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DESENHO C — desenho de observação (2.ª fase)

ESTUDO CAPÍTULO

10.4. Técnicas e instrumentos de investigação

10.4.1.7. DESENHO C — desenho de observação (2.ª fase)

A organização e estrutura é idêntica à do DESENHO B – desenhar de memória a fotografia, ver ANEXO 42. Pretende-se identificar as mudanças nas soluções gráficas

categorias de representação do espaço do objecto; (ii) nas respostas dadas em relação à actividade desenhar; (iii) à dificuldade; e (iv) na satisfação com o desenho realizado.

10.4.1.8. QUESTIONÁRIO A — administrado após o desenho de memória (2ªfase)

A estrutura do questionário está organizada em quatro partes e pretende-se recolher informações sobre as preferências dos assuntos para desenhar e sobre o desenho de memória, a experiência de imaginar e desenhar, as estratégias de visualização usadas e a satisfação com o desenho realizado, ver ANEXO 43.

Os itens A, B, C e D. correspondem a estas quatro partes, que se descrevem e justificam de seguida.

Em A, a questão «Quais são as coisas que gostas mais de desenhar?», pretende saber quais os assuntos preferidos para desenhar, as suas preferências, relativamente às diferenças entre os rapazes e as raparigas. A resposta prevista é aberta, para alargar o âmbito dos assuntos e para não orientar o sentido das respostas, por exemplo, através de uma lista definida previamente. O objectivo é exploratório.

Em B, solicita-se a descrição verbal da experiência vivida «Tenta descrever através da escrita a tua experiência de imaginar e desenhar uma fotografia». O objectivo é obter informação do modo como os sujeitos percepcionam a tarefa de imaginar e desenhar a fotografia.

As respostas previstas aos itens A e B, são ambas abertas, atendendo que se quer obter a variedade de possibilidades e de informação. O tratamento previsto é a análise de conteúdo.

No item C, formularam-se quatro questões, correspondentes a C1, C2, C3 e C4. As duas primeiras são justificadas pela experiência subjectiva pessoal e por algumas conversas informais com alguns dos adolescentes durante a primeira fase da investigação. Mas também pelo facto de se procurar uma explicação para os desenhos com representações do cubo com três faces, enquanto a fotografia mostra duas. Isto levou à suposição de que são possíveis duas estratégias de visualização da imagem mental: (i) recordar a fotografia como uma superfície plana; (ii) recordar uma situação imaginária em que o observador está na realidade a olhar para o objecto em contexto real.

A terceira, C3, a possibilidade do sujeito ter usado ambas as estratégias. E finalmente, a quarta C4, a possibilidade do sujeito não se recordar do modo como decorreu o processo de visualização da imagem mental.

A formulação das questões foi a seguinte:

C1.«Consegui lembrar-me de tudo o que estava na fotografia» C2.«Consegui imaginar que estava lá no local a ver as coisas» C3 «Consegui fazer um pouco das duas»

C4 «Não me lembro como foi»

As respostas escolhidas são do tipo dicotómico SIM ou NÃO, devido às eventuais dificuldades de alguns sujeitos na compreensão destas questões, e para uma maior clareza da informação a tratar,

No item D, «Ficaste satisfeito com o desenho que fizeste?», as respostas previstas para avaliar a satisfação em relação ao desenho foram pelo formato NÃO, POUCO ou MUITO, devido ao interesse em saber o sentido positivo ou negativo da atitude, e para evitar problemas de compreensão e interpretação da escala gráfica de Lickert (Royeen, 1986),

10.4.1.9. QUESTIONÁRIO B – administrado após o desenho de observação

A estrutura deste questionário está também organizada da mesma forma em quatro partes, ver ANEXO 44, e correspondentes a quatro itens: (A) à experiência de observar e desenhar a fotografia; (B) à ordem por que foram desenhadas as diferentes coisas representadas na fotografia; (C) à satisfação com o desenho; e (D) a dificuldade do desenho de observação a fotografia.

A formulação foi a seguinte:

A. «Tenta descrever por palavras a tua experiência de desenhar uma fotografia». A resposta prevista é aberta, para conseguir incluir o maior número de ideias não orientadas.

O item B, está estruturado em três partes. Em B1, pretende-se saber recolher informação sobre a percepção do sujeito em relação à quantidade de elementos diferentes representados no desenho, tendo em conta a fluência e produtividade gráficas. Para a questão B1. «Consegui fazer tudo o que estava na fotografia?», escolheram-se respostas do tipo dicotómico, SIM ou NÃO, para orientar a opção do sujeito, evitando a

«Porquê?», vai permitir coligir um conjunto de informações que a análise de conteúdo poderá esclarecer.

O modo como o sujeito começa a desenhar, como e porquê, se escolheu um objecto ou parte dele, ao iniciar o desenho, poderá ser importante ao longo do seu processo, na tomada de decisões necessárias até ao último traço. Assim, foi considerado de interesse, embora com finalidade exploratória, recolher informação sobre o que foi desenhado em primeiro lugar, e o que foi desenhado em último lugar.

