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Em 18 de março de 2010 foi realizada a Quinta Audiência Pública Municipal para “Apresentação do Anteprojeto de Lei do

2.12 A FASE ATUAL (2013)

Enquanto operava-se a transição do governo municipal, o movimento Floripa Amanhã desenvolveu um trabalho paralelo de estudos sobre o material que havia sido elaborado. Em 21 de março de 2013, nas dependências da Câmara de Vereadores de Florianópolis, é lançado o livro “Estudos sobre o Plano Diretor: contribuições técnicas para a revisão do projeto de lei do PDP de Florianópolis”, que reúne contribuições para a revisão do projeto de lei do PDP — e o “Estudo Complementar para a Implantação do Plano de Ordenamento Náutico do Município de Florianópolis”, duas publicações com propostas técnicas para o planejamento sustentável da cidade53.

O novo prefeito de Florianópolis – Cesar Souza Júnior – como primeiro ato de retomada dos trabalhos do Plano Diretor realizou o I Seminário da Cidade de Florianópolis, em data de 25 e 26 de março de 2013, nas dependências da UFSC. O Seminário teve o propósito de transmitir à sociedade a situação

53 Disponível em http://floripamanha.org/wp- content/uploads/2012/11/estudos-plano-diretor-v2-jan2013-fv1.pdf , acessado em 20/03/13.

em que o novo governo assumiu o IPUF54 e o estágio em que se encontrava o Plano Diretor55.

O prefeito Cesar Souza Júnior assumiu publicamente o compromisso de concluir o Plano Diretor até o final de 201356, bem como de prestigiar a atuação do Núcleo Gestor, designando novas audiências públicas, até culminar em uma Conferência da Cidade para aprovação da versão final do plano.

No evento foi oportunizada a manifestação da população e de entidades previamente inscritas. Diversas pessoas fizeram uso da palavra, a maioria integrante do próprio Núcleo Gestor. Argumentou-se sobre a conveniência de se suprimir o projeto existente, a Reserva da Biosfera em Ambiente Urbano, por se tratar de uma concepção alienígena supostamente incompatível com a vontade popular, destacando-se que o modelo da cidade desejada, atualmente, convergia para uma Rota de Tecnologias Criativas.

Enfatizou-se também que o atual projeto não contempla as propostas apresentadas pelas comunidades e reivindicou-se uma nova moratória para a concessão de alvarás construtivos, tal qual ocorrera no início do governo. De igual modo foi instada a retomada dos trabalhos junto aos Núcleos Distritais, a partir das leituras comunitárias, que mesmo após a dissolução do Núcleo, continuaram a ser atualizadas, por intermédio de autoconvocação.

Em síntese, as posições extraídas do Seminário apontam para um recomeço dos trabalhos do Plano Diretor praticamente da estaca zero. Mas apontam, igualmente, para a firme determinação da população de Florianópolis, que se mantém mobilizada, junto aos diversos órgãos de classe e organizações da sociedade civil, como o Instituto de Arquitetos do Brasil e a Ordem dos Advogados do Brasil, de fazer valer a vontade

54 Segundo palavras do próprio Prefeito, em situação de sucateamento e sem pessoal, o que exigiu a designação de uma força tarefa emergencial para colocá-lo em funcionamento.

55 Após rechaçado pela comunidade na Audiência Pública de março de 2010, o antigo governo promoveu duas revisões do anteprojeto de lei e este resultado deve ainda ser revisado novamente pelo atual governo. 56 Informou que foi nomeada uma comissão interna para revisar o anteprojeto existente, a qual teria o prazo até final de maio para apresentar parecer.

popular e implementar as leituras comunitárias. Ao que tudo indica, foi concedida uma moção de confiança ao atual governo.

Para surpresa generalizada o Prefeito Cesar Souza Júnior, em 18 de outubro de 2013, sem realizar qualquer audiência pública, notadamente aquela prevista no art. 10 da Resolução n°. 25/2005 do CONCIDADES57, destinada à “aprovação da

proposta do plano diretor a ser encaminhada à Câmara Municipal”, entrega o projeto de lei do Plano Diretor à Câmara dos Vereadores, dando início ao processo legislativo.

O Ministério Público Federal, atenta à permanente mobilização da sociedade civil, em 14 de novembro de 2013 ingressa com a Ação Civil Pública n°. 5021653- 98.2013.404.7200, perante a 6ª. Vara Federal de Florianópolis, na qual é deferida liminar nos seguintes termos58:

Ante o exposto, defiro o pedido liminar para determinar o imediato trancamento da tramitação, apreciação e votação do Projeto do Plano Diretor pela Câmara de Vereadores desta capital, bem como sua sanção pelo Prefeito. Determino, outrossim, à Câmara de Vereadores a imediata devolução do Projeto de Lei de Plano Diretor ao Poder Executivo Municipal, bem como seja determinado à Prefeitura que proceda à oitiva devidamente informada da população para elaboração do texto final que deverá ser novamente encaminhado ao Legislativo após a

57 Art.10. A proposta do plano diretor a ser submetida à Câmara Municipal deve ser aprovada em uma conferência ou evento similar, que deve atender aos seguintes requisitos:

I - realização prévia de reuniões e/ou plenárias para escolha de representantes de diversos segmentos da sociedade e das divisões territoriais;

II - divulgação e distribuição da proposta do Plano Diretor para os delegados eleitos com antecedência de 15 dias da votação da proposta; III - registro das emendas apresentadas nos anais da conferência; IV - publicação e divulgação dos anais da conferência.

