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Redefinição dos procedimentos em operações urbanísticas

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Academic year: 2020

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Ricardo José Ferreira da Silva

Redefinição dos procedimentos em

operações urbanísticas

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operações urbanís

ticas

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Tese de Mestrado

Ciclo de Estudos Integrados Conducentes ao

Grau de Mestre em Engenharia Civil

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor Dinis Miguel Campos Leitão

Ricardo José Ferreira da Silva

Redefinição dos procedimentos em

operações urbanísticas

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“Conhecimento é admitir que, no final, apenas chegamos ao início.”

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Agradecimentos

As palavras que se seguem não serão suficientes para manifestar a minha gratidão.

Em primeiro lugar não posso indicar outros que não os meus pais. A eles devo tudo. E aos meus irmãos. Aos meus sobrinhos poderei agora retribuir toda a atenção. A toda a minha restante família, especialmente aos padrinhos e primos. Ao meu tio Fernando, que apesar de não estar entre nós, estou eternamente grato pela força permanente que me deu.

Um especial agradecimento ao Professor Dinis Leitão, que através do grande conhecimento e elevada capacidade de transmissão de ideias, tornou possível este trabalho, imprimindo desde o primeiro dia a coragem necessária para abordar um tema tão sensível como este. Fica também implícito um sentido agradecimento a esta universidade e aos docentes, que me receberam de braços abertos, cada dia, todos os dias do meu longo percurso.

Ao município de Vizela, ao Sr. Presidente da Câmara Dinis Costa, ao Sr. Vereador Victor Hugo Salgado e Sra. Vereadora Dora Gaspar, pela compreensão, apoio e disponibilidade permanentes para comigo. Espero agradecer com trabalho e dedicação, através do exercício de funções no domínio das competências adquiridas. Aos restantes colegas, o meu especial agradecimento pela solidariedade manifestada durante este longo período.

Por último e não menos importante, um agradecimento aos meus colegas de curso. À Carla, ao Francisco, Susana, Joana, Sérgio, Micael, Andreia, Francisca, Jorge, Samuel, Cátia, Abel, Rita, Pedro, Filipe, Fernando, Bruno, Rui, Vítor, Joaquim, Tânia, Anabela, Patrícia... A todos um agradecimento muito especial, por todos os momentos que me fizeram sentir vivo.

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RESUMO

A indústria nacional da construção atravessa um conturbado período na sua história. Para a compreensão desta fase, procuram entender-se os vários domínios de ação dos diversos e principais atores, desde os projetistas, os promotores e as entidades licenciadoras, com o propósito de se interpretar as suas principais limitações e apontar caminhos para melhoria da interação entre todos eles. O pressuposto principal para este trabalho é a transposição efetiva da diretiva europeia n.º 2002/91/CE, de 16 de dezembro (EPBD), para a legislação nacional, com vista à definição das bases legais para avaliação de desempenho ambiental das operações urbanísticas.

Nas fases de ciclo de vida das operações urbanísticas, procura dar-se enfâse a novas plataformas digitais de apoio ao fluxo dos procedimentos nas mesmas e a inclusão de novos parâmetros capazes de avaliar a sustentabilidade de soluções construtivas, transpondo assim a diretiva comunitária e promovendo os principais domínios da construção sustentável.

Procede-se, também, no âmbito de nova formulação das taxas municipais de urbanização (TMU) proposta apresentar-se uma nova expressão de cálculo do imposto municipal sobre imóveis (IMI). Para além do objetivo central de introdução da sustentabilidade neste imposto, pretende-se induzir um incentivo real para os municípios e proprietários. Nos municípios, pretende-se que criem as bases para implementação de medidas de sustentabilidade para ciclo de vida das operações urbanísticas, com vista à integração no mercado de carbono intermunicipal. Para os proprietários, criam-se as bases mais relevantes nos diplomas legislativos para inclusão da temática da sustentabilidade nas suas decisões, através de dois veículos principais: a TMU e o IMI.

Introduzem-se considerações que contribuem para a discussão em torno dos mecanismos criados para a gestão de emissões de GEE e carbono ao nível nacional e municipal, e que permitam também analisar em que medida podem os municípios beneficiar com o apuramento do nível de sustentabilidade dos imóveis sob o seu domínio territorial, quer na perspetiva de dono de obra, quer como entidade licenciadora.

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ABSTRACT

The national construction industry is facing a difficult period in its history. In order to understand this phase, it is intended to understand the main agent’s specialized areas, from designers, to promoters and licensing authorities, with the purpose of interpreting their limitations and finding a way to improve the connections between them. The present study’s main assumption is the effective transition of the European Directive no. 2002/91/CE into the national legislation, in order to define the legal basis regarding the environmental performance evaluation.

In the urban operations life cycle phases, it is intended to provide significance to new procedural flow digital support platforms and to include new parameters that are capable of evaluating the constructive solutions sustainability, therefore transposing the Community Directive and promoting the main sustainable construction domains.

It is also intended, within the proposed new municipal urbanization Taxes (MUT) formulation to introduce a new real estate municipal tax (REMT) method of calculation. In addition to the main objective of introducing this tax’s sustainability, it is intended to induce a real incentive to municipalities and owners. In municipalities, it is aimed to establish the foundations for implementing sustainability measures regarding the life cycle of urban operations, in order to integrate the intermunicipal carbon market. Regarding the owners, the most relevant foundations are established within the pieces of legislation, in order to include the sustainability theme in their decisions, through two main vehicles: the MUT and the RET.

Considerations are introduced which contribute to the discussion around the created mechanisms for managing GHG and carbon emissions, in the national and municipal level, which also allow analyzing in which way the municipalities can benefit from the establishment of the sustainability level of the properties under its territorial domain, in the owner or in the licensor perspective.

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ÍNDICE DE TEXTO

AGRADECIMENTOS ... V RESUMO ... VII ABSTRACT ... IX ÍNDICE DE TEXTO ... XI ÍNDICE DE FIGURAS ... XIII ÍNDICE DE EQUAÇÕES ... XV ÍNDICE DE TABELAS ... XVII NOTAÇÃO E SIMBOLOGIA ... XIX GLOSSÁRIO ... XXI

1 CAPÍTULO I- ENQUADRAMENTO ... 1

1.1 Introdução ... 3

1.2. Objetivos ... 5

1.3. Organização da dissertação... 8

2 CAPITULO 2: ESTADO DO CONHECIMECAPÍTULO II ... 11

2.1 Dificuldades iniciais ... 13

2.2 Contexto atual ... 16

2.3 Panorama internacional ... 21

2.4 Panorama nacional ... 23

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2.7 BIM – Building Information Modeling... 39

2.8 A construção sustentável ... 49

3 CAPITULO III - ESTADO DA ARTE ... 57

3.1. A necessidade de novos procedimentos ... 59

3.2. O planeamento e a administração pública ... 79

3.3. RJUE e CCP – redefinição de procedimentos ... 82

3.4. Procedimentos na contratação pública ... 100

3.5. Procedimentos nas obras particulares ... 108

4. CAPÍTULO IV - METODOLOGIA PROPOSTA ... 117

4.1. Metodologia de trabalho ... 119

4.2. Novos procedimentos na contratação pública ... 121

4.3. Novos procedimentos nas operações urbanísticas particulares ... 134

4.4. Nova formulação - TMU ... 146

4.5. Impacto do novo código do imposto municipal sobre imóveis ... 154

5. CAPÍTULO V - CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 163

5.1. Conclusões ... 165

5.2. Perspetivas futuras ... 167

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura1 - Incidência dos diferentes tipos de erros de projeto no total de erros ... 19

