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Apresentação, análise e interpretação dos dados empíricos

5. Política educativa, liderança e as manifestações culturais na Escola Secundária Belga

5.2 Estilo de liderança do diretor da Escola Secundária Belga

O diretor como responsável máximo, dotado de poder e autoridade conferido pelos órgãos centrais, vê todas as funções centradas nele, desde as administrativas até às de natureza pedagógica. Na escola, é a figura responsável pela transmissão desses conhecimentos, valores para os demais funcionários. Dotado de competências técnicas e humanas, de forma eficiente e eficaz, transmite na escola as políticas educativas traçadas, de modo que os outros funcionários cumpram naturalmente para o alcance do objetivo, ou seja; da sociedade desejada.

A liderança do diretor da escola é coesa, criativa, por ser uma das maiores e mais antigas escolas do país e da província, também considerada como escola piloto sujeita a várias mudanças dependendo do contexto e das políticas traçadas. Conforme o presidente do conselho da escola,

“por isso, disse que a direção era muito jovem e criativa, a liderança do diretor da escola” (PCE, E4:12)

De acordo com os vários atores entrevistados, na gestão do quotidiano escolar, o diretor pauta- se pela liderança democrática e participativa (cf. tabela n.º 10). As suas expectativas e anseios passam a fazer parte das suas prioridades ou agenda para o desenvolvimento e alcance dos objetivos institucionais.

Tabela 10: Estilo de liderança do diretor

E1 Representante dos alunos E2 Diretor da escola E3 Representante dos professores E4 Presidente do conselho da escola E5 Representante dos funcionários (não docente) Estilo de liderança do diretor

Compreensiva Democrática Democrática Participativa e democrática

Ausculta as pessoas

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Na mesma esteira, o presidente do conselho da escola refere que,

“a direção é coesa e é determinada mais acima de tudo é participativa e democrática”. (PCE, E4:12)

Percebemos, na abertura do ano letivo, que na escola reina um ambiente democrático e participativo de todos os atores escolares, bem como da comunidade circunvizinha. Quanto às intervenções, a forma de expor os assuntos e os aspetos abordados eram de muita significância e relevância para os participantes, sentindo-se estes cada vez mais parte integrante da vida escolar. Segundo o diretor, o seu estilo de liderança carateriza-se como sendo,

“eu caracterizo-me como democrata, eu sou democrata porque gosto de trabalhar em equipa, não gosto de tomar a dianteira e dizer que olha façam isso sem auscultar primeiro, privilégio mais o diálogo, ideias construtivas e privilegiou também a criação de bom ambiente de trabalho”. (DE, E2:12)

Este ambiente democrático e participativo deve-se, sobretudo, ao diretor. Apesar de ter um horário oficial para o atendimento de cada assunto (cf. figura n.º 11 abaixo), o acesso não está vedado; se alguém tiver alguma questão a expor, pode bater a porta do seu gabinete. Desde que não esteja ocupado, ele atende as pessoas, sem descriminação de cor partidária, religião, região de origem, cor, cultura, etc.

Tabela 11:Horário de atendimento do gabinete do diretor

2.ª Feira 3. ª Feira 4.ª Feira 5.ª Feira 6. ª Feira

08:00h – 09:30h Programação da semana com os membros da direção 09:00h – 12:00h Atendimento ao público 08:00h – 09:30h Estudo de documentos normativos (Regulamento interno, Estatuto Geral dos Funcionários e gentes de Estado, Regulamento de Avaliação) – membros da direção. 09:00h – 12:00h Atendimento ao público 14:00h – 15:00h Balanço da semana com os membros da direção.

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Este estilo de liderança pode-se notar no seguinte exemplo: a escola sofria de grandes perturbações durante o período normal de funcionamento, pessoas estranhas infiltravam-se no interior da escola provocando perturbações tanto para os alunos como para os funcionários em geral. Numa das sessões do conselho da escola foi deliberado que deveriam ter uma guarnição policial. Foram tomadas diligências e, neste momento, já tem um agente policial e o ritmo das atividades decorre normalmente.

