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ENSINANDO A GOSTAR DE MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

2 O ENSINO DA MATEMÁTICA NO INÍCIO DA VIDA ESCOLAR

2.1 PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES NO ENSINO DA MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

O ensino da Matemática vem sendo aprimorado de acordo com as novas tendências da educação, de modo que não pode estar desvinculado das demais disciplinas e tampouco estar inerte quanto às questões que movimentam o meio escolar. A Matemática desempenha papel decisivo na formação de um cidadão crítico e transformador do meio em que vive, pois permite resolver problemas da vida cotidiana, apresenta aplicações no mundo do trabalho e funciona como instrumento essencial para a construção de conhecimentos em outras áreas curriculares.

O termo indisciplinar surge no século XIX e passa a existir mediante a necessidade de criar um diálogo entre os componentes curriculares. Com a divisão da grade curricular nas séries iniciais em matérias, criou-se certa distância entre elas, ou seja, uma fragmentação de conhecimentos, pois a criança deixa de pensar em um todo e passa a pensar separadamente em cada disciplina, cada matéria estudada, na maioria das vezes não percebendo a relação existente entre os conteúdos, bem como a relação existente com seu dia-a-dia. Fazenda (1998, p. 110) pontua:

A origem intelectual do conceito de interdisciplinaridade é muito mais antiga. [...] com o passar do tempo, o processo geral de especialização na sociedade resultou em um número crescente de disciplinas e profissões distintas. Entretanto, as ideias de unidade, integração e síntese persistiram como valores filosóficos, sociais, educacionais e pessoais.

O objetivo é criar relações entre as disciplinas buscando abrangência e empenhamento diante de conhecimentos. Para que isso aconteça há necessidade da criação de novos projetos e de mudança de pensamentos por parte dos agentes no processo educacional, pois o objetivo é sair de um processo de fragmentação para uma visão ampla com a junção e contribuição de diversas ciências (disciplinas). O objetivo final é trazer a matemática o mais próximo possível da realidade da criança, das disciplinas que ela tem contato, facilitando assim o processo de ensino aprendizagem da disciplina.

A interdisciplinaridade vem para encadear a aprendizagem. No caso da matemática é preciso romper alguns padrões impostos pela sociedade, dentro de

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sala de aula é preciso inovar, sair do básico, tratar sobre conceito, porém não somente sobre conceito, trazer trabalhos extracurriculares, envolver a criança com o meio em que ela vive, proporcionar um ensino totalizado, globalizado, oferecendo situações problemas do nosso cotidiano, tornando o ensino da matemática bem como o aprendizado, algo instigante, prazeroso e que prenda a atenção da criança e transmita o conhecimento que é o real objetivo.

O ensino da disciplina Matemática vem se aprimorando, acompanhando as novas tendências do ensino. O papel do professor vai além do conteúdo programado, dentro de sala de aula o educador precisa praticar e aplicar todo o seu conhecimento, nas áreas de influência da Matemática, relacionando os conteúdos de maneira que amplie o horizonte das crianças, fazendo-as enxergar a Matemática em variadas disciplinas.

É importante ressaltar a importância da Matemática para o mundo, pois assim o jovem pode sentir prazer em aprofundar seus estudos, se esforçar mais em conhecer e entender a disciplina como um todo, bem como melhorar sua relação com a Matemática, com suas teorias, com suas aplicações, enfim, se propor a aprender e a gostar do seu objeto de estudo, a Matemática.

A interdisciplinaridade pode ser aplicada na Matemática em diversas situações, segue alguns exemplos:

Função de 1º grau: relacionar o conteúdo com a Economia através das funções custos, receita e lucro, analisando gráficos das situações expressas;

Função exponencial: relacionar com a Química. Decaimento radioativo, meia vida de elementos radioativos;

Geografia: densidade demográfica de uma região: razão entre o número de habitantes e a área habitada;

Função do 1º e do 2º grau: Física, movimento uniforme e movimento uniformemente variado;

Função logarítmica: Geologia, Escala Richter (intensidade de um terremoto); Trigonometria: Engenharia Civil, cálculo de ângulos, seno, cosseno, tangente;

Elipses: Astronomia, formas elípticas, trajetória dos planetas em órbita do sol;

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Geometria: Cálculo de comprimentos, áreas, volumes. Construção e reforma de uma residência, prédio, ponte;

Poliedros: Filosofia, poliedros de Platão, história da Matemática;

Estatística: frequência relativa, frequência absoluta, desvio padrão, estimativas, análise de gráficos, pesquisas.

A atividade interdisciplinar vem sendo considerada uma integração de conteúdos entre disciplinas do currículo escolar, sem diluir as disciplinas, que mantém sua individualidade, porém as integra a partir da compreensão das múltiplas causas ou fatores que intervêm sobre a realidade e trabalha todas as linguagens necessárias para a constituição de conhecimentos, tornando as comunicativas entre si (POMBO; GUIMARÃES; LEVY, 1993). Em outros termos, a interdisciplinaridade faz-se necessária para a compreensão dos conhecimentos fragmentados pelas grades curriculares, e para a busca de novas descobertas que podem intermediar outras conexões. Especificamente no caso da Matemática, o conteúdo pode ser trabalhado em conjunto com outras disciplinas, estimulando a criatividade, ampliando o acervo teórico utilizado e solidificando o estudo dos conteúdos. É preciso que fique claro que o aluno precisa se tornar o centro do saber e do conhecimento no ponto de vista interdisciplinar.

Segundo Veiga-Neto (1994, p. 145):

[...] dentre as várias contribuições pertinentes ao ensino interdisciplinar, temos: a)um maior diálogo entre professores, alunos, pesquisadores etc., de diferentes áreas do conhecimento; (b) um melhor preparo profissional e uma formação mais integrada do cidadão; (c) uma Ciência mais responsável, já que seria possível trazer a problematização ética para dentro do conhecimento cientifico; (d) a reversão da tendência crescente de especialização, de modo que se desenvolveria uma visão holística da realidade; (e) a criação de novos conhecimentos, graças a fecundação mútua de áreas que até então se mantinham estanques; (f) reverter um suposto desequilíbrio ontológico de que padece a Modernidade, isto é, reverter o descompasso entre uma pretensa natureza última das coisas e as ações humanas que tem alterado tal natureza (VEIGA-NETO, 1994, p. 145) Todavia existe a necessidade do professor atuar como aquele que transmite as informações, fornece o conhecimento necessário, o qual o aluno não tem condições de adquirir sozinho, além de educador, mediador, ao confrontar as respostas dos alunos, questionar, contestar. Nos dias atuais o papel do professor está para além dos conteúdos programáticos, ele precisa aplicar todo o seu conhecimento específico nas áreas de influência da matemática.

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3 AS DIFICULDADES DA CRIANÇA NA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA