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3. A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DE INGLÊS NA CONCEPÇÃO DE

3.1 Avaliação da Aprendizagem de Língua Inglesa: características, referências e dificultantes

3.1.8 Fatores que influenciam a avaliação da aprendizagem

Como dito anteriormente, a avaliação da aprendizagem por ser uma atividade muito complexa não se dá de forma estanque. Assim, as concepções dos professores sobre avaliação da aprendizagem não se constroem isoladamente, mas se moldam, dentre outros fatores, de acordo com o contexto escolar no qual estão inseridas. Dessa forma, ao analisarmos as falas dos professores participantes, pudemos observar que as características gerais apresentadas acima, o planejamento, os instrumentos, enfim, tudo o que corresponde à realidade vivenciada pelos docentes acerca da avaliação da aprendizagem, são moldadas por uma série de fatores externos que influenciam tal realidade quer positiva quer negativamente.

Como nos mostra a figura abaixo, existem quatro (04) fatores que influenciam a avaliação positivamente de acordo com as falas mais recorrentes dos participantes. São eles: menor quantitativo de alunos por sala, experiência profissional, estudo ou capacitação em avaliação da aprendizagem e o convívio com os alunos.

Figura 10 - Fatores de Influência Positiva

Sobre o convívio com os alunos, o fato das EREMIs serem estruturadas em uma jornada integral e os professores locados em regime de exclusividade permite que a avaliação formativa, na qual o professor precisa conhecer seus alunos em profundidade, seja realizada com mais chances de eficácia. Na fala dos entrevistados “aqui fica melhor ainda porque a gente conhece mais as pessoas” (prof. D), “a gente que convive com o aluno no dia a dia sabe o que ele aprendeu ou não” (prof. D) e “é justamente [...], em sala de aula que eu vejo o desempenho de cada um na disciplina” (prof. D). O espaço da escola passa a ser mais propício

a um ambiente de vivência, de convivência e não apenas de ensino-aprendizagem. Esse é um passo fundamental para que se estabeleça uma cultura avaliativa de inclusão, de apoio e de cooperação mútua entre os sujeitos envolvidos.

Sobre o quantitativo de alunos em sala, dois professores mencionaram o período em que a escola tinha menos alunos ou alguma modificação que permitiu a redução de alunos em algumas das turmas. Na visão deles, esse também é um fator decisivo para a eficiência avaliativa e, a nosso ver, para a eficiência dos demais processos vivenciados na sala de aula como, por exemplo, os de ensino-aprendizagem, como na fala “nos terceiros anos, que a gente tem um número menor de alunos [...] é uma média de 28, 29 alunos por sala” (prof. C). Garantir uma quantidade reduzida de alunos por turma, em qualquer contexto escolar que se conceba, é o melhor caminho para a qualidade de tudo o que se faz em uma escola.

De acordo com o(a) professor(a) B, “a gente começou aqui eu só tinha quatro turmas. Então eu tinha tempo, eu conhecia os meninos”. Permitir que os professores conheçam os seus alunos e tenham tempo para realizar suas atividades de planejamento e de reflexão sobre o ocorrido com qualidade deveria ser meta de todo projeto escolar, de todo governo. Infelizmente, essa não é a realidade das escolas que pesquisamos como veremos mais adiante.

No tocante às condições pessoais que auxiliam os professores no momento da avaliação, foram mencionadas a capacitação e a experiência profissional. Segundo as falas encontradas, “a prática no dia-a-dia em sala de aula, ela traz muito mais suporte para o trabalho na área de avaliação e no trabalho mesmo do dia a dia” (prof. C). Ou seja, “o professor ele está sempre aprendendo em sala de aula” (prof. B) e para muitos professores, a experiência é exatamente o único recurso que eles possuem para aprender a avaliar, como vemos na fala seguinte: “essa prática de avaliação continuada me ajudou a observar cada aluno” (prof. B).

Mesmo assim, dois professores mencionaram a sua formação como fator de influência positiva sobre a forma como eles avaliam seus alunos ao dizerem: “eu tive tempo de estudar e de me preparar para exercer essa profissão” (prof. B) e “é importante ter uma formação acadêmica sim. Isso aí sem sombra de dúvida” (prof. C).

Esperamos, porém, que essa formação contemple de maneira adequada os conteúdos referentes à avaliação da aprendizagem e venha a dar o suporte que os professores precisam para exercer o seu trabalho.

Por outro lado, nem tudo coopera para o bom desenvolvimento das atividades avaliativas nas escolas pesquisadas. A partir dos dados coletados vemos que existem mais fatores que dificultam a avaliação do que fatores que facilitam a mesma. Como nos mostra o

quadro abaixo, são seis (06) os fatores que impõem dificuldades à avaliação da aprendizagem. De acordo com os professores, a avaliação da aprendizagem é prejudicada por fatores como deficiência na formação, distância entre teoria e prática, falta de leitura dos professores, alto quantitativo de alunos em sala, sobrecarga dos professores e a carga horária da disciplina.

