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O EPCM ENQUANTO LEI APROVADA: O QUE MUDA NA GESTÃO DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO?

Após passarem-se aproximadamente três anos entre a elaboração inicial do anteprojeto e a aprovação do projeto final no dia 28 de junho de 2000 na esfera Legislativa, o EPCM foi sancionado pelo Executivo Municipal no dia 06 de julho de 2000. Tornou-se legalmente reconhecido como a Lei N° 951/00, que instituiu o quadro de cargos, funções gratificadas e a carreira profissional no ensino público mantido pelo município, e regula a relação funcional entre os membros da categoria docente e o governo na esfera do poder municipal.

A nomenclatura – Estatuto e Plano de Carreira do Magistério – indica que a Lei N° 951/00 não se restringe só a matéria de estatuto, nem apenas àquilo que diz respeito a um plano de carreira docente, ela é dotada das duas características, mantendo aspectos, tanto de estatuto como de plano de carreira.

Segundo as orientações do PRASEM104,

“O plano de carreira consiste no conjunto de normas que definem e regulam as condições e o processo de movimentação dos integrantes em uma determinada carreira, estabelecendo a progressão funcional e a correspondente evolução da remuneração”(Abreu e Balzano, 1997, p. 227).

De acordo com o PRASEM, na legislação do magistério várias situações são possíveis, uma delas é a coexistência numa mesma lei, de especificidades tanto de estatuto, quanto de plano de carreira. Assim, a decisão de incluir numa lei única, normas estatutárias do sistema de ensino e as formas de progressão funcional na carreira, é respaldada nas orientações do citado órgão.

Além das orientações do PRASEM, o EPCM mantém como referência legal a Constituição Federal de 1988, a Lei, 9394/96 – LDB, a Lei, 9424/96 – Lei do FUNDEF, a resolução 03/97 do CNE (Conselho Nacional de Educação), a Lei Orgânica Municipal de Petrolina e a Lei, 301/91 – Estatuto dos Funcionários Públicos do Município de Petrolina.

Muitas conquistas inscritas nos termos do EPCM, refletem o conjunto das discussões travadas no âmbito nacional pelas grandes corporações e entidades representativas dos profissionais da educação a exemplo da ANPED, ANDES, ANDE, CNTE e ANPAE. Uma vez que dos vários encontros e congressos promovidos por estas, surgiram inúmeras publicações (livros, revistas e jornais) os quais se constituíram em referência para elaboração dos artigos da lei em questão, e significam possibilidades de mudanças, avanços em direção à democratização na gestão do ensino público no município de Petrolina.

A preocupação com a qualidade do ensino público, democratização da educação, necessidade de fortalecer a identidade profissional e valorização do professor, difundidas em obras de autores brasileiros como: Paulo Freire, Miguel Arroyo, Moacir Gadotti, Dermeval Saviani, Florestan Fernandes, Pedro Demo, Janete Lins Azevedo entre outros, poderiam se constituir no marco teórico fundamental, não fossem as várias contradições evidenciadas no texto, tanto na letra da lei como em suas entrelinhas. Contradições que passaram despercebidas ou mesmo deliberadas durante o processo de elaboração e discussão do projeto.

Nos aspectos, que apontam para mudanças na prática de gestão no sistema de ensino, implicam em concepções presentes, de forma explícita e às vezes implícita no texto do EPCM, que são expressões de um “sujeito coletivo” o qual para Tourane (1994/1999), existe a partir da manisfestação coletiva do desejo de mudança, antes contido em cada um individualmente. Portanto, o EPCM representa um importante precedente para mudanças na gestão da rede municipal de ensino, quando define critérios e normas que antes dependiam apenas da subjetividade do gestor público.

No capítulo I, que trata dos preceitos elementares em duas seções: I “denominação e garantias” e II “do dever de educar”, não se percebe novidades, constitui-se apenas numa apresentação formal da lei, e estabelece os princípios básicos, os quais são objetivos proclamados também em outras leis a exemplo da Constituição Federal, a LDB, a Lei do FUNDEF e a Lei Orgânica do Município de Petrolina.

