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III. Relatório Consolidado de Gestão

1. ENQUADRAMENTO MACRO-ECONÓMICO *

Nos EUA, a Reserva Federal procedeu a uma subida gradual da taxa de juro de referência, que atingiu os 4,25% no final do ano. Esta medida foi tomada em função de um contexto de continuidade no ritmo de expansão da actividade e em resposta ao aumento das pressões inflacionistas decorrentes dos preços elevados da energia. Na Zona Euro, e pela primeira vez desde 2003, o Banco Central Europeu executou, no início de Dezembro, uma subida de 25 pontos base na taxa de juro mínima aplicável às operações principais de refinanciamento do Eurosistema (que passou para 2,25%), no sentido de assegurar uma ancoragem das expectativas de inflação a nível consistente com a estabilidade de preços. De uma forma geral, os mercados financeiros continuaram a registar uma evolução favorável, reflectindo expectativas de lucros elevados. Na Zona Euro, verificaram-se valorizações das acções na generalidade dos sectores de actividade, e, sobretudo, no sector energético. Nos EUA, as valorizações concentraram-se nos sectores energético e tecnológico. No final do ano, verificou-se uma queda generalizada das acções devido a expectativas de menores lucros das empresas em função dos elevados preços do petróleo e da sua volatilidade, bem como, da revisão em alta das expectativas de taxas de juro na Zona Euro e nos EUA.

Nos mercados cambiais, não obstante o agravamento do défice da balança corrente dos EUA, verificou-se um fortalecimento particularmente significativo do Dólar face ao Euro, em consonância com a evolução das expectativas de crescimento económico nos EUA relativamente à Zona Euro (o US Dólar fechou o ano com uma valorização de 15,5% face ao Euro, de acordo com os fixings do BCE em 31 de Dezembro). Factores de incerteza política relacionados com a rejeição do Tratado Constitucional Europeu em França e nos Países Baixos e os resultados das eleições na Alemanha terão, também, condicionado a evolução do Euro. Por sua vez, a China alterou o regime cambial, tendo abandonado a ligação ao Dólar e passado a um regime de managed floating (gestão da taxa de câmbio efectuada em função de um cabaz de moedas pré-definido) e procedendo a uma revalorização da moeda em 2,1%. Em Maio de 2005, o Chipre, a Letónia e Malta aderiram ao novo mecanismo de taxas de câmbio (MTC 2) que sucedeu ao antigo Sistema Monetário Europeu (SME), o qual caducou com a introdução do Euro. Estes três países juntaram-se, assim, à Estónia, à Lituânia e à Eslovénia, que já haviam aderido ao MTC 2 em 2004.

1.2. Portugal

Em 2005, os desequilíbrios da economia portuguesa continuaram a agravar-se e o País deverá registar, de acordo com o Boletim Económico de Inverno do Banco de Portugal, um crescimento económico na ordem dos 0,3%, face aos 1,3% registados em 2004. Este valor encontra-se ao nível dos mais baixos da União Europeia, devido, sobretudo, a um desempenho desfavorável da Formação Bruta de Capital Fixo, que sofreu uma queda estimada em 3,2%, e das exportações, que, após um crescimento de 5,4% em 2004, terão crescido, em 2005, apenas 1,8%. Deverá, assim, acentuar-se o processo de divergência real da economia portuguesa relativamente à União Europeia que se vem observando desde 2000 e que traduz o fraco desempenho do País em termos de produtividade.

Apesar da deterioração da situação do mercado de trabalho e da redução acentuada da confiança dos consumidores na segunda metade do ano, deverá confirmar-se que o consumo - privado e público – foi, em 2005, a componente mais dinâmica da procura global, tendo registado taxas de crescimento anuais superiores às da própria actividade económica. Ainda que se tenha assistido a um claro

abrandamento no segundo semestre, reflectindo, sobretudo, a queda verificada no consumo de bens duradouros, o consumo privado deverá ter atingido um crescimento de 1,8%, face aos 2,3% registados em 2004, enquanto que o consumo público terá registado um crescimento de 1,1%, face aos 2,6% verificados no ano anterior. Estima-se, ainda, que, em 2005, o já elevado nível de endividamento dos privados em percentagem do rendimento disponível venha a apresentar um agravamento e que o défice das administrações públicas se aproxime de 6,0% do PIB, apesar das medidas de correcção introduzidas a meio do ano.

Segundo o Banco de Portugal, a taxa de inflação média anual deverá ter-se situado nos 2,1%, apresentando uma redução de 0,4 p.p. face ao ano anterior. Os impactos do aumento da taxa do IVA e do preço do petróleo foram mitigados por uma variação favorável nos preços das importações, excluindo combustíveis, e nos preços dos bens alimentares não transformados. A taxa de desemprego aumentou, sobretudo no primeiro semestre, devendo situar-se em 7,4% na média do ano. As estimativas apontam, ainda, para um aumento dos salários no sector privado de 2,8%, o que significa um aumento de apenas 0,7% em termos reais.

