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Excertos de teologia nos textos dos/as missionários/as

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A igreja e o contexto brasileiro na perspectiva dos/as pioneiros/as

2 Opinião dos missionários sobre política, sociedade e teologia e a prática da igreja

2.2 Excertos de teologia nos textos dos/as missionários/as

O primeiro número de 1951 trouxe um artigo de Chester Miller sobre “As coroas”370 que Cristo prometeu, como por exemplo a da Vida e a de Glória, indicando a recompensa fu- tura para os que permanecem fiéis, assim como no passado os reis as utilizavam como símbo- lo de glória. Isto para nós revela um pouco da escatologia presente na mensagem dos missio- nários.

Um pouco da teologia ligada ao movimento wesleyano/holiness transparece na referên- cia à conduta aprovada diante de Deus e ao altar como local de autoconfrontação com os pró- prios pecados, além dos traços de uma teologia tipicamente pentecostal:

Tendo a Luz do Batismo com Espírito Santo, nós deveríamos buscar por esta experiência e, e aúnica forma de manter esta bênção é testemunhando. Está a sua “taça cheia e transbortante hoje?” Se não, então – você tem sido uma tes- temunha Nele? Francamente, cristão, está Ele satisfeito com a sua vida e a minha? Deveríamos nós confessar diante do altar que temos falhado no tra- balho?371

Sabemos mais um pouco também do conteúdo da pregação: “Apenas o Cristo-Filho é capaz de, por meio de seu sangue e poder, realizar uma coisa maravilhosa como transformar o coração humano. Esta é a mensagem que nós pregamos para essas pessoas todos os dias.”372

Em 1953 Russel Frew faz observações que nos servem de dados para captar sua com- preensão teológica (ao menos parcial) do Brasil e de seu cenário religioso:

É um grande privilégio ser um Cristão, e especialmente quando você vive numa terra onde o Príncipe das trevas tem dominado por tanto tempo. O con-

368 THE WITNESS AND MESSENGER. Outubro de 1967, p. 3 369 THE PENTECOSTAL WITNESS. Abril de 1969, p. 4 370 Idem. Janeiro de 1951, p. 4.

371 Idem. Abril de 1953, p. 7 372 Idem. Janeiro de 1952, p. 4.

traentes entre o Crente e o não-crente aqui é marcante... é realmente impres- sionante de ver o zelo que esses cristãos têm pelo seu Senhor.373

É fator de destaque que o trabalho na igreja era feito tanto por membros ordenados (mi- nistros) ou não (leigos), especialmente quando legitimados pela bênção do batismo pentecos- tal: “Em cada ‘frente’ relatórios são feitos das contínuas bênçãos nos ministros e leigos. Um dos líderes recebeu o batismo do Espírito Santo e é mais do que um tição de fogo! João Dio- dato é o nome do obreiro e está trabalhando numa igreja relativamente nova.”374

Ward demonstrou também a tristeza que sentia pela seca no interior e pelo fato de na ci- dade de Buique cerca de 3 mil pessoas marcharam até o escritório do prefeito para exigir co- mida ou trabalho. Muitos já não acendiam mais o fogão porque não tinha nada para cozinhar. Algo, porém começava a ser feito pelos missionários e obreiros: “Alguns de nossos pastores, incluindo o Irmão Frew, tem dado de seus próprios salários para sustentar os necessitados.”375 Ward, porém, em seu ponto de vista, via na situação uma oportunidade favorável para o cres- cimento numérico da missão no Brasil:

As coisas, naturalmente falando, não parecem muito boas, mas temos apren- dido que quando as pessoas estão no próprio limite, é mais fácil para eles crer no Senhor. Por favor, ajude-nos em oração pela obra que Deus nos deu, uma grande colheita de almas. Enquanto as pessoas estão chorando por pão para sustentar seu corpo natural, que sejam alimentadas pelo alimento espiritual para sustentar seu corpo espiritual.376

Frew, ao contar como reagiu à noticia da morte acidental de um jovem de 17 anos, fez uma reflexão sobre a incerteza da vida e a necessidade de garantir um bom destino eterno. Pa- ra ilustrar, cita a tradução de um “hino de convite” usado no Brasil:

