de Tecnologia, Indicadores de Recursos Humanos, Indicadores de Abertura e Indicadores Sociais. A cada um desses grupos é determinado um peso para os indicadores que o compõem, conforme será discutido adiante, de forma a garantir que a cada um seja atribuído o correto grau de importância relativo à sua participação no trade turístico. Para Gooroochurn e Sugiyarto (2004) o levantamento de dados primários que irão fazer parte dos indicadores para cada um dos oito grupos temáticos se inicia com os indicadores de competitividade em preço. Eles definiram que neste grupo deveriam ser considerados tanto o preço das commodities consumidas pelos turistas, medido por meio da Paridade do Poder de Compra (PPP em inglês – Purchasing Power Parity), que foi ajustado por meio de uma taxa de câmbio que equiparasse os valores, quanto pelo valor mínimo cobrado pelas diferentes categorias de hotel, desta forma garantindo que fosse possível comparar a competitividade em preço de cada país pesquisado. Os autores compreendem que o preço é um dos fatores de maior influência na hora da definição do destino a ser visitado pelos turistas, pois, é baseado neste indicador que o mesmo poderá elaborar antecipadamente uma programação que venha a atender suas necessidades de lazer e entretenimento.

Figura 9 - Estrutura do Monitor de Competitividade do Turismo (MCT) Fonte: Gooroochurn e Sugiyarto (2004, p. 6).

O segundo grupo de indicadores é o que apresenta os dados relativos à infra- estrutura do país, na qual são avaliados o desenvolvimento de rodovias medido (o comprimento total de rodovias existentes em um determinado país e uma estimativa do que seria ideal em função da densidade populacional, renda per capta, urbanização e outras variáveis dummy, conforme definido pelo Banco Mundial) e a parcela da população que é abastecida por redes de coleta de esgotos e de abastecimento de água potável.

No terceiro grupo, os autores agregaram os indicadores ambientais, que tem seu determinado por meio da análise da densidade da população, a quantidade total de emissões de dióxido de carbono (CO2), e a quantidade de tratados ambientais ratificados pelo país, o que a princípio demonstraria maior compromisso na preservação das condições ambientais. O quarto grupo trabalha os aspectos ligados às questões tecnológicas, medindo-se o número de computadores do país que possuem acesso (endereço de IP ativo) à Internet, a quantidade média de telefones fixos ligados às centrais de telefonia fixa, a quantidade de usuários de aparelhos de telefonia móvel e por fim o índice de exportações de itens de alta tecnologia que mostra a capacidade do país em se desenvolver tecnologicamente.

Os indicadores de recursos humanos (que formam o quinto grupo), definidos por Gooroochurn e Sugiyarto (2004), têm por finalidade resgatar o nível de qualidade da mão-de-obra disponível para o trabalho junto às empresas de turismo, na expectativa de que quanto maior for esse índice, melhor a qualidade dos serviços oferecidos aos turistas. Para levantar esse indicador os autores recorreram ao índice geral da educação divulgado pela UNDP (United Nations Development Programme), que é composto pelo percentual de pessoas com mais de 15 (quinze) anos que consegue ler, escrever e entender frases simples utilizadas em seu cotidiano, combinado com a taxa de matrícula de pessoas no ensino fundamental e secundário. Já no sexto grupo de indicadores, os autores buscam analisar aqueles ligados à abertura do país para o turismo, sendo medidas a quantidade de exigências para se emitir um visto para permitir o acesso ao país, a abertura com relação ao turismo (quantificada pela média dos gastos e da receita com o turismo no país), a abertura comercial do país (medida por meio da balança comercial) e a existência de restrições ou taxações específicas que visem proteger a indústria doméstica.

No sétimo grupo de indicadores, Gooroochurn e Sugiyarto (2004) destacam aqueles ligados às questões sociais, dentre os quais são avaliados o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pela UNDP (United Nations Development Programme) em combinação com índice de jornais (quantidade de pessoas por mil habitantes que tem acesso aos jornais pelo menos quatro vezes por semana), o índice de computadores pessoais (quantidade de pessoas por mil habitantes que possuem computador de uso pessoal) e o índice de aparelhos de televisão (quantidade de pessoas por mil habitantes que possuem aparelho de televisão) que buscam dar uma medida do padrão de vida dos residentes naquele determinado país. O último grupo de indicadores (oitavo) é formado por informações referentes aqueles ligados turismo humano, que são representados pelo Índice de Impacto do Turismo - IIT (medido com base na somatória de gastos e receitas oriundas de turistas internacionais em relação ao PIB) e pelo Índice de Participação do Turismo - IPT (medida por meio da quantidade de chegadas e partidas em relação à média de população do país).

Para que se alcance o índice final, o valor de cada variável primária é normalizado de acordo com a seguinte fórmula:

Normalização = Valor Atual – Valor Mínimo Valor Máximo – Valor Mínimo

Após a normalização dos valores é feita a média dentro de cada um dos grupos de indicadores, obtendo-se um valor correspondente para cada uma das oito dimensões temáticas analisadas, procedendo-se por fim a uma média desses sub- índices, que irão resultar no valor do Índice de Competitividade do Turismo, que permitirá a comparação do nível de competitividade entre os países.