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Discurso sobre a política e a sociedade da época

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A igreja e o contexto brasileiro na perspectiva dos/as pioneiros/as

2 Opinião dos missionários sobre política, sociedade e teologia e a prática da igreja

2.1 Discurso sobre a política e a sociedade da época

Em abril de 1950, Arthur Erie Graham e sua esposa fizeram uma lista de curiosidades sobre o Brasil em forma de “você sabia que...”, das quais destacamos algumas que nos forne- cem a visão que os missionários tinham daquela região do Brasil, e que ao mesmo tempo a contextualizam nos aspectos social, cultural, econômico, religioso e histórico: Quase todas as casas possuem uma máquina de costura; sobressai-se a cultura de bananas e cajus; geralmente homens usavam bigode e mulheres cabelos “naturalmente” encaracolados e pretos; não se in- gere bebidas alcoólicas ou se extrai leite nas sextas-feiras santas; não há leis e nem reconhe- cimento do divórcio; a maioria dos protestantes são pentecostais; há proteção policial ao culto e liberdade religiosa em todo o país; muitos são expulsos de seus lares se aceitam a Je- sus como salvador; Natal possui 60 mil habitantes e não tem corpo de bombeiros; poucas jo- vens fumam, mas muitas senhoras fumam cachimbo; no interior a população caminha por qui- lômetros para ir à igreja e não deixavam o culto se a reunião se prolongasse; quase todos os lares brasileiros são abertos ao evangelho; [no nordeste] somente se consideram duas esta- ções: verão e inverno (abril a julho); o burro é meio de transporte mais comum; os casais se

339 [SILVA], Wallace de Góis. Ernst Grimm: partiu para a glória um dos grandes pregadores do pentecostalismo

brasileiro. O Herói da Fé. Janeiro, Fevereiro e Março de 2015, ano LX, nº 1, p. 15.

casavam em duas cerimonias separadas: civil e religiosa; “Idolatria, superstição e imoralidade entre esse povo é fruto de uma religião sem o Evangelho”; tem 21 estados e uma forma de governo representativa; o governo é militar e ditatorial [época de Eurico Gaspar Dutra: 1946-1951].341

Na edição de maio de 1950, Miller descreve alguns aspectos da cidade de Pesqueira, um novo desafio missionário para eles: possui uma significativa atividade industrial com tomates e outros produtos, alguns seminários católicos, um ou dois conventos e a casa do bispo da di- ocese que também ficava na cidade, e conclui: “sim, ela certamente precisa do evangelho”.342

Quando do retorno de Chester Miller e família ao Brasil, após 22 dias de viagem no na- vio Del Monte, escreveu em maio de 1951 que não via grandes mudanças no país: “Brasil é ainda o Brasil”343. Encontrar uma casa para alugar era sempre um desafio. O automóvel tão aguardado demoraria dois meses ou mais para chegar e o transporte coletivo, muito precário, eram os caminhões conhecidos como pau-de-arara que carregavam em más condições a mui- tas pessoas pelas estradas poeirentas e instáveis. O sol quente castigava a pele branca dos/as missionários/as gringos, além do desconforto diante das diferenças climáticas de um país para o outro, o que gerava problemas de saúde, principalmente nas crianças: Keren, Daisy e Samu- el. Mas sempre reiteravam que o amor pela missão e a obediência a Deus os motivava a con- tinuar.

Especialmente à noite (provavelmente nos bailes e botequins), os missionários viam o povo “cego”, correndo em busca de formas para satisfazer o coração. E isso, segundo eles, se- ria motivo para muitos quererem pregar para eles. Atente-se também para a notícia sobre polí- tica relacionada à religião veiculada na mesma edição, datando de agosto de 1952:

O governador do estado de Pernambuco [Agamenon Magalhães] morreu no último domingo de um ataque de coração. O povo sentiu profundamente a perda de seu líder. O homem que agora é o governador (até que seja feita uma nova eleição em dois meses) é um cristão e membro das Assembleias de Deus. Ele era um pastor. Orem por ele.344

Algo bem curto foi dito sobre política em outubro de 1954, pouco depois da morte do presidente Getúlio Vargas: “P.S. Nós agradecemos a Deus por nos proteger durante o recente desassossego político aqui no Brasil, muito embora as eleições estejam se aproximando e nós precisamos pedir sempre a Deus por proteção.”345

