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2.5 O Petróleo e seus Derivados na Matriz Energética

2.5.1 Energia no Mundo

Para o embasamento da análise em curso, são apresentados em sequência os dados mundiais sobre a evolução da Oferta de Energia (comumente denominada matriz energética ou demanda total de energia) e do Consumo Final de Energia, destinado ao atendimento das necessidades da sociedade49.

2.5.1.1 Oferta de Energia

De acordo com a Agência Internacional de Energia - IEA (IEA, 2016a), no período compreendido entre 1973 e 2014, a oferta primária de energia do mundo passou de 6.101 Mtep para 13.699 Mtep, representando um aumento de 125% em apenas quatro décadas, como ilustra o Gráfico 1.

Gráfico 1 - Evolução da Oferta de Energia Primária no Mundo - 1972 a 2014

* Exclui o comércio de eletricidade. ** Neste gráfico, turfa e óleo de xisto estão agregados com carvão. Fonte: IEA (2016a)

Ainda em que pese a superioridade do petróleo, sua participação na oferta de energia primária vem caindo ao longo do tempo, como apresenta a Tabela 1.

49 O Consumo Final de Energia representa a quantidade consumida pelos diferentes setores econômicos para atendimento de usos finais (força motriz, calor de processo, iluminação etc.), não compreendendo a utilização como matéria-prima para produção de outra forma de energia. Já a Oferta Interna de Energia significa a quantidade que se disponibiliza para ser transformada ou para consumo final, abrangendo inclusive as perdas posteriores na distribuição.

Tabela 1 - Oferta de Energia Primária no Mundo por Fonte – 1973-2014 1973 2014 Petróleo 46,2% 31,3% Carvão1 24,5% 28,6% Gás natural 16,0% 21,2% Nuclear 0,9% 4,8% Hidreletricidade 1,8% 2,4% Biocombustíveis e Resíduos2 10,5% 10,3% Outros3 0,1% 1,4%

1) Turfa e óleo de xisto estão agregados com carvão; 2) Compreendem biocombustíveis sólidos e líquidos, biogás e resíduos industriais e municipais; 3) inclui geotérmica, solar, eólica etc..

Fonte: IEA (2016a)

Em 1973, o petróleo participava com 46,2% da oferta primária de energia no mundo, caindo para 31,3% em 2014 segundo a referida Agência (IEA, 2016a). Por outro lado, o carvão ampliou a sua participação de 24,5% para 28,6%. Com essas trajetórias, a diferença entre esses fósseis que era de 21,7% caiu para apenas 2,7% no período. O gás natural aumentou a sua contribuição de 16% para 21,2% no mesmo período, em função dos investimentos na estruturação deste mercado. Por sua vez, a energia nuclear e a hidreletricidade ampliaram a sua contribuição na matriz mundial, alcançando 4,8% e 2,4%, respectivamente, em 2014. Já a participação dos combustíveis renováveis e resíduos decresceu ligeiramente, passando de 10,5% para 10,3% neste intervalo.

Pode-se observar que os combustíveis fósseis ainda permanecem muito preponderantes na matriz energética global, com sua participação caindo menos do que 6% no período observado, totalizando 81,1% em 2014, conferindo-lhes um alto grau de importância. Estes permanecerão sendo a principal fonte de energia primária no mundo nas próximas décadas, mas com redução da participação do carvão e aumento da contribuição do gás natural, conforme indicam diversos estudos (IEA, 2016b; EIA, 2016a; BP, 2016b)50.

50Segundo a IEA em seu World Energy Outlook 2016, a oferta de energia primária deve aumentar 30% de

2014 até 2040, com uma contribuição conjunta do óleo e do gás natural relativamente estável, passando para 44% a 50% em 2040 (IEA, 2016b). Já a BP, em seu BP Energy Outlook 2016, projeta para 2035 um crescimento de 34% em relação a 2014, com uma participação de 55% do mix de óleo (29%) e gás (26%), com os fósseis totalizando 80% da oferta de energia (BP, 2016b). A Agência de Energia do Governo dos EUA prevê no cenário de referência do seu International Energy Outlook 2016 (EIA, 2016a) que o óleo (25%) e o gás (26%) irão atender a 51% da energia em 2040, com os fósseis totalizando 72%. No entanto, a EIA prevê um crescimento de 48% até 2040, portanto, previsão maior do que a da IEA.

2.5.1.2 Consumo Final de Energia

O Consumo Final de Energia do mundo dobrou no período analisado, passando de 4.661 Mtep em 1973 para 9.425 Mtep em 2014, sendo notória a superioridade do petróleo sobre as diferentes fontes (IEA, 2016a). Pode-se observar na Tabela 2 que, muito embora a sua contribuição tenha sido reduzida no período assinalado, este energético permanece sendo a principal fonte no consumo final de energia, responsável por cerca de 40% deste montante no ano de 2014, contra 15% de participação do gás natural e 11,4% do carvão.

