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5.1-Abordagem metodológica

5.3. Local e sujeitos

Neste procedimento analítico, a pesquisadora delineia sua linha de questionamento, os temas que passam a pertencer ao corpo do trabalho. Estes temas podem mudar a resposta ao caráter distinto de um evento ocorrido no local da pesquisa.

Segundo André (1995: 28), alguns procedimentos da pesquisa etnográfica foram tomados como bússola para a caracterização desta investigação, que tem na observação participante, na entrevista e na história de vida seus meios para que fosse definido o tipo de pesquisa qualitativa.

A observação participante inicia-se com o princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação estudada, afetando-a e sendo por ela afetada. As entrevistas têm a finalidade de aprofundar as questões e esclarecer os problemas observados. Os questionários são usados no sentido de contextualizar o fenômeno, explicitar suas vinculações mais profundas e completar as informações coletadas através de outras fontes.

A observação participante como uma metodologia de investigação pressupõe que é somente através da imersão no cotidiano de uma outra cultura que o(a) antropólogo(a) pode chegar a compreendê-la (Caldeira apud Santos, 2005: 13).

Na observação participante de pesquisa qualitativa, os investigadores adentram o mundo dos sujeitos observados, tentando entender o comportamento real dos informantes, suas próprias situações e como constroem a realidade em que atuam.

Segundo Moreira (2002: 52), a observação participante é conceituada como sendo “uma estratégia de campo que combina ao mesmo tempo a participação ativa com os sujeitos, a observação intensiva em ambientes naturais, entrevistas abertas informais e análise documental”.

5.3. Local e sujeitos

No sentido de elucidar o locus desta pesquisa apresenta-se o PARFOR, na modalidade presencial que é um Programa instituído para atender o disposto no artigo 11, inciso III do Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e implantado em regime de colaboração entre a Capes, os estados, municípios o Distrito Federal e as Instituições de Educação Superior – IES, do Brasil. O universo desta pesquisa envolveu 37 sujeitos do Programa PARFOR, mas apenas 24 professores-cursistas em exercício deram retorno, sendo três do sexo masculino e 21 do

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sexo feminino, os quais atuam no Ensino Fundamental e Médio, da rede pública da Educação Básica, de dez municípios do estado da Bahia-Brasil e que não tem formação em nível superior.

Além destes, também fazem parte desta investigação seis docentes da disciplina Prática Educativa, dois professores de Estágio Supervisionado, dois gestores do programa e o coordenador do Curso de Letras no âmbito da universidade, os quais estão envolvidos sem discriminação de suas funções. Esse cenário permitiu fomentar a difusão da educação superior, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada para professores em atuação na rede pública de educação básica, a fim de que estes profissionais possam obter a formação exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB e contribuam para a melhoria da qualidade da educação básica no País.

Tendo em vista o tempo que os mencionados professores passaram na universidade, os fenômenos que não se restringem às percepções visíveis, constância de manifestações, frequências, aulas, interrupções, falas, o silêncio, são colhidos durante a convivência em sala de aula e os modos de administrar aulas dos sujeitos envolvidos e a acessibilidade no lócus investigado, ou seja, suas escolas de atuação.

Entretanto, no caso deste estudo, a metodologia utilizada para as aulas foi mensal, por meio de uma semana de atividades na UEFS, num total de 70 horas efetivas, compatibilizando seis módulos didáticos intensivos, com uma duração de três anos e meio. As ações pedagógicas como aulas, trabalhos de campo, seminários e outros foram realizadas a cada módulo mensal, em períodos, tempos e métodos variados, já que cada etapa precisa considerar as condições logísticas disponíveis, visto que as aulas aconteceram nos turnos matutino, vespertino e noturno, obedecendo à programação de cada encontro de uma semana.

A delimitação dos sujeitos levou em consideração o fato imperativo de observar os múltiplos critérios e pontos de vista que se manifestam nas mais diversas representações que sofrem interfaces com os questionamentos e objetivos do trabalho, quanto à postura e transposição dos conteúdos de Língua Portuguesa em sala de aula. Com a tentativa de compreender as redes de relações que fazem parte do universo da pesquisa, esta investigação foi desenvolvida com o pressuposto e a articulação entre a teoria e empiria em torno da problemática e dos aspectos do objeto em estudo.