Figura 2 - Classificação dos métodos de construção ... 22

Figura 3 - Riscos associados as fases de ciclo de vida de projeto ... 26

Figura 4 - Faseamento de concurso a propor ... 27

Figura 5- Formação Bruta de Capital Fixo nos segmentos em volume... 30

Figura 6 - Estatística de emprego no sector da construção... 30

Figura 7 - Curva MacLeamy, fases de projeto em função do esforço ... 42

Figura 8 - Produtividade de projeto durante implementação BIM ... 44

Figura 9 - Princípios base da construção sustentável ... 49

Figura 10 - Princípios da construção sustentável ... 51

Figura 11 - Impactes LCA ... 53

Figura 12 – Medidas para implementação de projeto de sustentabilidade ... 54

Figura 13 - Estruturação dos atrasos quanto à sua origem, ocorrência e impacto ... 60

Figura 14 - Método de análise de atrasos para aplicação de metodologias ... 61

Figura 15 - Cronograma de implementação de TI com BIM ... 66

Figura 16 – Proposta de incentivos à construção sustentável ... 76

Figura 17 - Princípios da TMU ... 94

Figura 18 - Fases de projeto e sua definição por proposta do TC ... 102

Figura 19 - Esquema resumo dos passos de implementação de interoperabilidade ... 103

Figura 20 - Fases do ciclo de vida em operações urbanísticas com interoperabilidade ... 105

Figura 21 - Extração de informação diversa do modelo 3D ... 106

Figura 22 – Metodologia de trabalho proposta ... 119

Figura 23 – Metodologia proposta para procedimentos ... 135

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Figura 26 –Formulação proposta ... 155 Figura 27– Redação proposta para o art.º 42º do CIMI ... 158

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ÍNDICE DE EQUAÇÕES

(1) Equação de retorno de investimento proposta ... 43

(2) Equação proposta ... 149

(3) Equação do valor patrimonial tributário vigente no CIMI... 154

(4) Equação proposta para o valor patrimonial tributário... 156

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Índice de produção do sector da construção……….24

Tabela 2- Proposta alteração ao CCP……….….128

Tabela 3- Proposta alteração ao RJUE………...….143

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NOTAÇÃO E SIMBOLOGIA

RJUE CCP BIM TI CPCI EUROSTAT AECOPS TC

Regime Jurídico de Urbanização e Edificação Código de Contratos Públicos

Building Information Modeling Tecnologias de Informação

Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário Gabinete de Estatísticas da União Europeia

Associação das Empresas de Construção e Obras Públicas Tribunal de Contas

AIP CCI

Associação Industrial Portuguesa Câmara do Comercio e Indústria PME INE ANMP IMI AT COTEC GPEARI BREEAM LEED SBtool MARS-SC LCA TMU CQNUMC ENAAC

Pequenas e Médias Empresas Instituto Nacional de Estatística

Associação Nacional de Municípios Portugueses Imposto Municipal sobre Imóveis

Autoridade Tributária

Associação Empresarial para a Inovação

Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais

BRE Environmental Assessment Method

Leadership in Energy anda Environmental Design Sustainable Building Tool

Metodologia de Avaliação Relativa da Sustentabilidade de Soluções Construtivas

Life Cicle Avaluation – Impacte de Ciclo de Vida Taxa Municipal de Urbanização

Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas GEE Gases de Efeito de Estufa

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MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 2D Duas dimensões 3D 4D 5D 6D PLM DAP RCCTE RSECE Três dimensões 3D + tempo 4D + custo 5D + gestão/manutenção Product Lifecycle Management Declaração Ambiental de Produto

Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios

Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios

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GLOSSÁRIO

Edificação: a atividade ou o resultado da construção, reconstrução, ampliação, alteração ou

conservação de um imóvel destinado a utilização humana, bem como de qualquer outra construção que se incorpore no solo com carácter de permanência (Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, 1999a2).

Obras de construção: as obras de criação de novas edificações (Ministério do Equipamento, do

Planeamento e da Administração do Território, 1999a2).

Obras de reconstrução sem preservação das fachadas: as obras de construção posteriores à

demolição total ou parcial de uma edificação existente, das quais resulte a reconstituição da estrutura das fachadas, da cércea e do número de pisos (Portugal, 2007).

Obras de ampliação: as obras de que resulte o aumento da área de pavimento ou de ampliação,

da cércea ou do volume de uma edificação existente (Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, 1999a2).

Obras de alteração: as obras que resulte a modificação das características físicas de uma

edificação existente ou de uma fração, nomeadamente a respetiva estrutura resistente, o número de fogos ou divisões interiores, ou a natureza e cor dos materiais de revestimento exterior, sem aumento da área de pavimento ou de implantação ou da cércea (Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, 1999a2).

Obras de conservação: as obras destinadas a manter uma edificação nas condições existentes à

data da sua construção, reconstrução, ampliação ou alteração, nomeadamente as obras de restauro, reparação ou limpeza (Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, 1999a2).

Obras de demolição: as obras de destruição, total ou parcial, de uma edificação existente

(Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, 1999a2).

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redes de esgotos e de abastecimento de água, eletricidade, gás e telecomunicações, e ainda espaços verdes e outros espaços de utilização coletiva (Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, 1999a2).

Operações de loteamento: as ações que tenham por objeto ou por efeito a constituição de um ou

mais lotes destinados, imediata ou posterior, à edificação urbana e que resulte da divisão de um ou vários prédios, ou do seu reparcelamento (Portugal, 2007).

Operações urbanísticas: as operações materiais de urbanização, de edificação, utilização dos

edifícios ou do solo, desde que, neste último caso, para fins não exclusivamente agrícolas, pecuários, florestais, mineiros ou de abastecimento público de água (Portugal, 2007).

Trabalhos de remodelação dos terrenos: as operações urbanísticas não compreendidas nas

alíneas anteriores que impliquem a destruição do revestimento vegetal, a alteração do relevo natural e das camadas de solo arável ou o derrube de árvores de alto porte ou em maciço para fins não exclusivamente agrícolas, pecuários, florestais ou mineiros (Ministério do Equipamento, do Planeamento e da Administração do Território, 1999a2).

Obras de escassa relevância urbanística: as obras de edificação ou demolição que, pela sua

natureza, dimensão ou localização tenham escasso impacte urbanístico (Portugal, 2007).

Obras de reconstrução com preservação das fachadas: as obras de construção posteriores à

demolição de parte de uma edificação existente, preservando as fachadas principais com todos os seus elementos não dissonantes e das quais não resulte edificação com cércea superior à das edificações confinantes mais elevadas (Portugal, 2007).

Ferramentas BIM: processos e tecnologias facilitadas pela documentação digital processada por

computador sobre uma determinada operação/construção, a sua performance, o seu planeamento, a sua construção e a operação e utilização. Traduz-se através da modelação digital, descrevendo uma atividade pela manipulação de um modelo e para um resultado específico (Clemente, 2012).

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CAPÍTULO I

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1.1 Introdução

O presente trabalho incide na identificação dos principais fatores diretamente ligados aos prazos de projeto, nas diversas vertentes da arquitetura e da engenharia, na sua correlação e impacto com a legislação vigente, bem como a sua possível evolução com a introdução da mais recente metodologia no setor da construção, o Building Information Modeling (BIM). A introdução desta tecnologia poderá introduzir novas exigências de projeto, como defendido por diversos autores, e trazer novos desafios a vários níveis. As possibilidades de introdução de novas metodologias de projeto, combinadas com a informação associada aos modelos que as compõem, podem ajudar a administração pública a introduzir também novas metodologias de apreciação de projetos e novos mecanismos de comunicação com promotores.