58 Disponível em

https://eproc.jfsc.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=acessar_docume nto_publico&doc=721384782985128490250000000003&evento=72138 4782985128490250000000002&key=b8d4523ba40d3e5552f8b8bc5c44 e2bc5d59fc2f7f14ed98885ee03c5905280a, acesso em 20/11/2013.

identificação e a apresentação das diretrizes resultantes do processo de participação popular nos Distritos e no Núcleo Gestor Municipal, bem como das propostas específicas do Executivo, a serem analisadas em 13 audiências Distritais e em audiência geral (amplamente divulgadas com atendimento aos prazos previstos regularmente), esta última a ser coordenada em conjunto entre a Prefeitura e o Núcleo do Plano Diretor Participativo de Florianópolis. Fixo multa de R$ 1.000.000,00 para a hipótese de descumprimento da medida liminar, que deverá ser comprovada nos autos no prazo de 48 horas( retorno do Projeto ao Poder Executivo), bem como a realização das 13 audiências distritais e audiência geral no prazo de 60 dias.

Contudo, o Tribunal Regional Federal da 4ª. Região, acatando recurso de Agravo de Instrumento n°. 5027471- 97.2013.404.0000 interposto pelo Município de Florianópolis, houve por bem, 21 de novembro de 2013, cassar a liminar e permitir o prosseguimento do processo legislativo, nos seguintes termos59:

Neste quadro constitucional e normativo, sem enfrentar as demais questões envolvidas na ação civil pública em epígrafe e considerando que caso inobservada a Constituição Federal e a legislação federal pertinente a lei instituidora do Plano Diretor de Florianópolis poderá ser fulminada em ação específica, considerando ainda que alega-se na inicial a violação do princípio da participação popular pois as audiências públicas teriam sido realizadas de forma apenas formal, a liminar, coberta de bons propósitos, investe contra a tramitação e

59 Disponível em https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=acessar_docu mento_publico&doc=41385047898166031110000000036&evento=4138 5047898166031110000000051&key=44111fd870e256bd97aa5682634e c3c6eaff6029017f4d302cd720b8bc0a4d5a, acesso em 22/11/2013.

votação do Plano Diretor, impedindo o normal exercício do devido processo legislativo pelo poder competente (art. 2º, CF), investindo de igual modo sobre o poder sancionatório do executivo municipal.

Assim, verifico presente a verossimilhança da alegação de invasão à competência municipal, além do dano de difícil reparação ao devido processo legislativo, que se vê impedido de operar, retardando-se ainda mais a difícil tarefa de construir um plano diretor atualizado e necessário a regrar aspecto vital para a existência da comunidade. Neste momento, impõe-se assegurar o normal exercício dos poderes municipais.

Ante o exposto, defiro o pedido de efeito suspensivo à decisão agravada.

Em 26 de novembro de 2013 a Câmara de Vereadores, “autorizada” pelo Poder Judiciário, dá início à Primeira Sessão para discussão e votação do novo Plano Diretor de Florianópolis e, no dia seguinte, 27 de novembro de 2013, em segunda Sessão, aprova o respectivo projeto de lei com 18 votos a favor, uma abstinência e dois votos contrários.

A proposta do executivo sofreou 305 emendas modificativas, a maioria dela alterando zoneamentos para possibilitar índices construtivos maiores e ocupações de áreas antes consideradas protegidas.

Por força do Regimento Interno do Legislativo Municipal, deverá ocorrer uma Segunda Votação no prazo de 30 dias.

Nesse ínterim, na referida Ação Civil Pública n°. 5021653- 98.2013.404.7200, foi designada audiência judicial de conciliação, realizada em 05 de dezembro de 2013 na 6ª. Vara Federal de Florianópolis, na qual o Município de Florianópolis recusou-se a aceitar a proposta da realização de mais 13 audiências públicas, conforme deliberação adotada pelo Núcleo Gestor em 05 de setembro de 2013.

Cumpre referir ainda que, apesar do Plano Diretor já ter sido aprovado pela Câmara de Vereadores em primeira de duas votações, a comunidade permanece mobilizada, tendo o Núcleo Distrital do Campeche realizado Audiência Púbica (autoconvocada) no dia 09 de dezembro de 2013, com vistas a

avaliar e discutir as alterações constantes no projeto aprovado discrepantes da vontade popular manifestada no processo particpativo.