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C ontrole biológico do mandarová-da-mandioca® Características da praga e práticas de controle utilizadas

0 m andarová-da-m andioca, Erinnyis e/lo ello (L.), é considerado a praga de m aior im p o rtâ n cia na cu ltu ra da m andioca. Em Santa C atarina, onde a

C o n tro le B io ló g ico e o u tra s té c n ica s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de pra g a s agropecuárias z t_ t: _ 121

® In form ações prestadas por Aurea Teresa S ch m itt e Renato A. Pegoraro, EPAGRI, Florianópolis, SC.

cultur.a abrange uma área de 87 mil ha, esta praga, em bora de ocorrência esporádica, causa danos expressivos. A maior incidência de Erinnyis ello ello dá- se de novem bro a abril, correspondendo à fase inicial do c u ltiv o e considerada a mais crítica. A larva pode consum ir até 1 .lO O cm ^d e folhagem durante seu ciclo. Dependendo da c u ltiv a r, da idade e vig o r da planta e da intensidade do ataque, pode ocorrer até 50% de redução no re n d im e n to de raízes. As m aiores perdas ocorrem em plantas jovens com até 1 5 0 dias; após este período, a planta pode to le ra r desfolhas de até 8 0 % sem apresentar perdas sig n ific a tiv a s na produção de raízes.

Devido aos danos causados e aos preços menores pagos pelas indús­ trias de fécula para raízes provenientes de lavouras atacadas pela praga, os produto­ res rurais de Santa Catarina utilizam , m uitas vezes, pro d u to s quím icos à base de piretróides, com o Decis®, A m bush® e o u tro s, ou o org a n o fo sfo ra d o D ipterex® para o c o n tro le do m andarová. Porém, estes p ro d u to s não são registra d o s no M inistério da A g ricu ltu ra para uso na cultura da m andioca. A utilização irre strita de produtos químicos ocasiona um desequilíbrio entre a praga e seus inimigos naturais, reduzindo o potencial de controle biológico e aumentando o custo de produção.

M étodo de controle alternativo utilizado ou disponível

Dentre os diversos inim igos naturais do m andarová-da-m andioca constatados em Santa Catarina, observou-se uma grande incidência de um vírus entom opatogênico.

A prim eira co n sta ta çã o do vírus em Santa C atarina fo i realizada pela pesquisadora da Estação Experim ental de Ita ja í- EPAGRI, Dra. Áurea Teresa S c h m itt, na safra de 1 9 8 0 /8 1 , nos m unicípios de Içara e Jaguaruna. 0 vírus foi identificado posteriorm ente pelo Dr. E.W. Kitajim a com o sendo Baculovirus (vírus de granulöse), o qual passou a ser cham ado de Baculovirus erinnyis.

A m ultiplicação do Baculovirus erinnyis te m sido realizada anual­ m ente nas co ndiçõe s de cam po, com p ulverização e c o le ta de lagartas m o rta s

pelo vírus que são, p o s te rio rm e n te , arm azenadas em fre e ze r (2 °C ) para a sua conservação. As técnicas para a utilização do Baculovirus erinnyis foram desenvol­ vidas pela EPAGRI - Estação Experimental de Itajaí, durante o período de 1980-

1 986. Portanto, o m étodo já está disponível para uso.

Durante a safra, a solução de B aculovirus é preparada a partir de lagartas recém -m ortas coletadas nas lavouras. As lagartas m ortas são maceradas e a suspensão re su lta n te é coada e filtra d a para a co le ta da fra çã o líquida. As form ulações à base de Baculovirus ainda estão sendo desenvolvidas pela pesqui­ sa, não estando até o m om ento disponíveis no m ercado.

A utilização desta técnica para o controle do m andarová-da-m an- dioca apresenta vantagens, tais com o: redução do custo de produção; eficácia de co n tro le ; sim plicidade e facilidade de aplicação; capacidade de dispersão; produ­ ção pelo próprio a g ricu lto r e conservação para uso poste rio r; segurança contra o u tro s inim igos naturais e dim inuição no uso de inseticidas quím icos.

