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Economistas ecológicos, inclusive, historicizam sobre a oportunidade que a análise marxista teve em meados do século passado, de introduzir a perspectiva ambiental em suas abordagens, através dos estudos de economia

No documento 123456789/81183 (páginas 65-69)

2 AS TEORIAS CLÁSSICAS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EXAMINADAS SOB A ÓTICA ECOLÓGICA.

13 Economistas ecológicos, inclusive, historicizam sobre a oportunidade que a análise marxista teve em meados do século passado, de introduzir a perspectiva ambiental em suas abordagens, através dos estudos de economia

ecológica apresentados por Serhii Podolinsky. socialista ucraniano. e rechaçados por Engels e Marx (Martínez Alier e Schlüpmann. 1991).

meio ambiente no capitalismo, é que efetivamente sendo uma interpretação da realidade, uma teoria deve considerar aquilo que o concreto contém. Neste sentido, a teoria marxista do desenvolvimento capitalista, na versão corrente da teoria do desenvolvimento, procura compreender como tem agido o capital na busca incessante do maior e mais imediato lucro. Nesta direção, de fato, o capital não tem tido preocupação com os danos ambientais, tais como exaustão de fontes de recursos naturais ou degradação do meio natural ou humano, que possa causar. O que persegue, como forma de manter e ampliar o lucro, é o aumento da produção de mercadorias (sistema produtor de mercadorias) e da produtividade. Neste sentido bem ressalta Guillermo Foladori ao afirmar que “produtivista é o capitalismo e sua tecnologia, não Marx.” (Foladori, 1996: 126)

Somente a pressão da sociedade, sobretudo através dos movimentos ambientalistas e de regulações governamentais, é que coloca empecilhos à atuação do capital sobre a natureza. Mas este é um dado relativamente novo para o sistema. Apenas a partir do último quarto de século o capital efetivamente tem sido submetido a algumas regras restritivas em relação a sua atuação sobre o meio ambiente. Com efeito, a consciência ambientalista, que se difunde desde os anos 1960-70 com o início do aprofundamento da crise ecológica, como vimos no item 1.2., tem trazido ao meio intelectual e científico a preocupação em incorporar às teorias e estudos a temática ambiental, agora posta no mundo concreto.

No que tange ao enfoque marxista das questões ambientais no capitalismo, uma vertente, pode-se dizer ortodoxa, da economia ambiental marxista, como a que se encontra em Foladori (1996), argumenta que na teoria tradicional, especialmente na obra de Marx, estão todos os elementos conceituais e teóricos capazes de interpretar esta temática da atualidade. Segundo esta visão, Marx não o teria feito somente porque seu objeto de estudo era a análise do sistema capitalista e seus efeitos sobre a classe trabalhadora, e não sobre a natureza. A relação deste sistema com a natureza pode, agora, ser feita a partir da obra fundamental de Marx.

Para esta vertente da economia ambiental marxista, a inclusão das questões ecológicas na interpretação do capitalismo a partir da abordagem marxista, deve essencialmente levar em conta o seguinte: primeiramente, que a teoria da renda do solo, ou renda da terra, de Marx, na medida em que aponta a tendência a custos crescentes na obtenção de bens agrícolas e matérias-

primas, seria a resposta para a intervenção da natureza sobre o sistema econômico. Segundo, que não haveria um limite ecológico a levar à catástrofe o capitalismo; a crise ambiental não seria uma restrição ao sistema, o qual sempre encontraria meio de contorná-la. Mesmo porque - argumentam os autores filiados a esta vertente - se limites ambientais à expansão continuada do capitalismo existissem, os limites social e político - ação consciente da classe trabalhadora em momento objetivamente criado pelo sistema para o aprofundamento da luta de classes - precederiam àqueles (Foladori, 1996).

A respeito deste aspecto somos particularmente inclinados a manter reservas em relação a uma visão marxista “ortodoxa” como a expressa em linhas gerais acima, e aceitar a que busca estender ou reconsiderar conceitos do marxismo para captar e analisar a problemática ambiental agora posta ao sistema capitalista. Esta nova abordagem marxista considerando a temática ambiental no capitalismo é tratada pela vertente denominada ecomarxista, detalhada no Capítulo VI.

2.4. Inclusão da problemática ambiental nas teorias econômicas.

Viu-se que as teorias econômicas concebidas até por volta do ano 1970 para interpretar o capitalismo não levam em conta componentes ambientais tais como a degradação do meio pela poluição, destruição de ecossistemas ou exaustão de recursos naturais, renováveis ou não.

