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Parte II – Estudo Empírico

Capítulo 5: Análise e Apresentação dos Resultados

5.2. Análise Psicométrica das Escalas

5.2.1. Escala de Liderança

averiguar na tabela 27. Apresentam-se, igualmente, os valores de alfa encontrados por Podsakoff e colegas (1990). O alfa total para a dimensão de Liderança resultou em 0.97.

Tabela 27. Comparação entre os valores da consistência interna das medidas de Liderança

encontrados neste estudo e em Podsakoff e colegas (1990).

Dimensão

Presente estudo Podsakoff et

al. (1990) Medidas N α de Cronbach N α de Cronbach Liderança Transformacional (α=0.96) Identificação e articulação de uma visão 190 0.92 988 0.87 Fornecer um modelo apropriado 190 0.92 988 0.87

Promover a aceitação dos

objetivos do grupo 190 0.96 988 0.87 Criar expectativas de elevado

desempenho 190 0.67 988 0.78 Promover apoio individualizado 190 0.60 988 0.90 Estimulação intelectual 190 0.94 988 0.91 Liderança Transacional (α=0.89) Comportamento de recompensa contingencial 190 0.89 988 0.92

Na medida de Liderança, a diferença de valores encontrada pode justificar-se devido ao reduzido número de itens que compõe cada escala, sendo que, e tal como previamente referido, quando as escalas são reduzidas, a sua consistência interna tende a ser inferior. Porém, e de acordo com os valores propostos por Pestana e Gageiro (2008), todos os valores de alfa revelam consistência interna boa ou aceitável. A diferença pode ainda justificar-se devido a diferenças culturais, uma vez que a escala foi desenvolvida com indivíduos da América, Canadá e Europa e aplicada no âmbito desta investigação à população portuguesa. Não houve necessidade de exclusão de qualquer item, uma vez que nenhum deles afetaria significativamente o resultado do alfa. Os valores de alfa poderão ser encontrados no anexo

D.

De seguida, verificou-se que o valor da medida de Kaiser-Meyer-Olkin para a

adequação da amostra (KMO) era 0.97, valor este excelente de acordo com Marôco (2011), e que o teste de esfericidade de Bartlett atingia a significância estatística (B (378) = 6238.190;

p = .000). Estes valores poderão ser encontrados na tabela 28.

Tabela 28. Teste de esfericidade de Bartlett e medidas de adequação da amostra.

Kaiser-Meyer-Olkin 0.965 Teste de esfericidade de Bartlett Approx. Chi-Square 6238.190 df 378 Sig. .000

Os 28 itens foram, posteriormente, sujeitos a uma análise fatorial, depois de verificadas as condições para a mesma.

Explicando 71,5% da variância de Liderança, dois fatores emergiram da análise fatorial exploratória. Dos 28 itens, todos saturaram em algum fator com coeficientes superior a 0.5, tal como indicado por Pestana e Gageiro (2008). O fator 1 explicou 62.1% da variância total e o fator 2 explicou 9,4% da variância total. Os valores da variância podem ser

encontrados no anexo E.

Contrariamente ao apontado na literatura, mais especificamente no estudo de Podsakoff e colegas (1990), no estudo destes autores, 23 itens constituem a dimensão de Liderança Transformacional e saturam em 6 fatores, enquanto que os restantes 5 itens que constituem a dimensão de Liderança Transacional saturam num fator. Nesta investigação, os resultados da análise fatorial evidenciam a extração de apenas duas componentes, as quais contemplam os 28 itens. Estas componentes podem ser consultadas na tabela 29.

Tabela 29. Matriz rodada da medida de Liderança.

1

(α=0.98)

2

(α=0.70) Demonstra que espera muito de nós. 0.626 0.389 Dá sempre um retorno positivo quando alguém consegue bom

desempenho. 0.861 -0.025

Ilustra, para o grupo, um quadro otimista para o futuro. 0.712 0.253 Lidera pelo “fazer” em vez de simplesmente “dizer”. 0.807 0.145 Demonstra reconhecimento especial quando alguém faz um bom

trabalho. 0.861 -0.036

Demonstra respeito pelos sentimentos dos outros. 0.872 -0.097 Procura ser um bom modelo a ser seguido. 0.896 0.013 Comporta-se de maneira atenciosa com respeito às necessidades

