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2. Enquadramento Biográfico: Do Abstrato à vontade concreta 5

2.2. Expetativas em relação ao Estágio Profissional: Da Incerteza à

Como refere Graça, et. al. (2013), no processo da FI existe um distan- ciamento com a realidade encontrada nas escolas, refletido das relações Uni- versidade/Escola e da FI/trabalho.

O início do processo da minha formação como licenciada em EF e Des- porto surgiu em período anterior ao meu ingresso na FADEUP. A licenciatura foi completada no ISMAI mas o sonho de ingressar na Faculdade de Desporto falou mais alto pelo que concorri e fui aceite à frequência no mestrado do 2º Ciclo em Ensino de EF, nos ensinos Básico e Secundário.

Ainda que durante o primeiro ano estivesse muito confiante para a última etapa, a mais importante do meu percurso académico, por me sentir bem pre- parada e motivada, com a entrada neste segundo capítulo do mestrado (o estágio) algumas expetativas e medos acerca do advindo emergiram. Um dos meus medos foi o não conseguir atingir os objetivos/metas que me foram impostos, tanto pelo PC como pelo PO. Principalmente, o receio de não conse- guir aplicar no campo da prática todos os conhecimentos adquiridos no decor- rer da minha formação.

Sempre esteve bem presente no meu pensamento e no meu quotidiano a convicção de que o ato de ensinar, de transmitir conhecimentos e valores vai muito para além da ação de transmitir conhecimentos em si. Penso que para um professor, seja ele que disciplina for, o ato de educar deve estar sempre presente e de forma consciente através de um processo de amadurecimento, tanto para o professor como para o aluno, uma vez que é através deste ato que vamos transmitir tudo aquilo que sabemos e os alunos vão aprender e desen- volverem-se. Além de ter sido uma grande expetativa era também um grande medo, pois o aparecimento do erro, de uma falha poderia deitar por terra todo o trabalho até ao momento construído e desenvolvido.

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As estratégias que me propunha a utilizar, com preocupações em desenvolver a autonomia nos alunos, seriam outro sobressalto para mim, sabia que cada turma era uma turma e cada aluno era um aluno, e não se podia homogeneizar, o que levava a que o desenvolvimento do meu papel enquanto professora fosse um verdadeiro desafio que pretendia ultrapassar com distin- ção. Carneiro e Passos (2009) destacam dois aspetos no desenvolvimento pro- fissional do professor, são estes a sobrevivência e a descoberta. As minhas expetativas eram muitas, iniciando pela turma, pela escola, pelos meus colegas e por toda a comunidade escolar. As expetativas de querer ser sempre melhor dia após dia e transmitir aos meus alunos todo o meu conhecimento. Citando Piéron (1993), a expetativa é uma atitude de espera com um certo grau de esperança, este é um conceito que se relaciona com os projetos pessoais e profissionais. Por seu lado a motivação poderá ser considerada como um con- junto de fatores psicológicos, conscientes ou não, que determinam um certo tipo de conduta por parte do indivíduo. Foram exatamente essa motivação e procura de desenvolver a minha competência profissional, os pilares que sus- tentaram o lidar com as contradições entre as expetativas baseadas num ideal abstrato da prática com a complexidade do terreno e do carácter adaptativo que o EE necessita rapidamente adquirir nesse processo. Como afirma Arends (1995. p.122), “a motivação é um conceito bastante abstrato que não é nada fácil de definir. Ela é interior à pessoa e portanto não pode ser observada”. No meu caso a motivação veio do apoio da minha família, dos meus amigos e sobretudo dos meus alunos. Foram eles que desde o primeiro dia me demons- traram o porquê de ter escolhido esta área, foram eles que me motivaram a querer ser cada vez melhor e foram eles que me sustentaram nos momentos mais difíceis, pois mesmo parecendo estranho os "meus meninos" foram o grande pilar de todo este meu percurso e foi graças a eles que no final deste ano letivo pude concluir que dei o meu melhor, principalmente para eles.

Enquanto EE vivia um contrassenso difícil de assimilar e, por vezes, a linha entre ensinar e aprender, o papel de aluno e professor estava muito pró- xima, o que levava a que tivesse receio de não a conseguir ultrapassar. Porém era um desafio que pretendia agarrar e ultrapassar para que o meu papel de

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professora se tornasse sólido e marcante. Uma vez que apesar de ser EE, ain- da continuava a ser aluna, fez com que tivesse receio de errar em determina- dos momentos, tais como, na lecionação de alguns conteúdos que não domi- nasse, no controlo da turma, no controlo de alguns comportamentos inapro- priados que poderiam surgir, porém foi um desafio, que como já referi anterior- mente, queria vencer. Como cita Freire (2001, p.259), "não existe ensinar sem aprender." A aprendizagem que se gera na prática constitui um elemento for- mativo fundamental, segundo as palavras de Alarcão (1996).

Assim, a minha maior expetativa para este ano de estágio foi conseguir transmitir aos meus alunos o que significa o desporto nas suas vidas, qual a sua importância, qual o seu maior desígnio. Qual o papel o desporto nas suas relações fora e dentro da aula e quais as consequências no seu dia-a-dia, bem como elevar os seus conhecimentos sobre cada modalidade lecionada. Motivá- los dia após para a prática e o gosto pela prática. A vida na escola passa a ser o quotidiano do professor, e a interação com os seus alunos o vínculo mais importante.

2.3. Entendimento do Estágio Profissional: Do choque com a reali-