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Faculdade de Ciências da Administração de Petrolina FACAPE, mantida como Autarquia Municipal.

CONTEXTO E PERCURSO METODOLOOGICO DA PESQUISA 2.1 O que é Petrolina?

16 Faculdade de Ciências da Administração de Petrolina FACAPE, mantida como Autarquia Municipal.

Tabela n° 03: Movimentação da matrícula no Ensino Fundamental na Rede Municipal no período de 1997 a 2000 em Petrolina.

Ano Rede Municipal Taxa anual de crescimento

1997 13.236 -

1998 15.081 13,93%

1999 16.514 9,5%

2000 18.255 10,54% - Total 33,97

Fonte: Censo escolar publicado pelo INEP.

Esse é um reflexo da política de descentralização de responsabilidades quanto a oferecer o Ensino Fundamental à população que passou a ter maior ênfase com a instituição da nova LDB, Lei, n° 9394/96. Contribuindo assim, para acelerar o processo de expansão da Rede Municipal de Ensino de Petrolina durante os anos 90, aumentando em 389,86% o número de alunos matriculados em todos os níveis e modalidades de ensino em oito anos, conforme demonstra a tabela n° 04

Tabela n° 04: Evolução da matrícula na Rede Municipal de Petrolina no período 1992 a 1999 Ano N° de alunos matriculados Taxa anual de crescimento 1992 7215 - 1993 9608 33,16% 1994 13701 42,59% 1995 15214 11,04% 1996 16694 9,72% 1997 20865 24,98% 1998 23793 14,03% 1999 28657 20,44% 2000 28129 - 1,84%

Fonte: Projeto de dissertação levantamento feito na Secretaria de Municipal de Educação de Petrolina.

O aumento da demanda de alunos matriculados na Rede Municipal exigiu a ampliação do número de escolas, de professores, de pessoal para o apoio técnico administrativo e de serviços gerais. O município passou a contar com 174 escolas e 1015 professores entre contratados e prestadores de serviço.

no seu interior complexas, exibindo uma diversidade maior de problemas-desafios de ordem política, administrativa e pedagógica. Problemas esses, motivados por fatores de ordem interna e externa à gestão da educação no âmbito do município.

Entre os problemas de ordem interna está a proliferação de unidades escolares reduzidas à construção de 01 a 04 salas de aula, 01 sanitário e pequenos espaços que servem de cozinha e uma secretaria. Nestes espaços os professores se locomovem com dificuldade entre prateleiras, mesas e cadeiras, quando precisam utilizar algum equipamento como máquina de escrever (quando têm), mimeógrafo ou mesmo se reunir no intervalo das aulas.

Algumas dessas escolas são construídas em locais isolados cuja população não demanda a construção das mesmas, mas foram feitas como demonstração de prestígio de vereadores e cabos eleitorais locais. Há, portanto, a questão da distribuição geográfica das escolas ser condicionada por fatores políticos eleitorais.

É importante salientar as dificuldades dos professores que exercem as funções docentes nesses locais. Primeiro há as relacionadas com as condições de transporte: uma vez que para chegar até à escola, muitos deles se deslocam em cima de caminhão ou caminhonete, e lá permanecem durante a semana, residindo em abrigos construídos pela prefeitura ou na casa de pessoas da comunidade, geralmente do chefe político, a quem o professor passa a dever favor, longe do convívio da sua família, pois, retorna só nos finais de semana.

Em segundo, o desconforto para exercer a profissão de educador nos locais mais distantes dificulta a localização de professores nas comunidades que apresentam condições de transporte desfavoráveis. Além disso, faz com esses profissionais busquem o apadrinhamento político ou façam romaria na Secretaria de Educação, todos os anos, em busca de uma transferência, criando um outro problema que é deixar as escolas de difícil acesso sem professores vários meses durante o ano letivo. Implicando, portanto, em dificuldades administrativas e pedagógicas na gestão da Rede e das unidades de ensino.