Dessa forma, esta pesquisa foi encaminhada nessa perspectiva, de que toda a descrição é, sempre, a descrição de quem escreve e não a de quem é descrito. De acordo com André

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(1995: 28-29), os dados são mediados pelo instrumento humano, o pesquisador. O fato de ser uma pessoa o põe numa posição bem diferente de outros tipos de instrumentos, porque permite que ele responda ativamente às circunstâncias que o cercam, modificando técnicas de coleta, se necessário, revendo as questões que orientam a pesquisa, localizando novos sujeitos, revendo toda a metodologia ainda durante o desenrolar do trabalho.

Nesse contexto, em consonância com essas técnicas houve outras características importantes tais como: a ênfase maior no processo, a preocupação com o significado, ou seja, com as percepções singulares das pessoas, o envolvimento e contato com os diferentes focos da pesquisa presentes em um campo de trabalho, a descrição, a indução e outros fatores que se dissociam de um interesse maior nos resultados obtidos durante a investigação, alinhados ao pressuposto teórico de Mattos (2001: 1), ao afirmar que uma pesquisa com aspectos etnográficos é um processo orientado preponderantemente pelo senso questionador do investigador.

Deste modo, a utilização de técnicas com alguns procedimentos etnográficos não seguem padrões rígidos ou pré-determinados, mas sim o senso que a pesquisadora desenvolveu a partir do trabalho de campo no contexto social da investigação. Estas técnicas foram formuladas para atenderem à realidade do trabalho de campo. Nesta perspectiva, o processo de pesquisa foi determinado explícita ou implicitamente pelas questões propostas pela pesquisadora.

A minha busca incessante como pesquisadora em descobrir novos/outros conceitos linguísticos advindos dos professores-cursistas, a transposição didática realizada em sala de aula, os múltiplos modos de ver a realidade e as interações, com o uso de instrumentos e planos de trabalhos flexíveis, tornou esse método coerente e mais próximo do que já vi, ouvi e vivi. Desse modo, esse estudo de campo exigiu um contato direto meu com os respondentes, professores-cursistas, por ter em vista a observação, a compreensão e a interpretação dos fenômenos em seu movimento cotidiano, a fim de uma apropriada apreensão da problemática focalizada neste doutoramento. A partir desta dimensão, busquei evidências de como a prática docente consegue romper com os saberes escolares rotineiros e reconstruir um conhecimento reflexivo, mediante a apropriação de outros saberes que se constituem nesse processo de ruptura.

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5.4 Procedimentos Metodológicos

Como pesquisadora, optei pelo estudo qualitativo porque parti do pressuposto que a interpretação do mundo real deve-se ao caráter hermenêutico da tarefa de pesquisar sobre a experiência vivida dos seres humanos. Para Moreira (2002: 50-1), a tarefa de “dupla hermenêutica” justifica-se pelo fato de os investigadores lidarem com a interpretação de entidades que, por sua vez, interpretam o mundo que as rodeiam. O autor ainda elucida que os objetos de estudo das ciências humanas e sociais são as pessoas e suas atividades, considerando-os “não apenas agentes interpretativos de seus mundos, mas também compartilham suas interpretações à medida que interagem com outros e refletem sobre suas experiências no curso de suas atividades cotidianas”.

A fundamentação deste estudo alicerçou-se no arcabouço teórico de estudiosos que tratam da pesquisa na formação de professores, no sentido de tecer as malhas da teoria- prática, do ensino-pesquisa e da relação pedagógica, a fim de produzir de maneira singular um conhecimento sobre ensinar, pesquisar e aprender, que ocorre nos espaços da sala de aula.

Esta prerrogativa delineou a escolha dos instrumentos usados nesta pesquisa, considerados de fundamental importância para a coleta de dados descritivos, reconstruídos, interpretados e depois transcritos em forma de textos que evidenciaram os olhares dos sujeitos quanto às questões propostas.

Apoiada em Rodwell (1993:34), em anotações de aula, elencou-se os seguintes princípios que validam a postura da pesquisadora que se adaptou a esta pesquisa durante sua execução:

-A investigadora teve como responsabilidade pessoal a avaliação cuidadosa dos princípios emitidos pelo campo da pesquisa e pode analisá-los baseados no parâmetro ético que caracteriza sua pesquisa.

-Teve como responsabilidade pessoal a aceitação cuidadosa dos princípios emitidos pelo campo da pesquisa e pelo tratamento ético dos participantes da pesquisa.

-A prática ética exigiu que a investigadora informasse aos participantes sobre todos os aspectos de pesquisa que podem influenciar a vontade de participar.·A prática ética da pesquisa requereu liberdade.