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2.5 Os Modelos de Análise de Competitividade

2.5.7 O Modelo do WTTC

O modelo do WTTC (World Travel & Tourism Council) foi elaborado, segundo Blanke, Chiesa e Herrera (2009), por intermédio da parceria feita entre a empresa responsável pelo design estratégico, a Booz & Company, e várias empresas responsáveis pelo fornecimento dos dados, a Deloitte, a IATA (International Air Transport Association), a IUCN (International Union for Conservation of Nature), a UNWTO (World Tourism Organization) e a WTTC (World Travel & Tourism Council),

com o objetivo de criar um índice que tornasse possível a comparação da competitividade entre diversos países, de diferentes tamanhos e diferentes realidades, de forma a desenvolver um chamado “padrão de competitividade”. Esse padrão permitiria que os países com menor desempenho competitivo, segundo o índice, pudessem analisar quais suas deficiências e com base na avaliação dos pontos positivos de seus concorrentes viesse a melhorar seu próprio desempenho. Este modelo é uma evolução do Monitor de Competitividade do Turismo, desenvolvido por Gooroochurn e Sugiyarto (2004) e aumenta o número de grupos de avaliação, que no modelo inicial era de oito, para quatorze como será discutido a seguir. As autoras descrevem que o Índice de Competitividade do Turismo – figura 10 -, é composto por 3 (três) sub-índices: 1) o sub-índice A, associado ao quadro regulatório do turismo; 2) o sub-índice B, relacionado ao ambiente de negócios e infra-estrutura do turismo; e 3) o sub-índice C, relativo aos recursos humanos, culturais e naturais. Dentro de cada sub-índice existe um conjunto de 14 (quatorze) pilares (1-regras políticas e regulação, 2-sustentabilidade ambiental, 3-proteção e segurança, 4-higiene e saúde, 5-priorização do turismo, 6-infra-estrutura de transporte aéreo, 7-infra-estrutura de transporte rodoviário, 8-infra-estrutura de turismo, 9-infra-estrutura de telecomunicações, 10-competitividade em preço da indústria do turismo, 11-recursos humanos, 12-afinidade com o turismo, 13-recursos naturais, e 14-recursos culturais), que irão definir a competitividade do destino que está sendo analisado. Após a formulação dos índices os países são agrupados conforme seu grau de desenvolvimento, com o intuito de que as comparações a serem realizadas possam ser mais representativas e fornecer maiores subsídios para os gestores públicos de cada uma das nações avaliadas.

O primeiro dos pilares, citados por Blanke, Chiesa e Herrera (2009), é relativo às regras políticas e a regulação, pois os governos têm a capacidade de causar grande impacto no desenvolvimento deste setor, uma vez que por meio de políticas de incentivo podem favorecer a criação de novos empreendimentos e fortalecer os empreendimentos já existentes, demonstrando vontade política de que o turismo seja uma das atividades prioritárias para a destinação. Parcerias com governos de outros destinos também podem contribuir para fortalecimento do setor como um todo.

Figura 10 - Composição do índice de competitividade do turismo do WTTC Fonte: Blanke, Chiesa e Herrera (2009, p.6)

Os fatores a serem considerados na avaliação deste pilar, segundo Blanke, Chiesa e Herrera (2009) são: a predominância de capital estrangeiro; os direitos de propriedade; impacto nos negócios das regras a respeito de investimentos estrangeiros; exigências para emissão de vistos; abertura da regulamentação bilateral do serviço aéreo; transparência da formulação de políticas governamentais; tempo exigido para se iniciar um negócio; e custo para se iniciar um negócio. O segundo pilar aborda as questões relativas à sustentabilidade ambiental, para as autoras a criação de leis de proteção ambiental, o controle das espécies em extinção e a gestão das emissões de gases causadores do efeito estufa podem contribuir para a manutenção e até mesmo a revitalização de áreas de preservação natural que se tornam atrativas à visitação de turistas. Essas leis podem ser trabalhadas de forma a conscientizar todos os envolvidos no trade turístico, que somente por meio de metas concretas e factíveis de interação com o meio ambiente é que se torna possível a exploração do potencial turístico de um destino. Para se atribuir um valor a este pilar são verificados os seguintes fatores: a severidade da regulação ambiental; a aplicação da regulamentação ambiental; a sustentabilidade da indústria do turismo; as emissões de dióxido de carbono; a concentração no ar e na água de partículas sólidas; as espécies ameaçadas de extinção; e a ratificação de tratados ambientais.