O setor da construção tem forte impacto na dinamização da indústria nacional. A economia global requer, cada vez mais, adequados meios de trocas de bens e serviços, e para a concretização deste objetivo é necessário todo um conjunto de infraestruturas logísticas que têm por base o setor da construção.

Segundo Campos (2010), sem uma construção forte e dinâmica não será possível alcançar a recuperação económica de que Portugal necessita, e são vários os grupos nacionais a apostar na internacionalização, e as empresas do setor da construção não são exceção. Não se pode descurar a conjuntura adversa que se vive, que abala a confiança interna e também a Europa. Analisar esta fase difícil da construção nacional é uma necessidade imperativa, e cabe a todos os agentes económicos envolvidos essa análise, de forma cuidada, para que não se repitam os erros do passado.

Segundo Pereira (2011), a entrada de Portugal no euro também foi responsável pela perda da soberania cambial e com isso a possibilidade de correção de desequilíbrios comerciais através da desvalorização da moeda, melhorando a competitividade e prejudicando as importações. O setor da construção sempre foi um dos principais motores da economia dada a propensão nacional para apreciar obra feita e inaugurações, o que está a sair extremamente caro ao país. Com base nesta teoria é importante para as empresas nacionais saber o seu próprio domínio de intervenção na sociedade, visto que, se em casos de falta de investimento público a indústria não produz e o desemprego no setor aumenta. Neste sentido, o que poderão as empresas fazer

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na energia, pelos avultados investimentos em barragens e centrais hidroelétricas? Será sem dúvida um grande desafio estudar hipóteses de independência face ao controlo público do setor.

A possibilidade dos promotores de investimento escolherem o seu próprio rumo será essencial, mas em tempos de crise, o discernimento pode não ser o melhor se apenas dependerem do mercado interno. Seguindo este propósito, e por forma a incentivar o dinamismo que o setor impõe, tentar-se-á promover a introdução de alterações na legislação vigente para que se promova esta dinâmica, cujos objetivos serão expostos no capítulo seguinte.

Precisamente o que se deverá combater é a impulsividade portuguesa por começar algo no imediato sem necessidade do planeamento adequado. O planeamento adequado deve abranger não só da atividade de construção, mas também como os recursos financeiros adequados, para que se afaste a notória ideia de falta de estratégia económica para o setor.

Os sucessivos diplomas legais terão tentado orientar e regular os procedimentos administrativos em operações urbanísticas, numa clara tentativa de os adequar às necessidades evolutivas socioeconómicas e tecnológicas. Os municípios passam a ter a responsabilidade de elaborar e implementar os regulamentos de urbanização, da edificação e a definição dos valores das taxas em operações urbanísticas. Esta atribuição de competências aos municípios foi dada por aplicação do Decreto-Lei n.º555/99, de 16 de dezembro (Leitão, 2011).

A transposição para regulamentos municipais terá sido uma medida de flexibilização efetiva mas que levou a uma disparidade de critérios entre municípios. A falta de uniformização leva a conflitos regionais desnecessários e a atrasos em processos de investimento. Um exemplo disto mesmo seria, por exemplo, a submissão de uma operação urbanística de características semelhantes em localidades diferentes do país.

Quando se pretende a modernização da economia é comum a associação imediata ao setor da construção. Ora são estradas, túneis, a alta velocidade, aeroportos, pontes, hospitais, centros escolares, tribunais, etc. Uma lista infindável de novos investimentos que previsivelmente não terão rendibilidade num futuro próximo. Pior, alguns deles não incrementaram nada em termos de inovação ou valor acrescentado. Torna-se necessário apurar qual a interferência de

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novas tecnologias e metodologias, e se o caminho que está a ser seguido é realmente o mais eficiente.

Esta inovação passa pela introdução de novas tecnologias no processo administrativo e construtivo, a requalificação dos ativos humanos do sector através de formação intensiva e frequente, e ainda pela introdução de novas metodologias de projeto, que facilitem a análise e comunicação entre projetistas, promotores e entidades licenciadoras. Salvaguarda-se que deverá ser o setor das obras públicas a principais potenciar a introdução de novos procedimentos, com vista à crescente credibilização do sector. Pretende-se assim a introdução de novas metodologias e fluxos de trabalho, aliados a novas premissas para normalização regulamentar baseadas na avaliação de sustentabilidade das operações urbanísticas. Para a inserção deste tema em normativos legais será necessária a adaptação da legislação urbanística portuguesa, com vista à obrigatoriedade de cumprimento de requisitos de avaliação de sustentabilidade.

1.2. Objetivos

Os objetivos propostos para este trabalho serão no essencial a redefinição dos procedimentos legislativos (impacto nos procedimentos administrativos e de projeto) nas operações urbanísticas, para que a componente ambiental e de sustentabilidade seja introduzida. Esta componente tem ganho especial dimensão, pelos objetivos estabelecidos na comunidade europeia para 2020. É um processo ambicioso iniciado nos anos 1990 e que introduziu a iniciativa emblemática designada por “Estratégia Europa 2020”, com objetivos claros em termos de eficiência e sustentabilidade.

Para este fim serão abordados vários temas sensíveis, em especial o caminho a seguir para que os parâmetros ambientais se consolidem no domínio de projeto e para que sejam introduzidos a nível legislativo e administrativo. Será dada especial atenção à possibilidade de inclusão, nos vários diplomas vigentes, de um projeto de avaliação de sustentabilidade da operação urbanística a realizar, uma vez que não existe grande sensibilização ao nível de promotores, construtores e decisores políticos.

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Esta escolha de abordagem está essencialmente relacionada com a escassa variabilidade ao nível de instrução de projeto de construção em todo o país, logo qualquer intervenção legislativa produz efeitos à escala nacional. Embora com legislação nacional e regulamentos regionais e municipais por vezes inconclusivos, julga-se passível de implementação de um mecanismo de avaliação da sustentabilidade desde a fase de conceção de projetos. A perspetiva ambiental deve estar bem mais presente do que atualmente se verifica, com vista ao cumprimento dos objetivos propostos pela comunidade europeia.

Para que estas metas europeias sejam cumpridas, já deveria estar em curso um processo evolutivo dos procedimentos que materializam quaisquer obras, públicas ou privadas. É premente por isso a correta exposição da importância ambiental que o setor possui, na atualidade e mais ainda, no futuro. É necessário também consciencializar toda a sociedade para o peso que o sector possui como gerador de poluição, e sensibilizar os promotores de investimento para benefícios na adoção de projetos cada vez mais sustentáveis.

Não se pode menosprezar a perspetiva dos profissionais do setor, como principais dinamizadores destas temáticas e interlocutores entre legislação, administração pública e promotores. Abordam-se novas metodologias de projeto para suprir as necessidades de tempo inerente a todas as tarefas e procedimentos de projeto, para que se garanta o rigor dos mesmos e para que verifiquem exequíveis na prática corrente da arte.

A definição de tempo útil para projetistas tem algumas bases importantes, sejam por exemplo a sua experiência adquirida, a capacidade de decisão, a sua autonomia e trabalho de equipa, o conhecimento das normas aplicáveis, das regras e imposições legais a que cada operação específica está sujeita. Assim, para que possam ser minimizados os atrasos decorrentes da execução de todos os projetos, é importante que os promotores possuam também referências de prazos mais comuns, para que tomem decisões assertivas e procedam a um correto planeamento de todo o investimento a realizar.

