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ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS estratégias de Sherlock Holmes:

B) Consideremos um aumento permanente da despesa,

3.2.3. Desemprego e inflação

3.2.3.1.3. Desemprego involuntário

Ao salário do mercado as pessoas estão dispostas a trabalhar e não trabalham porque não encontram emprego, e não encontram emprego PORQUE NÃO HÁ!

W

L* Po L L'

É claro que isso só se passaria se houvesse algo que impedisse o mercado de ajustar. Só há DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO se o mercado de trabalho (ou outro qualquer) não ajustar. Na nossa análise, tal situação é inconcebível. O mercado pode levar algum tempo a ajustar, mas, dentro da hipótese básica de todo o nosso estudo de que os «mercados equilibram», não é possível compreender uma situação em que um mercado se mantém, de forma sistemática e continuada, fora do equilíbrio.

Algumas instituições do mercado do trabalho, como imposição de salários mínimos excessivamente altos, leis que impeçam o despedimento, ou contratos colectivos de trabalho distorcidos, impedem o mercado de ajustar e aparece o desemprego involuntário.

O caso aqui representado é um dos mais simples e repete um gráfico anterior: a fixação de um nível de salário (w') acima do equilíbrio leva a que a quantidade oferecida de trabalho (Ls) seja superior à quantidade procurada (Ld). A diferença (Ls-Ld) representa exactamente a existência de pessoas que, estando dispostas a trabalhar à remuneração (w'), não encontram emprego:

Esta situação, porém, não pode deixar de ser estranha e anormal num modelo que sublinha fortemente a posição de equilíbrio. Adiante, na única secção em que, neste livro, serão abandonadas as hipóteses-base da racionalidade e equilíbrio, será apresentado o modelo keynesiano que, admitindo como normal a situação de desequilíbrio, incorpora o resultado do desemprego involuntário como componente do funcionamento corrente do modelo.

Assim, segundo o nosso modelo, as únicas razões por que alguém pode estar desempregado são: ou porque não está disposto a trabalhar por esse salário ou porque, estando disposto, ainda não encontrou o lugar que existe vago para si. Será que o desemprego é um problema menor, visto que ou é desejado ou é apenas temporário?

É importante notar algo de fundamental e que já foi referido atrás: o facto de um mercado estar em equilíbrio não quer dizer que os agentes estejam necessariamente felizes e satisfeitos.

A situação final, com muito menos empregados a ganhar muito menos, é claramente muito mais dramática que a inicial. W L Ld W' Ls

Não é preciso criarmos uma situação de desequilíbrio e de desemprego involuntário para encontrarmos as características terríveis de uma situação de grave desemprego. O estado de revolta e miséria destas pessoas não é menor por o mercado estar em equilíbrio.

3.2.3.2. Inflação

A inflação, como se sublinhou atrás, é radicalmente diferente de qualquer situação de subida de preços estudada por nós até agora. Uma subida de preços só pode ser caracterizada como inflação se ela for continuada e permanente e se, simultaneamente, for um fenómeno verificado na maior parte dos produtos.

A forma de medir essa subida de preços é, como vimos atrás, um índice de preços que capte uma realização do nível geral de preços.

Na nossa estrutura de análise, apenas resta uma explicação para uma situação sustentada de inflação: a subida sistemática do stock de moeda. No nosso modelo, a inflação no longo prazo é um fenómeno monetário. É o fluxo contínuo de nova moeda na

economia que gera e mantém o processo inflacionista. Todos estes problemas da inflação advêm, pois, do facto de a moeda ser uma má medida do valor. As chamadas «moedas fortes» são aquelas que geralmente mantêm o seu valor. O dólar e o euro são casos dessas moedas, enquanto a moeda brasileira tem sido exemplo de má medida de valor, com grandes perdas do seu valor.

Os choques no mercado dos bens podem ter um efeito temporário, aumentando ou diminuindo a taxa de inflação. Vendo a curto prazo observamos que nem sempre a coincidência é perfeita.

Por outro lado, alguns autores falam da inflação inercial. A inflação inercial é o facto, frequente, de em economias que sofreram fortes e longos processos de inflação, mesmo quando se reduz ou elimina o fluxo de nova moeda na economia, esta se manter durante algum tempo. Este fenómeno deve-se apenas ao facto de as pessoas e instituições, habituadas à situação de crescimento continuado de preços, terem dificuldade em se adaptar à nova situação de estabilidade de preços. Alguns chamam a esta atitude a dificuldade em controlar as expectativas

de inflação. No entanto, desde que a moeda se mantenha sob

controle, é difícil que um processo inflacionista se mantenha quando seja apenas provocado por expectativas de subida de preços.

E qual é o problema da inflação? Como vimos, a inflação é apenas um outro tipo de imposto. As pessoas que têm dinheiro no bolso, sem darem por isso, ficam com esse dinheiro a valer menos, e quem ganha é o Estado, que emitiu mais moeda e criou dinheiro

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sem custos. Logo, a inflação deve ser vista como um simples imposto, que recai sobre todos os que têm moeda. Vimos, aliás, nessa secção que a inflação e a emissão excessiva de moeda que a causou estão frequentemente ligadas a essa grande tentação que o Estado tem de poder criar dinheiro sem custos aparentes. Além desse aspecto, como já referimos, existem vários custos da inflação, que se manifestam devido ao facto de, na maior parte das situações, a inflação não ser perfeitamente previsível e neutra. Na verdade, a inflação não afecta toda a gente de forma igual. Se afectasse, então a inflação seria exactamente igual a um imposto, claro e nítido para toda a gente, com os mesmos custos políticos dos outros impostos, por não poder ser já escondida.

Por outro lado, como não é perfeitamente previsível, cria instabilidade, falsificando o mecanismo de preços, sobretudo os preços futuros, criando ineficiências, desperdiçando recursos e reduzindo o crescimento.

Como se vê, trata-se de situações que podem perfeitamente ser tratadas no quadro do nosso modelo de equilíbrio geral.

Antes de terminarmos esta análise, será interessante falar de uma relação entre inflação e desemprego que, durante algum tempo, gozou de popularidade entre os teóricos da Economia: a curva de

Phillips.

Supunha essa curva que existia uma relação inversa entre o nível de desemprego (u) e a taxa de inflação (

π

). Segundo ela, níveis altos de inflação estavam ligados a baixo desemprego, e vice- versa:

π

No auge da sua popularidade, a curva de Phillips chegou mesmo a ser considerada como representativa das opções de política.

Na verdade, a relação mostrou ser incapaz de incorporar qualquer generalidade. Por exemplo, um aumento de gastos públicos financiado por moeda aumenta o emprego e o produto (desce o desemprego) e aumenta a inflação, mas, se o choque for na produção (um choque do petróleo), sobem os preços, mas desce o produto e o emprego.

Como se disse a ideia nasceu de uma análise empírica e realista, e até pareceu verificar-se nos anos 60, mas, a partir dos anos 70, a ideia foi completamente invalidada.

Vimos a análise dos problemas agregados da economia, baseada nos princípios básicos da economia. No fundo, embora de forma muito simples, estudámos o modelo de equilíbrio geral walrasiano, completando o estudo do comportamento dos agentes com a análise das suas inter-relações. Mas esta análise não é de todo pacífica. Como se disse, estamos aqui num dos temas mais polémicos da teoria económica e vamos ver algumas das discussões que ele gera.