A proteção e segurança são destacadas pelas autoras como o terceiro pilar do modelo, uma vez que ambas são críticas para a definição da opção por um destino turístico a ser visitado. Países ou destinações nas quais há o comprometimento da integridade física dos visitantes tenderão a ser menos atrativos e, portanto, menos competitivos que outros onde não haja este tipo de situação. A competência da força policial local em evitar roubos e furtos e a segurança da infra-estrutura de estradas e rodovias também contribuem para aumentar a competitividade da destinação. Os fatores que são considerados para a pontuação neste pilar são: custo do terrorismo para os negócios; credibilidade dos serviços policiais; custo da criminalidade e da violência para os negócios; e a incidência de acidentes rodoviários. O quarto pilar está associado às questões voltadas à higiene e segurança, pois a existência da rede de abastecimento de água tratada, e da rede de coleta de esgotos torna mais atrativa a permanência em um determinado destino. Além disso, a capacidade de atendimento oferecido pelo sistema de saúde pública também pode ser um fator

agregador que venha a somar para o aumento da competitividade. Os fatores que compõem este pilar são: a quantidade de médicos por 1000 (mil) habitantes; o acesso a infra-estrutura sanitária; o acesso a rede de abastecimento de água tratada; e o número de leitos de hospital disponíveis.

A prioridade dada pelo governo ao setor turístico aparece como o quinto pilar destacado por Blanke, Chiesa e Herrera (2009), uma vez que essa realidade pode ser constatada pela montagem do orçamento da destinação, onde ficará evidente se o discurso de priorizar o turismo se traduz em ações práticas, que venham a possibilitar mais segurança para a realização de investimentos privados na área, bem como ampliar as ações de marketing e divulgação do destino. Para compor o valor relativo a este pilar são considerados os seguintes fatores: a prioridade dada pelo governo ao setor de turismo; os gastos governamentais com o turismo; a efetividade do marketing e o posicionamento da marca na atração de turistas; a presença em feiras e outros eventos de divulgação. Estes 5 (cinco) primeiros pilares entram na composição do sub-índice A, que é um dos 3 (três) sub-índices que integram o índice de competitividade do turismo.

Os próximos 4 (quatro) pilares tratam, segundo as autoras, das questões relativas à infra-estrutura: o sexto, a infra-estrutura de transportes aéreos (quantidade, capacidade e qualidade do serviço oferecido); o sétimo, a infra-estrutura de transportes terrestres (mix, quantidade, conservação da malha viária e ferroviária e qualidade do serviço); o oitavo, a infra-estrutura geral do turismo (a quantidade, capacidade e qualidade das acomodações oferecidas, a existência de locadoras de automóveis, a facilidade de câmbio, etc); e o nono, a infra-estrutura de telecomunicações (medindo a quantidade de serviços de telefonia e de internet oferecidos, e ainda a quantidade de negócios feitos via internet pelos visitantes). Cada um dos pilares citados é composto por um grupo de fatores que permitirão determinar uma pontuação necessária à composição do sub-índice B, conforme segue:

• sexto pilar – a qualidade da infra-estrutura de transporte aéreo; a quantidade de assentos por quilômetro nos vôos domésticos; a quantidade de assentos por quilômetro nos vôos internacionais; o número de partidas por 1000 (mil)

habitantes; a densidade de aeroportos; o número de linhas aéreas operando; e a rede de transporte aéreo internacional.

• sétimo pilar – a qualidade das estradas; a qualidade da estrutura ferroviária; a qualidade da estrutura portuária; a qualidade da rede de transporte doméstico; e a densidade rodoviária.

• oitavo pilar – o número de quartos de hotel; a presença das principais companhias locadoras de automóveis; e a quantidade de terminais de atendimento com cartões de crédito.