Estudos recentes sobre prazos de execução de projetos apontam para enumeras causas de atrasos na sua execução, bem como nas mais comuns que afetam a execução de obras e o seu prolongamento temporal. Estes estudos baseiam-se em inquéritos diretos a profissionais do setor, com base na sua experiência profissional.

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Um dos objetivos será apurar possíveis razões pela falta de consciencialização ambiental e motivos possíveis para que não se encontrem procedimentos de promoção de sustentabilidade, desde o ato de projetar até à construção. Entende-se também, que a sustentabilidade não se esgotará na fase de construção, pela análise do ciclo de vida dos materiais.

A escolha de materiais com critérios de caracterização rigorosos, os meios técnicos de projeto, abordagem de métodos construtivos sustentáveis e de soluções construtivas tecnológicas mais recentes são relegadas para segundo plano, muito por culpa da conjuntura atual, que privilegia o baixo custo e a rapidez de execução à qualidade e equilíbrio global da solução. Pretende-se que os benefícios atribuídos aos proprietários, bem como a crescente consciencialização de todos os atores, contribuam decisivamente para a introdução de novas metodologias de análise de impacte ambiental das soluções construtivas em Portugal.

Perante este desafio, e para que se materializem benefícios com vista a investimentos mais sustentáveis serão propostas intervenções ao nível de procedimentos de peças de instrução de projeto, para que se inicie a inclusão de projeto de análise de sustentabilidade nas peças de instrução dos projetos de operações urbanísticas, essencialmente de iniciativa privada, com vista à proposta de introdução com a introdução da mais recente tecnologia existente, o BIM. Pretende-se identificar vantagens e desvantagens do processo de introdução de novas tecnologias, da recetividade na sua adoção, mais propriamente do BIM e de que forma é que os procedimentos existentes poderão ser alvo de alteração ou ajustamentos.

A introdução de uma ferramenta como BIM deve ser avaliada com precaução, pois analisando os profissionais deste setor, a resistência à mudança poderá ser elevada. Desde logo a questão do tempo, do investimento elevado, e claro, do retorno. Mais ainda se falarmos no investimento por parte do setor público, mesmo que se vise melhorar o seu desempenho.

Pretende-se, portanto, conhecer a realidade de projeto no urbanismo atual, aprofundar a possível alteração de metodologia de análise de projeto e tramitação dos mesmos, o fluxo da sua informação, entre diversos agentes, através da introdução da metodologia BIM. Aproveita-se assim para introduzir mecanismos legais na fase de projeto para introdução de nova formulação de taxas urbanísticas e ainda ao nível de impostos sobre o património.

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imposta pelo RCCTE. Estes dois diplomas poderão no entanto convergir no futuro para um só, a estudar no futuro.

É preciso demonstrar aos utilizadores que é fundamental o sucesso da implementação de medidas sustentáveis nos edifícios. Por um lado, o benefício instantâneo no consumo energético, por outro, a certeza de que terão benefícios na contribuição anual sob forma de IMI. Esta opção individual por parte dos proprietários, que se espera voluntária, deverá provocar reações em cadeia, promovendo principalmente a reabilitação, para que posteriormente se obtenham ganhos a nível municipal, por exemplo, através do Mercado de Carbono.

Esta alteração é colocada em prática através da discussão de possível alteração da formulação de cálculo do imposto sobre imóveis que reverte para os municípios. Em favor destes, pode ainda intervir-se sobre a formulação das taxas sobre as operações urbanísticas. Não menos importantes serão as operações urbanísticas promovidas pelo sector público, as quais deverão ser as principais referências de novos procedimentos a adotar no setor.

Com visão nos objetivos propostos, tenta dar-se pelo presente trabalho um contributo para incrementar a capacidade de decisão de agentes do setor, com recurso às mais recentes tecnologias de projeto e de gestão de empreendimentos, para que se caminhe para um futuro mais sustentável.

1.3. Organização da dissertação

O presente trabalho está organizado em capítulos, seis no total, e vinte e três subcapítulos. O primeiro capítulo apresenta o âmbito desta dissertação, onde é feita a introdução ao tema e apresentadas algumas motivações e a sua pertinência, com a apresentação de objetivos claros do que se pretende implementar.

No capítulo II é apresentado o estado de conhecimento, que se opta pela divisão em diversos subcapítulos. Numa primeira fase é feita uma abordagem das principais barreiras iniciais ao trabalho, seguida pela contextualização internacional e nacional, a visão socioeconómica que se vive no sector pelos vários intervenientes, os projetistas, os donos de obra, os promotores e as entidades públicas. É também abordada a questão de novas metodologias de desenho técnico e projeto, cuja inclusão se prevê para breve em Portugal. Serão abordados exemplos e

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projetos em diversas localizações do globo. No último subcapítulo é abordada a legislação vigente em Portugal, e o caminho que está a ser seguido para cumprimento das metas europeias subjacentes ao tema da sustentabilidade, com vista à introdução de metodologias de impacte de sustentabilidade das soluções adotadas para operações urbanísticas.

No capítulo III apresentam-se os fundamentos da metodologia a adotar. São abordadas questões afetas ao planeamento das operações, a legislação que regula o setor em Portugal, as dificuldades de gestão e planeamento na área da contratação pública e aquilo que se poderá introduzir quer nestas operações quer naquelas promovidas por privados.

O capítulo IV descreve a nova metodologia, através de introdução de alterações ao Código de Contratos Públicos e do Regulamento Jurídico de Urbanização e Edificação. Apresenta-se também uma análise à formulação de TMU proposta por Leitão, e ainda a alteração a formulação inscrita no Código do Imposto Municipal sobre Imóveis.

No capítulo V são apresentadas as principais conclusões a retirar das propostas apresentadas, como análise final ao trabalho de dissertação, de acordo com os objetivos apresentados no capítulo I. São apresentadas neste capítulo final algumas das principais linhas futuras de desenvolvimento para o tema, com vista à prossecução de investigação nesta temática, cada vez mais pertinente no domínio das operações urbanísticas em Portugal.

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2 CAPITULO 2: ESTADO DO CONHECIME

CAPÍTULO II

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2.1 Dificuldades iniciais

Com vista ao cumprimento dos objetivos, há que estabelecer diferenças entre procedimentos de operações urbanísticas promovidas pelo sector público e pelo privado, tendo abordagens diferentes de metodologia de materialização dessas operações. Se por um lado o investimento público tem como fundamento a boa gestão dos dinheiros públicos, o investimento privado procura o retorno do investimento feito.

Operações urbanísticas de edifícios abrangem um grande número de possíveis construções, edifícios com vários destinos e tipologias, ou infraestruturas diversas de maior ou menor dimensão. Neste domínio existem já estudos sobre várias problemáticas da construção, e não muito desatualizados, pelo que a possibilidade de execução de inquéritos poderia incutir obtenção de resultados mais acentuados, dada a conjuntura real existente. Não se efetuou contacto direto com empresas e técnicos sobre esta matéria para o presente estudo, por dificuldades inerentes ao tipo de contacto e fiabilidade de nível de resposta, perante o cenário atual.

Um dos objetivos primários seria a tentativa de estabelecimento de uma relação entre tempo de projeto e área de construção, para que se atribua uma estimativa de fácil dedução para os promotores. Esta estimativa terá forçosamente que garantir a qualidade desejada ao projeto de especialidade em causa. Segundo os autores apresentados em capítulos seguintes, essa dedução não é de fácil apuramento, quer sejam donos de obra públicos ou privados, pois ambos decidem demasiado rápido a sua pretensão e o que pretendem é um projeto de execução com a maior brevidade possível.

