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Enquadramento Económico e Sectorial ***

EBITDA 2005 Cash &

10. PROGRAMA DE INVESTIMENTOS DO GRUPO

11.1. Enquadramento Económico e Sectorial ***

11.1.1. Internacional

Segundo os especialistas económicos, é plausível assumir que os actuais níveis de crescimento económico se manterão em 2006, em virtude: (i) da manutenção de expectativas de estabilidade de preços; (ii) da manutenção do dinamismo económico da Ásia e dos EUA; e (iii) da retoma gradual das economias europeias. Estima-se, assim, um crescimento económico mundial próximo dos 5%.

De acordo com o “Relatório Económico de Inverno” do Banco de Portugal, espera- se que os preços do petróleo venham a registar aumentos médios anuais na ordem dos 10%, traduzindo a continuação de uma procura mundial robusta, a reduzida capacidade produtiva disponível, inclusive ao nível da refinação, e a incerteza resultante de perturbações do lado da oferta. Já a inflação nos preços médios das matérias-primas não energéticas deverá situar-se entre os 4% e os 5%.

Na zona Euro, e ainda segundo o Banco de Portugal, o crescimento económico deverá situar-se entre 1,4% e 2,4%. Os crescimentos salariais deverão ser moderados, esperam-se aumentos graduais de produtividade e as expectativas de inflação deverão permanecer em níveis compatíveis com a estabilidade de preços. Nestas condições, a manutenção das taxas de juro oficiais deveria ser viável, permitindo apoiar a recuperação económica na Zona Euro.

No entanto, estimativas da Reuteurs disponibilizadas no início de 2006, apontam para uma subida da taxa de juro ao longo do primeiro semestre, estabilizando nos 2,75% até final do ano. Ainda segundo a Reuteurs, as projecções das taxas de câmbio para 2006 assumem uma re-apreciação do Euro face ao Dólar, sendo esta tendência de perda do Dólar igualmente visível na Libra e no Yen.

Este cenário macro-económico comporta, no entanto, alguns riscos consideráveis. A volatilidade e o nível elevado do preço do petróleo, bem como a tendência de aumento dos desequilíbrios globais - com o défice externo americano a atingir os 7% do PIB em 2007 e a China e o Japão a apresentarem saldos muito positivos da balança externa - podem conduzir a re-alinhamentos das políticas cambiais e das taxas de juro. Também o aparecimento de sentimentos proteccionistas em alguns países, devido à intensificação da pressão concorrencial de países produtores a baixos custos, pode constituir um factor de risco para o crescimento mundial. Por sua vez, a sustentabilidade das finanças públicas na Zona Euro depende, ainda, da capacidade de implementação de reformas estruturais que permitam melhorar a performance económica desta Zona e a sua capacidade de resistência a choques económicos.

Já no sector da Distribuição Alimentar, perspectiva-se a intensificação de processos de fusão e aquisição nos mercados mais maduros e de expansão para os mercados da Europa Central e de Leste e da Ásia. A Índia poderá oferecer oportunidades de crescimento significativas, em função das alterações que se aguardam na actual regulamentação deste país por forma a concretizar-se uma integração cada vez maior da economia indiana no comércio mundial.

Deverá, também, registar-se o crescimento continuado dos discounts. Estima-se que os operadores já estabelecidos no mercado prossigam o desenvolvimento dos seus conceitos de negócio e que novos retalhistas venham a aderir a este formato. De uma forma geral, os operadores vão continuar focados na optimização dos custos e nos ganhos de produtividade, investindo em novas tecnologias e no desenvolvimento dos seus sistemas de informação e de logística. O recurso a outsourcing de actividades menos centrais à operação permitirá converter custos fixos em custos variáveis e dotar as organizações de maior capacidade de ajustamento aos ciclos de actividade. A Segurança Alimentar, a Gestão do Risco e a Responsabilidade Social e Ambiental são prioridades cada vez mais presentes na actividade do sector. Também as principais tendências demográficas e de consumo irão nortear as decisões de oferta. A preocupação com a saúde e bem-estar, a importância crescente da “conveniência”, o envelhecimento e a diversidade racial e cultural das populações serão alguns dos aspectos a ter em consideração. Depois de cumprir um ciclo de racionalização dos formatos e das respectivas propostas de valor, espera-se que os operadores venham a desenvolver programas inovadores de incentivo ao consumo, orientados para os factores efectivamente valorizados pelos clientes.