No ano em análise, a bolsa portuguesa continuou a apresentar, pelo quarto ano consecutivo, uma tendência de valorização, tendo o principal índice da praça lisboeta crescido cerca de 13,4%, em resultado, sobretudo, de uma conjuntura económica internacional favorável, à semelhança do verificado noutros países da Zona Euro.

1.3. Polónia

A taxa de crescimento da economia polaca deverá ter-se situado entre os 3,0% e os 3,3%, face a uma previsão inicial de 5%. Em 2005, o crescimento da actividade económica ficou abaixo das expectativas devido ao abrandamento da procura interna, associado à incerteza gerada pela realização de eleições, o que também originou níveis de investimento inferiores ao esperado.

Apesar deste resultado menos favorável, o programa de convergência polaco não prevê uma deterioração do défice orçamental em percentagem do PIB. Contudo, a reforma da despesa continua a ser uma das prioridades para garantir a sustentabilidade, a prazo, das finanças públicas. Os compromissos assumidos, nesta matéria, pelo novo Governo eleito em Outubro deverão permitir uma política monetária mais flexível do que a que tem sido seguida recentemente.

A inflação média anual deverá situar-se em 2,2%, abaixo da previsão inicial de 3,3%, devido, principalmente, à política de preços seguida pelos operadores do mercado de bens alimentares e de grande consumo.

O Zloty continuou a apresentar uma tendência de apreciação face ao Euro, tendo registado uma valorização média de 12,6%.

A taxa de desemprego continua a registar uma evolução favorável, esperando-se que se tenha cifrado em 17,5%, face a uma expectativa inicial de 18,2%.

O Banco Central Polaco fixou a sua taxa de juro nos 4,5%, bastante abaixo da expectativa inicial.

* Fontes de informação: Previsões de Outono da Comissão Europeia, Boletins Económicos do Banco de Portugal Outono e Inverno 2005, OECD Economic Outlook nº 78, Relatório Temático Nº 2 - CEA – FCEE da Universidade Católica, Governo Polaco, MPC, Citibank Handlowy, BRE Bank, The European Forecasting Network..

2.1. Mercado Internacional da Distribuição Alimentar

O sector da Distribuição Alimentar apresentou, em 2005, uma dinâmica bastante saudável. A melhoria generalizada dos resultados teve não só a ver com um enquadramento económico internacional favorável, mas também com o esforço de reestruturação dos operadores, desenvolvido nos anos mais recentes, no sentido de aumentarem a escala de actividade, focarem nas competências e tirarem partido dos investimentos em novas tecnologias e sistemas de informação, para além da optimização e simplificação de estruturas e processos. Também o investimento realizado nos últimos anos nos mercados emergentes começa agora a dar os seus frutos.

De acordo com a “Planet Retail”, a principal referência de informação global sobre o sector, os cinco maiores retalhistas mundiais continuam a deter uma quota de mercado global na ordem dos 12,5%, estando presentes em 113 áreas geográficas no final de 2005 (104 em 2004).

Perante um cenário macro-económico e de mercado que comporta incerteza, os retalhistas tentam acautelar os seus investimentos. O sector apresenta sinais claros de um aumento de actividade de parcerias, fusões e aquisições e expansão internacional, mas os operadores optam também por abandonar formatos e geografias onde consideram não terem vantagens competitivas. A aquisição da Gillette por parte da Procter & Gamble, a fusão entre a Boots e a Alliance Unichem ou a troca de posições de mercado entre a Tesco e o Carrefour (troca do negócio da Tesco, em Taiwan, pelas lojas do Carrefour, na República Checa e Eslováquia) são alguns dos factos relevantes a assinalar no sector, em 2005. Em termos de expansão internacional, a Europa Central e de Leste, a China e outros mercados emergentes da Ásia foram as regiões que maior interesse despertaram na Distribuição Alimentar. A destacar, ainda, a entrada da Aldi na Eslovénia, primeiro país da Europa Central e de Leste onde este operador está presente.

A crescente saturação dos principais mercados e o quadro macro-económico global continuam a colocar uma forte pressão sobre os preços. Consequentemente, o formato discount insiste em revelar uma sólida dinâmica a nível internacional, apresentando um sortido alimentar limitado e focado na Marca Própria, com alguns artigos de grande rotação em Perecíveis e algumas marcas líderes da Indústria, bem como uma oferta alargada a novas categorias de Não-Alimentar. Por sua vez, o formato dos hipermercados tem sido muito pressionado, não só pelo crescimento generalizado dos category killers de Não-Alimentar e dos discounts alimentares, como pela coacção dos formatos de proximidade, que, na generalidade dos casos, estão a realizar ajustamentos na oferta e nos preços e a testar novos formatos de loja muito próximos do discount.

O panorama das Centrais de Compras na Europa Ocidental começa a apresentar algumas alterações devido, sobretudo, aos operadores franceses independentes, que se estão a posicionar face à nova Lei Dutreil, em vigor desde Janeiro de 2006, a qual dará mais flexibilidade ao sector em termos de preço.

Por sua vez, o sourcing de mercadorias é cada vez mais global, apresentando-se a Ásia, e nomeadamente a China, como um dos principais fornecedores de Não-