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Diferenças, similitudes e particularidades do lugar turístico

CAPíTULO 5. O ALGARVE E O CONCELHO DE LOULÉ

5.1. Diferenças, similitudes e particularidades do lugar turístico

A região do Algarve, situada no sul de Portugal, possui uma área de 5 412 km² e é constituída por dezasseis concelhos, destacando-se como a região turística mais importante de Portugal e uma das mais importantes da Europa, possuindo uma população de 451 005 habitantes, correspondente a 4,5% do Continente e 4,3% de Portugal (INE, 2012).

Sendo uma das regiões mais desenvolvidas do país78, o Algarve é procurado para viver e visitar. Trata-se de uma região atraente, não só para turistas nacionais e estrangeiros como para os residentes, também nacionais e estrangeiros, por uma

multiplicidade de fatores de entre os quais se destacam, por exemplo, o clima temperado mediterrânico, as águas tépidas e calmas que banham a costa sul, a gastronomia, a diversidade de recursos naturais e construídos no litoral e no interior algarvio e um importante património histórico e etnográfico.

O concelho de Loulé, situado no Algarve, apresenta particularidades que justificam a sua escolha como estudo de caso na presente investigação (figura 5.1). Por um lado, a sua localização geográfica na região, que lhe confere centralidade e o posiciona favoravelmente, do ponto de vista do visitante, para qualquer incursão turística que pretenda fazer no território, do ponto de vista do residente, como local privilegiado para viver. Por outro lado, as características geográficas e demográficas revelam a sua importância no contexto do Algarve e para o estudo do turismo79: trata-se do maior concelho do Algarve, com uma superfície de 765,13 km2, correspondentes a 15,3% do total da superfície Algarvia e possui características físicas, sociodemográficas e económicas marcantes e distintas das dos outros concelhos. O concelho estende-se desde a costa sul, junto ao oceano Atlântico, até norte onde confronta com o distrito de Beja (Alentejo).

Figura 5.1 – Localização geográfica do Algarve e do concelho de Loulé

Fonte: CML (2012)

No que respeita à ocupação humana, o concelho de Loulé acolhe cerca de 15% da população algarvia sendo, por isso, segundo os resultados dos CENSOS 2001, o concelho algarvio mais populoso, tendência que se mantem, de acordo com os primeiros resultados provisórios dos últimos CENSOS (INE, 2010),80 como se pode observar na figura 5.2, abaixo apresentada. No entanto, este é também um dos concelhos de menor

79 Desde a década de 70 que o Algarve é uma região de forte atração populacional e o concelho de Loulé é um exemplo

paradigmático desse facto (INE, 2012).

80 Neste estudo são utilizados os dados dos Censos 2001uma vez que, à data de aplicação dos questionários os dados relativos aos

densidade populacional, facto que se deve à existência de grandes áreas no interior com baixa densidade populacional.

Figura 5.2 – Gráfico da população residente por município – Algarve (2001 e 2011)

Fonte: Adaptado de INE (2012)

Segundo o município de Loulé, prevê-se um crescimento demográfico, nas freguesias de Quarteira e de S. Clemente, nas próximas décadas, pelo facto de estas freguesias oferecerem maior número de atividades de suporte ao bem-estar social da população (CML, 2012). No que diz respeito às freguesias do interior, e segundo a mesma fonte, prevê-se que a população se mantenha como consequência das intervenções previstas no âmbito do Plano Diretor Municipal (2010). Ainda de acordo com a Câmara Municipal de Loulé (2012), o concelho de Loulé apresenta um dinamismo populacional que se prevê que vá continuar, associado ao desenvolvimento turístico dos últimos anos, e que resulta, não só das boas condições climatéricas, mas também da oferta de bens e serviços que faz deste concelho um território de lazer e de oportunidades para atividades diversificadas.

