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– Osteonecrose ou “Mal dos Caixões” (M90.3);

– Outros efeitos da pressão do ar e da água não especificados, com CID (T70.8). Há ainda várias outras patologias relacionadas às atividades de mergulho, a exem- plo da síndrome neurológica das altas pressões, intoxicações pelos gases oxigênio, nitrogênio, gás carbônico, monóxido de carbono, porém se apresentam mais fre- quentemente como riscos para o mergulho profissional.

Apresentaremos abaixo resumo das principais doenças relacionadas à exposição à alta pressão da água e medidas preventivas indicadas genericamente na perspec- tiva de trazer a necessária abordagem dessa problemática pouco estudada junto aos trabalhadores da pesca artesanal.

Doença descompressiva

Exposição a altas pressões atmosféricas representa risco clássico para mergulha- dores e trabalhadores em câmaras pressurizadas. Na pesca artesanal é frequente o mergulho, principalmente para a pesca da lagosta e polvo. A doença descompressiva ou “mal dos caixões” (denominação popular em função da sua descoberta relaciona- da à morte decorrente do trabalho na construção de túneis em subsolo submersos em “caixões”) em mergulhadores resulta da exposição à alta pressão da água, com seu aumento devido à profundidade ou a sua redução no momento de retorno à

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superfície. Esta variação da pressão da água do meio ambiente subaquático tem, aditivamente, relação direta com a solubilidade do nitrogênio na circulação sanguí- nea. (KINDWAL, 1999)

A complicação mais frequente da doença descompressiva é a necrose óssea as- séptica. (BRASIL, 2001) A doença descompressiva possui uma correlação com o número de episódios de descompressão sofridos pelo pescador, além da frequência e magnitude da exposição nas atividades de mergulho. A maior parte dos casos de necrose asséptica evolui de forma assintomática (BRASIL, 2001), com lesões prin- cipalmente na diáfise superior da tíbia, cabeça e colo do úmero e no fêmur. Por esse motivo, a Norma Regulamentadora no7 do Ministério do Trabalho (Quadro 2), indica

a realização de radiografias de articulações coxofemorais e escapulo-umerais a cada ano, para trabalhadores expostos à altas pressões atmosféricas.

Quadro 2 - Lesões por Esforços Repetitivos – LER/DORT reconhecidas pelo Ministério da Saúde e Previdência Social e aquelas inicialmente identificadas

nas marisqueiras com sintomas

Neuropatias Compressivas Tendinites e Tenossinovites

1. Síndrome do Desfiladeiro Torácico- Síndrome da Saída do Tórax, Transtornos do Plexo Braquial (G54.0)

1. Doença De Quervain – Tenossinovite Estilorradial(M65.4)

2. Síndrome do Supinador / Síndrome do Interósseo Posterior (G56.3)

2. Dedo em Gatilho – Espessamento da bainha dos tendões flexores (M65.3)

3. Síndrome do Pronador Redondo (G56.1) 3. Epicondilite Lateral (cotovelo de tenista) (M77.1) 4. Síndrome do Interósseo Anterior (G56.-) 4. Epitrocleíte (epicondilite medial) (M77.1) 5. Síndrome do Túnel do Carpo – Compressão do Nervo

Mediano (G56.0) 5. Tendinite Bicipital (porção longa) e Distal do Bíceps

6. Síndrome do Canal Cubital ou Síndrome do Túnel Cubital – Compressão do Nervo Ulnar (G56.2)

6. Tendinite do Supra-Espinhoso (síndrome do impacto) – Síndrome do Manguito Rotator – Bursite de Ombro (M75.2 e M75.1)

7. Síndrome do Canal de Guyon – Compressão do Nervo Ulnar (G56.2)

7. Tenossinovite dos Extensores e ou dos Flexores dos Dedos e do Carpo

RISCOS DE DOENÇAS DO TRABALHO RELACIONADAS... | 115

9. Lesão do Nervo Poplíteo Lateral 9. Distúrbio Musculoesquelético Inespecífico de Membro Superior (M65.9; M70.9; M79.9)

10. Síndrome do Túnel Radial – Compressão do Nervo Radial– ou Síndrome de Wartenberg ou Compressão do Ramo Superficial Sensitivo do Nervo Radial (G56.3)

