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2.1 Turismo – História e Evolução

2.1.1 Do turismo moderno ao turismo contemporâneo

O turismo da forma como é conhecido hoje é um fenômeno recente, que data de meados do século XX. Contudo, pode-se dizer que este processo teve suas origens junto com o desejo e a necessidade humana de se deslocarem de um ponto a outro do planeta, seja para conhecerem novas localidades, seja para desfrutarem de momentos de lazer e descontração em locais diferentes aos quais estava habituado a conviver no dia-a-dia.

No século XIII, o movimento conhecido como “as cruzadas”, serviu para intensificar o comércio, fazendo com que no ano de 1282, surgisse o primeiro “grêmio de donos de pousadas”, na cidade de Florença, na Itália, com o intuito de transformar o ato de hospedar, que até então era gratuito e normalmente um favor feito aos peregrinos em uma atividade comercial e que pudesse servir como fonte de renda para as populações locais.

A “grand tour” como ficou conhecida a viagem de estudos realizada pelos jovens da nobreza e da classe média da Inglaterra, é citada tanto por McIntosh et al. (1999), quanto por Acerenza (2002) como sendo um grande marco na evolução da história das viagens. Para os autores esse evento concentrou-se no período compreendido entre o final do século XVI, até meados do século XVIII e possibilitou o registro por meio de relatos pormenorizados das viagens, que se elaborassem mapas contendo as principais rotas entre as cidades a serem visitadas, os atrativos a serem observados em cada cidade, além de descrever de forma bem detalhada, as principais acomodações existentes em cada local e também os melhores lugares para se obter alimentação. Os benefícios obtidos com essas viagens foram muito questionados, uma vez que ao invés de estudos, muitos se dedicavam somente aos prazeres disponíveis ao longo do caminho.

O final do século XVIII e o início do século XIX marcam o início de uma nova era de evolução nas viagens e no turismo, pois coincide com o período da revolução industrial, que introduziu novos meios de transporte, como as locomotivas e os

barcos movidos à vapor que possibilitavam o transporte de um número cada vez maior de passageiros a distâncias também maiores com maior velocidade e conforto do que nas etapas anteriores da evolução do turismo. Acerenza (2002) chama a atenção para o grande crescimento populacional dos balneários, que foi muito maior que o das cidades, em função do volume de passageiros que eram transportados em viagens de férias para estas localidades, o que aponta para a associação entre o turismo e o desenvolvimento econômico das localidades nas quais ocorrem essas atividades.

A melhoria dos sistemas de comunicação, a ampliação e qualificação dos sistemas de transportes e o surgimento de hospedarias e métodos de acomodação mais profissionais, foram os fatores que segundo McIntosh et al. (1999) e Acerenza (2002) criaram as condições propícias para o desenvolvimento da atividade turística na forma como a conhecemos nos dias atuais. Esta nova forma de turismo mostrava sua capacidade de contribuir de maneira significativa para o crescimento econômico das comunidades receptoras, garantindo-lhes emprego e renda, permitindo que todo um conjunto de atividades auxiliares fosse implementado e passasse a funcionar de maneira integrada (agências de viagem, hotéis, bares e restaurantes), dando origem à chamada indústria do turismo.

O ano de 1841 é apontado por Acerenza (2002) como um marco histórico para o estudo do turismo, pois foi neste ano que Thomas Cook, na Inglaterra e Henry Wells, nos Estados Unidos começaram suas atividades ligadas ao setor de viagens turísticas e são até considerados os primeiros agentes de viagens que passaram a viver exclusivamente e em tempo integral desse tipo de serviço. São atribuídas a Cook um grande número de invenções que são usadas até os dias atuais pelos agentes de viagem em todo o mundo, como: o guia de viagens, o voucher (cupom de reserva de hotel) e o traveler´s check (cheque de viagem) entre outros.

O início do século XX foi marcado pelo incremento das vendas de automóveis e pela construção e implementação de cidades com finalidades eminentemente turísticas, tanto na Europa, como na América do Sul, como foram os casos de Mardel Plata (na Argentina), Viña del Mar (no Chile) e Piriápolis (no Uruguai), permitiram uma nova ampliação da exploração do turismo, mostrando ser esta uma atividade de grande

potencial e cujo desenvolvimento atraía cada vez mais a atenção de grandes investidores, conforme mostram os estudos de Acerenza (2002).

No período compreendido entre o final da primeira e a segunda grande guerra mundial, houve uma intensificação das atividades turísticas à qual não havia precedentes na história. Fazendo com que países como: Áustria, Inglaterra, Itália, Suíca e Canadá passassem a contar com uma renda significativa em sua economia devido ao número expressivo de turistas que acorriam a estes países e traziam consigo divisas que segundo Acerenza (2002) contribuíam em grande parte para o superávit na balança comercial dos mesmos. Neste período o autor destaca, também, o surgimento da aviação civil, que passa a ser mais um fator que impulsiona o desenvolvimento do turismo, uma vez que permite a implementação de viagens intercontinentais de forma rápida, segura e com relativo conforto.

Após a segunda grande guerra mundial a aviação comercial se consolida como o principal meio de transporte para maiores distâncias, o que impulsionou de maneira significativa o turismo. Acerenza (2002) destaca que “a paz, a prosperidade, o tempo livre e o desenvolvimento tecnológico” permitiram que o turismo se convertesse num dos fenômenos sociais mais representativos das últimas décadas, fazendo com que o valor econômico obtido pelas atividades ligadas ao turismo alcançasse 5,5% do total das exportações mundiais no final da década de 1970.

Os benefícios econômicos trazidos pelo desenvolvimento de atividades turísticas às comunidades receptoras fizeram com que se iniciasse (considerando como ponto de partida o ano de 1970) uma nova etapa na evolução do turismo. Uma vez que em função dele, um grande número de países passou a fomentá-lo, por intermédio da criação de centros turísticos planejados, para os quais conseguiam obter apoio de organismos internacionais ligados ao desenvolvimento, o que conforme Acerenza (2002) levou a despertar o interesse da iniciativa privada que passou a investir mais na geração de empreendimentos voltados a esse fim.

Nas duas últimas décadas do século XX o turismo se consolida, em âmbito mundial, como uma das principais atividades econômicas. E as perspectivas para o início do próximo século são de que sua expansão continue, conforme aponta Acerenza (2002) em seu livro. Já Blanke e Chiesa (2009) destacam que o setor de Viagens e Turismo, apesar das constantes ameaças que vem enfrentando desde os ataques

terroristas de onze de setembro de 2001, é uma das atividades econômicas que possui um grande potencial para alavancar o crescimento e o desenvolvimento internacional, pois pode, principalmente nos países em desenvolvimento, contribuir por meio da ampliação dos níveis de emprego e de renda, além de auxiliar no equilíbrio da balança de pagamentos.