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O impacto económico internacional tem efeitos severos, não só na atualidade mas como no passado, onde Portugal foi alvo de ajuda internacional três vezes na sua história, em 1978, 1983 e mais recente em 2011.

A análise do tecido empresarial do sector da construção em Portugal pode ser alvo de estudo aprofundado. A evolução pós revolução de abril teve picos e serão provavelmente estes pontos os que deverão ser alvos de estudo. A revolução de acessibilidades e infraestruturas foi seguramente responsável por grande parte das ajudas comunitárias após a adesão de Portugal à comunidade europeia. A ânsia de obra levou Portugal à situação atual mas que se procura inverter, agora que todas as infraestruturas do país se julgam suficientes e que todos os investimentos públicos são bem mais racionais no que toca à execução.

imediatas e não de resultados a longo prazo. É corrente verem-se medidas de estímulo à economia perderem efeito assim que terminam investimentos do estado, por exemplo nas obras públicas. Tal dependência da economia arrasta para o desemprego milhares de pessoas e tem efeitos imediatos no produto interno do país. Medidas de lançamento de investimentos sem retorno levou o país ao ponto em que nos encontramos.

O setor da construção foi provavelmente o único que sente desde a primeira hora os efeitos da bolha que teve início em 2008 e que perdura à data de hoje. Não só, segundo dados da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), destacando os dados do EUROSTAT, Portugal é o terceiro país europeu com maior quebra anual na produção do setor, situação que é agravada pelo facto se tratar de uma economia que vê esta atividade a regredir há mais de 11 anos consecutivos, não se passando o mesmo na Europa, como se pode verificar na tabela 1 que se segue.

Tabela 1- Índice de produção do sector da construção (Fonte: Eurostat)

INDICE DE PRODUÇÃO DE CONSTRUÇÃO MES ZONA EURO PORTUGAL VARIAÇÃO MENSAL DEZ-2012 - 0,3% 0,6% JAN 2013 - 3,1% -1,8% FEV 2013 0,6% -0,6% MAR 2013 -1,8% -10,9% ABR 2013 1,0% 6,6% MAI 2013 -0,2% -2,1% VARIAÇÃO HOMÓLOGA DEZ-2012 - 4,0% -18,5% JAN 2013 - 10,1% -22,7% FEV 2013 2,2% -23,0% MAR 2013 -7,6% -16,9% ABR 2013 -6,8% -23,7% MAI 2013 -5,1% -12,9%

Recentemente foi estabelecido pelo governo um pacote para o setor com 52 medidas, o denominado “Compromisso para a Competitividade Sustentável do Setor da Construção e do Imobiliário”, documento estratégico, cuja base assenta na Agenda Europa 2020 e nos objetivos por ela propostos como sendo o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

Sabe-se por isso que se o tecido empresarial alargasse a sua amplitude de negócio e expansão de implantação de atividade, provavelmente haveria menor exposição à crise interna.

A agravante maior será a desconfiança dos portugueses face à capacidade da classe política em governar adequadamente e convenientemente o destino do país. Sendo o clima económico e social bastante adverso, é precisamente o tempo adequado para pensar seriamente sobre todos os procedimentos que fazem a atividade económica mexer, sendo grande a preocupação em volta desta temática.

Agora que o setor apresenta níveis de produtividade reduzidos dada a retração da economia, pode analisar-se toda a legislação que está subjacente ao setor, bem como a interligação com os seus profissionais e sistemas de educação existentes, a fim de se perceber se o que foi feito até agora é o que o país necessita para o futuro.

A indústria da construção em Portugal não é o principal motor económico, mas tal como em outros países da Europa, é preponderante na economia, segundo Baganha (2002). Em avaliações recentes do Tribunal de Contas (2009) e da Comissão Parlamentar (2013) de avaliação às parcerias público-privadas são esclarecedores quanto às derrapagens e desvios nos contratos de concessão e construção relativos a investimentos públicos. Em alguns casos com fortes indícios de gestão danosa para o estado e claro, para os contribuintes. Vejamos o exemplo da recusa em 2012, por parte do Tribunal de Contas, de contratos no valor global de 1,85 mil milhões de euros por desconformidade com a lei aplicável.

O risco existente na construção é elevado e as empresas na generalidade desde sempre assumiram a orçamentação como forma de cobrir o risco associado a uma qualquer construção, que no caso das obras públicas, incide diretamente em encargos para todos os contribuintes (AECOPS, 2006). A figura 3 abrange alguns desses riscos nas várias fases de uma operação urbanística.

Importa então identificar as causas e as diversas formas em que esse risco se transforma em dilatação de prazo previamente contratualizados, prolongando-se no tempo que por sua vez se transformam em encargos extracontratuais e litígios muitas das vezes desnecessários.

Figura 3 - Riscos associados as fases de ciclo de vida de projeto (adaptado de Feder, 2004) Será necessária a clarificação e identificação do tecido empresarial português para perceber a composição e estruturas das empresas nacionais. Pela constatação de vários estudos realizados e alguns já executados em Portugal, surge por isso a oportunidade de introdução de novos procedimentos administrativos e técnicos, com a idealização da introdução de mais recentes metodologias de abordagem a projeto, com introdução ainda mais efetiva da componente ambiental, desde logo na fase de conceção dos projetos.

Com as mais recentes TI é já possível a introdução de mecanismos de troca de informação fiável, rápida e cujos meios de consulta de informação não serão mais vistos como um custo. Esta visão de custo certamente terá significado diferente para DO e projetista, contudo, e estando a abranger obras públicas, o tempo em que se decidem determinadas operações

1. Especificação e Viabilidade de Projeto - que trabalho é elaborado? - o promotor tem experiência? - o projeto depende de outros? - existe algum gestor de projeto?