Tabela 2 - Consumo Final de Energia no Mundo por Fonte - 1973-2014 1973 2014 Petróleo 48,3% 39,9% Carvão1 13,5% 11,4% Gás natural 14,0% 15,1% Eletricidade 9,4% 18,1% Biocombustíveis e Resíduos2 13,1% 12,2% Outros3 1,7% 3,3%

1) Turfa e óleo de xisto estão agregados com carvão; 2) Compreendem biocombustíveis sólidos e líquidos, biogás e resíduos industriais e municipais; 3) Incluem geotérmica, solar, eólica etc..

Fonte: IEA (2016a)

O gás natural é hoje apontado como um dos energéticos de maior perspectiva de expansão. Observa-se um incremento de sua importância em toda a cadeia produtiva, desde as reservas até o consumo. Devido à dependência de expansão da rede de transporte e distribuição, o mercado mundial desse recurso encontra-se segmentado em três grandes regiões: América do Norte; Europa e Ásia.

É importante também assinalar a relevância do segmento de transportes em relação à participação dos diferentes setores da atividade econômica no uso final da energia, cuja contribuição evoluiu de 23,2% para 27,9% no período 1973-2014, segundo a IEA (2016a). O consumo total de energia deste setor51 alcançou 2.627 MtEP no ano de 2014, sendo que deste montante, 2.426 MtEP são referentes aos derivados do petróleo, alcançando 92,4%, conforme Gráfico 2.

Gráfico 2 - Consumo Final de Energia do Setor de Transportes no Mundo - 2014

Fonte: IEA (2016a)

2.5.1.3 Consumo de Petróleo e Derivados

Em relação ao petróleo, o seu consumo mundial aumentou de 2.252 MtEP em 1973 para 3.761 MtEP em 2014, representando um expressivo crescimento de 67% em quatro décadas, segundo a International Energy Agency (2016a). Dentre os setores consumidores desta fonte de energia, destaca-se o de transportes que, por sua vez, cresceu neste intervalo cerca de 140%. O alto crescimento deste setor nas últimas décadas foi responsável pela sua participação absolutamente preponderante no consumo de petróleo, saltando de 45,4% em 1973 para 64,5% em 2014, como pode ser observado na Tabela 3.

Tabela 3 - Consumo Final de Petróleo no Mundo por Setor – 1973-2014

1973 2014 Transporte 45,4% 64,5% Industrial 19,9% 8,0% Uso não-energético 11,6% 16,2% Outros* 23,1% 11,3% Total (Mtep) 2.252 3.761

* Inclui os setores agropecuário, residencial, comercial e de serviços públicos e outros. Fonte: IEA (2016a)

Os dados de produção e consumo de derivados de petróleo são geralmente disponibilizados de forma agregada, o que dificulta a análise do comportamento do consumo por produto do refino. A IEA (2016a) classifica os derivados em seis grupos: 1) Destilado Médio (inclui o diesel); 2) Gasolina automotiva; 3) Combustíveis de aviação; 4) GLP/etano/nafta; 5) Óleo combustível; 6) Outros. Já a BP (2016a) categoriza em quatro grupos: 1) Destilado médio (inclui os dados de diesel, querosene e gasóleo); 2) Destilado leve (inclui gasolina); 3) Óleo combustível; 4) Outros.

Carvão 0,1% Derivados de Petróleo 92,4% Gás Natural 3,7% Biocombustíveis e Resíduos 2,8% Outros 1,0%

As informações apresentadas pela IEA referem-se à produção de derivados de petróleo, enquanto as da BP, ao consumo. Entretanto, os dados mais desagregados da IEA permitem executar melhores análises do comportamento dos produtos do refino. Comparando-se as informações das duas instituições para 2014, verifica-se que a participação do destilado médio no consumo de derivados (36,5%) é bastante próxima à da produção para aquele ano (35,1%), com pequena diferença (1,4%). Desta forma, simplificadamente, considerou-se que as participações seriam equiparáveis. A Tabela 4 evidencia que mais da metade do consumo mundial de derivados é referente ao diesel (agregado ao destilado Médio) e à gasolina.

Tabela 4- Consumo de derivados de petróleo no mundo por tipo (%), 2014 Destilado médio (inclui diesel) 35,1%

Gasolina automotiva 23,8% Combustíveis de aviação 6,9%

GLP/etano/nafta 9,2%

Óleo Combustível 11,8%

Outros 13,2%

Total: 93 milhões de barris por dia, 2014.

Fonte: elaboração própria a partir de IEA (2016a) e BP (2016a)