• Nenhum resultado encontrado

EFEITOS ADVERSOS

No documento Odontologia: temas relevantes (páginas 123-129)

Glicocorticóides

6 EFEITOS ADVERSOS

As complicações do tratamento com GC, a frequência e a gravida- de correlacionam-se com a dose e a duração do tratamento, a idade e a condição do paciente, bem como a doença em tratamento. As manifesta- ções patológicas incluem:

ODONT OL OGIA: T emas relev antes v. 3

122

• Hiperglicemia e glicosúria, que, em geral, são leves e passíveis de controle com dieta, insulina ou ambas. Nos diabéticos, aumenta a necessidade de insulina ou de hipoglicemiantes orais.2

• Miopatia, que se manifesta, principalmente, na forma de fraqueza da musculatura dos membros, podendo ocorrer uma redução significativa da massa muscular nos membros.18

• Osteoporose e osteonecrose, em que a perda óssea é mais elevada nos primeiros 6 meses de terapia, e depois os pacientes continuam a perder o osso, mas em ritmo mais lento33. A osteoporose pode resultar

em fraturas por compressão das vértebras e aumento da suscetibilidade a fraturas traumáticas34, 35, 36, 37. A osteonecrose pode afetar as grandes

articulações, em particular a cabeça do fêmur.

• Fraqueza Muscular que, na maioria das vezes, é proximal, sendo geralmente mais proeminente nos membros inferiores.38

• Úlcera péptica, devido à síntese diminuída de PGI2 e PGE2, que proporcionam proteção à mucosa gástrica. Raramente acontece em crianças.5, 18

• Efeitos oculares, através do aumento da pressão intraocular, que pode produzir lesão irreversível. As crianças apresentam uma tendência

Figura 3 - Esquematização do mecanismo de ação do receptor glicocorticóide.

Fonte: FARIA; LONGUI.12

Nota: Após interação hormonal, o receptor glicocorticóide dissocia- se do complexo com as hsp, forma homodímeros com outras moléculas do receptor ativado, transloca-se para o núcleo, interage com o elemento responsivo aos glicocorticóides, bem como com fatores de transcrição, modulando a expressão de genes-alvo. GC: glicocorticóide; GR: receptor glicocorticóide; hsp: proteínas do choque térmico; GRE: elemento responsivo aos glicocorticóides.

123

ODONT OL OGIA: T emas relev antes v. 3

maior a apresentar tais alterações, necessitando de doses e tempos menores de administração que um adulto.39, 40

• Efeitos sobre o SNC, através de distúrbios psicológicos.5

• Alteração na distribuição da gordura corporal, produzindo a aparência cushingóide, através do aumento da lipólise.41

• Infecções bacterianas, devido ao efeito sobre a inflamação e o sistema imunológico, deprimindo a reação do organismo a agentes infecciosos. Nas doses habituais, os corticóides têm pouca interferência sobre a imunidade humoral, não trazendo problemas em relação à infecção bacteriana.1

• Supressão da função hipofisário-suprarrenal, que resulta na supressão do ACTH e, por conseguinte, da produção suprarrenal de corticosteróides.2

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, sabe-se que os efeitos adversos frente à utilização de glicocorticoides estão associados com os mecanismos de transativação, enquanto os efeitos antiinflamatórios e imunomoduladores são relacio- nados aos mecanismos de transrepressão. A partir desse conhecimento, é imprescindível que novas pesquisas sejam continuamente realizadas, a fim de que novos glicocorticóides sejam desenvolvidos, para atuarem na transrepressão, apresentando baixa atividade na transativação. Esses seri- am os chamados glicocorticóides dissociados ou agonistas seletivos do receptor de glicocorticóides (selective glucocorticoid receptor agonists – SEGRA).11

No aguardo do desenvolvimento de novos glicocorticóides com máximo efeito antiinflamatório e imunossupressor, além de baixos ris- cos, devemos continuar a usar os glicocorticóides tradicionais com a cer- teza de que, utilizados de maneira racional, seus benefícios serão maiores que seus possíveis efeitos adversos.11

REFERÊNCIAS

1 MUSTER, D. Médicaments de l’inflammation: anti-inflammatory drugs. EMC-Stomatol., Paris, v.1, p.21–29, 2005.

ODONT OL OGIA: T emas relev antes v. 3

124

2 FATTAH, C.M.R.S. et al. Controle da dor pós-operatória em cirurgia bucal: revisão de literatura. R. Odontol. Araçatuba., Araçatuba, v.26, n.2, p.56-62, jul./dez. 2005.

