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5.1-Abordagem metodológica

5.6 Coleta e análise dos dados

5.6.1 Entrevistas realizadas com os sujeitos do PARFOR durante a pesquisa

5.6.1 Entrevistas realizadas com os sujeitos do PARFOR durante a pesquisa

As falas dos professores-cursistas nesta pesquisa, em resposta ao questionário e entrevista realizados (cf. Apêndice), apresentaram angústias, avanços acadêmicos, busca de novos conhecimentos surgidos na dimensão curricular do Curso de Letras - Português PARFOR. A partir disso, houve o repensar do ensino de Língua Portuguesa, para definir novas possibilidades linguísticas que propiciem estratégias que levem em conta as necessidades fundamentais do professores-cursistas na atualização de suas potencialidades como educadores para a análise os sujeitos dessa pesquisa foram agrupados em sessões. Questão 1 - Durante o Curso de Licenciatura em Letras, você professor participa das aulas como um profissional de área ou aprendiz? Justifique sua resposta.

Professor A

“Como um aprendiz, pois mesmo sendo um profissional da área de Linguagem, o docente tem a obrigação de está em constante mudanças pois não há como falar de cultura de uma forma singular, mas de culturas. E, se há diferentes culturas, o respeito, o reconhecimento e a troca devem fazer parte do cotidiano escolar.”

Professor B

“Durante o curso de Licenciatura em Letras-PARFOR, tive a oportunidade de participar das aulas não somente como um profissional da área de linguagem, mas também como um aprendiz, pois pude associar algumas coisas dentro da área que já era do meu conhecimento á ou ao aprendizado que muito contribuiu para melhorias da minha prática docente.”

Professor C

“Como profissional da área nos momentos de diálogo com os professores e colegas acerca dos conteúdos apresentados em sala de aula e como aprendiz no contato com materiais que não eram do meu conhecimento.”

Os respondentes acima citados evidenciaram uma postura de aprendiz em processo, visto que é possível ser é “ser-no-mundo-com-os-outros”. Neste ser-com-os-outros reside a possibilidade de conhecimento do mundo, que é mediada pela linguagem, aqui tomada como

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logos – discurso, possibilidade de fala expressiva que só o humano tem. Esse logos que o aluno traz de casa, de seu mundo, de sua família, de seu grupo social, necessita ser trabalhado, até que se manifeste de maneira formal, culta, erudita, de acordo com o nível de expectativa de um determinado contexto sociolinguístico, conforme a ocasião seja formal, informal, familiar, usando o nível linguístico adequado ao momento, sem prejuízo do seu logos coloquial.

Viver é expressar-se. O homem não apenas vive, mas faz sua própria vida. Para esta função essencial, possui o logos, que gera o diálogo. A missão da linguagem consiste precisamente em uma ampliação socializadora da realidade. A palavra, para ser compreendida, tem de ser comum. Comunicação: tornar comum. O ensino/ aprendizagem do texto em sala de aula, se dá, segundo Geraldi (1997: 23)

No sentido que atribuímos à sala de aula como espaço de interação verbal, aluno e professor confrontam-se por meio dos seus textos com saberes e conhecimentos. No sentido atribuído ao sujeito, como herdeiro de herança cultural, alunos e professores aprendem e ensinam um ao outro com textos, para os quais vão construindo novos contextos e situações, reproduzindo e multiplicando os sentidos em circulação na sociedade.

A linguagem, como fenômeno que impele para a ação, move os homens e o mundo, transcende os níveis léxico, fonológico e sintático – gramatical – para situar-se num nível conceptual. Nível este que foge aos aspectos puramente mecânicos e que vê no domínio linguístico uma forma de conhecimento em que o indivíduo adquire outros no mundo em que vive e sobre o qual fala.

Esses construtos internalizados pelo sujeito falante de uma língua se situam no plano psicológico, onde uma visão de língua como expressão envolve necessariamente as ideias de compreensão e de interpretação, apontando para uma visão integradora do ser-que-educa. Questão 2 - Você contesta a metodologia na prática de ensino dos docentes do curso de Letras? Por quê? Já sugeriu alguma alternativa no sentido de mudar esse contexto?

Professor D

“Sim, em alguns momentos percebi que a metodologia não favorecia ao processo de aquisição da aprendizagem por parte de alguns profissionais, às vezes ficava um acumulo de trabalho, para fazermos em casa e não conseguíamos dar conta desse exagero desnecessário, penso que o importante

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é a qualidade e não quantidade, (ja) acredito que é necessário inovar as práticas e repensar o formato do próprio curso de formação, mas houve profissionais que foram excelente na metodologia e muito contribuiu com o nosso processo de aprendizagem”.

Professor E

“Contesto não, pois cada professor em seu universo diversificado tem as suas próprias metodologias internalizadas e sempre necessitam de apoio teórico para sentir-se dialogando com outros profissionais. Era o que realmente esperava com relação aos conteúdos, as vezes tradicionais com a contemporaneidade aflorada. Tive muita dó de não conseguir absorver tudo, tudo e solicitar mais e mais. todos os professores foram únicos, mesmo aqueles menos achegados, fizeram a diferença, foram capazes de entender todas as dificuldades pelas quais passam os alunos x professores sempre...”.

Professor F

“Em alguns momentos contestei a metodologia utilizada na prática de ensino de alguns docentes do curso de Letras-PARFOR, porque em muitos situações a quantidade de trabalhos para serem feitos em casa num curto espaço de tempo era muito grande. Tive também a oportunidade de sugerir alternativas afim de mudarmos esse contexto, sendo atendido em algumas questões”.

A fala dos sujeitos pesquisados remete ao conceito de que o ensino de Português, não deve ser de forma mecânica e fragmentada, mas levando em conta a totalidade do humano que se expressa através da linguagem. A Língua Portuguesa, que integra o currículo escolar, tem também este pressuposto: um ensino que se desenvolva em uma relação existencial dialógica, na qual se estabelece a vivência entre o professor – mais experiente – e o aluno – que busca o saber – dentro de um clima de confiança e não de opressão. Trabalhar com – e não sobre-o-outro.

Um dos entraves no processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa é a idéia de que a Gramática (livro ou disciplina) é a representação real da nossa língua. As regras presentes na Gramática são tentativas de explicação de uma parte insignificante das regras que sustentam a “gramática considerada autêntica” ou como sugere Celso Luft a “ gramática natural”.

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Ninguém pode ser “contra” a verdadeira gramática ela é imanente às línguas. Uma língua é um duplo sistema: sistema de sinais (vocábulos expressões, etc.) e sistema de regras da combinação de gramática. Não há língua sem gramática. (Luft: 1995: 11)

Quando uma ideia como esta sobre o ensino de Português é habitada, isto é, entendida no seu significado essencial, da qual o professor de Língua se apropria, construindo seu fazer diário, há uma abertura para que os aspectos linguísticos conceituais sejam abordados para possíveis construções.

Sem a compreensão – que só é garantida através da interpretação – qualquer aquisição de conhecimento seria impossível. Em decorrência deste fato, o ensino do Português necessita ser posto em evidência. Seu ensino deveria permear todas as atividades educacionais em todos os graus de ensino.

O depoimento de educadores, linguistas, pais e outros que se preocupam com a questão da linguagem e a própria experiência como professor de Português conduz a perceber que o currículo escolar encontra-se diante de uma forma de fragmentação da linguagem, do estilhaçamento da expressão oral e escrita e da incapacidade de organização adequada do pensamento através da linguagem que o veste.

Questão 3 - Quais situações de ensino você considera relevantes para o trabalho com a