11. Doença de Kienböck / Osteocondrose do Semilunar do Adulto (M93)

11. Síndrome Cervicobraquial / Compressão Radicular (M53.1) – C5; C6; C7; C8

12. Sinovites, Tendinites, Peritendinites e Tenossinovites de Antebraço, Punho e Dedos (M65.-; M65.3 a M65.8; M70.0 a M70.8)

Síndromes Musculares Síndrome Vasculares

1. Mialgias / entorses 1. Síndrome do Martelo Hipotênar (177.8)

2. Espasmos musculares

2. Síndrome de Raynaud (pode ser encontrada em situações onde há associação de lesões decorrentes dos movimentos repetitivos com exposição ao frio) 3. Dores musculares não característicos –

Fonte: Brasil (2010).

Para os pescadores e pescadoras artesanais esta orientação de exame radiográfico anual está indicada para todos os que apresentem história ocupacional de realização de atividades de mergulho, principalmente para a pesca da lagosta e polvo. Deve- -se incluir nessa conduta marisqueiras e pescadores que necessitam mergulhar em águas profundas (acima de 10 metros de profundidade) para liberar redes presas em pedras ou outras práticas que exigem mergulho sem proteção.

Barotraumas

Os barotraumas podem resultar do mergulho com rapidez, em que há exposição rápida a altas pressões atmosféricas sem condições técnicas de adaptação progressiva ou, semelhante às condições da doença descompressiva, quando ocorre a subida rá- pida do mergulho com a respectiva redução da pressão atmosférica. As condições de riscos que favorecem o desencadeamento dessas patologias nas atividades de pesca sem proteção são similares às citadas para as doenças descompressivas.

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O barotrauma pode ocorrer nas estruturas orgânicas que apresentam pressões que podem se desequilibrar no seu interior. Por isso, segue o exemplo das seguintes estruturas orgânicas que podem ser acometidas pelo barotrauma (ALVES, 2005): ouvido externo; ouvido médio; ouvido interno; seios sinusais; pulmões; face; dentes; trato gastrointestinal; pele; corpo.

No entanto, os barotraumas reconhecidos pelo Ministério da Saúde e Previdência Social são:

Barotrauma sinusal (CID-10 T70.1); Otite média não supurativa – Barotrauma do ouvido médio (CID-10 H65,9); Otite barotraumática (CID-10 T70.0); Perfuração da membrana timpânica (CID-10 H72 ou S09.2).

O barotrauma do ouvido médio pode ocorrer com sangramento da mucosa ou mesmo ruptura da membrana timpânica e janela redonda e pode atingir os seios sinusais. Para os mergulhadores, o barotrauma ocorre com maior frequência na fase de compressão com o mergulho rápido sem proteção.

A otite barotraumática do ouvido externo ocorre na fase da descida do mergulho, consequente da compressão hiperbárica desprotegida e rápida. Enquanto a doença descompressiva do ouvido interno ocorre na fase de descompressão e pode fazer parte do conjunto das manifestações da doença descompressiva.

O diagnóstico de barotrauma, além dos achados clínicos do exame otoscópico, deve ser composto pela história ocupacional positiva centrada no resgate das infor- mações sobre as práticas de mergulho realizadas pelo pescador ou pescadora e pelas suas condições de trabalho, de forma a dar suporte à confirmação do nexo causal. Com estas associações clínicas e ocupacionais, a emissão da CAT deve ser feita, além da avaliação de incapacidade e respectivas indicações de medidas preventivas.

Labirintite ou vertigem relacionada ao trabalho (CID-10 H83.0)