341 THE PENTECOSTAL WITNESS. Julho de 1950, p. 5 342 Idem. Maio de1950, p. 5

343 Idem. Julho de 1951, p. 3.

344 Idem. Agosto e setembro de 1952, p. 4 345 Idem. Outubro de 1954, p. 8

Em 1956 há uma descrição do quadro econômico do país: “Nós estamos no meio de uma terrível inflação desde os últimos dois anos e tem continuado. Passagens, comida e rou- pas mais do que dobraram de preço.”346 Há também comentários sobre a educação precária no país e a relação que entenderam ter isso com a religiosidade popular:

A baixa educação brasileira tem, como principal responsável, a idolatria ro- mana. Ignorância é a grande arma juntamente com o medo que a igreja ro- mana mantém sobre seu povo. O cordão vermelho era o cordão de São Se- bastião, e o cordão preto era o cordão da Santa Cruz; cada uma servia para manter as doenças e males afastados. No cemitério estava a maior cruz com longas fitas para manter os maus espíritos longe. Esse povo ouve atentamen- te, mas TEMEM aceitar a libertação por meio de Jesus Cristo.347

Enquanto viajava ao Paraná, em janeiro de 1957, onde oficializaria mais uma congrega- ção, Ward continuava a observar o progresso da região sudeste e sul e o contraste de situações ainda em desenvolvimento:

Eu viajei de trem elétrico através do Estado de São Paulo, e por milhas, a única plantação verde que consegui ver era de café. Foi uma bela cena. En- tão, quando estava na linha entre São Paulo e Paraná, imagine qual não foi meu desapontamento quando tive que trocar um trem elétrico por uma velha maria-fumaça. Esta, obviamente, veio mais lentamente e nós não tivemos que viajar muito até descobrir barro vermelho, e devido à estiagem no Para- ná, o barro estava se transformando em poeira.348

Em 1959 Russel Frew descrevia com preocupação o fato de o clima seco do nordeste ainda castigar as pessoas, principalmente no sertão, e ainda havia altos índices de famílias com fome, sede e crianças morrendo sob a desnutrição. Os homens trabalhavam de 10 a 12 horas debaixo de sol intenso, recebendo numa semana menos do que um estadunidense rece- bia em um dia, e muitas vezes, voltavam pra casa saindo do escritório com a resposta de que não havia dinheiro disponível para o pagamento.349

Annie Frew contou também um episódio do então diácono Luis Alfredo de Santana,350 e

à época do texto (novembro de 1960), pastor de Garanhuns. Durante um culto, foi ameaçado por um soldado, e sabendo de seus direitos constitucionais, foi à delegacia e tudo que pediu foi que pudesse terminar seu sermão. E isto lhe foi garantido. “Ele sabia que uma vez que os Católicos eram livres para fazer suas procissões, os Cristãos também o seriam para realizar seus cultos ao ar livre.”351 Os Frew souberam do caso quando Luis os surpreendeu com a no-

346 THE PENTECOSTAL WITNESS. Março de 1956, p. 3 347 Idem. Abril de 1956, p. 5

348 Idem. Fevereiro de 1957, p. 5

349 Idem. Março de 1959 – Special Edition, p. 5

350 THE WITNESS AND MESSENGER. Novembro de 1960, p. 5 351 Idem. Novembro de 1960, p. 5

tícia em sua casa, e Annie diz que jamais havia visto alguém feliz por sofrer perseguição. Era, porém, comum que a mesma instituição que lhes garantia o direito ao culto, por vezes era a que lhes atrapalhava.

Uma nota interessante sobre a relação igreja-política foi publicada no jornal da PCC. 352 Uma importante igreja Protestante convocou um congresso para uma consulta em grande es- cala sobre segurança nacional e as igrejas, diante da denúncia de um órgão da Força Aérea americana de que haveria comunistas infiltrados no National Council of Churches (NCC), um organismo ecumênico identificado com o evangelho social desde sua origem em 1950.353 O artigo, usando as palavras do Dr. Clyde W. Taylor (secretário para assuntos públicos da NAE ou National Association of Evangelicals354) comentou ainda que o tema de preocupação da Força Aéra deve ser entendido a partir de suas raízes teológicas, e atacar nomes ou organiza- ções poderia ser arbitrário. Mas explicou que “Evangelicais são em geral inclinados a aceitar um capitalismo justo como o meio de vida mais funcional na ordem social deste mundo, ao passo que muitas igrejas liberais são dedicadas aos princípios do socialismo.” Acrescenta ain- da que se preocupa com alguns dos primeiros, que podem tender a um reacionarismo que bei- ra o farisaísmo. Já os segundos tendem a se sentirem chamados para uma revolução social, e que apesar de não adotarem todos os princípios marxistas-leninistas, tendem a defender um “evangelho Social”. O autor indica que o mais sensato a se fazer é colocar em mesa todas as questões para serem discutidas sob a ótica teológica, política e social. Só assim se poderia cla- rear essa situação que estava confundindo as pessoas.