Uma das dificuldades passa por compreender de que forma a produtividade dos projetistas se alterou com a introdução dos sistemas digitais, e de que forma a sua constante evolução poderá interferir na qualidade do seu trabalho, na pormenorização, na diminuição dos erros de projeto e qual a influência direta no prazo de execução dos mesmos.

O contacto com profissionais do setor parece ser a melhor via para o apuramento destas dúvidas, bem como dos seus conhecimentos na área da sustentabilidade da construção. Ora a dificuldade associada à tentativa de apuramento de prazo de projeto será precisamente a

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exposição que sofrem ao divulgar algo tão pessoal, e que se relaciona com a competitividade para com outros profissionais.

É perfeitamente aceitável que se obtenha uma resistência à transmissão deste tipo de informação, e o risco imediato seria a obtenção de informação imprecisa, ou dados demasiados vagos. Quando se trata de dono de obra público, a imposição de prazo máximo de propostas muitas vezes acarreta riscos muito elevados em termos de rigor técnico, o que se confirma numa grande percentagem dos casos (Brito, 2005).

Ainda que esta informação fosse apurada e considerada válida, poderia suscitar mesmo assim dúvidas relativamente à especificidade dos projetos que foram alvo de análise, ou seja, projetos com áreas de construção similares poderão requerer diferentes níveis de exigência, e isso introduz margem de tempo elevada em termos de execução de projeto.

Os donos de obra e as circunstâncias que muitas vezes estão subjacentes aos projetos também são potenciadores de limitação técnica. Os “negócios relâmpago” e oportunidades de negócio únicas são inimigos da capacidade de decisão coerente, ainda mais com os riscos associados à incerteza dos dias de hoje, e no futuro mais ainda (Pereira, 2011).

Face às intervenções executadas pela Parque Escolar nas escolas nacionais, não é difícil adivinhar que os grandes investimentos públicos estarão em fase de estagnação. O próximo quadro comunitário de apoio está em cima da mesa e já se sabe que o grosso de investimento não irá para infraestruturas, pois as mesmas encontram-se, na sua generalidade, executadas.

Em época de crise dedica-se bastante tempo na introdução de medidas de estímulo à criação de emprego, ao investimento, à tentativa de inovação no tecido produtivo e menos nos procedimentos que tornarão tudo isso possível. Mais ainda, como recursos energéticos de fontes não renováveis estão cada vez menos acessíveis, as metas ambientais são por isso um entrave ao desenvolvimento rápido que se pretende, pois é quase sempre inversa a relação entre ambiente e economia em desenvolvimento e expansão.

Será por isso importante a área de projeto e planeamento, para analisar as tecnologias correntes e as suas lacunas, com vista a apurar o nível de conhecimento do mercado laboral nacional acerca de novas ferramentas, e introduzir novas que sejam potenciadoras de aumentar a produtividade e rentabilidade do tempo de projeto.

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É por estas razões difícil apurar-se uma regra geral que abranja todos os profissionais, quanto ao tempo de projeto e se terão em devida consideração os custos ambientais do que projetam. Mas também não será correto afirmar que não terão em consideração medidas de sustentabilidade para o que projetam, pelo menos as mínimas, seja por exemplo nas estruturas de betão armado mais económicas ou nas redes com traçados mais curtos ou ainda em melhores materiais.

Quanto ao recurso a tecnologias de projeto, nomeadamente software de apoio a projeto, dada a vasta disponibilidade no mercado de marcas e propostas diferentes de abordagem a projeto, não torna acessível o apuramento de rendimentos desejados. Todas as aplicações são diferentes na sua essência mas todas possuem o mesmo objetivo, complementando-se tecnicamente (Clemente, 2012).

Outra das dificuldades de base prende-se com o facto de não se pretender ser crítico para com a legislação vigente, mas antes a proposta de uma forma construtiva para uma nova a ambição que a legislação poderá ter. Veja-se o exemplo das restrições europeias no capítulo dos transportes, e agora com normas europeias sobre os edifícios. O caminho será a maior eficiência e respeito pelo ambiente, e devem assim ser criadas bases legais para que estes princípios de análise ambiental e de sustentabilidade sejam obrigatórios, tal como os introduzidos para eficiência energética.

De notar ainda que, quando se propõe a introdução de um mecanismo de avaliação de sustentabilidade, deverá obter-se informação relevante no que concerne aos materiais e soluções usadas. Isto deixa outras questões em aberto, sobre a possibilidade das soluções construtivas apresentadas em projetos de execução poderem ser recusadas por parte das entidades licenciadoras, não se vislumbrando de momento instrumentos legais para o fazer, daí a necessidade de implementação de instrumentos neste domínio de atuação.

Deixa-se em aberto a questão de introdução de mecanismos de projeto mais eficientes, sem alteração das atuais normas legais. Poderia caminhar-se para uma maior sensibilização dos agentes para que fossem adotados princípios base de projeto nas diversas fases de projeto e de ciclo de vida destes, envolvendo os profissionais intervenientes na conceção de projeto.

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2.2 Contexto atual

Em Portugal assiste-se a uma trilogia negativista do sector de construção composto pela retração, regressão e reconversão na orientação do sector. Retração massiva da atividade de construção e os mais diversos subsectores que lhe dão suporte, a regressão em procedimentos construtivos para que as obras existentes se situem e posicionem num carácter de preço ainda mais acessível e, por oposição às anteriores, a oportunidade de reorganização e readaptação de todo o tecido empresarial ligado à atividade.

Neste âmbito é comum o surgimento de legislação com o intuito de simplificar os processos administrativos ou readaptar a legislação vigente com vista à revisão processual de todas as operações urbanísticas face à evolução tecnológica. Esta procura evolutiva aplica-se quer sejam processos de caráter privado ou de iniciativa pública.

No passado verificou-se que os investimentos estruturais públicos tiveram um forte impacto na economia do país, tendo impacto direto e indireto em vários sectores da indústria da construção, para tentativa de dinamização empresarial e criação de emprego. Por detrás deste motor económico podem surgir dinamismos associados noutras áreas, na hotelaria, restauração, comércio, que de uma forma geral beneficiam as comunidades locais.

Muitas vezes a aplicabilidade da legislação e a sua abrangência não se coaduna com o ritmo real da atividade de construção, e que por muito que a legislação procure simplificar procedimentos e enquadrar todas as variantes num só diploma, a regulamentação ainda não consegue corresponder ao imperativo imediato de iniciar um qualquer investimento, de qualquer natureza, com a liberdade de ação que a lei procura dar a um qualquer promotor ou agente, ou que se pensa que se está a dar, dando a ilusão de que tudo é rápido e na realidade estará longe de cumprir a missão para que são redigidos.

Será de esperar que num futuro cada vez mais próximo o legislador (estado) atribua ainda mais a iniciativa e responsabilidade de investimento aos privados, dados os escassos recursos de investimento que atualmente possui, com o exemplo recente das unidades hospitalares privadas que nasceram nos últimos 3 anos, a fim de suprir necessidades do país a este nível. O mesmo sucedeu por exemplo com as autoestradas de que tanto se fala como ruinoso para os contribuintes.

(39)

O setor da construção envolve obrigatoriamente vários agentes, entre os quais os técnicos, que possuirão necessariamente responsabilidade acrescida no atual modelo.

A evolução que a legislação urbanística sofreu deixa antever, a breve trecho, que se procure um modelo base que sirva os interesses público e privado, contribuindo para a diminuição dos impactos negativos da existência de pesada carga legislativa. Deve ser caminhar-se para maior flexibilização quanto ao início de uma qualquer operação urbanística.

