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Entrevista realizada com o professor de matemática

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2 O CONCEITO DE ÁREA DE FIGURAS GEOMÉTRICAS PLANAS

3.3 Entrevista realizada com o professor de matemática

Com o intuito de conhecer melhor o sujeito que iria participar da pesquisa e buscar informações sobre o seu planejamento, utilizamos mais uma técnica de pesquisa, a entrevista.

Segundo Severino (2007), a técnica de entrevista aproxima o pesquisador do pesquisado e possibilita uma maior interação entre as partes. Nessa perspectiva, o pesquisador tem por objetivo apreender o que o sujeito pensa, compreende, imagina, representa, faz e argumenta.

Este tipo de técnica subdivide-se em entrevista diretiva e não-diretiva. No primeiro caso, o entrevistador segue um roteiro rígido. Nele não é admitido, por exemplo, mudar a ordem das perguntas ou até mesmo fazer pequenas adaptações na ocasião da entrevista. Para o segundo tipo, mesmo estando com um roteiro, o pesquisador é livre para direcionar cada fase da entrevista para qualquer direção.

Quanto ao tipo de entrevista, utilizamos a não-diretiva, que consiste em colher informações do sujeito a partir do discurso livre. “O entrevistador mantém-se em escuta atenta, registrando todas as informações e, só intervindo, discretamente para, eventualmente, estimular o depoente” (SEVERINO, 2007, p. 124).

Nesse sentido, utilizamos câmera de filmar, gravador de áudio e um roteiro de perguntas que serviram de orientação para a entrevista, porém outras questões foram surgindo durante o seu andamento. Em seguida transcrevemos as falas, de forma a poder aproveitar o máximo possível o que dizia o professor.

Os dados coletados na entrevista foram avaliados a partir da análise de conteúdo de Bardin (2009), entendida como um método de pesquisa que se situa em um esboço mais amplo da teoria da comunicação e tem como ponto de partida a mensagem. Essa autora define análise de conteúdo como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos e qualitativos) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens (BARDIN, 2009, p. 38).

Na análise de conteúdo, os dados coletados são submetidos a um processo de unitarização, ou seja, esse processo consiste em reler com cuidado o material com a finalidade de definir a unidade de análise, que “é o elemento unitário de

conteúdo a ser submetido posteriormente à classificação. Toda categorização ou classificação necessita definir o elemento ou indivíduo unitário a ser classificado” (MORAES, 1999, p. 11).

Nessa pesquisa, a natureza das unidades de análise foram palavras e frases, ou seja, dividimos cada resposta do professor em unidades menores. Mas só isso não bastava, precisamos definir a unidade de contexto, que é muito mais ampla do que a de análise, serve de referência a ela e imprime um significado.

Para exemplificar, tomemos a seguinte pergunta: O que você leva em consideração ao preparar as suas aulas de matemática? Aqui, tomamos como unidade de contexto “planejamento geral” e as palavras “proposta curricular”, “PCN/BCC”, “Livro didático”, “realidade da escola”, “realidade dos alunos” são exemplos de unidade de análise.

Na entrevista, nos planejamos para seis perguntas, mas no decorrer dela acrescentamos mais duas, totalizando oito perguntas. No quadro a seguir, apresentamos as perguntas da entrevista com suas respectivas unidades de contexto e unidades de análise:

Quadro 10 – Entrevista não-diretiva realizada com o professor de matemática antes da observação das aulas.

Perguntas Unidade de contexto Unidade de análise (palavras) 1 O que você leva em consideração

ao preparar as suas aulas de matemática? Planejamento Geral  Proposta curricular.  PCN / BCC.  Parâmetros Estaduais  Livro didático.  Realidade da escola.  Realidade dos alunos  Recursos disponíveis. 2 Que recursos você usa para preparar

suas aulas?

Fonte de pesquisa para planejamento;  Proposta curricular.  PCN / BCC.  Parâmetros Estaduais  Livros didáticos  Colega de profissão  Internet

3 De onde você retira as atividades propostas aos alunos?

Fontes de pesquisa para os alunos  Livro didático  Internet  Apostilas  CD rom

4 Como você faz para ensinar um assunto novo?

Transposição do saber  Observação do conhecimento prévio  Planejamento  Definição e aplicação de tarefas  Proposição de situações problemas  Remonta à História da Matemática 5 Como você faz a avaliação de um

conteúdo ministrado?

Avaliação  Continuamente  Final do curso  Testes escritos  Provas

6 Exceto o livro didático adotado pela escola, você utiliza outro livro, apostila ou manual nas suas aulas de matemática? Qual (is)?

Recursos didáticos diversos

 Não uso nenhum  Fichas de exercícios  Outros livros

 Apostilas Extra – Você lembra o nome do site

que realiza pesquisa?

Fonte de pesquisa para planejamento

 Sites públicos  Sites privados Extra – Você gostaria de falar algo

sobre a sua prática docente?

Prática docente  Relação institucional/ planejamento

 Relação com o saber  Relação com os

alunos. Fonte: autoria própria

No processo de categorização dos dados, a análise de conteúdo aponta dois caminhos que podem ser seguidos: as categorias criadas a priori e as categorias que não são definidas a priori. Nesse instante, optamos pela possibilidade de categorizar posteriormente, pois acreditamos que elas irão emergir do discurso, do conteúdo das respostas. Nesse sentido, Franco (2007, p. 62) afirma que:

As categorias vão sendo criadas à medida que surgem nas respostas, para depois serem interpretadas à luz das teorias explicativas. Em outras palavras, o conteúdo, que emerge do discurso, é comparado com algum tipo de teoria. Infere-se, pois, das diferentes “falas”, diferentes concepções de mundo, de sociedade, de escola, de indivíduo, etc.

Dessa forma, acreditamos que a partir do discurso do professor poderemos interpretar as respostas à luz do conceito de área de figuras geométricas planas e da Teoria Antropológica do Didático, adotados e descritos na nossa fundamentação teórica.

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