Horace Ward manifestou preocupação com o crescimento do catolicismo nos EUA, e com o fato de que isso influenciou as eleições presidenciais de 1960, e parece mostrar uma postura política conservadora por seu saudosismo e pela posição política de desaprovação do presidente eleito naquele ano: John F. Kennedy, do partido dos Democratas, derrotando o candidato republicano, Richard Nixon. Na sua visão, a eleição de Kennedy significava retro- cesso e risco à liberdade:

352 THE WITNESS AND MESSENGER. Março de 1960, p. 6-7

353 Disponível em <http://nationalcouncilofchurches.us/about/history.php> Acesso: 16/01/2015.

354 A NAE é uma organização estadunidense fundada em 1942 e que atualmente reúne 40 denominações “evan-

gelicais”, inclusive pentecostais, dentre as quais estão a IPCC e as AGs, membros desde os anos 1940, as AG por influência de J. Roswell Flower (http://paulmatzko.com/j-roswell-flower-visits-bob-jones-college/). Segundo o site oficial da NAE, evangelicais nem sempre se autodenominam assim, mas são identificados por defenderem o conversionismo, isto é, a necessidade do “novo nascimento”; o ativismo missionário e reforço de reformas soci- ais; biblicismo, a mais alta consideração e obediência à Bíblia; e o crucicentrismo, ou seja, crença no sacrifício de Jesus que tornou possível a redenção da humanidade. (http://www.nae.net/church-and-faith-partners/what-is- an-evangelical).

Quando eu tomei conhecimento da maneira com que o Catolicismo vem crescendo nos Estados Unidos, e a maneira desavisada que o nosso povo tem olhado para ela, me faz quase estremecer. Pode-se esperar e orar para que Deus prepare missionários brasileiros para pregar ao povo de Estados Unidos da América nos próximos anos.

Quando eu penso em como nossos pais vieram da Europa procurando por um lugar onde pudessem adorar a Deus livremente, e agora verem que a mesma igreja da qual eles fugiram está crescendo mais rapidamente nos Es- tados Unidos do que qualquer outra religião – até mesmo elegendo um pre- sidente nos EUA. Hoje eu penso, aonde nós vamos chegar, eu me pergunto se Patrick Henry gritou em vão, “Dê-me a Liberdade, ou dê-me a Morte!” Muitos lutaram para conquistar nossa liberdade. [Mas,] nós não votamos em manter isso. Nós não podemos mais remediar o passado, mas podemos pedir a Deus que tenha misericórdia de nós e nos manter despertos no futuro.355 Na edição de fevereiro de 1961 Ward faz, novamente, duras críticas à Igreja Romana, com o subtítulo Rome Shows Its Colors356, na intenção de mostrar o que “Roma faz quando tem total poder” e faz isso narrando um episódio em que o Frei Damião, na cidade de Patos, Paraíba, incitou uma multidão de fiéis ao “fanatismo”. Segundo descreveu um missionário eu- ropeu, o som que faziam parecia de trovões. Chegaram a jogar bombas caseiras contra o te- lhado e a danificar as paredes de uma igreja presbiteriana. A polícia interveio antes que ata- cassem uma igreja pentecostal e uma batista, apesar de terem causado certo dano a esta últi- ma. No fim das contas, Ward afirmou que o frei não sofreu punição alguma e o prejuízo mate- rial seria pago pelo governo federal brasileiro, uma vez que o frei era italiano e entrou no Bra- sil livremente. Ward disse que a máscara de Roma começava a cair e se perguntava se o mesmo não estava para acontecer em dez anos ou mais nos Estados Unidos. Perguntava-se se em breve um padre não poderia mandar matar protestantes como se cães fossem. Preocupação semelhante apareceria no jornal O Herói da Fé, num artigo de capa de julho-agosto de 1962, intitulado União Perigosa, de autoria de Cícero Ribeiro de Brito.357