Nos capítulos subsequentes há uma preocupação em definir – às vezes com termos e concepções não muito precisas – as relações entre os professores e o poder público municipal. À medida que se faz uma leitura analítica do texto e do contexto

de gestação da lei como sugere Saviani (1996), evidenciam-se as imprecisões textuais e as contradições em relação à sua aplicação efetiva no cotidiano do sistema municipal de ensino.

Uma dessas imprecisões textuais refere-se ao entendimento quanto ao que se define como Cargo de Professor na estrutura de carreira do sistema municipal. Abreu e Balzano (1998), esclarecem que:

“... a ausência de definição mais clara da atual legislação educacional permite a organização da carreira do magistério a partir de duas opções básicas: um cargo de professor, ou cargos diferenciados, sendo um de professor, e outro de profissionais de apoio pedagógico à docência” (Abreu e Balzano, 1998, p. 230).

A interpretação do Artigo 7º da lei aprovada leva a concluir inicialmente que foi feita a opção por instituir mais de um cargo de professor, pois o termo “cargo” aparece no plural. Isso não significa que haja o cargo de professor e o de profissional de apoio pedagógico, este último é, na verdade, uma função gratificada a ser ocupada exclusivamente por titulares dos cargos de professor conforme a redação do referido artigo:

“O Magistério Público Municipal é constituído pelo conjunto de Cargos

de Professor, e das Funções Gratificadas de Especialista em Educação, Direção Escolar e Secretário de Escola, Exclusivas dos Professores do

quadro permanente do município, denominados, estruturadas em cinco classes e seis níveis, com progressões verticais e horizontais” (Art. 7º,

Lei Municipal N° 951/00 de 06 de julho de 2000).

Se há um entendimento em relação à diferença entre cargo e função gratificada, existe dificuldade em compreender quais são os cargos de professor. Nesse mesmo artigo constam dois quadros, um especificando os cargos por grau de escolaridade e habilitação profissional e outro as classes de docente, mantendo o mesmo critério, apenas incluindo no que se refere às classes, os níveis de pós- graduação. Qual é, na verdade, a diferença entre cargos e classes? Temos três tipos diferentes de cargos conforme o primeiro quadro? Ou cinco de acordo com o segundo?

Se o critério para a definição do cargo é o grau de escolaridade não há razão para que esse termo esteja colocado no plural, uma vez que no Artigo 34º é previsto que: “o docente que alcançar, por continuação de estudos ou ser possuidor de

escolaridade imediatamente superior próprias do magistério, será automaticamente promovido à nova classe”. Seria necessário apenas a existência de um cargo único

de professor, como era estabelecido no Estatuto do Magistério anterior, a Lei, N° 647/96.

Quadro I: Definição dos cargos de professor Quadro II: Definição das Classes de professor

Dos Cargos Das Classes I Regente Rural

PR

Regente Rural I

II Magistério, Técnico em educação Física e Técnico Agrícola PM Magistério, Técnico em educação Física e Técnico Agrícola I

III

Licenciatura Plena e Engenheiro Agrônomo

PL

Licenciatura Plena e Engenheiro Agrônomo PGE

Pós-graduado a nível de especialização PGM Pós-graduado a nível de mestrado e doutorado

Fonte: Lei, N° 951/00 - Estatuto e Plano de Carreira do Magistério de Petrolina.

A confusão entre cargos e classes mantém-se também no Artigo 8º, que estabelece:

“A Carreira do Magistério compreende as atividades de Regência, Atividades Técnico Pedagógicas e Administrativas nas seguintes classes de docentes dentro da estrutura geral e particular dos cargos segundo seu nível de formação a saber: a – Regente Rural; b – Professor de Educação Infantil e 1ª a 4ª série; c – Professor de Ensino Fundamental de 5ª a 8ª série e Ensino Médio; d – Professor de Educação Física de nível médio ou superior ”(Art. 8º, Lei, N° 951/00).