3 CASTRO, M. de; ELIAS, L.L.K. Insuficiência adrenal crônica e aguda. Medicina (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v.36, n.2/4, p.375-379, abr./dez. 2003.

4 BUTTGEREIT, F.; BURMESTER, G.R.; LIPWORTH, B.J. Optimised glucocorticoid therapy: the sharpening of an old spear. Lancet, London, v.365, p.801–803, 2005. 5 PEREIRA, A.L.C. et al. Uso sistêmico de corticosteróides: revisão da literatura. Med. Cután. Ibero Latino Am., Barcelona, v.35, p.35-50, 2007.

6 MOTTA, A.C.F. et al. Corticosteróide tópico oclusivo no tratamento de manifestações gengivais de doenças vesículobolhosas auto-imunes. An. Bras. Dermatol., Rio de Janeiro, v.81, n.3, p.283-285, 2006.

7 GUYTON, A.C. Tratado de fisiologia médica. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992.

8 KING, S.L.; HEGADOREN, K.M. Stress hormones: how do they measure up? Biol. Res. Nurs., Thousand Oaks, v.4, n.2, p.92-103, 2002.

9 CHECKLEY, S. The neuroendocrinology of depression and chronic stress. Br. Med. Bull., London, v.52, n.3, p.597-617, 1996.

10 NEMEROFF, C.B. The corticotropin-releasing factor (CRF hypothesis of depression: new findings and new directions. Mol. Psychiatry, Houndmills, v.1, n.4, p.336-342, 1996. 11 ANTI, S.M.A.; GIORGI, R.D.N.; CHAHADE, W.H. Antiinflamatórios hormonais: glicocorticóides. Einstein, São Paulo, v.6, p.S159-S165, 2008. Supl.1

12 FARIA, C.D.C.; LONGUI, C.A. Aspectos moleculares da sensibilidade aos glicocorticóides. Arq. Bras. Endocrinol. Metabol., São Paulo, v.50, p.983-995, 2006. 13 BAUM, A.; GRUNBERG, N. Measurement of stress hormones. In: OHEN, S.; KESSLER, R.C.; GORDON, L.U. Measuring stress: a guide for health and social scientists. New York: Oxford University Press, 1997. p.175-192.

14 TSIGOS, C.; CHROUSOS, G.P. Hipothalamic-pituitary-adrenal-axis, neuroendocrine factors and stress. J. Psychosom. Res., Oxford, v.53, p.865-871, 2002.

15 SAPOLSKY, R.M. Glucocorticoids and hippocampal atrophy in neuropsychiatric disorders. Arch. Gen. Psychiatry, Chicago, v.57, n.10, p.925-935, 2000.

16 ARON, D.C.; FINDLING, J.W.; TYRRELL, B. Glucocorticoids & adrenal androgens. In: GREENSPAN, F.S.; GARDNER, D.G. Basic and clinical endocrinology. 7th.ed. San Francisco: McGraw-Hill, 2004. p.362-413.

17 HEIM, C. et al. Altered pituitary-adrenal axis responses to provocative challenge tests in adult survivors of childhood abuse. Am. J. Psychiatry, Arlington, v.158, n.4, p.575-581, 2001.

18 DAMIANI, D.; SETIAN, N.; DICHTCHEKENIAN, V. Corticosteróides: conceitos básicos e aplicações clínicas. Pediatria (São Paulo), São Paulo, v.6, p.160-166, 1984. 19 PASCHOALINI, M.A. [Adrenais]. 2006. Disponível em: <http://

www.cristina.prof.ufsc.br/MARTA/adrenalmed4fase_2006_2.ppt#371,8,Slide 8> Acesso em: 14 out. 2008.

20 SPENCER, R.L. et al. Evidence for mineralocorticoid receptor facilitation of

glucocorticoid receptor-dependent regulation of hypothalamic-pituitary-adrenal axis activity. Endocrinology, Baltimore, v.139, n.6, p.2718-2722, 199

125

ODONT OL OGIA: T emas relev antes v. 3

21 BAMBERGER, C.M.; SCHULTE, H.M.; CHROUSOS, G.P. Molecular determinants of glucocorticoid receptor function and tissue sensitivity to glucocorticoids. Endocr. Rev., Baltimore, v.17, n.3, p.245-261, 1996.

