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EDUCAÇÃO MATEMÁTICA EM UM CONTEXTO INCLUSIVO: EM FOCO A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ENSINO DA MATEMÁTICA

2.3 DIFICULDADES APRESENTADAS NA APRENDIZAGEM

Quando são aplicados conteúdos na sala de aula, em que o aluno sente dificuldade, não conseguindo assimilar os conteúdos da mesma maneira que os demais colegas. Nessa situação é onde ocorre a exclusão desse aluno, pois isso traz constrangimentos e sentimento de rejeição por parte do aluno, Isso causa grandes dificuldades e pouco aproveitamento. Veiga (1998) nos traz que “os estudantes apresentam diferentes ritmos de aprendizagem e os professores estão despreparados para lidar com as limitações apresentadas pelos alunos especiais”

Para Veiga (1998), a Matemática é umas das principais disciplinas em que se percebe de forma bem clara, a dificuldade dos alunos assimilar os conteúdos. A matemática sempre foi uma área considerada altamente seletiva, e responsável por um alto índice de reprovação.

Durante a aprendizagem do aluno é necessário que as deficiência desse processo sejam sanadas, pois essa etapa é a etapa mais importante, e para que essas deficiências sejam sanadas é necessário detectar as causas, que estão prejudicando a aprendizagem. A partir do momento em que são detectadas as deficiências apresentadas, o professor deverá intervir com estratégias, para minimizar as causas prejudiciais do ensino, e assim “proporcionar um ensino partindo do momento em que o aluno está, precisando considerar os pré-requisitos cognitivos matemáticos referentes ao assunto a ser aprendido pelo aluno” (LORENZATO, 2008, p.27).

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Lorenzato (2008) vai afirmar que a matemática possui expressões, regras, vocábulos e símbolos, essas expressões são resultados de um processo histórico, e podem ser compreendidos e empregados corretamente, mas para isso o aluno deve saber o significado de cada um deles.

De acordo com Mantoan (2006, p. 60) “a perspectiva do ensino inclusivo, tem como significado trazer um novo papel para o professor, da escola e de práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente”. Notem que, na concepção de Mantoan (2006), a proposta de educação inclusiva requer um olhar diferenciado os agentes que compõe a educação básica.

A inclusão educacional é parte de um processo maior, o pensamento inclusivo, que é voltado à uma sociedade mais democrática, integrada e suficiente para acolher de modo igualitário a toda a diversidade. Mantoan (1990) descreveu o pensamento inclusivo como a priorização da adaptação do meio aos indivíduos e a valorização do reconhecimento da diversidade.

Para tratar sobre a inclusão é preciso, ao menos inicialmente, falar da integração. Pereira (1990) descreve que a integração no ambiente escolar surgiu por volta de 1972, em uma reunião de profissionais escandinavos que, encabeçados por Wolfernsberger, produziram uma proposta educacional que pretendia a normalização. Nela, pessoas com deficiência teriam espaço nas escolas para aprender junto aos demais, com mesmos recursos e meios, desde que a eles se adaptassem. Foi o passo inicial para uma realidade menos segregadora e para a afirmação social/cidadã (PEREIRA, 1990).

O pensamento inclusivo pouco tempo depois ganhou espaço nas escolas, orientado a superar as dificuldades adaptativas e facilitar a ambiência e desenvolvimento de todos no cenário escolar. Para Mantoan (1997), a construção de uma proposta inclusiva rompe com paradigmas amplamente constituídos na educação e permite a valorização e contato com o heterogêneo, bem como o seu reconhecimento. A partir de um trabalho educacional que parte das capacidades e possibilidades de aprendizado, a inclusão educacional é parte de um movimento de natureza social global, que segue um caminho inverso aos séculos de exclusão e tratamento não humanitário que forma o percurso histórico das deficiências no Brasil e no mundo.

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A institucionalização veio deste berço: O isolamento social, o interesse de manter longe dos olhos coletivos a questão da diferença e da complexidade de seu atendimento possuem essas raízes profundas no comportamento social ocidental. Mazzota (1996) descreve que os locais de abrigo retiravam o incômodo social e familiar que à época era atribuído ao convívio com o deficiente. Logo, surgiram novos locais afastados das cidades para mesma acolhida e a institucionalização se estabeleceu por longa data. Foi um dos períodos mais longos e permanentes na história das deficiências e teve expressões totais e parciais.

Essa orientação constitucional foi uma espécie de eco a alguns compromissos mundialmente assumidos para uma educação na diversidade, especialmente a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que preconizava uma educação acessível a todas as pessoas. Sua especialidade veio ainda da difusão mundial dos conceitos e impactos do universo inclusivo, difundindo globalmente conceitos como a acolhida da diversidade e os papéis educacionais nesse terreno.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) do ano de 1996 foi elaborada em respaldo também ao interesse inclusivo, e sistematizou a proposta educacional de acolhida da diversidade, com ênfase nas deficiências. Na análise do texto de Brasil (1996), que é a LDB, é possível identificar um capítulo próprio para o atendimento das deficiências e a forma de prestação dos serviços educacionais. O sentido de cidadania é destacado no atendimento educacional, a partir do interesse de estabelecer na oferta e acolhida plural caminhos para a separação das dificuldades didático-metodológicas para esse fim e, especialmente, a equiparação da dívida histórica de exclusão nas deficiências.

A escola inclusiva, na concepção descrita em linhas gerais na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), é compreendida como um espaço em que o acesso e a qualidade educacional estão disponíveis para todos. Isso envolve preparação estrutural e humana, em um processo continuado de qualidade e atendimento suficientes. Nesse modelo de escola, a oportunidade de acesso educacional é igualitária, com medidas de equiparação para tal fim. No documento, a personalidade da escola inclusiva é descrita como local em que:

[...] todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder ás diversas necessidades de seus alunos, acomodando tantos estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos por meio do currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de

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recursos e parcerias com a comunidade [...] dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que possam precisar, para que lhes assegure uma educação efetiva [...]. (UNESCO, 1994, p. 6).

O contexto da elucidação de UNESCO (1994) é o de um local em que a acolhida da diferença se manifesta de maneira harmoniosa e há espaços de desenvolvimento preparados para atender a todos. É um conceito ideal, que está em construção, e que não deve servir como referência imediata, é o desfecho do caminho, que não exclui a discussão dos percursos da caminhada.

Outro documento de orientação da essência inclusiva atual é a Política Nacional de Educação Especial, do ano de 2008. O conteúdo trata de uma série de fazeres educacionais e personalidade de atuação que direcionam o olhar docente e dos atores educacionais para que ofereçam um atendimento pedagógico qualitativo nas deficiências. O texto do documento, que pode ser verificado em Brasil (2008), não trata especificamente dos fazeres ou apresenta procedimentos, mas é um suporte motivador sobre as linhas de atitude e atendimento das deficiências em sala regular.

A construção de uma escola inclusiva é formada a partir dos diálogos plurais entre os atores educacionais, que igualmente compartilham de responsabilidades e papéis interligados. Assim, Mantoan (2006) reflete que não existe uma fórmula para a sua constituição, apenas a certeza de que ela poderá ser diferente em cada cenário, conforme as necessidades se voltem a atender. O aluno, o que ele demanda, é o Norte de sua constituição. Para essa finalidade, práticas e recursos como o Atendimento Educacional Especializado dão suporte à uma escola inclusiva.

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3 RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA