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Parte I – Fundamentação Teórica

Capítulo 2: Liderança

2.3. Liderança Escolar

2.3.2. Estilo de Liderança orientado para as pessoas/tarefa

prendem apenas com estudos sobre liderança transformacional e transacional quando pretendem perceber qual o estilo de liderança que deve ser adotado pelos Diretores das escolas, existindo, para isso, estudos que se foquem nos líderes orientados para as pessoas e nos líderes orientados para as tarefas.

Por um lado, existem os autores que defendem que um bom líder adota os dois estilos de liderança — orientado para as pessoas e orientado para a tarefa.

A título de exemplo, Rajbhandari, Rajbhandari e Loock (2016), na sua investigação, realizaram entrevistas a 17 professores e Diretores de escolas primárias da Finlândia, por forma a perceberem os comportamentos de liderança através das perceções dos Diretores e dos professores. Neste sentido, os autores concluíram que os estilos comportamentais de liderança em termos de comportamento orientado para as relações e orientado para a tarefa são igualmente importantes para acomodar as mudanças e o desenvolvimento nas escolas. Assim, o comportamento orientado para as relações foi preferido por aqueles que estiveram na Organização por mais tempo, enquanto que o estilo de liderança orientado para a tarefa foi o adotado quando foram exigidas mudanças, tanto a nível do desenvolvimento das

infraestruturas escolares, como no sistema educacional. Os líderes escolares com

comportamento orientado para as tarefas foram, desta forma, mais eficazes, enquanto que os líderes com comportamento orientado para os relacionamentos foram mais eficientes e geraram harmonia social, o que sugere que as variações contextuais permitiram flexibilidade nos estilos de comportamento de liderança. Estes resultados parecem ser congruentes com o estudo levado a cabo por Moghani, Taghibigloo, Kalantari, Honari e Karbas (2012). Estes autores realizaram um estudo a 123 professores de escolas do ensino secundário do Irão, utilizando a escala de Fiedler, por forma a perceberem a relação entre o estilo de liderança do Diretor (orientado para a tarefa ou para as pessoas) e a eficiência dos professores. Os autores concluíram que são os Diretores cujo estilo de liderança é mais orientado para a tarefa que conseguem levar a uma maior eficiência por parte dos professores. Também Blase, Dedrick e Strathe (1987), através de um estudo efetuado a 168 professores, concluíram que existe um

alto grau de associação não só entre a satisfação docente e a dimensão de consideração, como também com os comportamentos de estrutura de iniciação.

Em suma, os dados destes estudos citados mostram que os líderes que demonstram comportamentos orientados para as pessoas e para as tarefas são igualmente importantes para acomodar as mudanças e o desenvolvimento nas escolas, sendo que ambos os estilos geram satisfação docente.

Por outro lado, existem investigadores que defendem, maioritariamente, o uso da

liderança orientada para as pessoas por parte dos Diretores.

Harikaran e Jeevaraj (2015), na sua investigação, numa amostra composta por 180 professores de escolas do Sri Lanka, tentaram perceber a relação entre os estilos de liderança (instrumental/relacional) dos Diretores e o comportamento dos professores (satisfação, desempenho e absentismo). Os autores concluíram que existe uma correlação positiva entre o estilo de liderança relacional e a satisfação e o desempenho dos professores; por outro lado, existe uma correlação negativa entre o estilo de liderança instrumental e a satisfação e o desempenho dos professores. Josanov-Vrgovic e Pavlovic (2014) realizaram um estudo, com base no modelo gerencial de Blake e Mouton, com uma amostra de 220 professores e 20 Diretores de escolas primárias e secundárias na Sérvia. Neste estudo, os autores concluíram que os Diretores que adotam um estilo de liderança com orientação para as pessoas

influenciam, de forma positiva, a satisfação dos professores nas áreas de desenvolvimento da escola, gestão e relacionamento com os colegas e trabalho em equipa. Por outro lado, os Diretores orientados para a tarefa influenciam negativamente a satisfação do professor nas áreas de comunicação, gestão, desenvolvimento escolar e segurança. Sancar (2013), num estudo realizado a 599 professores de escolas primárias e secundárias do Chipre, teve como objetivo determinar as perceções dos professores o comportamento de liderança de seu Diretor de escola (consideração e estrutura inicial). Os resultados sugerem que existe uma relação positiva entre o comportamento de consideração dos Diretores e a satisfação geral expressa pelos professores, os seus níveis de motivação intrínseca e extrínseca. Por outro lado, não houve relação significativa entre o comportamento de estrutura de iniciação dos Diretores e a satisfação e motivação intrínseca e extrínseca dos professores. Também os resultados da investigação de Nadarasa e Thuraisingam (2014) parecem apontar para uma relação positiva entre o estilo de liderança democrático dos Diretores e a satisfação dos professores, bem como uma relação negativa entre o estilo autocrático e a satisfação dos professores. Knoop (1981, referido por Huber-Dilbeck, 1988) concluiu do seu estudo a 1812

professores do ensino primário, básico e secundário que a satisfação do trabalho estava positivamente relacionada com os comportamentos de consideração demonstrados pelos Diretores.

Em jeito de conclusão, no seu conjunto, os dados destes estudos citados mostram que um líder que adote maioritariamente comportamentos orientados para as pessoas geram mais satisfação (e.g., áreas de desenvolvimento da escola, gestão e relacionamento com os colegas e trabalho em equipa), motivação e desempenho por parte dos professores, enquanto que um líder com orientação para a tarefa gera menos satisfação (e.g., áreas de comunicação, gestão, desenvolvimento escolar e segurança) e desempenho

Importante será ainda referir de que forma variam as perceções dos professores em relação aos estilos de liderança, sendo que a grande maioria dos estudos empíricos se foca nas variáveis demográficas dos Diretores das escolas, mas não sobre as variáveis demográficas dos professores e a forma como estas impactam na sua perceção do estilo de liderança.