A redação desse Artigo evidencia a falta de clareza em relação aos cargos, visto que se no Artigo 7º eles são definidos pelo grau de escolarização e formação profissional, Artigo 8º é indicado uma estruturação por modalidade de ensino na qual atuam os titulares dos cargos de professor. O parágrafo único desse mesmo artigo dificulta mais ainda o entendimento do que sejam os cargos quando sinaliza com a possibilidade de que estes podem ser definidos levando em consideração a

habilitação específica do professor, vejamos: “Considera-se em extinção para efeito

de ingresso e exercício do magistério, o cargo de Regente Rural, Técnico Agrícola e Engenheiro Agrônomo” (Parágrafo Único do Art. 8º, da Lei, 951/ 00).

A definição dos cargos torna-se mais objetiva no Artigo 25º, o qual estabelece: “o concurso público do cargo de professor, se realizará segundo áreas e

habilitações”. Observa-se que o termo “Cargo” é empregado no singular e há o

diferencial que são as áreas de atuação docente e as habilitações. Nessa lógica são consideradas duas áreas distintas: I- educação infantil e as primeiras séries do ensino fundamental; II – quatro últimas séries do ensino fundamental e ensino médio.

A definição de um cargo único de professor, parece a mais coerente, pois ao analisar o caso dos Regentes Rurais - professores leigos - e aqueles com formação em magistério do nível médio, percebe-se que os mesmos desempenham a mesma função na docência, ou seja, atuam em turmas de educação infantil e de 1ª a 4ª série do ensino fundamental. Portanto, não cabe uma distinção de seus cargos por modalidade de atuação e sim, apenas uma diferenciação entre classes para efeito de progressão vertical, a título de reconhecimento do esforço do professor em se qualificar profissionalmente, promovendo-os à classe compatível com o seu grau de formação escolar conforme o Artigo 34º do EPCM.

A distinção entre a área I e área II reflete a lógica da seriação e linearidade que marca a cultura escolar na sua arte de fragmentar o conhecimento. Portanto, em relação aos profissionais licenciados em cursos de graduação de nível superior, manteve-se a distinção em função da formação própria dos professores em habilitações específicas para atuarem de 5ª a 8ª série e no ensino médio, exigindo-se para tal uma diferenciação na área de atuação docente para efeito de ingresso na carreira do magistério.

Um cargo único de professor e a progressão vertical automática mediante a comprovação de grau de escolaridade imediatamente superior poderia representar para os gestores um problema à medida que os profissionais cujo ingresso se deu na área I fossem se graduando nas diversas licenciaturas, pois passariam a exigir o direito de atuar em sua nova área de formação e consequentemente o reconhecimento de sua titulação. Seria problemático porque haveria um fluxo

migratório de professores para atuar de 5ª a 8ª e ensino médio, esvaziando a educação infantil e o ensino fundamental, o que implicaria na necessidade de contratação de novos profissionais para atuar nas duas modalidades iniciais de ensino da educação básica e uma grande dificuldade de localização dos docentes nas duas modalidades subsequentes.

Nesse ponto, o EPCM mostra-se flexível e estabelece apenas que: “a

progressão não exime a atuação do professor na modalidade de ensino”(& 2º, Art. 34, Lei, 951/00), embora a redação deste parágrafo mostre-se incompleta é possível

a seguinte interpretação: o professor uma vez sendo promovido de uma classe a outra, não está desobrigado de atuar na modalidade ou área de ensino para a qual prestou concurso.

Em relação à possibilidade de mudança da área de atuação, a lei não prevê critério algum, ficando os mesmos a mercê do entendimento dos gestores da Secretaria de Educação, da criação de instruções normativas por parte do Conselho Municipal de Educação ou de uma nova lei que regulamente o assunto.

Em relação ao cargo de professor, algo muito positivo na lei aprovada é sinalizar para a possibilidade de romper com a hierarquização entre as modalidades de atuação docente ao enquadrar na mesma classe os profissionais com titulação ou grau de escolaridade equivalente independente da série, ciclo e modalidade de ensino em que atue como docente. Esse é entre outros um dos avanços do novo Estatuto e Plano de Carreira do Magistério, o reconhecimento da importância e atenção que se deve dar à educação infantil e às séries iniciais do ensino fundamental. Assegura aos profissionais de nível superior serem reconhecidos como tal e não necessariamente tenham que atuar nas séries finais dessa modalidade e no ensino médio.