Esta legislação pode e deve ser flexibilizada sob vários mecanismos, um deles será através da cuidada atribuição de responsabilidade repartida entre agentes, ou ainda com fiscalização efetiva de toda a atividade de construção. As associações profissionais terão certamente um papel importante para esta transposição de responsabilidades.

É reconhecido o papel das associações profissionais para que se encontre um modelo base de supervisão das entidades e cujos atos a praticar sejam coniventes com a formação académica e técnica dos profissionais da atividade.

Assim, é chegado o momento de atuar em todo o processo de responsabilização dos agentes presentes no setor, o dono de obra, os promotores imobiliários, os técnicos, as entidades licenciadoras locais e regionais. Atuar será necessariamente refletir e repensar o futuro da atividade económica deste setor em Portugal.

A origem de qualquer investimento surge sempre com o propósito de lucro, sendo o lucro indexado ao risco que o promotor assume como seu. Este proveito muitas vezes limita-se a uma parcela irrisória do que poderia efetivamente ter sido. Certo será que a morosidade do processo de investimento tem influência direta na margem de risco ou ainda, no pior dos cenários, pode até anular o investimento.

Esta morosidade precisa ser compreendida para ser atacada, combatida, mitigada e minimizada, ou eliminada se possível. Exemplos de reflexão são do conhecimento de todos os profissionais, qualquer um terá casos para refletir e necessitam de ser abordados com imparcialidade.

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O procedimento previsto no RJUE é meramente burocrático, e por si só potenciador de atraso, de desmotivação, de custos iniciais desnecessários, de revisões sucessivas de projeto, de alterações e de tempo, para não falar que uma boa percentagem dos projetos é abandonada durante a sujeição de apreciação, o que é ainda mais gravoso para a economia local em tempos de crise como a que atualmente se vive.

A crise que se instala a cada dia é motivo suficiente para que se reestruture todo o sistema, com ajuda primordial de todos os agentes nacionais, muitos deles com larga experiência internacional e conhecedores das melhores práticas nacionais e internacionais.

Os atrasos são objeto dos maiores constrangimentos e embaraços que são conhecidos em Portugal, a constante e sistemática leviandade com que se encaram os atrasos nas obras, e como consequência os litígios que daí advêm, originando quase sempre avultados encargos adicionais para todos os agentes. Pelo exposto, qualquer que seja a natureza ou complexidade de uma operação urbanística, são vários os focos de análise que poderão estar indexados ao fator tempo ou fator prazo.

Como definição, tempo ou perceção do tempo não é comum a todos os agentes na atividade de construção. Para o promotor serão os custos, para o técnico autor de projeto será a execução do que é pedido, com a melhor qualidade possível, no prazo previamente estabelecido e acordado com o promotor, salvaguardando os interesses de todos os intervenientes na operação, públicos e privados, o ambiente, as normas do território, as normas de projeto, a compatibilidade dos interesses do promotor com as normas legais de nível local, regional e nacional, o enquadramento legislativo de toda a operação, a interação de todos os agentes que poderão intervir no processo, entre outros.

Para todos eles, o prazo terá a importância que cada interveniente lhe atribui, e a legislação vigente e os agentes que concedem todas as autorizações necessárias à realização das operações de construção não estarão ainda preparados para considerar na mesma ordem de importância, o significado da palavra tempo. Por exemplo, o tempo em construção nova ou em reabilitação terá significados diferentes e podia assumir especial relevância dado o decréscimo acentuado nos últimos anos nos índices de novos fogos ou nova área edificada para qualquer fim.

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No atual contexto, existe um elevado número de edifícios com necessidades de reabilitação, logo surge uma grande oportunidade para a indústria nesta vertente (Pires et al., C.M; Bragança L., 2011).

A palavra tempo aqui terá o significado que o dono lhe atribuir, e que na atualidade, face à variabilidade de circunstâncias económicas a que está submetido, a urgência que dá à operação a executar está sempre limitada pelos prazos legais atribuídos pelo RJUE às entidades licenciadoras, entidades essas que possuirão consulta obrigatória a outras entidades mas que se pretende célere, mas que nem sempre corresponde ao desejado.

Os técnicos aqui surgem como interlocutores devidamente preparados e tecnicamente habilitados a que tudo decorra com a maior brevidade possível, com vista à eliminação de dúvidas de projeto e que são origem de correção, pois a transparência e imparcialidade por vezes não se verifica e desde cedo interferem diretamente na rapidez de aprovação dos projetos, levando ao constante incumprimento dos prazos legais máximos de resposta.

Figura 1 - Incidência dos diferentes tipos de erros de projeto no total de erros (Brito, 2005)

Dada a relevância de uma das conclusões do trabalho efetuado por Brito (2005), deve dar-se atenção redobrada para os 90 % de casos que apontam a erros de projeto. Embora a conceção possa ter várias leituras no contexto do trabalho, a pormenorização deficiente representa mais de metade dos casos em que verificaram erros, o que é incompreensível com as tecnologias atualmente disponíveis.

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suportam as exigências para operações urbanísticas promovidas por promotores particulares. Por exemplo, se for analisado apenas e só o caso de projetos de índole particular, o prazo de execução de projeto é inscrito em contrato estabelecido entre dono de obra e técnicos de projeto, sejam projetistas ou arquitetos, engenheiros técnicos ou civis, passível sempre de divergência mas que possui como ultimo recurso os tribunais.

É relativamente comum ou consensual que nos casos de quebras contratuais por uma ou ambas as partes, que daqui o prejuízo não deverá insurgir-se com grande visibilidade no erário público, a não ser nos casos em que exista execução de obra e manifesta violação de parâmetros urbanísticos e que promovam insegurança pública.

Os prazos legais vigentes visam limitar os prazos de respostas das entidades, o que foi um dos grandes passos evolutivos do RJUE, assim como a maior responsabilização dos técnicos subscritores dos vários projetos que sustentam a operação urbanística a realizar (Leitão, 2011). Segundo este autor, no caso de procedimentos de iniciativa pública, o Código de Contratos Públicos (CCP), introduzido através do decreto-lei 18/2008, de 29 de janeiro, veio produzir alterações significativas nos procedimentos existentes à data e que se encontravam vigentes desde a década de setenta.

Neste sentido, após introdução de nova legislação, de aplicação de novas metodologias de abordagem a projetos e obras de carácter privado e público, de fornecimentos de bens e serviços ao setor público, e conjugados com a grave crise económica. Seria de esperar uma maior capacidade na atração de investimentos por parte dos municípios portugueses, através de uma maior rapidez na obtenção de um qualquer licenciamento.

Para tal, o papel dos técnicos nunca foi tão importante, veja-se por exemplo em casos de pequenos investimentos como a implementação de pequenos negócios de comércio e serviços, com simples comunicação ao município para sua instalação mas com total responsabilização do técnico na sua implantação, ao nível técnico e legal.

Os prazos estabelecidos no RJUE dizem apenas respeito à manutenção de aprovação de determinadas decisões durante tempo máximo, prorrogável mas que terá um fim, devido a possíveis alterações de pressupostos urbanísticos que estão na origem da aprovação inicial.

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Deu-se ainda importância muito relevante à questão das acessibilidades e ao cumprimento mínimo de normas de segurança em edifícios residenciais.

Na atualidade, torna-se comum o abandono de projetos aprovados por dificuldades económicas ou de financiamento, e que necessariamente deverão reunir novos pressupostos aquando da sua reabertura. Muitas vezes é origem de atraso o simples facto de, àquela data, o mesmo técnico não assumir novamente o processo. Isto causará novos prejuízos ao dono de obra por exemplo pelos direitos de autor dos projetos iniciais. Este é apenas um dos exemplos mais frequentes, pelo que o atraso se soma aos encargos não previstos pelo dono de obra.