Figura 11 – Fatores de Influência Negativa

Para os professores das EREMIs estudadas, a carga horária da disciplina e o grande número de alunos por sala de aula são os fatores mais presentes no seu cotidiano que implicam em uma baixa qualidade da avaliação realizada por eles e do trabalho docente de uma forma geral. Como dito nas falas abaixo, os professores não possuem o tempo adequado para trabalhar o idioma e refletir sobre a produção de seus alunos.

Quadro 15 – Influência negativa: tempo

Não bastasse o tempo diminuto, as escolas funcionam com uma média de 40 estudantes por turma e, na maioria dos casos, possuem apenas um (01) professor de inglês para os mais de quinhentos (500) alunos matriculados na escola como vemos nas falas expostas a seguir.

você não pode se deter a muitos detalhes porque senão você não consegue concluir no tempo que foi estabelecido (prof. A);

a avaliação formativa, infelizmente, além de ser um processo muito demorado, lento... (prof. B); a gente só tem duas aulas semanais (prof. C).

Quadro 16 – Influência negativa: quantitativo de alunos

Diante deste quadro, lembramos de Silva (2006), o qual discute a urgência de uma reestruturação nas condições de trabalho do professor, principalmente no tocante à existência de tempo remunerado para atividades como a preparação das aulas, a pesquisa docente e as atividades avaliativas de registro e interpretação da produção dos alunos. A realização de um trabalho coerente, centrado nas aprendizagens dos estudantes, em um espaço escolar onde os alunos possam viver não será concretizado em um contexto onde inexistem condições básicas como tempo e espaço. Bons professores, isoladamente, não são o suficiente, boa estrutura, isoladamente, não é o suficiente, bons materiais também não o são. Todos esses itens juntos também não serão suficientes diante de uma sala de aula superlotada e de professores com pouco tempo para trabalhar o idioma. É humanamente impossível chamar 570 alunos pelo nome, o que dirá conhecer as necessidades de aprendizagem de cada um deles?

Ainda sobre os fatores dificultantes, os professores participantes afirmam serem sobrecarregados com o seu trabalho e dizem: “é muito corrida a nossa atividade” (prof. A) e “o tempo que eu tenho eu tô ali com um monte de coisa pra corrigir” (prof. B). Tal sobrecarga gera um segundo problema o qual é a falta de tempo para se atualizar. Ao serem perguntados sobre leitura, tempo de estudo, os professores responderam: “a gente praticamente não tem tempo de ler nada”(prof. B), “realmente, eu não tenho lido nenhum material” (prof. C) e “o que eu leio? Eu não tenho um livro de referência na área de avaliação” (prof. D). Ao continuarmos com as análises, percebemos que o problema é ainda maior. Os entrevistados apontaram para uma deficiência na sua formação, pois a mesma não contemplava a temática avaliação da aprendizagem e indicaram a existência de um distanciamento entre as teorias que estudaram em sua formação inicial e a realidade da sala de aula.

Em falas como “mas prática mesmo, de sala de aula... no curso de especialização nenhum, no curso de formação nenhum eu tive sobre avaliação. É uma coisa muito subjetiva e eles [os estágios] pouco colaboraram para essa questão da avaliação da aprendizagem” (prof.

com a quantidade que a gente tem em sala de aula, com a quantidade de turmas que a gente tem hoje é impossível, é inviável (prof. B).

hoje é mais difícil porque eu tenho um número maior de alunos (prof. B).

se torna um trabalho difícil de ser feito pela quantidade de alunos em sala de aula (prof. C).

nos segundos anos nós temos uma média de 45 (quarenta e cinco) a 48 (quarenta e oito) alunos (prof. A).

B), percebemos que a baixa qualidade da avaliação realizada nas nossas escolas é uma questão que ultrapassa seus muros e se localiza nas universidades que formam os nossos professores.

Os formandos saem da universidade sem um encontro real com o que lhes espera nos seus futuros ambientes de trabalho. As falas dos professores continuam a salientar a importância da prática ao produzirem falas como “muita teoria não condiz com a realidade” (prof. A) e “muitas vezes a teoria de uma especialização, de um mestrado, um doutorado, que é teórico, não dá conta” (prof. C). Como vemos, as escolas pernambucanas ainda têm muito que fazer para que elas e os seus professores disponham dos recursos básicos para realizar o seu trabalho com qualidade.

Após termos apresentado os conteúdos das falas dos professores entrevistados, podemos dizer que, de uma forma geral, os professores concebem a Avaliação da Aprendizagem como sendo uma Avaliação Formal e Informal, Burocrática e Responsiva. A respeito das funções da avaliação, os professores concebem a avaliação como Formativa e Somativa com foco na demonstração de interesse e na interpretação de texto. Essa avaliação acontece internamente e externamente às aulas e sofre a influência de fatores como o número de alunos por turma e a experiência dos professores.