22 WOODWORTH, B.A. et al. Alterations in eotaxin, monocyte chemoattractant protein- 4, interleukin-5 and interleukin- 3 after systemic steroid treatment for nasal polyps. Otolaryngol. Head Neck Surg., Rochester, v.131, n.5, p.585-589, 2004.

23 LIDEN, J. et al. Gluco- corticoid effects on NF-kappaB binding in the transcription of the ICAM-1 gene. Biochem. Biophys. Res. Commun., San Diego, v.273, n.3, p.1008-1014, 2000.

24 SONG, I.H.; GOLD, R.; STRAUB, R.H. New glucocorticoids on the horizon: repress, don’t activate. J. Rheumatol., Toronto, v.32, n.6, p.199-207, 2005.

25 OGAWA, H. et al. Nuclear structure-associated TIF2 recruits glucocorticoid receptor and its target DNA. Biochem. Biophys. Res. Commun., San Diego, v.320, n.1, p.218-25, 2004.

26 DE KLOET, E.R. et al. Brain mineralocorticoid receptor diversity: functional implications. J. Steroid Biochem. Mol. Biol., Oxford, v.47, n.1/6, p.183-190, 1993. 27 LIMA, A.A.S. et al. Tratamento das ulcerações traumáticas bucais causadas por aparelhos ortodônticos. R. Dent. Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v.10, n.5, p.30-36, set./out. 2005.

28 SHULMAN, J.D.; RIVERA-HIDALGO, F.; BEAC, M.M. Risk factors associated with denture stomatitis in the United States. J. Oral Pathol. Med., Copenhagen, v.34, p.340–346, 2005.

29 RADFAR, L.; WILD, R.C.; SURESH, L. A comparative treatment study of topical tacrolimus and clobetasol in oral lichen planus. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral Radiol. Endod., St. Louis, v.105, p.187-193, 2008.

30 MALHOTRA, A.K. et al. Betamethasone oral mini-pulse therapy compared with topical triamcinolone acetonide (0.1%) paste in oral lichen planus: a randomized comparative study. J. Am. Acad. Dermatol., St. Louis, v.58, p.596-602, 2008.

31 SCULLY, C.; CARROZZO, M. Oral mucosal disease: lichen planus. Br. J. Oral Maxillofac. Surg., Edinburgh, v.46, p.15–21, 2008.

32 GREAVES, M.W. Anti-inflammatory action of corticosteroids. Postgrad. Med. J., London, v.52, n.612, p.631-633, 1976.

33 VAN STAA, T.P. et al. Oral corticosteroids and fracture risk: relationship to daily and cumulative doses. Rheumatology (Oxford), Oxford, v.39, n.12, p.1383–1389, 2000. 34 BALTZAN, M.A. et al. Hip fractures attributable to corticosteroid use:

study of Osteoporotic Fractures Group. Lancet, London, v.353, n.9161, p.1327, 1999.

35 CENTER, J.R. et al. Mortality after all major types of osteoporotic fracture in men and women: an observational study. Lancet, London, v.353, p.878-882, 1999.

36 WALSH, L.J. et al. Use of oral corticosteroids in the community and the prevention of secondary osteoporosis: a cross sectional study. Br. Med. J., London, v.313, p.344-346, 1996.

37 IP, M. et al. Decreased bone mineral density in premenopausal asthma patients receiving long-term inhaled steroids. Chest, Northbrook, v.105, p.1722-1727, 1994.

ODONT OL OGIA: T emas relev antes v. 3

126

38 GREENSPAN, S.F.; STREWLER, J.G. Endocrinologia básica & clínica. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

39 NESBITT, L. Glucocorticosteroids. In: BOLOGNA, J.L.; JORIZZO, J.L.; RAPINI, R.P. Dermatology. St. Louis: Mosby, 2003. p.1979-1989.

40 KANSKI, J. Clinical ophthalmology: a systemic approach. 5th.ed. Oxford: Butterwoth- Heinemann, 2003.

41 ROMANHOLI, D.J.; SALGADO, L.R. Síndrome de Cushing exógena e retirada de glicocorticóides. Arq. Bras. Endocrinol. Metabol., São Paulo, v.51, n.8, p.1280-1292, nov. 2007.

No documento Odontologia: temas relevantes (páginas 123-129)