355 THE WITNESS AND MESSENGER. Dezembro de 1960, p. 5 356 Idem. Fevereiro de 1961, p. 4

357 O texto toma como referência a igreja de Pérgamo, na qual havia o trono de Satanás, segundo a carta em

Apocalipse 3. A igreja de Pérgamo, “sinagoga de Satanás”, representa “uma cristandade com um evangelho obs- curecido e adulterado [...]. PÉRGAMO. Esta palavra quer dizer, ou significa; casamento. Representa a união da igreja com o Estado. De modo que assim chamamos uma igreja casada com o mundo.” Brito compara aquela comunidade cristã com o período histórico da constantinização da Igreja, que associada ao império romano, faz uma união mais interessada em assuntos políticos do que religiosos. Da mesma forma, argumenta, nós fazemos quando assumimos certas doutrinas para agradar alguém. Brito acusa aquela igreja nos seguintes termos: “perdeu seu caráter isolacionista, e casou-se com o mundo.” O império concedia benefícios como grandes catedrais e utensílios de ouro à Igreja e ao seu clero. A idolatria foi introduzida nesse período. Enfim, a igreja se desviou de seu propósito quando fez aquele casamento. De certa forma, representa o pensamento protestante-pentecostal a respeito do catolicismo e sua mistura com o mundanismo da política e, consequentemente, a atitude desse grupo diante da política ser, não raro, omissa. (BRITO. In O Herói da Fé: 1962, p. 1-2)

Apenas para se fazer mencionar uma empresa diretamente ligada aos problemas políti- cos do Brasil, em outubro do mesmo ano, numa carta Horace Ward, ao regressar ao Brasil, comparou a Panair do Brasil – empresa que mais tarde seria fechada pelos militares – com a Varig, e destacou que a segunda era melhor em serviços e pontualidade.358

Ward comentou um pouco sobre política e economia no Brasil em comparação com os EUA, justamente na época de transição do governo Jânio Quadros para João Goulart e as ten- sões que envolviam o momento histórico:

As coisas estão mais calmas por aqui agora. O vice presidente está no Rio Grande do Sul, e parece que eles vão permitir que ele tome posse do gover- no, mas isso levará ainda alguns dias. Acho que as coisas vão se estabilizar. Eu gostaria que algo acontecesse para frear a inflação. O frango aqui, como disse o Irmão Grimm, custa dois mil cruzeiros o quilo. (isto significa cin- quenta centavos de dólar por libra – lembrando que os salários aqui são mais baixos do que nos Estados Unidos e os preços mais altos – todos os salários mais baixos)

[...] Os serviços postais mais do que dobraram de custo durante os poucos meses em que estive fora.

[...] Claro que os preços nos Estados Unidos [também] estão subindo cons- tantemente e a inflação aí é um problema. Porém, [...] eles tem sofrido ses- senta por cento mais inflação dos que nós dos EUA, apenas em poucos me- ses.359

No jornal da PCC de abril de 1962, a Sra. Vera Peacock escreveu um pequeno texto de- nominado A Call to Pray, 360 em que, pedia aos norte-americanos que orassem pela sua pátria, pois, diante do que se ouvia no rádio, o país estava sob grave ameaça, e que se Deus não vies- se a fazer cessar a guerra, que não os deixasse perecer. O contexto era de tensão, que envolvia as pressões da União Soviética sobre os EUA através da ilha de Cuba [crise dos mísseis, aprox. 1961-1962].

Annie Frew, na coluna The Young People do jornal da PCC, abril de 1962, fala da ten- tação que as promessas do Comunismo representam diante das dificuldades enfrentadas no nordeste do Brasil, como a incapacidade de alguns sustentarem a própria família, a mortalida- de infantil, o difícil acesso à educação e o alto índice de analfabetismo – e o consequente im- pacto socioeconômico – faziam do nordeste, segundo Frew, um solo fértil para as “doutrinas comunistas”. Apesar disso, diz ela, que havia obreiros valorosos no Brasil, citando seus no- mes, e que permeneceram fiéis mesmo diante do que chamou de atitude do comunismo de

358 THE WITNESS AND MESSENGER. Outubro de 1961, p. 5 359 Ibidem.

“fechar portas” e assim estancar a esperança de muitos que precisam de Cristo. Mas, não fica claro a que portas exatamente ela se refere.361