Outra importante novidade instituída no EPCM diz respeito às funções gratificadas de direção escolar, especialista em educação e secretários de escola. Essas passaram a ser reconhecidas como de provimento temporário e ocupadas exclusivamente por professores do quadro permanente do magistério municipal, eliminando, assim, a prática das indicações política de pessoas não pertencentes à rede de ensino do município para assumirem as referidas funções.

apadrinhamento político que transforma o sistema de ensino em cabide de emprego; b) evita o desperdício de recursos, fazendo com que os investimentos em qualificação de pessoal e a experiência acumulada pelos profissionais permaneçam contribuindo para o desenvolvimento da própria rede municipal de ensino.

Instituir esse critério na lei do EPCM implica em que um maior número de professores do município poderão vivenciar a experiência de serem gestores, mas não elimina totalmente as brechas do clientelismo político estabelecida por uma “cidadania relacional” que vale como critério para assunção de funções gratificadas. Essa possibilidade existe em virtude do que prevê o Artigo 37º, no qual as funções gratificadas são de “livre nomeação e exoneração do chefe do executivo”, e abre, naturalmente, um precedente para as barganhas e as demonstração de poder que sempre acontecem no meio político.

Esse precedente revela, sem dúvida, uma contradição entre o Artigo 37° e os parágrafos 1º e 2º do Artigo 13º, os quais estabelecem como requisito para nomeação dos professores que ocuparão a função de especialista em educação os seguintes critérios: a) mínimo de três anos no exercício do magistério municipal; b) ser aprovado em teste de seleção específico; c) alcançar maior pontuação na análise de currículo; d) dedicação no desempenho da função, em jornada diária de 10 horas- aula.

Além desses critérios, é previsto no parágrafo 1º do Artigo 13º que o processo seletivo “será efetivado e coordenado por uma instituição pública especializada”, portanto não cabe o termo “livre nomeação”. Se a preocupação em dizer que a nomeação é de responsabilidade do executivo municipal foi determinante para a existência da citada contradição, seria mais lógico atribuir-lhe o papel de nomear mediante os critérios definidos no Artigo 13º.

Quanto às atribuições dos profissionais integrantes da carreira do magistério (professor regente, e as funções gratificadas de diretor, vice-diretor, secretário de escola e especialista em educação) não se verifica nenhuma inovação significativa em relação ao conjunto das discussões tecidas por educadores a respeito do papel dos professores, diretores e coordenadores pedagógicos na atualidade, uma vez que tais atribuições já fazem parte do texto de leis como a 9394/96 – LDB e a 9424/96 – Lei do FUNDEF.

São na realidade a proclamação de um ideal que se pretendido pela prática pedagógica, são diretrizes gerais as quais só se concretizarão se houver a preocupação com os meios, com aquilo que diz respeito às condições operacionais da prática educativa no cotidiano da escola, isto é, professores estimulados, programas de requalificação permanente de pessoal tendo assegurado espaço e tempo para a reflexão e problematização das questões pedagógicas e administrativas, escolas bem equipadas, alunos e comunidade envolvidos no processo, enfim, uma prática correspondente aos objetivos e às necessidades do público alvo a quem se destina o processo educativo desenvolvido nas escolas.

Não há dúvida de que uma importante inovação no EPCM é a instituição da figura do especialista em educação como uma função de suporte técnico de apoio a prática pedagógica junto aos professores. Na verdade, o termo “especialista” vem sendo estigmatizado ultimamente por ser uma definição paradigmática de um modelo de gestão educacional cujos educadores progressistas pretendem superar, que é a fragmentação das ações no desenvolvimento do processo educativo, a superação da dicotomia entre o pensar e o fazer, o planejar e o executar. Mas, quando se diz que mesmo sendo um termo ultrapassado, a figura do “especialista em educação” representa uma inovação nesse contexto, é porque a concepção que norteou a instituição dessa função na rede municipal vai além do que possa parecer a princípio.

