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Capítulo II Envelhecimento

2.2. Envelhecimento Ativo

O envelhecimento ativo é uma expressão que cada vez mais ouvimos e que parece que se entranhou nos nossos seniores de hoje, pois a maior parte pretende estar ativo, procurando locais e espaços onde o mesmo é preconizado e onde se mobilizam recursos para que possam “bem envelhecer” e vivam ativamente.

Para que o mesmo se possa realizar, é urgente reunir esforços e procurar respostas adequadas para todos aqueles que se sintam motivados, participem, mas bem mais importante, que todos aqueles que não sabem se querem ou não participar possam integrar-se no grupo e viver saudavelmente e em comunidade.

A OMS, em 2002 traz para a colação um novo conceito

“(…) o de Envelhecimento activo, que surge na sequência do envelhecimento saudável, preconizado até então, e que pretende agora ser mais abrangente, estendendo-se, para além da saúde, a aspectos socioeconómicos, psicológicos e ambientais, integrados num modelo multidimensional que explica os resultados do envelhecimento.”

Ribeiro e Paúl (2011, p.1)

Podemos afirmar que o envelhecimento ativo depende predominantemente dos indivíduos, e também da carga genética de cada um, pois a saúde contribui em muito para a debilidade física e psíquica o que não permite que os seniores sejam ativos e interventivos na sociedade que os rodeia, tornando-os muitas vezes dependentes dos familiares mais próximos. Contudo, depende de cada um de nós, técnicos que trabalhamos na área da Gerontologia, promover atividades e criar espaços para que

60 todos, mas mesmo todos os seniores se sintam integrados e com vontade e capacidade de participar.

O modelo de envelhecimento ativo conforme preconizado pela OMS depende, assim, de uma diversidade de fatores designados de “determinantes”, os quais são de

ordem:

“- Pessoal (factores biológicos, genéticos e psicológicos);

- Comportamental (estilos de vida saudável e participação activa no cuidado da própria saúde);

- Económica (rendimentos, protecção social, oportunidades de trabalho digno);

- Do meio físico (acessibilidade a serviços de transporte, moradias e vizinhança seguras e apropriadas, água limpa, ar puro e alimentos seguros);

- Sociais (apoio social, educação e alfabetização, prevenção de violência e abuso);

- Relativos aos serviços sociais e de saúde de que as pessoas beneficiam (orientados para a promoção da saúde e prevenção de doenças, acessíveis e de qualidade).”

Ribeiro e Paúl (2011, p.2)

Para bem envelhecer é necessário que exista também a preocupação por parte do poder político em promover a saúde, não só junto dos seniores, mas também junto da população em geral, uma vez que todas as etapas da vida são importantes para que o envelhecimento seja bem-sucedido.

“Cada um dos determinantes do envelhecimento activo desdobra-se em inúmeros aspectos, donde têm emergido sobretudo políticas a implementar pelos governos e instituições.”

Ribeiro e Paúl (2011, p.2)

Cada ser humano é único, o que faz com que todos os seniores sejam diferentes e se uns precisam mais de apoio familiar outros há que não o necessitam, ou então não o querem mesmo, mas depende de cada um de nós motivar os seniores a participarem ativamente na sociedade em que estão inseridos e se sintam autónomos e que se consciencializem que cada um é agente da sua própria mudança, ou seja, depende de cada sénior preconizar ou não um envelhecimento ativo para si mesmo ou não.

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“(…) a promoção de autonomia e o empowerment são das principais assumpções do envelhecimento activo. (…)

Portugal e Azevedo (2011, p.227)

É necessário que o sénior entenda que o seu processo de envelhecimento depende em larga escala dele próprio e da atitude que ele toma em relação à vida.

Para nós o Sénior deve ser o Actor do seu próprio desenvolvimento. Não há envelhecimento ativo com Idosos passivos. O envelhecimento ativo é algo que tem de mobilizar os idosos rumo a uma cidadania efetiva que valorize a interação permanente entre ele (Idoso) e o meio envolvente.

A autora Squire (2005), alerta-nos para o fato de podermos falar em dois tipos de empowerment, sendo que um pode ser chamado de “self-empowerment” e o outro de “ewpowerment comunitário das pessoas idosas e dos prestadores de cuidados futuros”, ou seja, se o primeiro está mais voltado para que o empowerment esteja presente nos seniores e que os mesmos entendam que as estratégias de mudança e diferenças de atitudes dependem apenas deles próprios, o “empowerment organizacional” demonstra- nos que todas as instituições, prestadores de cuidados formais ou informais são responsáveis por conseguir que os seniores sejam agentes da sua própria mudança e cabe a cada um desses atores sociais estimular os seniores nas suas decisões, opiniões e preocupações.

A nível individual o envelhecimento ativo deve ser fomentado através de ações capazes de dotar as pessoas de uma tomada de consciência acerca do poder e controlo que têm sobre a sua vida. Assim sendo, a promoção de mecanismos adaptativos, de aceitação e de autonomia assumem-se como uma prioridade.

O envelhecimento ativo, na definição da Organização Mundial de Saúde (2002)

“É o processo de optimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida à

medida que as pessoas ficam mais velhas.”

Já atrás foi referida a questão família e no envelhecimento ativo não aparece com menos importância/relevância, pois para que seja possível considerar um envelhecimento ativo, a família intra e inter – pares e a comunidade apresentam-se como uma variável imprescindível no que se refere à participação social dos mais

62 velhos na comunidade onde residem e onde criam laços e relações de amizade, partilha e convivência. Senão pensemos para nós…de que nos vale viver numa comunidade, numa determinada rua onde se localiza a nossa casa, com cafés, supermercados e todas as valências que possam existir, onde todos os dias nos cruzamos com imensas pessoas? A resposta parece fácil e óbvia não nos vale de nada…E porquê? Porque não conseguimos estar integrados na comunidade e ao não estar integrados na nossa comunidade não conseguimos integrarmo-nos na sociedade, pois todas as pessoas nos vão marginalizar pois não conseguimos criar empatia com ninguém, não conseguimos criar redes de vizinhança e por isso sempre que precisarmos de algo não podemos recorrer a ninguém e acaba por ficar um vazio dentro de nós, e o envelhecimento deixa de ser ativo e passa a ser passivo apesar de estarmos a falar de envelhecimento, isto é transversal desde os mais novos aos mais velhos,

“O envelhecimento ativo é, (…), um processo que conjuga autodeterminação individual e condições sociais, económicas e culturais assumidas como um compromisso coletivo de desenvolvimento social.”

Quaresma (2012, p.19)

Entendemos e concluímos que o bem envelhecer não depende apenas de aspetos internos (saúde), mas depende também e muito de aspetos externos (atividades), ou seja, os seniores não se devem refugiar nas doenças que têm, nem na vida sobrecarregada de trabalho que tiveram, devem apostar num envelhecimento bem-sucedido ou envelhecimento ativo, para que dessa forma usufruam desta etapa da vida da melhor forma e tenham a maior e melhor qualidade de vida possível.

A ASC apresenta-se como uma excelente área de intervenção para se conseguir preconizar um envelhecimento ativo e por isso cabe a cada um de nós que trabalhamos neste âmbito aplicar esta receita em tudo, mas mesmo tudo o que fazemos com os seniores para os seniores.

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“A Gerontologia educacional postula que os adultos mais velhos e os idosos são capazes de aprender, de administrar suas vidas competentemente e de continuar levando contribuições significativas e produtivas às suas comunidades.”

Palma e Cachioni (2006, p.1462-1463)