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Em 18 de março de 2010 foi realizada a Quinta Audiência Pública Municipal para “Apresentação do Anteprojeto de Lei do

2.11 DESDOBRAMENTOS APÓS O ENCERRAMENTO DA COLETA DE DADOS

2.11.1 Interrupção do processo

A audiência pública destinada à apresentação do anteprojeto de lei do novo Plano Diretor Participativo de Florianópolis não chegou a se concretizar, pelos motivos constantes em sua respectiva Ata, adiante transcritos:

Em seguida, o Superintendente do IPUF iniciou os trabalhos saudando a mesa, as autoridades e a todos os presentes, bem como, devido aos mais variados tipos de manifestações advindas de parte da plateia, solicitou civilidade para que a Audiência Pública possa ser realizada, e ainda, se não houver condição do início dos trabalhos, a audiência será suspensa.

Ato contínuo, incitando o público, o Vereador licenciado Ricardo Vieira, adentrou ao recinto, munido de megafone, e proferindo palavras de ordem, de maneira que a referida audiência não pudesse prosseguir. Com essas manifestações contrárias e conduzidas pelo Vereador citado acima, populares invadiram o palco do Teatro Álvaro de Carvalho – TAC , onde estavam as autoridades e os telões de projeção, faixas de protestos e caixas de som impossibilitando a continuidade dos trabalhos.

[...]

Neste momento, a mesa recolheu-se ao fundo do palco a fim de aguardar o final da manifestação para dar continuidade a Audiência Pública, contudo, diante da animosidade dos manifestantes, e do risco a segurança dos presentes os mesmos aguardaram até às 20h30mim, dando assim por encerrada a Audiência Pública pelo Superintendente do IPUF, Sr. Átila Rocha dos Santos.

2.11.2 A retomada do processo

No dia 24 de agosto de 2011 a prefeitura de Florianópolis realizou uma reunião com o núcleo gestor do processo participativo do plano diretor e o Ministério Público nas esferas estadual e federal. Esta reunião estabeleceu um marco na história do processo participativo, após três anos de discussões sobre a legitimidade do projeto de lei, tendo em vista o rompimento do processo participativo estabelecido quando da formação deste núcleo gestor para outros métodos de participação.

Como demonstrado até o item anterior em junho de 2006 a prefeitura de Florianópolis criou o Grupo Executivo do Plano Diretor Participativo, em março de 2007 institui por decreto o Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo de Florianópolis, diplomando 13 delegados distritais como membros deste núcleo.

Em audiência pública realizada em julho de 2008 a prefeitura apresenta os resultados do processo de “leitura comunitária” sistematizados em 3.244 diretrizes. Enquanto a equipe técnica do município realizara estudos sobre os diversos aspectos do território.

Em 2008, o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis apoia outros estudos de iniciativa privada, como o da Agenda Estratégica de Desenvolvimento Sustentável de Florianópolis, realizado pela ONG Floripamanhã, e o Projeto Reserva de Biosfera em Ambiente Urbano realizado em parceria entre a Fundação CERTI e a Fundação CEPA. Ambos contaram com a participação e apoio de diversas entidades e foram iniciativas que contribuíram para a elaboração do macrozoneamento do projeto de lei do Plano Diretor.

Em agosto de 2009, a prefeitura contrata novamente a Fundação CEPA para dar continuidade aos estudos técnicos e realizar oficinas participativas ao debate desses estudos com a comunidade, porém sem a coordenação do Núcleo Gestor. Ainda que realizado um processo técnico sobre o conteúdo do projeto de lei, permaneceu o conflito da gestão municipal com o grupo denominado “núcleo gestor autoconvocado”, que seguiu realizando encontros com a comunidade, entidades e universidades para discutir os rumos do processo e do projeto. Em abril de 2010, por meio do Decreto nº 8056, constitui-se uma

comissão especial para apresentação e revisão do anteprojeto do Plano Diretor:

Art. 1º Fica constituída Comissão Especial, integrada pelos Senhores Prof. Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, Secretário Municipal da Educação e Superintendente da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, que será o seu PRESIDENTE; Eng. José Carlos Ferreira Rauem, Secretário Municipal da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente; Arq. Cristina Maria da Silveira Piazza, servidora efetiva do IPUF; Estes como Membros, auxiliados pelos técnicos da Fundação Cepa, entidade esta que elaborou a parte técnica da proposta do novo Plano Diretor, para coordenar e realizar os seminários para apresentação, discussão e recebimento de novas sugestões sobre o Anteprojeto do novo Plano Diretor da cidade de Florianópolis, recentemente concebido, a fim de que possamos remetê-lo à apreciação da Câmara Municipal de Vereadores. § 1º As novas sugestões de que trata o caput deste artigo poderão ser apresentadas por pessoa individual ou coletivamente; por associações ou pessoas jurídicas de qualquer natureza; e ou por órgãos públicos, desde que formal e com os fundamentos que as sustentam.