• nono pilar – a extensão do uso de internet; o número de usuários de internet; a quantidade de linhas telefônicas; a quantidade de assinantes de internet de banda larga; e a quantidade de usuários do serviço de telefonia móvel.

Para finalizar os pilares relativos à montagem do sub-índice B, Blanke, Chiesa e Herrera (2009) enfocam, no décimo pilar, a competitividade em preço da indústria turística, pois faz sentido que uma destinação que ofereça os mesmos atrativos disponibilizados de maneira similar por outra, porém onde as acomodações custem mais barato, os bares e restaurantes possuam preços mais em conta, o valor para abastecer seu veículo seja menor que em outro destino, este será privilegiado em detrimento de outro onde tudo for mais caro. Na composição deste pilar são considerados os seguintes fatores: o valor da passagem aérea e das taxas de embarque; a paridade do poder de compra do turista; a extensão e o efeito da taxação; o nível de preço dos combustíveis; e o índice de preços dos hotéis.

O último sub-índice a ser tratado (o sub-índice C) é o que as autoras associam aos recursos humanos, culturais e naturais. Com relação aos recursos humanos, o décimo primeiro pilar, elas apontam para a importância da qualidade dos mesmos, uma vez que depende deles muito da satisfação dos turistas com a experiência vivenciada durante a estadia no destino. Portanto faz-se primordial que haja um programa de treinamento e qualificação de mão-de-obra, contínuo, que permita que as principais funções de contato com os turistas sejam supridas com uma força de trabalho qualificada e apta a satisfazer e muitas superar as expectativas dos visitantes. Este pilar é composto pelos seguintes fatores: o número de matriculados no ensino fundamental; o número de matriculados no ensino médio; a qualidade do

sistema de ensino; disponibilidade de serviços especializados de treinamento e pesquisa; o tamanho do staff de treinamento; as práticas de contratação e demissão; a facilidade de contratação de mão-de-obra estrangeira; a incidência de HIV; o impacto do HIV nos negócios; e a expectativa de vida da população. O décimo segundo pilar lida com a afinidade para o turismo e aborda questões relativas a hospitalidade e receptividade dos residentes para com os turistas e o comprometimento da sociedade em fazer do turismo uma alternativa viável de desenvolvimento econômico e social. Este pilar é composto pelos fatores: abertura para o turismo; atitudes da população frente aos visitantes estrangeiros; extensão das viagens de negócios recomendadas.

Blanke, Chiesa e Herrera (2009) destacam como sendo o décimo terceiro pilar os recursos naturais, que estão associados aos atrativos naturais existentes em determinada destinação e que podem ser considerados como vantagens comparativas da mesma, pois em grande parte dos casos são o principal motivo de atratividade para os visitantes. Neste pilar são considerados os seguintes fatores: número de belezas naturais consideradas “patrimônios mundiais”; áreas protegidas; qualidade do ambiente natural; total de espécies conhecidas. E finalmente o décimo quarto pilar que trata dos recursos culturais, que são aqueles envolvidos com a tradição, a cultura e o folclore de um povo, que podem ser expressos por meio de danças, teatros, representações, eventos e artesanato, que possam significar a expressão do conhecimento adquirido ao longo dos anos pela população local. Neste pilar são considerados para a composição do sub-índice C, os seguintes fatores: número de sítios históricos que possam ser considerados “patrimônios mundiais”; quantidade de estádios esportivos; número de feiras e exposições internacionais; e exportações de indústrias criativas.

Uma vez que posse dos escores parciais relativos aos sub-índices A, B e C, Blanke, Chiesa e Herrera (2009) afirmam que é feita a média simples entre os três índices resultando no índice de competitividade do turismo de uma determinada nação. Esse índice será utilizado para que sejam efetuadas comparações entre os diversos países e seja estabelecido um ranking que permita aos países menos competitivos analisarem suas deficiências de modo a proporcionar os subsídios necessários à formulação de um planejamento turístico que vise desenvolver a competitividade, de forma sustentável, do destino como um todo.