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PERFIL E PARTICIPAÇÃO DOS PROFESSORES NO MOVIMENTO Encarando o desafio de elaborar uma proposta preliminar do plano de carreira

53 Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco.

grupos religiosos tanto católico como protestante, em seguida vem as associações de moradores, sindicato, partidos político e outros movimentos conforme demonstra a tabela a seguir:

Quadro n° 04: Distribuição da participação dos professores "presentes" pelo tipo de movimento em que se envolveram durante suas vidas54.

Movimentos assinalados Frequência das

respostas Grupos religiosos 10 Associação de moradores 07 Sindicato 06 Partidos políticos 03 Cooperativa de trabalho 01

Fonte: Projeto de dissertação, respostas aos questionários aplicados durante o trabalho de campo no período de agosto a outubro de 2000.

É interessante perceber que entre os presentes apenas seis fazem referência a reuniões em sindicato, isso se explica pelo fato de que na pergunta não foi mencionado sindicato, pois o objetivo era perceber o envolvimento em outros espaços de ação coletiva. No entanto, o sindicato parece ser uma representação significativa para os que o mencionaram em suas respostas.

A situação é similar entre aqueles considerados “ausentes” das manifestações coletivas promovidas pelo Sindicato no período em que foi elaborado e discutido o projeto do EPCM. Uma vez que, embora a frequência das respostas seja superior à dos "presentes", segue a mesma ordem, invertendo apenas em relação à participação movimentos sindicais e partidos políticos, ver quadro n° 05.

Quadro n° 05: Distribuição da participação dos professores "ausentes" pelo tipo de movimento em que se envolveram durante suas vidas55.

Movimentos assinalados Frequência das

54 A frequência de respostas é maior do que o número de professores porque como dadas várias para a mesma pergunta optou-se por reuni-las em categorias para que não houvesse perdas qualitativas. 55 Ibid.

respostas Grupos religiosos 19 Associação de moradores 10 Sindicato 02 Partidos políticos 02 Outros 01 Fonte: Projeto de dissertação, respostas aos questionários aplicados durante o

trabalho de campo no período de agosto a outubro de 2000.

A historiografia produzida a partir das respostas aos questionários aplicados junto aos professores selecionados para a amostra, evidencia que exceto nas reuniões e movimentos promovidos pelo sindicato, o envolvimento em ações coletivas por parte dos dois grupos (presentes e ausentes) não difere muito. São formas mais simples e talvez menos comprometidas com mudanças estruturais.

Em relação ao interesse em participar do próprio movimento sindical, percebe-se nos discursos dos professores que seus envolvimentos nas lutas quase sempre não ultrapassam fins imediatos tais como: a questão dos salários em atraso e melhores condições de trabalho, ou seja, questões tão cruciais que seria impossível em algum momento da vida profissional não reagir e atender às convocações do sindicato.

4.3 - A participação dos professores na gestação do EPCM.

Para compreender esse movimento é importante ressaltar o caráter da participação dos envolvidos direta e indiretamente no processo de elaboração e discussão do EPCM. Esta participação se manifesta de diferentes formas, revelando posturas que vão desde a atitude participativa no grupo de trabalho que se propôs a elaborar a proposta preliminar à de simples crítica isolada ou manifestação da insatisfação no interior das escolas em que trabalham os professores.

A insatisfação manifestada em geral leva, os professores a formularem suas críticas contra o sistema, tendo como figura central o governo. Mas, em alguns casos, elas se dirigem também ao sindicato que lhes representa, e às vezes aos próprios colegas ou a si mesmos, ao refletirem sobre a situação enquanto professor.

As diferenças nas posturas de participação dos professores se refletem também entre os integrantes do grupo de trabalho. Fez-se presente durante as

sessões de estudo e discussões, que deram origem à proposta de EPCM, possibilitando a percepção de que aqueles cuja história de vida revelava um maior envolvimento pessoal com as questões políticas (através do movimento sindical, militância em partidos políticos ou coordenação de grupo de discussão), tinham mais aptidão para a condução dos trabalhos, afinco na leitura dos documentos e maior disposição para o debate das propostas.

Esse conjunto de disposições foi demonstrado na defesa das propostas e sugestões que cada um pretendia ver contempladas como pontos do estatuto e plano de carreira do magistério. Outros adotavam atitudes mais reservadas limitando-se apenas a concordar ou discordar das proposições defendidas por aqueles mais afeitos ao debate.

Essa disposição foi revelada também na fala de duas integrantes do grupo de trabalho ao fazer uma reflexão quanto às suas contribuições na elaboração do projeto de EPCM.

Não sei se contribui muito não, porque só ajudar os colegas a discutir um assunto, não sei se no meu ponto de vista contribuiu em alguma coisa, eu acho, sei lá, acho que não contribui muito não, (...) acho que era isso mesmo, inibição, eu sempre fui assim, acho que tenho que vencer essa timidez, às vezes eu até tenho vontade de discordar de alguma coisa, mas não sei o que... É timidez né? ... mas já tive vontade de discordar!56

... Na verdade eu me sinto muito caladinha né? Eu ouço muito, mas eu

acho que em relação aos assuntos da prática, o que eu via na prática certo? Eu pude dar certas contribuições, tipo assim, eu já sabia que era assim, né? Então eu concordava ou discordava e dava minha sugestão, dava minha idéia... foi mais ou menos isso, já conhecendo a prática e já sonhando com a coisa diferente... um ideal que me move...57

As falas transcritas acima revelam a postura de professores mais contidos em suas argumentações, que se posicionam de forma defensiva e evitam o conflito. Os que reagiam de tal maneira demonstravam menos envolvimento em movimentos de ação coletiva, ao contrário daqueles que participavam há mais tempo como membro de partidos políticos, na direção de sindicatos e associação de moradores. Isso

56 Trecho transcrito da fala da professora C em entrevista concedida em fevereiro de 2000.

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