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Solarização do solo para o controle de fitopatógenos habitantes do solo

Características da doença e práticas de controle utilizadas

As doenças veiculadas por fito p a tó g e n o s habitantes do solo são um dos mais im portantes problemas fitossanitários. Esses patógenos incluem diversas espécies de fungos, bactérias e nem atóides, que podem destruir as sementes ou outros órgãos de propagação, causar danos em plântulas, apodre­ cim ento e destruição de raízes ou murcha, devido a danos no sistema vascular. As principais medidas recom endadas são baseadas na exclusão, consistindo na prevenção da entrada e estabelecimento do patógeno no solo.

Um m étodo físico utilizado para a desinfestação de solo é a apli­ cação de vapor, porém, está restrito a pequenas áreas devido ao custo do equi­ pam ento necessário. Dessa form a, tem sido praticado em estufas, canteiros para produção de mudas ou cam pos de culturas altam ente rendosas. O solo é coberto por uma lona e o vapor, produzido por uma caldeira, é injetado, prom o­ vendo o controle de patógenos, plantas daninhas e pragas, por meio da eleva­ ção da tem peratura do solo.

o tratam ento com vapor é fe ito por pelo menos 30 m in., sendo que o solo deve atingir a tem peratura mínima de 8 0 °C . Esse aquecim ento du­ rante a desinfestação pode causar diversas reações químicas. A decom posição da matéria orgânica é acelerada, causando a liberação de amónia, dióxido de carbono e produtos orgânicos. Os m ateriais inorgânicos são degradados ou alte­ rados; os nitratos e n itrito s são reduzidos a amónia e a solubilidade ou disponi­ bilidade dos nutrientes é m odificada, podendo haver o acúm ulo em nível tó xico , com o 0 manganês, por exem plo.

Uma das vantagens do tratam ento com vapor é a inespecificidade, mas tam bém é um de seus maiores problem as. De modo geral, as altas te m p e ­ raturas atingidas, que tornam o tratam ento não seletivo, resultam na erradicação

da m icrobiota, criando espaços estéreis denominados "vácuos biológicos” . 0 equilí­ brio da comunidade microbiana do solo é destruído ou profundamente modificado. A recolonização é feita, basicamente, por microrganismos termotolerantes sobreviven­ tes, microrganismos do solo adjacente não tratado, do ar, da água ou aqueles introdu­ zidos com m aterial vegetal. Esse pode ser um sério risco do tratam ento, já que a redução da população de antagonistas, geralmente, significa uma rápida dissemina­ ção do patógeno reintroduzido.

0 controle químico com o uso de fungicidas erradicantes, como os fum igantes, tam bém apresenta o problema de criação de "vácuo biológico” , com o descrito para o tratam ento com vapor, além de problemas quanto a custo, eficiência e resíduos, podendo causar a contam inação do aplicador, do alimento produzido e do ambiente.

Um dos principais produtos utilizados, o brom eto de m etila, pos­ sui ação destruidora da camada de ozônio da estratosfera terrestre. Por esse m o tivo , a Reunião das Partes do Protocolo de M ontreal, realizada em Viena, em dezem bro de 1995, estabeleceu prazos para sua elim inação do mercado. Outros produtos estão disponíveis, mas nenhum possui as características do brom eto, isto é, devido à sua versatilidade, não há um produto que possa substitui-lo integralm ente no tra ta m e n to de solo, para o controle de uma ampla gama de organism os. Além disso, a pressão da sociedade por uma agricultura com m eno­ res im pactos am bientais tem incentivado trabalhos de pesquisa com métodos não-quím icos em substituição ao brometo.

M é to d o de controle alternativo utilizado ou disponível

A solarização é um m étodo que utiliza a energia solar para a desinfestação do solo, resultando no controle de fitopatóg enos, plantas invaso­ ras e pragas do solo. 0 m étodo consiste na cobertura do solo, preferencialm en­ te úm ido e em pré-plantio, com um film e plástico transparente, durante o perío­ do de maior radiação solar.