Outro exemplo que podemos citar foi a reclamação dos pais e encarregados de educação quanto ao uniforme escolar, principalmente o das mulheres ou raparigas que alegavam que eram curtas e que, de certo modo, propiciava um assédio dos professores. Após a auscultação dos pais e encarregados de educação, o conselho da escola, também numa das suas sessões, decidiu introduzir as saias compridas. Desta forma, os pais e encarregados de educação, vendo as suas ideias a serem postas em prática, sentem-se mais encorajados a participar na vida da escola.

Com esta abertura do coletivo de direção existe uma participação muito fluida dos professores, alunos, pais e encarregados de educação em todas atividades escolares: palestras, reuniões, jornadas de limpeza, exposições, saraus culturais, etc, ou seja, na vida escolar.

Conforme Thacker, Bell e Schargel (2009), notamos que o estilo de liderança do diretor da Escola Secundária Belga baseia-se nas vivências ou experiências anteriores nos cargos que desempenhou antes de ascender ao cargo de diretor da escola.

O diretor da escola sente-se mais como um líder (em complementaridade ao papel de gestor), porque vê a função de liderança a mais importante de entre outras funções que o diretor tem, segundo ele,

“Eu [silêncio] mais uma vez, eu prefiro quando falo de liderança, uso este termo liderança, porque detrás disso está a gestão, consigo fazer a gestão se for um bom líder, então vejo como um líder e faço a gestão de todo o processo”. (DE, E2:14)

O diretor, apesar de ser representante do governo, porque foi nomeado e confiado pelos órgãos centrais, identifica-se mais com os professores, porque antes de ser diretor já foi diretor de turma, diretor da classe, diretor da disciplina e, por último, diretor adjunto pedagógico, conhecendo muito bem como funciona a máquina. Por outro lado, tem a noção que é um professor e, por isso, identifica-se mais com a sua classe profissional. Mas, como foi indicado, a dado momento, tem que se colocar no lugar de

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representante do estado na instituição escolar, cumprindo com as funções que foram atribuídas (cf. tabela n.º 12).

Tabela 12: Ações do diretor da Escola Secundária Belga

E1 Representante dos alunos E2 Diretor da escola E3 Representante dos professores E4 Presidente do conselho da escola E5 Representante dos funcionários (não docente) Ação do diretor da escola a) Representante do ministério Preocupa-se mais com a vida da escola: os professores, alunos, etc Representante do ministério Representa a todos a comunidade como os professores

Fonte: Dados retirados das entrevistas realizadas aos atores escolares (março, 2019)

a) Esta questão não foi colocada ao representante dos alunos, uma vez que sentimos que não teria bases suficientes para poder responde-la.

Como afirmam os estudiosos que o contexto dita o tipo de liderança a ser exercida pelo líder do topo, neste caso, o diretor da Escola Secundária Belga reconhece e admite que o seu estilo seria diferente se estivesse numa escola diferente da Escola Secundária Belga,

“o meio da escola molda e dita a liderança de alguém, eu quero acreditar que sim porque, o tamanho a dimensão dessa escola remete ao dirigente, ao gestor a uma situação de redobrar esforços, estou a falar por exemplo, é normal entrar de manhã e sair muito tarde por causa da pressão e dinâmica de trabalho, se estivesse numa escola com dimensões pequenas acredito que podia adotar outro tipo de liderança, a pressão às vezes é que dita a maneira de trabalhar”. (DE, E2:13)

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“acredito que a minha liderança vai de encontro com as especificidades da escola, se estivesse noutra escola não iria fugir tanto, mas acredito pela natureza da escola” (DE, E2:13)

Um dos valores que privilegia mais na sua liderança é o diálogo permanente com todos os atores escolares.