§ 2º O documento previsto no parágrafo anterior deverá ser dirigido ao Presidente da Comissão Especial, entregue a este ou a qualquer de seus Membros, até trinta (30) dias da data da apresentação do Anteprojeto. Este decreto é o registro de uma nova estratégia para convocar os representantes das regiões. Porém, ainda que vários deles demonstrassem interesse em participar, a articulação política do núcleo autoconvocado não permitiu um processo amplo diante da contrariedade dos seus integrantes em serem afastados da gestão do processo participativo, que já havia culminado na manifestação popular, impedindo a realização da audiência pública em março de 2010 e o encaminhamento do projeto de lei à Câmara de Vereadores.

Após esses fatos, a comissão especial inicia um processo de avaliação do projeto de lei e em 31 de maio de 2011, através do Decreto nº. 9.052, sofre um ajuste para inclusão de novos integrantes com vistas à coordenação, acompanhamento e encaminhamento do anteprojeto do plano diretor participativo sustentável de Florianópolis, acenando para a reconstituição do Núcleo Gestor:

Art. 1º Fica constituída Comissão Especial, integrada pelos Senhores Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, Secretário Municipal da Educação e Superintendente da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes; José Carlos Ferreira Rauen, Secretário Municipal da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano; Senhora Vera Lúcia Gonçalves da Silva, Diretora de Planejamento do IPUF, Cibele Assmann Lorenzi, representante da Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental, Rodolfo Siegfried Matte Filho, Albertino Ronchi, representantes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Betina Maria Adams, Cândido Bordeaux Rego Filho, Carlos Eduardo Medeiros, Cleide Gonçalves Cabral Locks e Tânia Nadir da Luz, representantees do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis - IPUF, Eliton Gil Boeira, representante da Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis - FLORAM, Elton Rosa Martinowsky, representante da Procuradoria Geral do Município, Vanessa Cardoso dos Santos Moreira Lima, representante da Secretaria Municipal de Saúde, para sob a presidência do primeiro, coordenar, acompanhar e encaminhar o anteprojeto do novo Plano Diretor Participativo Sustentável de Florianópolis, a fim de remetê-lo à apreciação da Câmara Municipal de Vereadores. Art. 2º Fica sistematizado o trabalho, conforme o que segue:

I - Reconstituição do Núcleo Gestor; II - Realização de Audiências Públicas;

III - Execução da Conferência da Cidade ou similar.

Com um prazo de 60 dias para conclusão dos trabalhos, a partir da data de publicação do Decreto, e após um ano e quatro meses da ultima audiência pública, na qual a sociedade civil rechaçara a proposta que vinha sendo trabalhada desde 2006, a comissão especial convoca os antigos membros do núcleo gestor e o Ministério Público para uma reunião, que aconteceu no dia 24 de agosto de 2011, com o objetivo de reintegrar o núcleo gestor a atual fase do processo51.

As revisões e os ajustes que vinham sendo procedidos pela Comissão Técnica da Prefeitura de Florianópolis se prolongaram ao longo do ano de 2011 e só em 10 de novembro de 2011, por intermédio do Decreto n°. 9.413, o Núcleo Gestor é definitivamente reconstituído. Em 27 de março de 2012, no Clube 12, em Florianópolis, ocorreu uma nova audiência pública para a apresentação do produto final desta nova fase, iniciada em abril de 2010. Em 18 de abril de 2012 o Prefeito Dario Berger expõe o anteprojeto à imprensa, em solenidade transcorrida na Casa do Jornalista.

Em 24 de abril de 2012, também no Clube 12, em Florianópolis, sobrevém uma nova audiência pública, destinada a tratar especificamente da mobilidade urbana. A partir de 24 de maio de 2012 são disponibilizados na página eletrônica da Prefeitura de Florianópolis52 os mapas das condicionantes ambientais, o que veio a completar as informações relativas ao Plano Diretor (texto do anteprojeto, anexos, mapas dos microzoneamentos) anteriormente publicadas.

Também em 24 de maio de 2012, o agora reconstituído Grupo Gestor, através de seus integrantes, apresenta ao então Presidente Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, uma Carta Aberta

51 Essa reintegração significou um segundo marco na democracia para a construção do planejamento urbano. O primeiro foi a iniciativa do governo de desenhar um processo amplo, estruturado, aberto a comunidade e tutelado tecnicamente, quando criou o núcleo gestor e as bases distritais. O segundo, a reintegração do núcleo gestor, como o reconhecimento da existência do capital social da cidade que manteve o compromisso de incluir-se no planejamento da cidade e conquistou o direito de dar continuidade ao processo participativo.

contendo inúmeras críticas e reivindicações. Em 12 de julho de 2012, o Núcleo Gestor reuniu-se com a coordenação do Plano Diretor da Prefeitura de Florianópolis para fazer avaliações nos documentos e mapas existentes, ocasião em que foram apresentados os materiais relativos à comunicação destinada a informar o público em geral (Plano de Comunicação).

A expectativa gerada foi no sentido de que no segundo semestre de 2012 fosse realizada uma nova Conferência da Cidade, nos termos da Resolução n°. 25, de 18 de março de 2005, do Conselho das Cidades, com vistas à aprovação do anteprojeto de lei (devidamente revisado e com o aval do Núcleo Gestor), para enfim o mesmo ser encaminhado à Câmara de Vereadores e ter início o processo legislativo. Todavia, a superveniência do processo eleitoral esvaziou as discussões e o plano mais uma vez foi relegado ao esquecimento.