Através da evolução da tecnologia ao nível do software em finais do séc. XX e introdução do desenho assistido por computador, deu-se uma revolução na produção de projeto por parte dos projetistas. Nos dias de hoje, o que se verifica como evolução natural de toda a indústria da construção está na capacidade de evolução constante de um projeto em execução. O controlo absoluto sobre todas as atividades em curso, no futuro, irá distinguir os bons profissionais dos melhores.

2.3 Panorama internacional

Segundo Couto, Baldwin et al. (1971) foram os primeiros a abordar a temática dos incumprimentos no setor da construção, aos quais se seguiram Chalali et al. (1984). Com maior impacto surgiu a tese de Kraiem et al. (1987) que apresentaram novos conceitos relacionados com a ocorrência simultânea de várias causas que originam atraso na construção, planeamento e execução, através do conceito de atrasos concorrentes.

Seguiram-se estudos nas áreas de impacto económico destes atrasos de obra, em contexto real por exemplo na Nigéria (Elinwa et al., 1993) e na Tailândia (Ogunlana et al., 1996). Já nesta década se sugeria a necessidade premente de atenção dos gestores de projeto e das associações empresariais do setor para questão da articulação entre todos os fornecedores de materiais para uma gestão eficaz do projeto na globalidade. No final da década de noventa, Chan et al. (2002) analisaram o impacto nefasto dos consecutivos atrasos em diversos projetos em Hong Kong. No médio oriente, com o crescimento do setor da construção no início do século XXI, surgem novos estudos em casos concretos na Jordânia (Sweis et al, 2008).

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Construction methods Conventional method Composite method Cast-in-situ method Full- fabricated method

O que terão em simultâneo será a auscultação, na maioria dos estudos, de muitos dos intervenientes do setor nos países em estudo. Um grande número de casos apresenta causas comuns passíveis a todos, daí que a discussão possa ser alargada e a experiência dê lugar a debate. O maior estudo realizado em Portugal, como já referido, foi o estudo realizado por Couto (2006) e que nos capítulos seguintes será alvo de análise mais aprofundada. A introdução do tema em Portugal foi feita por Moura (2003), que começou por estudar as reclamações apresentadas durante o processo de construção.

Estes dados foram assumidos como bastantes relevantes e com validade, dada a análise concreta de todos os atores intervenientes no processo, do número de respostas válidas e ainda das questões analisadas quanto aos principais problemas no setor.

Estudos mais recentes começam a incorporar já a inclusão das novas TI nos projetos de construção, o seu impacto no setor e nos intervenientes, bem como os benefícios da aplicação das mesmas nas empresas, a fim de se mitigarem muitos dos problemas que foram alvo de estudo. Foram ainda analisados os métodos construtivos, agregados e classificados, com vista à obtenção de correlação das diferentes causas e classificações de processos de construção, conforme figura 2 seguinte.

Figura 2 - Classificação dos métodos de construção (Badir et al., 1998)

Cada um deles terá vantagens e desvantagens e que importará, noutro contexto, analisar, mas será de referir que estão a ser estudadas, em mercados cujo conceito de industrialização da construção tem já grande dimensão, novas metodologias de análise de risco e potenciais alvos de atraso nos métodos mais industrializados, ou seja, onde a pré-fabricação já assume papel importante na área dos materiais de construção e cuja estandardização está já implementada para alguns dos materiais ou soluções construtivas envolvendo diversos materiais.

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Sendo o mundo inconstante por natureza, está pois sujeito às mais diversas variáveis de intervenção humana ou natural. Segundo Jaeger et al. (2001), o risco é uma dessas variáveis e faz parte das características do mundo moderno, social, económico e ambiental, ou seja, do mundo institucionalizado e globalizado.

O mundo económico possui por si só várias características intrínsecas à sua própria natureza, e o risco está associado a todas as decisões assumidamente económicas. O impacto de qualquer curta decisão tomada pode ter impacto fenomenal e imediato a nível global, sejam por exemplo taxas de juro, custo de transações ou até mesmo o preço do petróleo.

O risco que os Estados Unidos correram e que se associa ao sistema de hipoteca próprio que possuem foi uma das causas da crise de 2008. A economia global conheceu o mais recente revés pela promíscua relação entre redes imobiliárias com as instituições financeiras. A consequência mais visível foi a falência de várias instituições financeiras e a crise da divida agudizou-se rapidamente, contagiando a Europa de forma severa. A vida de milhões de pessoas foi assombrada rapidamente pelo desemprego, instabilidade emocional levou ao desespero e em muitos casos ao fim voluntário da vida.

2.4 Panorama nacional

O impacto económico internacional tem efeitos severos, não só na atualidade mas como no passado, onde Portugal foi alvo de ajuda internacional três vezes na sua história, em 1978, 1983 e mais recente em 2011.

A análise do tecido empresarial do sector da construção em Portugal pode ser alvo de estudo aprofundado. A evolução pós revolução de abril teve picos e serão provavelmente estes pontos os que deverão ser alvos de estudo. A revolução de acessibilidades e infraestruturas foi seguramente responsável por grande parte das ajudas comunitárias após a adesão de Portugal à comunidade europeia. A ânsia de obra levou Portugal à situação atual mas que se procura inverter, agora que todas as infraestruturas do país se julgam suficientes e que todos os investimentos públicos são bem mais racionais no que toca à execução.

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imediatas e não de resultados a longo prazo. É corrente verem-se medidas de estímulo à economia perderem efeito assim que terminam investimentos do estado, por exemplo nas obras públicas. Tal dependência da economia arrasta para o desemprego milhares de pessoas e tem efeitos imediatos no produto interno do país. Medidas de lançamento de investimentos sem retorno levou o país ao ponto em que nos encontramos.

O setor da construção foi provavelmente o único que sente desde a primeira hora os efeitos da bolha que teve início em 2008 e que perdura à data de hoje. Não só, segundo dados da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), destacando os dados do EUROSTAT, Portugal é o terceiro país europeu com maior quebra anual na produção do setor, situação que é agravada pelo facto se tratar de uma economia que vê esta atividade a regredir há mais de 11 anos consecutivos, não se passando o mesmo na Europa, como se pode verificar na tabela 1 que se segue.

Tabela 1- Índice de produção do sector da construção (Fonte: Eurostat)

INDICE DE PRODUÇÃO DE CONSTRUÇÃO MES ZONA EURO PORTUGAL VARIAÇÃO MENSAL DEZ-2012 - 0,3% 0,6% JAN 2013 - 3,1% -1,8% FEV 2013 0,6% -0,6% MAR 2013 -1,8% -10,9% ABR 2013 1,0% 6,6% MAI 2013 -0,2% -2,1% VARIAÇÃO HOMÓLOGA DEZ-2012 - 4,0% -18,5% JAN 2013 - 10,1% -22,7% FEV 2013 2,2% -23,0% MAR 2013 -7,6% -16,9% ABR 2013 -6,8% -23,7% MAI 2013 -5,1% -12,9%

Recentemente foi estabelecido pelo governo um pacote para o setor com 52 medidas, o denominado “Compromisso para a Competitividade Sustentável do Setor da Construção e do Imobiliário”, documento estratégico, cuja base assenta na Agenda Europa 2020 e nos objetivos por ela propostos como sendo o crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

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Sabe-se por isso que se o tecido empresarial alargasse a sua amplitude de negócio e expansão de implantação de atividade, provavelmente haveria menor exposição à crise interna.