A desconsideração destes aspectos pelas teorias até então predominantes não se deve a que anteriormente ao marco temporal referido o fenômeno da degradação do meio ambiente não existisse, obviamente. A degradação do meio ambiente esteve sempre presente desde quando inicia a concentração populacional e das atividades humanas, aprofundou quando da implantação da indústria moderna (Williams, 1995) e se intensificou enormemente sobretudo a partir dos anos 1960. Nesta última fase, a degradação ambiental decorre principalmente: da expansão vivida pelo capitalismo em sua denominada “idade de ouro” (Conceição, 1987), do tipo de atividades industriais qúe se expandem - sobretudo no segmento metal-mecânico e na química;

da agropecuária industrializada; dentre outras razões.14

A pressão das diversas atividades humanas sobre a natureza até por volta dos anos sessenta deste século, no quadro do mundo capitalista, embora relevante, não havia atingido uma situação crítica ou possuía caráter localizado, ou ainda, não possuía a característica de irreversibilidade, o que bloqueava o despertar da consciência ecológica coletiva.15 A intensificação, a partir daquela década, conforme vimos, do processo de industrialização - a indústria permeando todas as esferas produtivas - altamente impactante sobre o meio ambiente seja quanto à exploração de recursos naturais seja quanto à poluição que suas atividades geram, aliada ao aumento da concentração espacial das atividades produtivas e da população, ampliaram a problemática ecológica e fizeram surgir, na sociedade, a preocupação com o presente e o futuro do meio ambiente. (A globalização das comunicações sem dúvida foi importante neste processo; porém seu papel somente se sustenta de forma duradoura na medida em que mantém correspondência com a realidade: e o panorama ambiental, de fato, agravou-se e se tornou preocupante).

Há, portanto, um marco histórico a dividir um período de preocupação social, quanto à degradação do meio ambiente, que não ultrapassava a escala local, e outro, que lhe segue, no qual a consciência ambientalista se difunde amplamente. São, portanto, as modificações nas condições da realidade que alteram a forma como ela é concebida. No âmbito científico, o meio ambiente é, então, incorporado nas teorias existentes, teorias são elaboradas ou reelaboradas para considerar os novos elementos da realidade, especialmente tendo como referência o desenvolvimento sustentável. No campo da Economia, três correntes ambientalistas se consolidam. Na seqüência deste trabalho serão expostas as principais formulações teóricas destas correntes da área econômica, as quais objetivam incorporar a questão ambiental em suas análises. São as abordagens aceitas como as mais importantes da economia ambiental - esta por

chamado "socialismo existente" - conforme se verifica em antigas repúblicas da ex-União Soviética, na China ou em Cuba. As teorias da poluição ambiental em países socialistas apontam como causas desta poluição, basicamente: o nivel das forças produtivas: a organização do sistema de produção: o grau de imaturidade da democracia ou da sociedade civil: o efeito danoso da burocracia: e as metas ou prioridades dos planos econômicos (Ueta. 1989). Pode-se acrescentar quanto a estes últimos aspectos, igualmente a ideologia do desenvolvimentismo associada ao industrialismo. comum a todas as sociedades altamente degradadoras do meio ambiente, na atualidade. Todavia, há especificidades de cada modo de produção e consumo, fazendo com que a explicação fundamental para o mesmo fenômeno seja diferenciada. O objeto de estudo, neste trabalho, sendo a questão ambiental no capitalismo, a análise fica a este restrita.

'' Em termos individuais, e mesmo na ciência, uma consciência ecológica surge antes dos anos sessenta

assinalados no texto. Como exemplo, já em 1957. na França. Bertrand de Jouvenel publica "De V Ècononiie

sua vez um ramo da economia política.16

O paradigma da economia ambiental, por ser este o paradigma do movimento ambientalista, é o desenvolvimento sustentável. E considerando esta relação que se dará o enfoque da economia ambiental na presente tese, tendo em vista o objetivo de deduzir acerca da perspectiva dos autores quanto a alcançabilidade ou não deste padrão, no mundo capitalista.

Na continuidade do trabalho faz-se, então, uma exposição do conteúdo geral de cada corrente da economia ambiental, seguida de apreciação acerca das posições de autores representativos. Inicia-se com a economia ambiental neoclássica; depois, será abordada a economia ecológica e, após a discussão dos indicadores de sustentabilidade propostos por estas duas correntes, será apresentada a economia ambiental neomarxista, ou ecomarxismo.

16 A nosso ver. dada a crescente relevância das questões ambientais para a sociedade, em futuro não distante toda

No documento 123456789/81183 (páginas 65-69)

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