pessoais dos colaboradores. 0.863 -0.064 Tem um entendimento claro a respeito de “para onde vamos”. 0.776 0.251 Elogia quando alguém faz um trabalho acima da média. 0.833 0.072 Cumprimenta pessoalmente quando alguém faz um excelente trabalho. 0.882 -0.047 Encoraja a colaboração entre grupos de trabalho. 0.885 0.063 Inspira os outros com os seus planos para o futuro. 0.913 0.081 Desafia a pensar sobre novos caminhos para velhos problemas. 0.887 0.108 É capaz de envolver os outros nos seus ideais. 0.880 0.013 Questiona de forma a fazer os outros pensarem. 0.880 0.005 Incentiva os colaboradores a serem “parte de uma equipa”. 0.915 -0.047 Estimula a repensar a maneira como fazem as coisas. 0.922 0.014 Está sempre à procura de novas oportunidades para a Organização. 0.813 0.214 Envolve o grupo a trabalhar por um objetivo comum. 0.924 0.062

Lidera pelo exemplo. 0.923 -0.002

Tem ideias que levam a reexaminar alguns dos pressupostos sobre o

trabalho. 0.872 0.094

Desenvolve espírito de equipa e atitude entre os colaboradores. 0.932 -0.065 Age, independentemente dos interesses dos outros. (R) -0.083 -0.683

Foca-se somente no melhor desempenho. 0.289 0.682

Trata os outros sem considerar os seus sentimentos. (R) 0.240 -0.693

Itens Componentes 1 (α=0.98) 2 (α=0.70) Não valoriza frequentemente o bom desempenho. (R) 0.373 -0.579

Assim, e apesar de estes resultados serem diferentes dos propostos por Podsakoff e colegas (1990), utilizaram-se os fatores extraídos nesta investigação. Apesar de os itens não saturarem nos fatores propostos pelos autores originais, percebeu-se que havia uma certa lógica nos itens que saturaram nos dois fatores, coincidente com uma visão de liderança mais classicamente representada na literatura. Neste sentido, intitulou-se o primeiro fator de “Líder orientado para as pessoas” e o segundo fator de “Líder orientado para a tarefa”. O segundo fator corresponde aos itens 3, 10, 11, 14 e 17, tendo os restantes itens saturado no primeiro fator. Estes resultados serão posteriormente discutidos nesta investigação. Será importante referir que, para se apresentarem as principais medidas estatísticas na medida de Liderança, houve a necessidade de agrupar os itens que compunham cada um dos fatores já conhecidos. Tal como refere Marôco (2011), na extração dos fatores, em qualquer um dos métodos usados (Bartlett, Thompson e Anderson-Ruby), os factor scores apresentam média de 0. Para isso, selecionaram-se os itens correspondentes a cada um dos dois fatores (que resultaram da análise fatorial) e calculou-se a média, com recurso ao SPSS, obtendo-se, assim, duas variáveis com os respetivos itens.

As principais medidas estatísticas destas duas variáveis são apresentadas na tabela 30, podendo igualmente ser consultadas, no anexo E, as principais medidas estatísticas das sete variáveis propostas pelos autores originais e calculadas nesta investigação.

Tabela 30. Principais medidas estatísticas relativas às variáveis de Liderança.

N Média DP Mediana Min Máx K-S Sig. (p) Líder orientado

para as pessoas 190 5.13 1.53 5.48 1.17 7 0.119 .000 Líder orientado

para a tarefa 190 4.41 0.75 4.40 2.20 7 0.096 .000 Legenda: K-S = teste de Kolmogorov-Smirnov; DP = Desvio-Padrão; Min = Mínimo; Máx= Máximo.

É possível depreender através da tabela que, analisando a amostra composta por 190 indivíduos, a variável de liderança que apresenta a média mais alta é o “Líder orientado para as pessoas” (M = 5.13; DP = 1.53), sendo que o “Líder orientado para a tarefa” demonstra não só a média mais baixa, como também o menor desvio-padrão (M = 4.41; DP = 0.75). A partir do teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) percebeu-se que nenhuma destas variáveis segue distribuição normal, já que o valor da significância é inferior a .05, valor este referido por Field (2009).

5.2.2. Escala de Comportamentos de Cidadania Organizacional.Analisando-se