S c le r o t in ia , P y r e n o c h a e ta , P h y t o p h t h o r a , T h ie la v io p s is , R o s e ilin ia e

M a c ro p h o m in a . A s o la riza çã o c o n tro la tannbém b a c té ria s (P seudom onas) e

n em atóide s (M e lo id o g yn e , H eterodera , G lobodera, P latyle n ch u s, D itylenchus,

P aratrichodo rus, C riconem ella, X ip h in e m a , H e lic o ty le n c h u s e Paratylenchus). A

redução na incidência de doenças pode durar vários ciclos da cultura sem a neces­ sidade de se repetir o tra ta m e n to de solarização. O efeito prolongado é resultado da pronunciada redução na quantidade de inóculo associada a uma mudança no equilíbrio biológico do solo, em fa vo r de antagonistas, retardando a reinfestação.

A lém dos p a tóge nos, diversas plantas invasoras tam bém podem ser co n tro la d a s pela solarização. Em m u ita s hortas co m erciais, a solarização está sendo utilizada visando apenas ao c o n tro le das plantas invasoras, visto que sig n ifica uma grande redução de m ão-de-obra. D evido às d ificuldad es do agri­ c u lto r em m o n ito ra r a te m p e ra tu ra do solo ou a população do patógeno durante a solarização, o c o n tro le de invasoras c o n s titu i-s e num e xcelente indicador da e ficiê n cia do m é to d o . A presença de plantas invasoras pode s ig n ifica r que as te m p e ra tu ra s atingidas não foram s u ficie n te s para um co n tro le sa tisfa tó rio . Quan­ do a solarização é bem sucedida, há o c o n tro le de plantas invasoras (Figura 3). Um m aior c re scim e n to de plantas é fre q ü e n te m e n te observado nos solos solarizados, assim com o um a m aior p ro d u tiv id a d e . Esse efe ito , que pode ocorrer m esm o na ausência de p a tó g e n o s, deve-se a diversos processos desen vo lvid o s d u ra n te a solarização, que e nvolvem m udanças nos com ponen­ tes b ió tico s e a b ió tico s do solo.

Possibilidades de uso da té c n ic a de c o n tro le a lte rn a tiv o

Devido à sim plicidade e d isponib ilid ade de bobinas plásticas em to d a s as regiões, a solarização pode ser utilizada de fo rm a geral em to d o o país. Há, e n tre ta n to , a necessidade de se con h e ce r o m elhor período para sua utiliza­ ção em cada região. Por exem plo, para a região de C am pinas, SP, o melhor período é entre setem bro a m arço (Figuras 1 e 2).

C o n tro le fís ic o d e d o e n ç a s e de p la n ta s in v a s o ra s 171

r-:

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Figura 3. C o le to r solar u tiliza d o para a desinfestação de s u b s tra to , m odelo Em brapa M eio A m b ie n te . Figura 4 . C o le to re s do N úcleo de P rodução de M udas da C ATI s itu a d o em São B ento do Sapucaí, SP.

A solarização te m se m o s tra d o viá ve l para diversas c u ltu ra s , apresentando, p rin cip a lm e n te , as va n ta g e n s deco rre n te s do fa to de não ser um m étodo quím ico. A energia solar, elevando a te m p e ra tu ra do solo, prom ove uma alteração na co m p o siçã o da m ic ro b io ta do solo, sem elim iná-la to ta lm e n te , d ifi­ cu ltando a re in fe sta çã o com patóge nos. A lém disso, apresenta ta m b é m com o vantage ns a sua sim plicidade e a fa cilid a d e de aplicação.

Entre as d e svanta gens, pode-se c ita r: a necessidade de m á q u i­ nas para a colo ca çã o do p lá stico em áreas e xtensas; a necessidade do solo

permanecer sem cu ltivo durante o tra ta m e n to ; as lim itações clim áticas; e o cus­ to proibitivo para algumas culturas menos rentáveis.

C oletor solar para a desinfestação