Se na concepção da Lei 5692/71, a instituição do especialista em educação, fundamentava-se no tecnicismo, na rigidez hierárquica verticalizada, na fragmentação das ações, nos processos lineares e objetivos, como forma de se conseguir a eficiência e eficácia mediante mecanismos de controle cujo fim último era atender às exigência burocráticas. No EPCM, essa função extrapola não só os limites da citada lei, mas também aos da nova LDB, a qual não menciona o termo especialista, substituindo por profissionais da educação, mas mantém a fragmentação na formação para as atividades técnico pedagógica dividindo em administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional.

A função do especialista em educação prevista no EPCM aproxima a da concepção da nova LDB, quando define como critério para o exercício da mesma a exigência de uma experiência mínima de três anos como docente na rede municipal

de ensino, estando assim, em concordância com o parágrafo único do Art. 67º da referida lei que coloca a experiência docente como pre-requisito para a assunção de qualquer outra função no magistério. Porém, vai mais além ao prever uma temporariedade no exercício da função, ou seja, os professores “estarão” por um determinado tempo como especialista em educação, o que é diferente da condição de “ser” o especialista.

Isso significa uma maior flexibilidade na gestão, proporcionando relações mais horizontalizadas que contribuem para eliminar as barreiras imaginárias separando os gestores dos professores, visto que como o exercício da função é temporário, haverá alternância entre os docentes que a assumirão, possibilitando assim uma maior circulação do conhecimento sobre a gestão e o funcionamento da rede de ensino tornando menos hierarquizada as relações de poder pela própria equalização do saber sobre a mesma.

Embora a função gratificada de especialista em educação seja "exclusiva dos

professores do quadro do município" há uma restrição que é a exigência de que os

mesmos sejam habilitados em “pedagogia ou excepcionalmente em outras

licenciaturas, nos termos da Lei, 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases” (parágrafo

único do Art. 37º, Lei Municipal, N° 951/00). De acordo com a LDB, a formação de profissionais para o exercício das atividades correlatas às do especialista em educação dar-se-á em cursos de graduação em pedagogia ou em cursos de pós- graduação conforme estabelece o Artigo 64º da Lei 9394/96. Portanto, levando-se em consideração os princípios legais, a referida excepcionalidade que possibilita aos profissionais não licenciados em pedagogia exercerem a função gratificada de especialista em educação são: a inexistência de pedagogos suficientes na rede, ou professores licenciados em outros cursos mas com pós-graduação na área de pedagogia.

Ao restringir a participação dos professores habilitados em outras licenciaturas, priorizando a habilitação em pedagogia, a lei aprovada evidencia uma concepção de educação cuja ênfase é a fragmentação do conhecimento herdada da cientificidade positivista que baseada na clássica divisão entre o planejar e o fazer, o pensar e o agir, reforçando assim, a lógica da segmentação, linearidade e rigidez característica do pensamento científico da modernidade expresso na nossa cultura de

organização do sistema escolar e nos processos de formação dos professores.

Baseando-se no princípio de que o sujeito se materializa e se constitui a partir da concreticidade de suas ações, no fazer e fazer-se cotidianamente pela reflexão sobre aquilo que se produz, é possível identificar na exigência prévia de uma habilitação específica para assunção da função gratificada de especialista em educação, apenas a defesa de uma identidade territorializada das especializações por áreas e disciplinas do campo profissional do educador.

Mas há nesta restrição avanços em relação à referida concepção, pois antes de ser esse especialista em educação, exige-se que o pedagogo tenha experiência de regência em sala de aula. É importante, sem dúvida, o fato de não se tratar apenas de um técnico pedagógico voltado para as questões burocráticas, mas sim, um profissional que vivencia as experiências cotidianas das escolas, envolve-se nos processos de ensino-aprendizagem, compreende a relação professor-aluno e, ao articular a prática pedagógica produz juntamente com os demais envolvidos a sistematização dos conhecimentos emergentes no fenômeno educativo.

No entanto só a experiência adquirida nas modalidades iniciais - Educação Infantil e 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental - para as quais o pedagogo – de acordo com o EPCM - presta concurso o credencia para atuar na totalidade da educação básica? Como fica o pré-requisito da experiência docente em sala de aula

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