Na coluna Religions in The News, o jornal The Witness and Messenger, da PCC, de 1963 expôs também um artigo da NAE (National Association of Evangelicals), na pessoa de seu presidente, Dr. Robert A. Cook, revelou desconfiança quanto à visita de 16 líderes cris- tãos da Rússia aos EUA, e sua quase certa anuência aos ideais do regime soviético, pois não poderiam atravessar a “cortina de ferro” se não estivessem de acordo com sua política. Acres- centou também:

O Líder Protestante disse que as declarações que têm sido feitas por alguns dos outros líderes religiosos da delegação dão provas de que eles estão sendo usados para promover o movimento Comunista pela paz.

Citando reportagens recentes de perseguição religiosa na Rússia, Dr. Cook disse: “Os Cristãos americanos vão continuar a identificar-se com os seus irmãos por trás da Cortina de Ferro, mas muitos de nós não podemos ajudar, mas me pergunto se a verdadeira igreja na Rússia não pode ser representada de forma mais precisa nos 32 Cristãos Siberianos que apelam em vão para obter ajuda na embaixada Americana do que por aqueles a quem o governo Comunista não tem medo de confiar a participar nas visitas de intercâm- bio.”362

Na segunda parte da mesma sessão, o jornal reproduz outra matéria intitulada Christians

in Russia Suffering the Worst Persecution in 40 Years [of Communist Domination],363 que

procura demonstrar a situação de angústia vivida sob o regime.

Em maio de 1963 outro artigo da coluna Religions in The News expôs atenção ao co- munismo. O texto Church Leader Urges Stronger Efforts Toward Convertion of Communists, extraído da revista da United Evangelical Action, mostra as falas do Dr. C. N. Hostetter no sentido de incentivar e mostrar a atuação de cristãos para “deter o comunismo” e converter seus partidários ao cristianismo. Acrescenta ainda:

Ele afirmou que “45 anos de história Comunista testemunha que os objetivos de justiça social e justiça econômica nunca poderão ser realizados na sociedade, a menos que o homem encontre a liberdade e a libertação do egoísmo, tirania e rebeldia que, em seu próprio seio.

“Cristo... porvê essa libertação e é o caminho para a justiça entre os homens e da retidão que pode banir a opressão, a dominação e a tirania.”

Ele sugeriu que os evangélicos “facilmente confundem o encontro com Cris- to com apologias [a modelos] econômicos e políticos”364

361 THE WITNESS AND MESSENGER. Abril de 1962, p. 6 362 Idem. Abril de 1963, p. 8

363 Ibidem.

Ward não deixou de falar (e fazer comentários positivos, embora com alguma peocupa- ção com uma possível restrição à liberdade religiosa) sobre a mudança de presidente da repú- blica ocorrida bruscamente em abril de 1964. O texto é traduzido na íntegra, logo abaixo:

Um Presidente Derrubado

Talvez você já tenha ouvido falar que outro presidente abdicou de seu cargo. Desta vez ele foi forçado a fazer isso.

Seus planos para fazer do Brasil comunista falharam, e acho que agora ele está no Uruguai.

Deus seja louvado, porque o caso parece ter sido solucionado sem o derra- mamento de sangue. Pareceu por um momento que poderia haver uma guer- ra civil, mas as forças armadas pareceram favorecer a democracia, então Jo- ão Goulart não teve apoio suficiente para levar seus planos adiante.

Por favor, orem para que sejamos capazes de fazer tudo o que é possível a fim de prover o evangelho a todos os brasileiros enquanto temos liberdade. Alguns sugeriram que todos os comunistas deveriam ser enviados para Cuba, mas eu sugiro que eles deveriam ser enviados para Russia ou China. Cuba não está a uma distância segura de nós.

Desde a mudança de governo vários comunistas tem sido eliminados dos correios, e talvez as correspondências venham com maior regularidade ago- ra.365

Em janeiro de 1966 a NAE (National Association of Evangelicals) emitiu um parecer, que foi publicado no jornal, sobre o que chamou de “desobediência civil” de determinados grupos evangélicos, que por sua tradição de paz, se opuseram à ação militar. No contexto, acontecia a intervenção dos EUA na guerra do Vietnã e na República Dominicana.366

Em março de 1967 Noé Barros da Silva, pastor da ICPB no Rio de Janeiro, em carta à

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