Os p rin c ip a is e q u ip a m e n to s u tiliz a d o s para a a p lica çã o do

Baculovirus erinnyis são: pulverizador costal manual ou m otorizado, pulverizador

m ecânico tra to riza d o de barras ou com atom izador e aviação agrícola.

Para m aior su ce sso , a a p lic a ç ã o do B a c u lo v iru s deve ser rea­ lizada quand o se e n c o n tra uma popu la çã o de cin c o a sete la g a rta s pequenas (até 2cm ) por p la n ta . No e n ta n to , este núm ero é fle x ív e l d e p e n dendo, p rin c i­ p a lm e n te , da idade e v ig o r das p la n ta s . P la n ta s com idade in fe rio r a c in c o m eses d evem re c e b e r m a io r a te n ç ã o , pois os p re ju íz o s c a u sa d o s pelo m a n d a ro vá podem ser maiores. A melhor época de controle é de até cinco dias após a emergência das lagartas ou quando as lagartas têm até 5cm de tamanho (segundo ou terceiro estádio). 0 controle não será satisfatório se a aplicação for realizada em lavou­ ras com lagartas maiores do que 5cm (quarto ou quinto estádio).

A freqüência de aplicação depende da reinfestação de Erinnyis ello

eHo. Se a pulverização fo r realizada corretam ente, uma única aplicação durante o cu ltivo tem sido suficiente para controlar a praga.

A solução de Baculovirus pode ser m isturada com espalhante ade­ sivo, ou aplicada isoladam ente. M isturas com p ire tró id e s para o c o n tro le de la­ g artas m aiores do que 5cm têm -se m o stra d o e fic ie n te s no s e n tid o de e v ita r a reinfestação da praga.

A dose de aplicação recomendada é de 20m l por ha do líquido obtido após a maceração das lagartas mortas por B aculovirus e sua filtragem . Esta dose é equivalente a 10 lagartas grandes (7 a 9cm) ou 22 lagartas pequenas (4 a 6 c m ). 0 líquido filtrado contendo Baculovirus é misturado com uma quantidade de água sufici­ ente para molhar as plantas a serem pulverizadas.

Possibilidades de uso da técnica de controle a lte rn a tiv o

0 custo de uma am ostra (20m l) para p rodutore s do Estado de Santa Catarina é de R $2,50. Para produtores de o u tro s Estados, o cu sto de cada amostra é de R $6,50 (excluindo o custo de tra n sp o rte ).

Por ser uma praga cíclica, com grandes infestações geralmente ocor­ rendo de 2 em 2 anos e em regiões e locais dife re n te s, estim a-se que no Estado de Santa Catarina o seu uso ocorra em 1 % da área plantada (87m il ha). Nos Estados do Paraná, M ato Grosso e M ato Grosso do Sul, o B aculovirus está sendo am plam ente utilizado, com o por exem plo, nas safras de 1 9 9 5 /9 6 e 1 9 9 6 /9 7 . Nesses Estados estima-se o seu uso em mais de 2% da área plantada.

A e ficá cia do vírus no c o n tro le do m a n d a ro v á , q u a n d o a p lic a ­ do c o rre ta m e n te , é de 9 0 a 9 5 % . O B a c u lo v iru s te m a p re s e n ta d o boa e s ta ­ bilidade, não m o stra n d o m udanças no DNA de is o la d o s u tiliz a d o s e c o le ta d o s perio d ica m e n te em S anta C atarina.