B2. «Qual foi a primeira coisa que comecei a desenhar?», seguindo-se uma resposta para completar «Foi …) e uma resposta aberta para as justificações dos sujeitos ao «Porquê?».

Pela mesma ordem de razões, em B3. «Qual foi a última coisa que desenhei?», seguindo-se a resposta para completar, e a resposta aberta à justificação do «Porquê?».

Quanto ao grau de satisfação com o desenho realizado, C. «Ficaste satisfeito com o desenho que fizeste?», seguem-se as respostas NÃO, POUCO e MUITO, e a justificação dos sujeitos em resposta aberta, ao «Porquê?».

Com o item D1 e D2, questionam-se os sujeitos acerca da sua opinião sobre a dificuldade do desenho de observação, em comparação com o desenho de memória: D1. «Este desenho foi mais fácil que o desenho de memória?» e D2, «Este desenho foi mais difícil do que o desenho de memória». As duas questões forma apresentadas para controlar eventuais erros de interpretação na leitura e compreensão da questão. As respostas previstas no formato de SIM ou NÃO, podem facilitar o tratamento dos dados. As razões e justificações dadas para o sujeito avaliar a dificuldade da tarefa podem dar informações pertinentes para o prolongamento da investigação.

10.5. Procedimentos

Procurando a genuinidade e autenticidade dos desenhos, a recolha dos desenhos foi feita directamente sob o controlo directo do investigador em relação às suas condições de produção na escola, prosseguindo assim, a tradição dos investigadores do desenho infantil, independentemente das opções pelo método clínico ou pelo método da testagem em grupo no trabalho de campo nas escolas.

Primeira fase da investigação

Os professores das turmas envolvidas e que aceitaram disponibilizar as turmas, no dia e hora combinados, retiraram-se da sala depois de feita a apresentação do investigador.

Os participantes já tinham sido avisados previamente.

Inicialmente, depois de agradecer a sua colaboração, foram informados que iriam fazer um desenho para participar numa investigação sobre desenhos feitos pelos jovens na escola.

Primeiro iriam ver uma fotografia, durante 30 segundos, depois a fotografia seria retirada, e teriam de imaginar o que tinham visto na fotografia. Depois desenhavam o que se lembravam de ter visto, e por fim, respondiam a uma pergunta. Informaram-se os participantes de que a duração do desenho não deveria ser superior a 20 minutos.

Quanto às indicações para desenhar, sugeriu-se que pode ser feito «primeiro a lápis, depois a esferográfica ou marcador», ou «directamente com a esferográfica ou marcador», a preto, azul escuro, ou qualquer outra cor», ou ainda, «só com régua», ou «à mão livre», ou «combinando a régua e a mão livre».

Foi feita uma chamada de atenção para a necessidade de se concentrarem individualmente no seu próprio desenho, e não se preocuparem com os desenhos dos colegas.

Distribuíram-se os materiais pelas mesas: a folha para fazer o desenho e a folha de instruções com fotografia. Esta com o verso para cima. Solicitaram-se o preenchimento dos dados relativos à data de nascimento, rapaz ou rapariga, e se gosta de desenhar. Em seguida, foi pedido para virar a folha da fotografia, e só então é que ela foi vista.

Pediu-se então para lerem a descrição verbal da fotografia.

Foi dado o sinal visual com a mão para o início da observação, durante 30 segundo. Findo o tempo, foi pedido para virarem outra vez a folha e para se concentrarem agora apenas na imagem mental que conseguiam recordar, e para começarem a desenhar.

Decorridos os 20 minutos, recolheram-se todas as folhas de desenho. Na sua maioria, os desenhos foram dados por acabados entre os 15 e os 20 minutos.

Segunda fase da investigação

Tendo em consideração as limitações e problemas detectados na primeira fase, ao não terem sido recolhidas informações relativas a diversos aspectos, e por esta razão, contemplados na segunda fase:

• Quais são as razões subjacentes às respostas dadas à questão «Gostas de desenhar?»;

• Qual foi a percepção dos sujeitos da experiência de visualização dos sujeitos ao imaginarem a fotografia antes de fazerem o desenho de memória;

• Qual é a percepção dos sujeitos da experiência de ver, imaginar e desenhar a fotografia?

• Qual foi a ordem pela qual as coisas foram desenhadas?

• Qual foi o grau de satisfação com o desenho realizado?

Na segunda fase, o método estudo de caso múltiplo (Yin, 1998) foi aplicado a um grupo de adolescentes (N = 11) entre os 15 e os 19 anos, através de 2 desenhos com intervalo de duas semanas.

O protocolo seguido foi idêntico ao da primeira fase para a elaboração do desenho de memória da fotografia DESENHO B (ANEXO 41)

Recolhidos os desenhos foi administrado o questionário A (ANEXO 43).

Depois de agradecer a colaboração de todos, o investigador informou que duas semanas depois viria outra vez para fazerem um outro desenho. Não foi explicado como seria o tipo ou a tarefa de desenho.

Duas semanas depois, na presença do investigador repete-se o protocolo, agora com a ênfase na tarefa de desenho de observação «Desenha a fotografia que estás a ver» (ANEXO 42).

Recolhidos os desenhos foi administrado o questionário B (ANEXO 44).