2. Conceção geral - a conceção satisfaz a especificação? - quem vai realizar a pormenorização? - a estimativa de custos permite alterações? - quais os riscos prévios?

3. Localização do terreno e licenciamento - foram cumpridos os procedimentos legais? - o terreno está livre de qualquer ónus? - existem questões pendentes? 4. Conceção pormenorizada e adjudicação - a conceção geral é suficiente para a pormenorização e cálculo de custos?

- as empresas tiveram tempo suficiente para analisar o projeto e apresentar propostas realistas?

- o promotor conhece as empresas e a sua situação de mercado?

- as condições locais estão estudadas devidamente, existem riscos não previstos? - existem recursos para pagamento ao construtor? 5. Construção - as disposições de gestor de projeto cumprem-se? - os pagamentos construtor são executados? - o projeto encontra-se conforme calendarização? - surgiram riscos acessórios imprevistos? 6. Entrega de obra - a obra corresponde ao contratualizado? - foram cumpridos os procedimentos para a entrega? - quais as disposições de pagamento final?

urbanísticas não tem sido acompanhado pela qualidade de projeto suficiente para que sejam salvaguardados os interesses dos verdadeiros utilizadores, que é o público em geral.

Exige-se por isso o compromisso sério entre tempo e qualidade, e é disso que se trata a metodologia BIM. Operar com o compromisso de contributo permanente de ambas as partes para um projeto eficaz, eficiente, com qualidade e exequível em termos ambientais, com o planeamento adequado desde a fase de conceção por parte dos DO públicos.

Sugere ainda a criação de partilha de dados via web, pós adjudicação. O modelo permitirá a gestão permanente e a adoção de técnicas Lean e LCA/PLM (Product Lifecycle Management), conjugado com as técnicas apresentadas por Couto (2006), as-built e comparações com calendarização e custo. Para esta transmissão web sugere-se o formato xml.

O processo adotado pela Finlândia é o que mais se aproximará da seguinte proposta:

Figura 4 - Faseamento de concurso a propor

Isto a antever a introdução da metodologia e aperfeiçoamento das ferramentas com vista a obter das mesmas o nível de detalhe que se pretende. Não se poderá descurar que esse detalhe advém da introdução, na fase de projeto base, da informação considerada mínima indispensável para posterior projeto de execução. A ideia a reter será a eliminação de tramitação em papel dos instrumentos de decisão do projeto base e fases posteriores. A capacidade de visualização de todas as dúvidas para posterior pedido de esclarecimento será provavelmente em tempo real, na base de confiança mútua e no princípio de optimização de tempo e de trabalho.

Quanto às peças que compõe esse projeto base e o projeto de execução, as mesmas fixar-se-ão em regulamentação própria, pois terão ainda de ser definidos os meios adequados à tramitação

PROJETO BASE PROJETO DE EXECUÇÃO GREEN DESIGN

informática dos projetos, bem como das ferramentas de interligação entre vários formatos, envolvendo questões de compatibilização entre formatos de desenho.

Na metodologia tradicional, o projeto de execução é composto pelos elementos abaixo indicados, após várias recomendações do TC, com os contributos de vários autores para que sejam mitigados vários conflitos decorrentes dos projetos e concursos públicos, bem como a tentativa de se minimizarem revisões de projeto e consequentemente dos prazos de entrega, e mais que isso, os elevadíssimos encargos que o estado comporta com todos estes atrasos, isto para não falar nos prejuízos para os utilizadores das infraestruturas. A composição do CCP pelo TC é a seguinte:

- Memória descritiva e justificativa evidenciando a definição e a descrição geral da obra;

- Análise da forma como se deu satisfação às exigências do programa base; - Indicação da natureza e condições do terreno;

- Justificação da implementação da obra e da sua integração nos condicionamentos locais existentes ou planeados;

- Descrição das soluções adoptadas para satisfação das disposições legais vigentes; - Indicação das características dos materiais, dos elementos de construção, das instalações e do equipamento; Análise e Discussão de Resultados

- Justificação técnico-económica;

- Cálculos relativos às diferentes partes da obra apresentada de modo a definirem, pelo menos, os elementos referidos para cada tipo de obra e a eventualmente justificarem as medidas adoptadas;

- Medições, com indicação da quantidade e qualidade dos trabalhos necessários; - Orçamento baseado nas quantidades e qualidades de trabalho das medições;

- Peças desenhadas de acordo com o estabelecido para cada tipo de obra e a representação de todos os pormenores necessários à sua perfeita compreensão, implantação e execução da obra;

- Condições técnicas gerais e especiais do caderno de encargos;

Para resposta às preocupações dos DO, projetistas e construtores (já previsto no CCP), deverão incluir-se obrigatoriamente (salvo casos de comprovada irrelevância para o projeto):

- Análise base e de campo;

- Estudo de impacto ambiental (incluindo declaração de impacto ambiental); - Estudos de impacto económico e social/cultural;

- Expropriação e servidões;

- Resultados laboratoriais de ensaios necessários;

- Plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição.

Salienta-se já a capacidade das ferramentas informáticas atuais, incluindo ferramentas de desenho gráfico, de proporcionar output de fácil visualização de grande parte dos elementos acima descritos, daí que não se tratará de burocracia, mas sim de todos contribuírem para a diminuição de tramitação física dos procedimentos, algo que se iniciou com o CCP, por isso se reitera a necessidade de desmultiplicação de peças de programa a concurso.