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A formação do capital humano como modelo de sociabilidade adequado ao modo

CAPÍTULO II TRABALHO E EDUCAÇÃO: HISTORICIDADE E

2. DEMANDAS POR UM TRABALHADOR ADEQUADO ÀS NOVAS PRÁTICAS

2.1.1. A formação do capital humano como modelo de sociabilidade adequado ao modo

Os intelectuais orgânicos da burguesia mobilizam conceitos, tal como o de capital humano e que chamam a atenção de gestores públicos agentes políticos da sociedade como um todo. O capital humano é uma visão burguesa de educação que se articula ao mercado; essa concepção de educação articulada ao mercado tem sido um parâmetro para os gestores públicos agirem no campo da educação.

Educação como mercadoria fundamenta a concepção de capital humano, favorece a reprodução de práticas, comportamentos e valores que não correspondem a uma formação científica fundamentada na práxis de um trabalhador consciente de seu papel de protagonismo na história; pelo contrário, o processo formativo – baseado na ideia de capital humano - garante a naturalização da divisão social do trabalho57. A aplicação de práticas escolares que valorizam o status quo da sociedade burguesa acabam tornando a escola um lugar de conformidade política da classe trabalhadora e convalida um tipo de sociabilidade.

A sociabilidade construída em uma sociedade dividida em classes acaba confirmando o pensamento de Frigotto (2010), o modo de produção capitalista passa a ser visto como um “fator de produção” de caráter universal, modo de produção presente

em qualquer sociedade humana. Valoriza a ideia de que a humanidade chegou no seu auge de desenvolvimento com o capitalismo (MARTINS, 201). Capital humano é também um modelo de sociabilidade adequado ao modo de produção capitalista.

A teoria do capital humano e a teoria da sociedade da informação indicam o papel da escola no capitalismo. Capital humano pressupõe superação dos conflitos de classe e corresponde a ideia de que há uma revolução gerencial que possibilita ascensão social a quem se qualifica (FRIGOTTO, 2010). Capital humano também se refere a uma visão economicista de educação. Visão que alinha o ensino básico às demandas empresariais caracteriza as políticas públicas desde a década de 1950.

Em alguns momentos o governo implementou leis baseadas em uma lógica de formação de capital humano e em uma perspectiva de investir em educação como recurso para melhorar os índices sociais. Essas percepções se aproximam da economia política burguesa, que identifica o capitalismo como o sistema definitivo da produção social, porém, é apontado por Marx (2004) que a cientificidade dessa percepção é válida até quando não vem a tona, de forma sistemática, a luta de classes. Meszáros indica que

[...] da maneira como estão as coisas hoje, a principal função da educação formal é agir como um cão de guarda ex-officio e autoritário para induzir um conformismo generalizado em determinados modos de internalização, de forma a subordiná-los às exigências da ordem estabelecida (MESZÁROS, 2008, p.55).

O conceito de capital humano tem sido aplicado amplamente a situações diversas; além da educação o conceito também é aplicado na área da saúde e no campo da economia. O conceito é aplicado como resultado da ética do “bem-estar” social apregoada pelo Banco Mundial.

As teorias do bem-estar [como a do capital humano] impossibilitam questionar a organização da sociedade em classes, a apropriação privada dos meios e das forças de produção. