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Com vista ao cumprimento dos objetivos, há que estabelecer diferenças entre procedimentos de operações urbanísticas promovidas pelo sector público e pelo privado, tendo abordagens diferentes de metodologia de materialização dessas operações. Se por um lado o investimento público tem como fundamento a boa gestão dos dinheiros públicos, o investimento privado procura o retorno do investimento feito.

Operações urbanísticas de edifícios abrangem um grande número de possíveis construções, edifícios com vários destinos e tipologias, ou infraestruturas diversas de maior ou menor dimensão. Neste domínio existem já estudos sobre várias problemáticas da construção, e não muito desatualizados, pelo que a possibilidade de execução de inquéritos poderia incutir obtenção de resultados mais acentuados, dada a conjuntura real existente. Não se efetuou contacto direto com empresas e técnicos sobre esta matéria para o presente estudo, por dificuldades inerentes ao tipo de contacto e fiabilidade de nível de resposta, perante o cenário atual.

Um dos objetivos primários seria a tentativa de estabelecimento de uma relação entre tempo de projeto e área de construção, para que se atribua uma estimativa de fácil dedução para os promotores. Esta estimativa terá forçosamente que garantir a qualidade desejada ao projeto de especialidade em causa. Segundo os autores apresentados em capítulos seguintes, essa dedução não é de fácil apuramento, quer sejam donos de obra públicos ou privados, pois ambos decidem demasiado rápido a sua pretensão e o que pretendem é um projeto de execução com a maior brevidade possível.

Uma das dificuldades passa por compreender de que forma a produtividade dos projetistas se alterou com a introdução dos sistemas digitais, e de que forma a sua constante evolução poderá interferir na qualidade do seu trabalho, na pormenorização, na diminuição dos erros de projeto e qual a influência direta no prazo de execução dos mesmos.

O contacto com profissionais do setor parece ser a melhor via para o apuramento destas dúvidas, bem como dos seus conhecimentos na área da sustentabilidade da construção. Ora a dificuldade associada à tentativa de apuramento de prazo de projeto será precisamente a

exposição que sofrem ao divulgar algo tão pessoal, e que se relaciona com a competitividade para com outros profissionais.

É perfeitamente aceitável que se obtenha uma resistência à transmissão deste tipo de informação, e o risco imediato seria a obtenção de informação imprecisa, ou dados demasiados vagos. Quando se trata de dono de obra público, a imposição de prazo máximo de propostas muitas vezes acarreta riscos muito elevados em termos de rigor técnico, o que se confirma numa grande percentagem dos casos (Brito, 2005).

Ainda que esta informação fosse apurada e considerada válida, poderia suscitar mesmo assim dúvidas relativamente à especificidade dos projetos que foram alvo de análise, ou seja, projetos com áreas de construção similares poderão requerer diferentes níveis de exigência, e isso introduz margem de tempo elevada em termos de execução de projeto.

Os donos de obra e as circunstâncias que muitas vezes estão subjacentes aos projetos também são potenciadores de limitação técnica. Os “negócios relâmpago” e oportunidades de negócio únicas são inimigos da capacidade de decisão coerente, ainda mais com os riscos associados à incerteza dos dias de hoje, e no futuro mais ainda (Pereira, 2011).

Face às intervenções executadas pela Parque Escolar nas escolas nacionais, não é difícil adivinhar que os grandes investimentos públicos estarão em fase de estagnação. O próximo quadro comunitário de apoio está em cima da mesa e já se sabe que o grosso de investimento não irá para infraestruturas, pois as mesmas encontram-se, na sua generalidade, executadas.

Em época de crise dedica-se bastante tempo na introdução de medidas de estímulo à criação de emprego, ao investimento, à tentativa de inovação no tecido produtivo e menos nos procedimentos que tornarão tudo isso possível. Mais ainda, como recursos energéticos de fontes não renováveis estão cada vez menos acessíveis, as metas ambientais são por isso um entrave ao desenvolvimento rápido que se pretende, pois é quase sempre inversa a relação entre ambiente e economia em desenvolvimento e expansão.

Será por isso importante a área de projeto e planeamento, para analisar as tecnologias correntes e as suas lacunas, com vista a apurar o nível de conhecimento do mercado laboral nacional acerca de novas ferramentas, e introduzir novas que sejam potenciadoras de aumentar a produtividade e rentabilidade do tempo de projeto.

É por estas razões difícil apurar-se uma regra geral que abranja todos os profissionais, quanto ao tempo de projeto e se terão em devida consideração os custos ambientais do que projetam. Mas também não será correto afirmar que não terão em consideração medidas de sustentabilidade para o que projetam, pelo menos as mínimas, seja por exemplo nas estruturas de betão armado mais económicas ou nas redes com traçados mais curtos ou ainda em melhores materiais.

Quanto ao recurso a tecnologias de projeto, nomeadamente software de apoio a projeto, dada a vasta disponibilidade no mercado de marcas e propostas diferentes de abordagem a projeto, não torna acessível o apuramento de rendimentos desejados. Todas as aplicações são diferentes na sua essência mas todas possuem o mesmo objetivo, complementando-se tecnicamente (Clemente, 2012).

Outra das dificuldades de base prende-se com o facto de não se pretender ser crítico para com a legislação vigente, mas antes a proposta de uma forma construtiva para uma nova a ambição que a legislação poderá ter. Veja-se o exemplo das restrições europeias no capítulo dos transportes, e agora com normas europeias sobre os edifícios. O caminho será a maior eficiência e respeito pelo ambiente, e devem assim ser criadas bases legais para que estes princípios de análise ambiental e de sustentabilidade sejam obrigatórios, tal como os introduzidos para eficiência energética.

De notar ainda que, quando se propõe a introdução de um mecanismo de avaliação de sustentabilidade, deverá obter-se informação relevante no que concerne aos materiais e soluções usadas. Isto deixa outras questões em aberto, sobre a possibilidade das soluções construtivas apresentadas em projetos de execução poderem ser recusadas por parte das entidades licenciadoras, não se vislumbrando de momento instrumentos legais para o fazer, daí a necessidade de implementação de instrumentos neste domínio de atuação.

Deixa-se em aberto a questão de introdução de mecanismos de projeto mais eficientes, sem alteração das atuais normas legais. Poderia caminhar-se para uma maior sensibilização dos agentes para que fossem adotados princípios base de projeto nas diversas fases de projeto e de ciclo de vida destes, envolvendo os profissionais intervenientes na conceção de projeto.