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 Alcoutim Vila do Bispo Aljezur Monchique Castro Marim São Brás de Alportel Vila Real de Santo António Lagoa Tavira Lagos Silves Albufeira Olhão Portimão Faro Loulé 2001 2011

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Algarve (Ccdralg, 2011), citando os resultados preliminares do XV Recenseamento Geral da População e do V Recenseamento Geral da Habitação (INE, 2010), e o Observatório das Dinâmica Regionais, refere que, nos últimos dez anos, o Algarve foi a região do país com o maior crescimento populacional, tendo aumentado cerca de 14% nos últimos dez anos, e contribuindo, assim, em 28% para o crescimento total do país (1,9%); esta região apresenta também um crescimento do número de alojamentos substancialmente superior ao do número de famílias (36,9% contra 24,8%), o que deixa antever que o alojamento de uso sazonal ou secundário na região do Algarve deverá já atingir, ou mesmo ultrapassar, 50% do total de alojamentos da região.

Verifica-se que, tal como no período anterior (CCDRAlg, 2011), a dinâmica da procura continua a ser muito mais acentuada no litoral do que no interior e que as freguesias do Barrocal beneficiaram da capacidade de atração da região, mostrando alguma dinâmica. Pelo contrário, acentuou-se o declínio populacional nas freguesias da serra e do nordeste.

Em termos de atividades económicas, predomina, no concelho de Loulé, o setor dos serviços, o qual apresenta um maior crescimento, em grande parte devido à atividade turística, apesar de este concelho ainda possuir habitantes que se dedicam a outras atividades económicas, fundamentalmente, às do setor primário.

O concelho de Loulé e as suas freguesias oferecem a residentes e turistas uma diversidade alargada em termos de recursos naturais, património construído, infraestruturas básicas e de suporte às diversas atividades e atrações existentes, criadas ou não especificamente para o lazer e para os turistas. Trata-se de um território que permite experiências diversificadas e únicas na vivência do lugar. Apontam-se, em seguida, de forma breve, algumas destas particularidades que conferem a esta zona a capacidade para atrair pessoas. Este concelho possui cerca de 51,3% da sua superfície classificada como área protegida e Rede Natura 2000 (por exemplo o Parque Natural da Ria Formosa e a Paisagem protegida local da Rocha da Pena e da Fonte da Benémola) e conta com um potencial de relevo no que respeita à cultura material e imaterial, a qual se consubstancia, por exemplo, na diversidade de monumentos e locais de interesse, tais como os castelos de Loulé e Salir, a ponte da Tôr, os edifícios do Mercado Municipal e

do Cineteatro Louletano, reabilitados recentemente na cidade de Loulé. Conventos, igrejas e estatuária, por todo o concelho, marcam presença e a oferta de animação é também uma constante, podendo, neste contexto, destacar-se o centenário Carnaval de Loulé, a festa religiosa da Mãe Soberana e os eventos Salir no Tempo e Festival MED que atraem, em cada ano, mais visitantes à cidade de Loulé e à vila de Salir, respetivamente.

O concelho de Loulé apresenta, no entanto, alguns desequilíbrios territoriais no que respeita à ocupação humana nas suas sub-regiões (ou regiões como doravante se passarão a designar), sendo marcante a assimetria demográfica entre a zona do Litoral, muito procurada para viver e trabalhar, o Barrocal, com alguma diminuição populacional e a Serra, em desertificação humana acelerada devido às maiores dificuldades como zona habitacional e de trabalho (ver figura 5.3), fatores que conduzem ao envelhecimento da população, ao êxodo rural e à maior baixa taxa de natalidade, quando comparada com as restantes zonas81. Este concelho, à semelhança da restante região algarvia, encontra-se muito dependente da atividade turística, como principal atividade económica, sendo evidente que é no litoral que esta se concentra. Acresce a este problema a questão da sazonalidade da procura, aspeto particularmente importante no turismo e ainda mais relevante em destinos, como é o caso, que têm como produto turístico âncora o turismo balnear, ele próprio marcadamente sazonal.