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2. A EXECUÇÃO DA SENTENÇA CIVIL

2.5 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO

2.6.2 A fase de execução (forçada) da sentença: as defesas do

2.6.2.2 Embargos à arrematação e à adjudicação no

No procedimento de execução por quantia certa dos títulos executivos extrajudiciais (Livro II), depois da arrematação, da alienação por iniciativa privada ou da adjudicação, cabem embargos de segunda fase (artigo 746154), para tratar de matérias supervenientes ao momento de oposição dos embargos à execução.

surgimento de uma limitada atividade cognitiva [...]. Nesses casos, como em tantos outros, o núcleo do ato do juiz não é, em absoluto, equivalente ao ato executivo, antes se aproxima de um ato de cognição ou apreciação que caracteriza o processo de conhecimento. Afirma-se, então, que coexiste no processo executivo uma cognição eventual.”.

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Por força da Lei n. 11.382/2006, o texto legal relativo ao art. 746 do CPC/1973 sofreu alteração, isto é, foi transferido do Capítulo IV para o

Contudo, verifica-se que o legislador, nas execuções fundadas em título executivo judicial, não previu a possibilidade de o executado questionar a arrematação, a adjudicação e/ou arguir essas questões supervenientes, processuais e materiais, posteriores ao exercício da impugnação.

Apesar da omissão no capítulo próprio, admite-se a impugnação em face da arrematação ou adjudicação na fase de cumprimento de sentença, por força do artigo 475-R, ou seja: “Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial.”.155-156

Com o início dos atos de expropriação de bens, leciona Araken de Assis (2013a, p. 103) que o trâmite será idêntico a execução de título extrajudicial:

Em primeiro lugar, cabe a adjudicação (arts. 685- A e 685-B); em seguida, talvez o exequente requeira a alienação por iniciativa particular (art. 685-C). Faltando interessados em adjudicar, e não se estimulando o exequente pela alienação por iniciativa particular, resta a hasta pública. Os requisitos do edital (art. 686), o regime da publicidade ordinária (art. 687, caput, e §§1º, 3º e 4º) e extraordinária (art. 687, §2º), as intimações prévias (art. 687, §5º), o procedimento, os agentes (porteiro, hoje também chamado de ‘serventuário da justiça’ no art. 694, caput, embora subsista a Capítulo III do Título II do Livro II e passou a vigorar com a seguinte redação: “Art. 746. É lícito ao executado, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da adjudicação, alienação ou arrematação, oferecer embargos fundados em nulidade da execução, ‘ou’ em causa extintiva da obrigação, desde que ‘superveniente’ à penhora, aplicando-se, no que couber, o disposto neste Capítulo.”.

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Luis Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart (2011, p. 318-319) resumem: “Ainda que a figura esteja prevista apenas em face da execução de títulos extrajudiciais, não há razão há negar o seu cabimento na execução de títulos judiciais, diante da sua compatibilidade com o regime do cumprimento de sentença (art. 475-R do CPC).”.

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Rodrigo Mazzei (2009, p. 662, grifos do autor) também esclarece a respeito: “Observe-se que os embargos de segunda fase poderão ser opostos em sede de cumprimento de sentença, dada a abertura do disposto no art. 475-R do CPC, admitindo-se o seu manejo também para o caso de embargos por carta, nos termos da parte final do art. 747 do CPC.”.

terminologia tradicional no art. 688, parágrafo único, ou leiloeiro), conforme a natureza do bem penhorado, e os efeitos idênticos.

Desde a entrada em vigor da Lei n. 11.382/2006, o sistema processual executivo prefere que o bem seja adjudicado pelo exequente. Não havendo adjudicação nem alienação por iniciativa particular, far-se- á a expropriação dos bens penhorados em hasta pública, que será praça ou leilão. Após a hasta pública, efetuar-se-á o pagamento forçado do débito, produzindo-se, deste modo, a satisfação do crédito exequendo (CÂMARA, 2009, p. 129).

Ora, como mencionado na seção 2.5.2.1.2, na impugnação ao cumprimento de sentença apenas são arguíveis as questões existentes até a penhora. Justo para permitir a alegação dos fatos ocorridos posteriormente à penhora, o legislador criou outra forma de defesa para o executado, consistente nos “embargos de segunda fase”.

Por meio da retificação implementada pela Lei n. 11.382/2006, o artigo 746 prevê duas plataformas de fundamentos que podem autorizar a oposição de embargos, a saber: (i) nulidade da execução; (ii) ocorrência de causa extintiva da obrigação, desde que superveniente à penhora157 (MAZZEI, 2009, p. 665).

Antonio Carlos Garcia Martins (2000, p. 51) traz como exemplos os vícios passíveis de arguição por meio de embargos de segunda fase, entre outras questões: preço vil na alienação, falta de intimação do devedor sobre o dia da praça e do leilão, deficiência na carta de arrematação (artigo 703) e ausência ou vícios na publicação de editais. A jurisprudência também admite a alegação de nulidade da penhora quando o bem for absolutamente impenhorável.158

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Alexandre Freitas Câmara (2009, p. 155) entende que as matérias alegáveis são as enumeradas no artigo 745, ou seja, a nulidade da execução, ou alguma causa extintiva ou modificativa da obrigação, desde que superveniente ao momento do oferecimento da impregnação de primeira fase.

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“PROCESSUAL CIVIL. BEM ABSOLUTAMENTE IMPENHORÁVEL.

NULIDADE ABSOLUTA. ALEGAÇÃO A QUALQUER TEMPO.

POSSIBILIDADE. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. PRECLUSÃO. INEXISTÊNCIA. PRECEDENTES. 1. ‘Em se tratando de nulidade absoluta, a exemplo do que se dá com os bens absolutamente impenhoráveis (CPC, art. 649), prevalece o interesse de ordem pública, podendo ser ela arguida em qualquer fase ou momento, devendo inclusive ser apreciada de ofício’. (REsp 192133/MS, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, Quarta Turma, julgado em 04/05/1999, DJ 21/06/1999, p. 165). 2. Esta Corte tem pronunciado no

A mesma razão que levou à extinção da ação de embargos do devedor, explicitamente transformados em simples impugnação, serve para defender que esses questionamentos serão feitos por simples petição (incidentes) no bojo do próprio procedimento de cumprimento de sentença. E, como aduz Humberto Theodoro Junior (2009, p. 584): “A solução sempre será encontrada por meio de decisão interlocutória e o recurso interponível será o agravo de instrumento.”.

No que tange a hipóteses em que se instaura o contraditório, no terceiro capítulo (seção 3.4.4), proceder-se-á a análise dos vícios da penhora, passíveis de arguição pelo executado.