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4. Realização da Prática Profissional: Ensinar e aprender 45

4.2. Área 2: Participação na Escola e Relações com a Comunidade 96

4.2.5. Direção de Turma: A gestão da turma e as suas competências 111

"Para que o processo de E/A seja organizado, visando a sua orientação nas múltiplas dimensões do desenvolvimento do aluno, é necessário estipular um professor que exerça o papel de liderar todo este processo, de modo a que este e o grupo/ turma possam alcançar os objetivos educativos" (Brás, 2000).

No decorrer deste ano letivo tive a oportunidade de acompanhar a DT da minha turma residente, com o intuito de perceber e familiarizar-me com o con- texto real e adquirir competências nesta vertente, uma vez que era umas das funções do EP. Este acompanhamento não foi constante porque o dia para a organização e resolução de problemas atribuído à DT era a segunda-feira, o que me impediu de estar presente devido à existência de aulas na faculdade nesse dia. Porém, sempre que me foi solicitada ajuda por parte da DT estive sempre presente, quer através de comunicação pessoal ou de correio eletróni- co. Todo este processo foi de extrema importância para mim porque fiquei a

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conhecer melhor a turma, quais os principais problemas inerentes a cada aluno e qual a melhor forma de conviver com eles.

O acompanhamento desta função elucidou-me sobre a importância da ligação entre a escola e a família, uma vez que é na escola que os alunos pas- sam a maior parte do tempo e a relação entre ambas as partes é uma impor- tante forma de colmatar o insucesso dos alunos. A importância do papel da DT é crucial para a formação dos alunos, enquanto estudantes e indivíduos da sociedade. Como menciona Zenhas (2006. p.166), “o DT tem um papel de charneira na concretização da colaboração escola-família”. É através da DT que os Encarregados de Educação conhecem o rendimento escolar dos seus filhos e as relações que este estabelece no contexto da escola. Como já referi anteriormente, não estive muito presente em reuniões com a DT. Porém, ela deu-me a conhecer todo o processo legislativo por que um diretor de turma é responsável no decorrer do ano letivo. Assim, verifiquei e ajudei a elaborar um dossier de turma, onde, graças às suas explicações, fiquei a conhecer que este englobava documentos legislativos do cargo da DT, incluía os critérios de ava- liação de todas as disciplinas da turma, reunia as atas de todas as reuniões realizadas no decorrer do ano pelo Conselho de Turma, as Fichas presenciais dos docentes e dos Encarregados de Educação, as informações detalhadas de cada aluno, bem como os contactos e moradas dos Encarregados de Educa- ção e, por fim, as listagens das faltas e das respetivas justificações.

Todavia, o meu acompanhamento não se cingiu apenas a meros forma- lismos, pois estive presente em todas as reuniões do Conselho de Turma, sen- do da minha responsabilidade fornecer todas as informações relativas à minha disciplina, bem como a cada aluno individual. No decorrer destas reuniões foram discutidos e refletidos o desempenho, o comportamento e o aproveita- mento dos alunos. Estive presente também nas reuniões com os Encarregados de Educação. No meu entender, estas reuniões permitem estreitar laços entre a família e a escola, pois são uma oportunidade de os pais conhecerem os seus educandos no contexto escolar, saber mais sobre o seu sucesso ou insu- cesso e os métodos de aprendizagem e disciplina que imperam nas salas de aulas. A transmissão de informação e o esclarecimento das dúvidas apresen-

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tadas foi crucial, uma vez que a linguagem da escola é, por vezes, um fator de afastamento de muitos Encarregados de Educação pela utilização de vários termos técnicos, obrigando a que a DT esteja atento à linguagem que utiliza e saiba adequá-la às características sociais e culturais das diferentes famílias (Zenhas, 2006). Este foi um aspeto que considerei muito importante nestas reuniões, a postura que a diretora de turma adotou consoante o Encarregado de Educação de cada aluno, uma vez que nem todos os alunos mantêm o mesmo comportamento nas salas de aula.

4.2.3. Desporto Escolar: Um marco simbolizando a entrega, a

dedicação e o reforçar da identidade enquanto professora

“A aula de EF é parte maior do desporto na escola. Mas a promoção de uma verdadeira cultura desportiva na escola passa por sair dos limites da aula de EF e explorar melhor as possibilidades do DE.” (Marques, 2006, p. 145).