Nos mercados português e polaco, onde o Grupo Jerónimo Martins opera presentemente, as perspectivas macro-económicas e de mercado são as que a seguir se apresentam:

11.1.2. Portugal

Segundo o Banco de Portugal, o crescimento do PIB, em 2006, deverá ser ainda muito modesto, na ordem dos 0,8%, continuando a situar-se abaixo do crescimento médio da Zona Euro. Prevê-se também que a recuperação do ritmo de crescimento económico do País assente na manutenção da procura interna e na recuperação do ritmo de crescimento das exportações (passando de 1,8%, em 2005, para 4,0%, em 2006) embora a crescente integração na economia mundial de alguns países do Leste da Europa e da Ásia represente dificuldades acrescidas para Portugal, uma vez que estes países têm uma estrutura de exportações muito concorrencial e têm conseguido atrair significativos fluxos de investimento estrangeiro.

O Banco de Portugal estima, ainda, uma redução na Formação Bruta de Capital Fixo, mas a um ritmo inferior ao registado em 2005 (-1,1%, em 2006, face a -3,1%, em 2005). O crescimento do consumo privado deverá situar-se ligeiramente acima de 1% pelo facto de haver uma expectativa de menor crescimento no rendimento disponível das famílias e uma conjuntura igualmente pessimista no mercado de trabalho. Por sua vez, o ritmo de crescimento das importações deverá aumentar apenas ligeiramente.

Em 2006, a taxa de inflação deverá subir para os valores de 2004 (2,5%), em resultado do aumento dos preços dos bens energéticos. Também o efeito do aumento do IVA de 19% para 21%, ocorrido em Julho de 2005, acabará por se reflectir ao longo de 2006, contando-se, ainda, com um efeito adicional provocado pelo aumento de outros impostos indirectos e apresentado no Orçamento de Estado para 2006.

A consolidação orçamental é o desafio prioritário, esperando-se uma redução do défice orçamental de 1,2 p.p. (4,8% do PIB), por via do aumento de impostos, do congelamento da despesa e de reformas estruturais na despesa pública.

O comportamento da economia portuguesa encontra-se imerso num clima de incerteza elevada, para o qual contribuem dúvidas acerca da evolução dos preços do petróleo, da forma como se vai processar o ajustamento dos desequilíbrios que se têm vindo a acumular na economia e do modo como Portugal vai reestruturar o seu perfil de exportações de forma a sustentar a sua quota de mercado no comércio internacional. Também as taxas de juro poderão vir a apresentar uma tendência ascendente, o que poderá retrair o investimento empresarial e irá, certamente, agravar, ainda mais, a situação das famílias, que já se encontram, de uma forma geral, muito endividadas.

O mercado financeiro deverá, no entanto, manter a tendência positiva, em linha com 2005, e novas privatizações poderão vir a animar o mercado financeiro português.

Já no Retalho Alimentar Organizado, com mais superfícies a operar e a disponibilidade dos novos negócios de medicamentos e combustíveis, e apesar da pressão competitiva, é de prever um crescimento das vendas em 2006 superior ao de 2005. O ano de 2006 deverá oferecer uma janela de oportunidade para que os operadores consolidem as suas posições de mercado, em virtude das lojas que se espera que venham a abrir durante o ano, decorrentes do elevado número de licenças obtidas em 2005. Nesse sentido, prevê-se uma dinâmica comercial muito agressiva, tanto ao nível do preço como da oferta. Pelo facto de o mercado apresentar expectativas de crescimento do consumo muito moderadas, o aumento do número de lojas poderá conduzir a uma diluição das vendas por metro quadrado.