A agravante maior será a desconfiança dos portugueses face à capacidade da classe política em governar adequadamente e convenientemente o destino do país. Sendo o clima económico e social bastante adverso, é precisamente o tempo adequado para pensar seriamente sobre todos os procedimentos que fazem a atividade económica mexer, sendo grande a preocupação em volta desta temática.

Agora que o setor apresenta níveis de produtividade reduzidos dada a retração da economia, pode analisar-se toda a legislação que está subjacente ao setor, bem como a interligação com os seus profissionais e sistemas de educação existentes, a fim de se perceber se o que foi feito até agora é o que o país necessita para o futuro.

A indústria da construção em Portugal não é o principal motor económico, mas tal como em outros países da Europa, é preponderante na economia, segundo Baganha (2002). Em avaliações recentes do Tribunal de Contas (2009) e da Comissão Parlamentar (2013) de avaliação às parcerias público-privadas são esclarecedores quanto às derrapagens e desvios nos contratos de concessão e construção relativos a investimentos públicos. Em alguns casos com fortes indícios de gestão danosa para o estado e claro, para os contribuintes. Vejamos o exemplo da recusa em 2012, por parte do Tribunal de Contas, de contratos no valor global de 1,85 mil milhões de euros por desconformidade com a lei aplicável.

O risco existente na construção é elevado e as empresas na generalidade desde sempre assumiram a orçamentação como forma de cobrir o risco associado a uma qualquer construção, que no caso das obras públicas, incide diretamente em encargos para todos os contribuintes (AECOPS, 2006). A figura 3 abrange alguns desses riscos nas várias fases de uma operação urbanística.

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Importa então identificar as causas e as diversas formas em que esse risco se transforma em dilatação de prazo previamente contratualizados, prolongando-se no tempo que por sua vez se transformam em encargos extracontratuais e litígios muitas das vezes desnecessários.

Figura 3 - Riscos associados as fases de ciclo de vida de projeto (adaptado de Feder, 2004) Será necessária a clarificação e identificação do tecido empresarial português para perceber a composição e estruturas das empresas nacionais. Pela constatação de vários estudos realizados e alguns já executados em Portugal, surge por isso a oportunidade de introdução de novos procedimentos administrativos e técnicos, com a idealização da introdução de mais recentes metodologias de abordagem a projeto, com introdução ainda mais efetiva da componente ambiental, desde logo na fase de conceção dos projetos.

Com as mais recentes TI é já possível a introdução de mecanismos de troca de informação fiável, rápida e cujos meios de consulta de informação não serão mais vistos como um custo. Esta visão de custo certamente terá significado diferente para DO e projetista, contudo, e estando a abranger obras públicas, o tempo em que se decidem determinadas operações

1. Especificação e Viabilidade de Projeto - que trabalho é elaborado? - o promotor tem experiência? - o projeto depende de outros? - existe algum gestor de projeto?

2. Conceção geral - a conceção satisfaz a especificação? - quem vai realizar a pormenorização? - a estimativa de custos permite alterações? - quais os riscos prévios?

3. Localização do terreno e licenciamento - foram cumpridos os procedimentos legais? - o terreno está livre de qualquer ónus? - existem questões pendentes? 4. Conceção pormenorizada e adjudicação - a conceção geral é suficiente para a pormenorização e cálculo de custos?

- as empresas tiveram tempo suficiente para analisar o projeto e apresentar propostas realistas?

- o promotor conhece as empresas e a sua situação de mercado?

- as condições locais estão estudadas devidamente, existem riscos não previstos? - existem recursos para pagamento ao construtor? 5. Construção - as disposições de gestor de projeto cumprem-se? - os pagamentos construtor são executados? - o projeto encontra-se conforme calendarização? - surgiram riscos acessórios imprevistos? 6. Entrega de obra - a obra corresponde ao contratualizado? - foram cumpridos os procedimentos para a entrega? - quais as disposições de pagamento final?

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urbanísticas não tem sido acompanhado pela qualidade de projeto suficiente para que sejam salvaguardados os interesses dos verdadeiros utilizadores, que é o público em geral.

Exige-se por isso o compromisso sério entre tempo e qualidade, e é disso que se trata a metodologia BIM. Operar com o compromisso de contributo permanente de ambas as partes para um projeto eficaz, eficiente, com qualidade e exequível em termos ambientais, com o planeamento adequado desde a fase de conceção por parte dos DO públicos.

Sugere ainda a criação de partilha de dados via web, pós adjudicação. O modelo permitirá a gestão permanente e a adoção de técnicas Lean e LCA/PLM (Product Lifecycle Management), conjugado com as técnicas apresentadas por Couto (2006), as-built e comparações com calendarização e custo. Para esta transmissão web sugere-se o formato xml.

O processo adotado pela Finlândia é o que mais se aproximará da seguinte proposta:

Figura 4 - Faseamento de concurso a propor

Isto a antever a introdução da metodologia e aperfeiçoamento das ferramentas com vista a obter das mesmas o nível de detalhe que se pretende. Não se poderá descurar que esse detalhe advém da introdução, na fase de projeto base, da informação considerada mínima indispensável para posterior projeto de execução. A ideia a reter será a eliminação de tramitação em papel dos instrumentos de decisão do projeto base e fases posteriores. A capacidade de visualização de todas as dúvidas para posterior pedido de esclarecimento será provavelmente em tempo real, na base de confiança mútua e no princípio de optimização de tempo e de trabalho.

Quanto às peças que compõe esse projeto base e o projeto de execução, as mesmas fixar-se-ão em regulamentação própria, pois terão ainda de ser definidos os meios adequados à tramitação

PROJETO BASE PROJETO DE EXECUÇÃO GREEN DESIGN

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informática dos projetos, bem como das ferramentas de interligação entre vários formatos, envolvendo questões de compatibilização entre formatos de desenho.

Na metodologia tradicional, o projeto de execução é composto pelos elementos abaixo indicados, após várias recomendações do TC, com os contributos de vários autores para que sejam mitigados vários conflitos decorrentes dos projetos e concursos públicos, bem como a tentativa de se minimizarem revisões de projeto e consequentemente dos prazos de entrega, e mais que isso, os elevadíssimos encargos que o estado comporta com todos estes atrasos, isto para não falar nos prejuízos para os utilizadores das infraestruturas. A composição do CCP pelo TC é a seguinte:

- Memória descritiva e justificativa evidenciando a definição e a descrição geral da obra;

- Análise da forma como se deu satisfação às exigências do programa base; - Indicação da natureza e condições do terreno;

- Justificação da implementação da obra e da sua integração nos condicionamentos locais existentes ou planeados;

- Descrição das soluções adoptadas para satisfação das disposições legais vigentes; - Indicação das características dos materiais, dos elementos de construção, das instalações e do equipamento; Análise e Discussão de Resultados

- Justificação técnico-económica;

- Cálculos relativos às diferentes partes da obra apresentada de modo a definirem, pelo menos, os elementos referidos para cada tipo de obra e a eventualmente justificarem as medidas adoptadas;

- Medições, com indicação da quantidade e qualidade dos trabalhos necessários; - Orçamento baseado nas quantidades e qualidades de trabalho das medições;

- Peças desenhadas de acordo com o estabelecido para cada tipo de obra e a representação de todos os pormenores necessários à sua perfeita compreensão, implantação e execução da obra;

- Condições técnicas gerais e especiais do caderno de encargos;

Para resposta às preocupações dos DO, projetistas e construtores (já previsto no CCP), deverão incluir-se obrigatoriamente (salvo casos de comprovada irrelevância para o projeto):

- Análise base e de campo;

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