Outro problema observado com a proliferação dessas escolas é o baixo número de alunos matriculados em cada série, levando à formação de turmas multisseriadas na primeira fase do ensino fundamental. Em relação à segunda fase do ensino fundamental (5ª a 8ª série), a dificuldade de composição de mais de uma

turma em cada série faz com que os professores sejam obrigados a lecionar disciplinas para as quais não estão habilitados, às vezes, sem demonstrar nenhuma aptidão, mas, se submetendo a lecionar até o que não sabem ou dominam, apenas para completar a carga horária estabelecida no contrato de trabalho. Esse fato resulta numa questão de ordem pedagógica, uma vez que, em muitos casos, dificulta o processo de aprendizagem do aluno, comprometendo a qualidade do ensino na Rede Municipal.

Além dessa improvisação, convive-se também com a carência de recursos didáticos suficientes para uma prática pedagógica de boa qualidade, pouco investimento na formação permanente dos docentes e baixo nível salarial dos professores chegando a ser igual ou mesmo inferior aos de outras categorias que não exigem o mesmo nível de qualificação profissional.

Os problemas não se relacionam somente a questões internas da Rede Municipal, estão associados a um conjunto de políticas globais que influem direta e indiretamente na definição de suas ações. São também reflexos das exigências do capital externo que impõe ao Governo brasileiro a adoção de medidas de contenção de gastos públicos limitando os investimentos no setor educacional, isso força aos municípios - pelo princípio da descentralização das competências na oferta de escolarização à população – a assumirem obrigatoriamente a responsabilidade pela demanda da população em idade escolar, sem recursos suficientes para oferecer uma educação de qualidade necessária aos padrões de sociabilidade exigidos na atualidade.

Há também a ineficiência na aplicação das verbas públicas, pois os resultados alcançados com a política educacional implementada pelo município não atingem os objetivos esperados. O fracasso escolar se mantém relativamente alto como demonstram os índices de evasão e repetência revelados no período 1997/2000 conforme demonstra a tabela n° 5

Tabela n° 5: Índice de matrícula, evasão e repetência na Rede Municipal de Petrolina no período 1997 - 2000.

Ano Matrícula inicial % de evasão % de repetência

1997 18943 19,14 13,46

1998 25847 18,51 11,29

2000 28129

Fonte: Projeto de dissertação levantamento feito na Secretaria de Municipal de Educação de Petrolina, em 2001.

Percebe-se através dos dados que aproximadamente um terço dos alunos matriculados no início do ano não obtém o sucesso esperado, o que significa prejuízo tanto para o aluno como para o sistema que investiu recursos materiais, humanos e financeiros e não obteve o retorno desejado. Situação essa que é agravada nas séries iniciais do ensino fundamental e na passagem das quatro primeiras séries para as quatro últimas deste nível de ensino.

Tabela n° 6: Índice de matrícula e percentual de evasão e repetência na 1ª série do Ensino Fundamental no período 1997 - 2000 em Petrolina.

Ano Matrícula inicial % de evasão % de repetência

1997 3062 20,4 23,93

1998 3614 18,94 26,44

1999 3953 16,36 26,26

2000

Fonte: Projeto de dissertação levantamento feito na Secretaria Municipal de Educação de Petrolina em 2001.

O cartão de visita para quase metade das crianças pobres que ingressam nas Escolas da Rede Municipal de Ensino em Petrolina, é o atestado de incompetência logo no primeiro ano de vida escolar. Esse fato às vezes se repete sucessivamente levando o aluno a abandonar para sempre a escola achando que é ele mesmo o único culpado pelo fracasso escolar.

Por outro lado, para alguns que conseguem permanecer a vida escolar também não é muito longa, no momento de passagem da 4ª para a 5ª série a reprovação se acentua, revelando o fracasso que vem sendo maquiado durante os quatro, cinco, seis, sete ou mais anos que antecederam esse momento de passagem.

Tabela n° 7: Índice de matrícula e percentual de evasão e repetência na 5ª série do Ensino Fundamental no período 1997 - 2000 em Petrolina.

