• Nenhum resultado encontrado

Desbravador de sua área específica – cluster 5

4. MARCO EMPÍRICO E INTERPRETATIVO: APRESENTAÇÃO E

4.1 A DIDÁTICA DÓXICA: O OLHAR EMERGENTE DO QUESTIONÁRIO

4.1.1 A Didática Dóxica Consolidada nos Clusters

4.1.1.5 Desbravador de sua área específica – cluster 5

No Cluster que engloba 13 licenciandos com o perfil de “Desbravador de sua área específica”, não há nenhum licenciando das Ciências Exatas – Matemática, Física e Química e, todos concluíram o Ensino Médio depois de 2010. Os significantes elementares da clusterização estão descritos no Quadro 24, a seguir:

Quadro 24 – Síntese dos significantes elementares do Cluster Desbravador de sua área específica

QUESTÃO SIGNIFICANTES ELEMENTARES %

Escolha licenciatura G1 (Despertar a) afinidade com a área 76,9 Bom professor

E2 Respeitar e valorizar o aluno a partir das relações humanas estabelecidas 84,6

K2 Estar em constante processo formativo 76,9

B2 Saber ensinar (e suas variantes epistemológicas) 69,2 Práticas bom

professor

I3 Despertar o interesse a partir da linguagem utilizada 61,5 F3 Adotar estratégias de ensino que privilegiam desenvolvimento da

criticidade e cidadania

46,1

Avaliação

A4 Com uso de instrumento(s) avaliativo(s) 100

C4 Um momento ético e planejado para análise do desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem

46,1 Contribuição da

Didática -

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados de pesquisa.

Ainda que nenhum significante esteja intrinsecamente relacionado à aprendizagem – enquanto resultado da ação docente de um bom professor – esse grupo demonstra grande preocupação com a avaliação e o processo de ensino.

A totalidade dos estudantes considera que, na dimensão didático-pedagógica, a avaliação deve ser realizada com diferentes instrumentos (A4), fato que pode ser oriundo da vivência como aluno nos últimos dez anos, pois com a consolidação de teoria críticas, a concepção de avaliação do viés tradicional, perdeu força. Porém, essa doxa é confundida com a noção de um momento final (C4), que deve contar com a ética (e, portanto, imparcialidade), visa à análise do desenvolvimento do aluno e dos objetivos do processo de ensino- aprendizagem. Dessa forma, apesar de compreenderem a importância de diferentes formas de avaliação, ela ainda deve ocorrer ao final do processo de ensino-aprendizagem, sob um viés comportamentalista de alcance de objetivos. (MIZUKAMI, 1986; SAVIANI, 2012).

Uma preocupação relevante nesse agrupamento é pelo estabelecimento de relações

humanas e afetivas (E2), o que contribui para o desenvolvimento da relação pedagógica,

particularmente a relação de mediação, estruturada também no despertar do interesse (I3), como também saber ensinar (B2), resultado da relação didática. Nessa ótica, a doxa presente sobre o bom professor assenta-se fundamentalmente sobre as práticas relacionadas ao diálogo, atenção ao interesse demonstrado pelo aluno e paciência os quais, se o professor “sabe ensinar” promovem a aprendizagem. Tais aspectos, pautados nas habilidades sociais comunicativas e empáticas, como também na habilidade para organizar as aulas e manter relações positivas. Inferimos que a compreensão sobre o ensino oscila entre as abordagens comportamentalista e sociocultural pela compreensão de que o professor é o único responsável por essa atividade, mas que conta com a participação e interesse do aluno, subsidiado pelo desenvolvimento de estratégias que desenvolvam a criticidade e cidadania (F3), principalmente, práticas interdisciplinares que desconstruam preconceitos e estimulem também a preservação. Assim, com uma avaliação diferenciada (apesar de ao final do processo), a percepção sobre estruturantes da relação pedagógica e dos indícios sobre a crítica e a formação humana do aluno, podemos concluir que a preocupação desses licenciandos é por uma aprendizagem interativa, em direção a uma abordagem sociocultural de ensino. (CUNHA, 1996; SAINT-ONGE, 2007; MIZUKAMI, 1986; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001; SAVIANI, 2012; ROMANOWSKI, 2012).

O bom professor também é entendido como aquele em constante processo de

desenvolvimento profissional (K2), razão que também contribui não apenas para a sua

atualização como também o aprimoramento de suas práticas (F3). Ratificamos que a multiplicidade de abordagens de ensino, presentes nas crenças da amostra pesquisada está relacionada às diferentes percepções sobre esse processo, construídas ao longo de toda formação escolar. (PIMENTA, 2010; TARDIF, 2010; BEHRENS, 1996; OLIVEIRA; BEHRENS, 2014; VAILLANT; GARCIA, 2012; ).

Nesse grupo, a Didática não possui nenhuma influência (in)direta, pois nenhum significante de maior representatividade comum foi evidenciado, sendo que o mais evidenciado seria o de ser apenas mais uma disciplina do curso (38,4%). A nomenclatura “desbravador” foi inspirada na percepção de que esse futuro professor, por escolher a licenciatura a partir da

afinidade com a sua área específica (G1), como revelam as respostas a seguir:

Desde sempre tive vontade, por motivação da minha mãe também. Sempre gostei de biologia então uni com a vontade de ser professora. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L30).

Sempre gostei de História, tenho paciência de ensinar e sempre me disseram que explico bem. E porque não gostei da área de tecnologia em alimentos. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L77).

Sempre fui apaixonada pela área e fui incentivada pelos meus professores. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L79).

Sou atleta e identificação com a profissão. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L87).

Aptidão aos esportes e amor a profissão. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L105).

Gostar do esporte em escola. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L117). O idioma inglês. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L142).

A paixão pela literatura e língua Portuguesa e o amor pela docência. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L145).

Facilidade na língua espanhola. Gosto pela leitura. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L167).

O gosto pela geografia em adjunto com o interesse em ser professor, a influência de bons professores e o incentivo da família. (Resposta da questão 1, questionário inicial – L241).

Algumas das respostas exprimem a influência dos professores que conviveu no contexto escolar, porém, outros apenas o fazem em relação a área, como se não houvesse essa influência. Assim, o “desbravador” tem o olhar de explorar sua área específica e seguir na profissão sem considerar a necessidade direta de outros aportes de saberes, mas apenas os da ação pedagógica. Tal fato é fundamentado na forte referência aos aspectos da dimensão didático-pedagógica (A4, B2, I3, F3) que, apesar de não serem referentes à função da Didática, estão muito mais relacionados à dimensão técnica que a ela auxiliar na leitura de mundo sobre a função social da profissão, uma vez que são poucas as referências à aprendizagem, mas sobretudo à diretividade do professor na efetivação do ensino. (COMENIUS, 2011; ROLDÃO, 2017).