When the labors of this life shall end,/ And death comes to stand by your side,/ What will be the destiny of your soul?/ Where will your home be then?/ My friend, today you have a choice./ Life or death, which will you take?/ Tomorrow may be too late;/ Jesus wants to save you today!377

A edição de janeiro de 1964 trouxe um artigo intitulado The Pentecostal Position,378 de

Thomas F. Zimmerman, então presidente das Assembleias de Deus (referida no jornal como a maior denominação pentecostal) nos EUA. O texto fez uma breve apologia histórica ao mo- vimento pentecostal, afirmando, sobretudo, que o pentecostes não terminou em Atos 2, mas se

373 THE PENTECOSTAL WITNESS. Junho de 1953, p. 3. 374 Idem. Julho de 1953, p. 5.

375 Ibidem, p. 6. 376 Ibidem.

377 Idem. Fevereiro de 1961, p. 3. 378 Idem. Janeiro de 1964, p. 1 e 7.

espalhou pelo mundo no decorrer da história e que os grandes avivamentos da história lidera- dos por Finney, Moody e Wesley tiveram amostras dessa experiência.

A edição de abril de 1966 começa com um artigo intitulado Righteous Justice and Equi-

table Judgment,379 por Louise K. Young. O texto trata da justiça de Deus no tocante ao saber

julgar com correção a todas as pessoas, à despeito do que os homens possam pensar.

O discurso do Rev. B. L. Rex, então vice-superintendente e diretor de missões da PCC, na convenção da PFNA de novembro de 1967, Preaching to the mind of our days, foi publi- cado na capa do The Pentecostal Messenger em janeiro de 1988. O texto versava sobre a pre- gação da salvação em tempos de confusão, preconceitos com relação ao comportamento pes- soal religioso, e aconselhava sobre o que falar a quem perguntasse por ela, e não se deveria dizer que a salvação acontece quando se tem uma autopercepção existencial, quando se com- pensa a culpa no trabalho contras as injustiças sociais ou quando se participa de todas as mar- chas de protestos.380 Os problemas sociais e morais são atribuídos à “triste condição espiritu- al”.

Criticou “a falsa doutrina do modernismo” (ameaçando frequentemente a igreja) e que dizia “apenas pregue o amor e um evangelho social”, porque dessa forma se elevava playboys acima de pessoas dedicadas e valorizava um caráter questionável em troca de resultados nu- méricos.381 Entre os desafios dos tempos, estava o que se referia a uma era de intelectualida- de, e marcada por novos conhecimentos científicos e revolução industrial. Ela trazia benefí- cios e malefícios, inclusive o que conduzia muitos intelectuais ao socialismo e gerando inte- resse pelo evangelho social:

Nesta era a nova filosofia de John Dewey sobre a educação se tornou bastan- te popular, lançando as bases para a nossa tendência em direção ao socialismo, que é prima em primeiro grau do comunismo. Eis o porquê mui- tos intelectuais, de alta formação e pregadores modernos tem se envolvido no evangelho social e são ativos em programas de direitos humanos e outros que estão muito ódio e confusão em nossos dias.382

Deaprova, outrossim, tendências humanistas dos tempos de avanços científicos, que en- tendeu como uma troca de prioridades e extrema valorização da ação humana – e o conse- quente esquecimento de Deus:

A mente intelectual inclui o materialismo e o humanismo. Eles ensinam que as coisas materiais trazem felicidade. Humanismo, materialismo e sexo se

379 THE WITNESS AND MESSENGER. Abril de 1966, p. 1-2 380 Idem. Janeiro de 1968, p. 1

381 Ibidem. 382 Ibidem.

tornaram a idolatria do homem ocidental. Um estudante de uma grande uni- versidade disse, “Eu tenho meus próprios deuses particulares.”383

Chester Miller falou ainda sobre The Master’s Call384 na perspectiva de um chamado in- trínseco, peculiar ao ser humano, porém que Deus chama para viver a fé nos aspectos de con- versão, caminhar pela santidade e atender ao chamado do mestre para fazer sua obra.

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