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3. Enquadramento da Prática Profissional 21

3.2. O Estágio profissional no Enquadramento Legal e Institucional 24

O estudo da escola como organização tem vindo a ganhar cada vez mais importância, permitindo um maior conhecimento da instituição escolar enquanto “unidade pedagógica, organizativa e de gestão” sem esquecer a sua identidade e individualidade (Barroso, 2005, p.55).

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A FADEUP orienta o EP no campo da docência, que dispõe no seu ciclo de estudos do 2º ano de Mestrado em Ensino e EF nos Ensinos Básicos e Secundários, segundo algumas exigências legais e institucionais.

No que se refere ao primeiro, o EP é regulado segundo o Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº43/2007 de 22 de Fevereiro, que se reporta à obtenção de habilitação profissional para a docência e para o grau de Mestre. O EP contempla não só a PES, realizada em contexto real de ensino, numa EC com protocolo com a FADEUP, mas também o relatório de estágio profissional, orientado por um Professor da Faculdade, que deve ser defendido perante um júri em provas públicas. De acordo com Matos (2013; p.2), o EP “visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da PES em contexto real, desenvolvendo competências pro- fissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e refle- xivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão”.

O segundo decreto de lei referido, que define as condições de atribuição da habilitação para a docência, surge ao mesmo tempo da implementação do processo de Bolonha. A implementação deste processo ao nosso sistema de ensino Português, surge da necessidade dos estados membros da União Europeia (UE) proporcionarem uma comparabilidade, transparência e legibili- dade no ensino superior dos sistemas europeus. Neste sentido, todas as insti- tuições de ensino passaram a possuir uma nova organização dos graus a atri- buir e, por outro lado, possibilitaram uma abertura mais eficaz da empregabili- dade e do desenvolvimento de métodos que assegurem a acreditação dos cur- sos nos estados membros da UE.

Com o intuito de operacionalizar a PES, a FADEUP organiza o estágio em grupos constituídos por três a quatro estagiários, o PC da escola e o PO da faculdade. Ao EE é delegada a responsabilidade de conduzir o processo de E/A de uma turma do ensino básico ou secundário do PC. No entanto, todo o processo de conceção, planeamento, realização e avaliação é supervisionado tanto por este docente como pelo PO (Batista et al., 2012).

A natureza complexa, unitária e integral do processo de e E/A, bem como as características gerais da atividade do professor que decorre num con-

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texto balizado pelas condições gerais do sistema educativo, pelas condições locais das situações de educação e pelas condições mais próximas da relação educativa, obrigam a uma tentativa de integração e de interligação das várias áreas e domínios a percorrer no processo de formação e, em particular, no EP, de forma a retirar o formalismo das realizações e a promover as vivências que conduzem ao desenvolvimento da competência profissional. Os determinantes do exercício da competência, tais como os valores, a motivação e a atitude positiva face à profissão percorrem todas as áreas de desempenho e em todas têm de ser trabalhados de forma sistemática, como refere Matos (2010). Por outro lado, o contexto institucional realiza-se no segundo ano do 2º ciclo de estudos em ensino de EF no ensino básico e secundário.

No primeiro ano do mestrado constam no currículo disciplinas relaciona- das com o conhecimento teórico sobre tudo aquilo que está inerente à escola e um conhecimento pedagógico e didático algo redutor que apenas nos transmite algumas noções elementares do ato de ensinar desprovida de um contexto real. No 2º semestre do primeiro ano estão todas as didáticas das diferentes modalidades incluindo a didática geral. No 3º e 4º semestre a faculdade aposta em lançar-nos para o terreno no qual temos que lecionar aulas sob a supervi- são de um PC e de um PO proveniente da instituição promotora do estágio.

No EP deve-se realizar várias tarefas, recorrendo-se à metodologia de projeto, ou seja, seleção/definição do problema, preparação e planificação do trabalho, avaliação intermédia (AIT) e avaliação final (AF).

A instituição promotora desta experiência apresenta o seu próprio enquadramento, que a distingue das demais instituições, devidamente estrutu- rado e orientado. Assim, todo o EP apresenta quatro áreas de desempenho interligadas: Área 1: “Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem”, esta área engloba a Conceção, o Planeamento, a Realização e a Avaliação. O objetivo passa por construir uma forma de intervir no processo de ensino e educação dos alunos que seja regido por orientações pedagógicas. A Área 2 e 3: “Participação na Escola e Relações com a Comunidade”, nestas áreas pre- tende-se que o EE ajude, através do seu trabalho e dedicação, ao sucesso educativo de forma contextualizada, cooperativa, responsável e inovadora. Pre-

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tende-se, ainda, que seja desenvolvido o trabalho de conhecimento da comuni- dade escolar, promovendo a participação ativa dos encarregados de educação no seio escolar e proporcionando a integração de intervenções que envolvam as potencialidades da comunidade escolar. Por fim, a Área 4: “Desenvolvimen- to Profissional”, área em que o EE reflete e trata os assuntos relacionados com a sua atividade profissional, que, por sua vez, advêm da experiencia e investi- gação.

Depreende-se, portanto, que o EP ao proporcionar uma experiência real de ensino, permite ao EE contatar, enfrentar e conhecer as vicissitudes da pro- fissão e, consequentemente, adequar a bagagem de conhecimentos que pos- suía às exigências concretas e contextuais da prática, (Batista et al., 2012), sedimentando assim o conhecimento profissional docente.