Ano Matrícula inicial % de Evasão % de Repetência

1997 1793 26,48 14,25 1998 2188 27,9 14,72 1999 2441 29,34 16,18 2000 1322 30,17 21,9 Fonte: Projeto de dissertação levantamento feito na Secretaria Municipal de Educação de

É, portanto, evidente, que o maior índice de retração escolar em Petrolina ocorre nessas séries chegando a atingir uma média em que quase 50% da totalidade dos alunos matriculados na 1ª e 5ª série do Ensino Fundamental repetem pelo menos um ano, ou evadem da escola. Fato que é comprovado também pelo próprio afunilamento, pois pouco mais da metade dos alunos matriculados na 1ª série chega à 5ª série.

Isso demonstra uma contradição do próprio desenvolvimento sócio-econômico que é a desigualdade de oportunidades educacionais, uma vez que os alunos matriculados na rede pública municipal residem em sua quase totalidade nos bairros periféricos e no interior do município. A grande maioria pobre economicamente representa assim uma massa de excluídos da oportunidade de frequentar escolas atrativas, que signifiquem uma oportunidade de progredirem social e economicamente, tendo domínio dos conhecimentos necessários à inserção nas novas formas de sociabilidade e no setor produtivo.

O problema da evasão e da repetência é a síntese de um acúmulo de questões mal resolvidas que terminam por penalizar diretamente o aluno oriundo das classes menos favorecidas economicamente, condenando-os desde de cedo à condição de subalternos nas relações que estabelecem na sociedade.

Assim, a própria gestão da rede de ensino se constitui num dos pontos chaves a serem revistos na busca de solução para superar os inúmeros desafios educacionais num contexto marcado por contradições e relações de poder político que se tornaram cada vez mais complexas, à proporção que a cidade se desenvolve.

2.3 - A gestão pública e educacional em Petrolina

O crescimento da cidade tornando a vida de seus habitantes mais complexa ao passarem a conviver com o inchaço dos bairros periféricos e das regiões do interior, levou a um aumento das demandas por serviços essenciais como: moradia, transporte, educação, saúde e segurança. Serviços esses que passaram a exigir maiores somas de recursos, vontade política e capacidade técnica-administrativa do poder público condizentes com os novos paradigmas de gestão municipal, no sentido de atender também às demandas impostas pelo rápido processo de crescimento e

urbanização.

As demandas por serviços essenciais contribuíram para uma ampliação quantitativa do quadro de servidores públicos municipais, estatutários, em Petrolina. Esse aumento deu-se a partir dos anos 90, quando foram admitidos 338117

funcionários no período entre 1990 e 2000.

Essa evolução quantitativa18 bem como a estabilidade no emprego, o que proporciona uma relativa liberdade, produziu uma maior complexidade nas relações de poder, ou seja, nas palavras de Morim (1996), produziu-se um “emaranhamento

de ações, de interações e de retroações”, movido pelo jogo de interesses da

população, dos servidores e poderes constituídos (executivo e legislativo).

Assim, de um lado, na expectativa de ser contemplada com investimentos públicos, a população reivindica através das lideranças políticas e comunitárias a instalação de equipamentos de uso coletivo, como postos de saúde, prédio escolares, praças, áreas de lazer, melhoria das avenidas de acesso aos bairros, iluminação pública, segurança e políticas de geração de emprego.

De outro, os servidores, representados pelo Sindicato pressionam o poder público por melhores condições de trabalho e salariais, reconhecimento dos direitos adquiridos e instituição de estatutos específicos de cada categoria profissional. De outro ainda, representantes do legislativo e do executivo lutando para se manter no poder, até certo ponto, procuram atender às reivindicações de cada segmento.

Neste novo contexto de reivindicações, embora mantendo a antiga tradição de poder patrimonialista já que uma mesma família governa a cidade por mais de um século, Petrolina vê surgir novos atores sociais, que em meio à complexidade das relações cotidianas produzem novos modos de ser das coisas, de existência no espaço social e assim contribuem para que venha a ser estabelecida lenta e progressivamente uma lógica de gestão do setor público condizente com o sentido da "coisa política, que é os homens terem relações entre si em liberdade, para além da

força, da coação e do domínio” (Arendt, 1999, p. 48).

Há na atualidade um momento de transição onde os traços do velho

17 Muito dos servidores admitidos nos anos 90 já trabalhavam para o município, prestando serviços,

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