A minha participação no DE ficou marcada pelo acompanhamento de uma equipa de Futsal masculino, correspondente ao Escalão Infantil B. Neste sentido, a minha intervenção passou por ministrar os treinos trissemanais, acompanhar a equipa nas competições realizadas ao fim de semana, no decor- rer do ano letivo e conhecer como de desenrola o DE na escola e o preenchi- mento das fichas de jogo realizadas pelos docentes, neste caso por mim (con- forme a Figura nº15). Nesta tarefa, o meu principal objetivo foi contribuir para que os alunos se sentissem bem a praticar a modalidade e aprendessem mais sobre o jogo.

Para mim, esta experiência foi o reviver dos tempos em que jogava como atleta federada, e graças à minha experiência consegui transmitir aos alunos o desejo de vencer e de querer ser cada vez melhor naquilo que faze- mos, sem nunca esquecer a competição saudável, uma vez que estes jogos eram uma disputa entre escolas. Contudo, sublinho um aspeto contraditório, que não soube ainda compreender se seria positivo ou negativo, foi o facto de muitos alunos que competiam no DE serem também atletas da modalidade em diferentes clubes, demonstrando um nível de jogo aceitável. Este aspeto pode

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ser positivo mas também negativo, pois o conhecimento do jogo e das regras tornava a adaptação dos novatos na modalidade cada vez mais difícil e cria- vam-se diferenças entre alunos. Assim, para colmatar esta situação, no decor- rer dos treinos fui pedindo ajuda aos mais experientes na modalidade para auxiliarem e ajudarem os que eram menos aptos, com o intuito de criar laços de união e interajuda na equipa graças à partilha de conhecimentos.

Nas competições, antes de cada jogo, salientava a importância da vitó- ria, mas principalmente o espírito de ajuda e união entre todos os elementos da equipa; por exemplo, o guarda-redes da equipa, tendo o peso acima do reco- mendado, era alvo de algumas críticas e piadas, e por isso eu procurava esti- mular o apoio e a ajuda de todos os elementos para o sucesso do jogo em todas as vertentes, dentro do campo e fora dele. O mais importante no DE era que os alunos vivenciassem todas as experiências que dele advinham e que, acima de tudo, fossem felizes enquanto jogavam.

De todas as participações em que estive envolvida, esta foi sem dúvida a mais sistemática e a mais continuada no tempo, porém a mais gratificante de experienciar pois, como já disse anteriormente, esta foi a modalidade na qual competi durante alguns anos, e por isso recordei muitos momentos e consegui transmitir à equipa os sentimentos de um jogador na primeira pessoa. Esta experiência foi um marco importante, uma vez que contribuiu para uma melhor compreensão do que é o DE e como funciona. No decorrer da mesma, como já referi anteriormente, era eu que estava responsável pela equipa, pela constitui- ção para os jogos, pela convocatória dos alunos, pela repreensão de algum comportamento ou atitude menos aceitável por parte de algum, e era até mes- mo responsável por falar com os pais sobre qualquer assunto relacionado com o DE. Todavia, fui sempre amparada pelo meu PC, que desde o início que con- fiou em mim e nas minhas decisões, e apoiava no meu trabalho. Enquanto pro- fessora, esta vivência foi especial, uma vez que também cheguei a competir no DE na modalidade de futsal enquanto aluna, e estar agora num papel diferente tornou-se extraordinário. O facto de estar por dentro do processo, de conhecer as regras e o regulamento, do convívio com os outros colegas de outras esco- las, a tomada de decisão dos alunos para o primeiro jogo, tudo isto me fez

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crescer enquanto professor, ajudou-me a identificar esta profissão como sendo a ideal, a perfeita, aquela em que melhor me enquadro.

Wenger (2000) reconhece o valor das comunidades de prática para as organizações e a importância do trabalho que essas organizações devem desenvolver para criar contextos favoráveis ao desenvolvimento das comuni- dades de prática. De todas as experiências vivenciadas na EC, não contando com a lecionação, esta foi sem dúvida a mais especial e mais autêntica. Assim, a minha participação no DE fica marcada por reconhecer o valor da oferta des- portiva proporcionada pela EC, pois para a maioria dos alunos, a escola consti- tui a única oportunidade de prática desportiva organizada (Silva et al., 2006).

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4.3. Área 3: Desenvolvimento Profissional - Cultivar a Liderança