A partir de 1990, a incidência do m andarová-da-m andioca no Esta­ do de Santa Catarina tem sido considerada baixa. 0 desaparecim ento das grandes infestações que normalmente ocorriam principalm ente no sul do Estado não mais foram constatadas nos últim os seis anos. Este fa to provavelm ente está relaciona­ do ao uso do Baculovirus durante o período de 1 9 8 4 a 1 9 9 0 , quando anualmente

C o n tro le B io ló g ic o e o u tra s té c n ic a s a lte rn a tiv a s de c o n tro le de p ragas agropecuárias ' 1 2 5

foram realizadas pulverizações com esse microrganismo. Nestas áreas é encontra­ da uma m aior incidência de ovos e lagartas parasitadas, como também uma maior ocorrência de lagartas infectadas por Baculovirus. 0 assunto foi discutido em reu­ nião com té cn ico s do CIAT, os quais também relataram que na Colômbia, nas áreas onde o uso do Baculovirus foi realizado por vários anos seguidos, foi consta­ tada baixa incidência da praga e, em algumas regiões, houve o desaparecimento do mandarová. Isso provavelm ente está relacionado com a persistência e dissemi­ nação do vírus no am biente, que mantém a praga sob controle.

A s am ostras de Baculovirus erinnyis, cada uma com dose equi­ valente para o uso em um hectare, têm sido comercializadas ju n to aos produto­ res e ind u stria is que queiram iniciar o controle biológico, e produzir seu próprio material de estoque. P o rtanto, o Baculovirus erinnyis não tem sido com ercializado em grande escala, por ser um p roduto de fácil m ultiplicação pelos próprios pro­ dutores. Em S anta C atarina, a com ercialização do Baculovirus erinnyis na sua form a natural te m sido realizada pela Epagri. No Paraná, a comercialização está sen­ do realizada pela Secretaria de A gricultura do município de Paranavaí e pela Emater. Ainda, a E m ater/M S , algum as indústrias produtoras de amido, como tam bém algu­ mas cooperativas, principalmente do Estado do Paraná, estão produzindo o Baculovirus em quantidade suficiente apenas para atender aos seus produtores. Todas as amos­ tras são acom panh adas com fo lh e to inform ativo sobre o produto e sua form a de aplicação.

V á rio s tra b a lh o s de pesquisa vêm sendo desenvolvidos a fim de realizar a ca racterização e a form ulação do vírus. A té o presente m om ento não foram observados problem as na saúde humana ou no meio ambiente resultantes da utilização desse agente de controle biológico.

Com relação às lim itações ao uso do Baculovirus erinnyis, pode-se citar: falta de form ulação do vírus, falta de maior estoque do produto, deficiência na análise e controle de qualidade, coleta e armazenamento inadequados, e ausên­ cia de acom panham ento do m aterial coletado e utilizado pelo produtor.

1 2 6 --- --- --- M é to d o s A lte rn a tiv o s de C o n tro le F ito s s a n itá rio

A perspectiva de uso do Baculovirus erinnyis nas esferas nacional e in te rn a cio n a l é m u ito grande. Ele já é u tiliza d o em lavouras de m a n d io ca dos Estados do Paraná, M ato Grosso, M ato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Norte e Espírito Santo, com o tam bém em países com o Colômbia, Paraguai e Venezuela. A taques constantes da praga são registrados principalm ente nos Estados do M ato Grosso, M ato Grosso do Sul, oeste e norte do Paraná e nos Estados do Nordeste. No Paraná, M ato Grosso e M a to Grosso do Sul, o uso do B a c u lo v iru s é uma p rática corrente, principalm ente nas áreas de produtore s que recebem assistên­ cia té cn ica das indústrias de fécula e de té cn ico s da Emater.

0 Brasil tem uma área de 1 .6 3 5 .9 3 3 ha de m a n d io ca (IBGE, 1 9 9 9 )^ , sendo que to d a s as regiões produtora s estão sujeitas ao a taque do m andarová. Além da c u ltu ra da m andioca, esta lagarta tam bém é co n sid e ra d a praga da seringueira. Assim sendo, há uma tendên cia à am pliação na u tiliza çã o do Baculovirus para o controle dessa praga em seringueira.