Em virtude da elevada dinâmica do Retalho Alimentar Organizado, espera-se uma aceleração do declínio do Retalho Tradicional, com evidência já em 2006. No entanto, a actividade dos cash&carries deverá registar crescimentos moderados ou, pelo menos, manter-se estável, devido à tendência de crescimento manifestada nos últimos meses de 2005 pelo canal HoReCa, embora este sector esteja, pela sua natureza, muito sujeito a eventuais oscilações económicas.

Ao nível dos cash&carries, não se antecipam operações de aquisição relevantes, nem a abertura de lojas. Os operadores irão desenvolver esforços claros de reposicionamento, mostrando grande agressividade comercial.

11.1.3. Polónia

As estimativas apontam para um crescimento do PIB, em 2006, na ordem dos 4,6%, trazendo uma nova aceleração ao crescimento económico polaco. Com a eleição do novo Governo, a incerteza económica deverá ficar reduzida, esperando- se um aumento significativo da procura interna (+5,4%).

O consumo privado deverá atingir crescimentos na ordem dos 3,5% e a Polónia poderá conhecer um forte incremento ao nível do investimento (+15,0%), potenciado pelos dois factores já anteriormente identificados: (i) o cenário favorável de transferência de unidades de negócio de outros países da União Europeia, visando beneficiar dos elevados níveis de qualificação da força de trabalho polaca, bem como dos seus custos bastante competitivos; e (ii) o impacto

dos fundos comunitários, direccionados para o desenvolvimento de infra-estruturas e da competitividade das empresas. Prevê-se, no entanto, que as exportações possam dar uma menor contribuição para o crescimento económico, estimando-se uma evolução abaixo daquela que é esperada para as importações.

De forma lenta mas consistente, a taxa de desemprego, embora sendo ainda elevada, continua a apresentar decréscimos que irão ajudar a consolidar a confiança dos consumidores. Em 2006, a taxa de desemprego deverá fixar-se nos 16,5%.

A implementação do programa de convergência continua a apresentar uma evolução positiva, prevendo-se que, em 2006, o défice orçamental na Polónia venha a atingir os 3,6% do PIB.

A taxa de inflação deverá manter-se estável na ordem dos 2%, embora existam riscos idênticos aos identificados no enquadramento macro-económico internacional.

Em termos cambiais, o Zloty deverá manter o seu vigor, com o consequente impacto ao nível das exportações, antevendo-se uma descida continuada das taxas de juro por parte das autoridades polacas.

No sector da Distribuição Alimentar na Polónia, conta-se com a manutenção de um quadro concorrencial muito agressivo e a continuidade dos planos de expansão da maioria dos operadores, que começam agora também a dirigir os seus investimentos para cidades de menor dimensão.

Espera-se, assim, assistir ao contínuo crescimento do peso do Retalho Organizado em detrimento do Retalho Tradicional, que, não obstante, representa ainda cerca de 58% do total do mercado alimentar. O segmento dos discounts continua a ser o que promete uma maior dinâmica de crescimento em número de lojas.

Dado que muitos dos operadores continuam a ter resultados negativos, mantém-se em aberto a possibilidade de consolidação do número de operadores no Retalho Organizado. À medida que o poder de compra se vai fortalecendo, a oferta diversificar-se-á crescentemente e os níveis de qualidade continuarão a aproximar- se dos padrões da Europa Ocidental.

*** Fontes de informação: Previsões de Outono da Comissão Europeia, Boletins Económicos do Banco de Portugal Outono e Inverno 2005, OECD Economic Outlook nº 78, Relatório Temático – NECEP/CEA FCEE nº 2; Banco Nacional da Polónia, Central Statistical Office (GUS), Citibank Handlowy, BRE Bank, Business Monitor International Ltd.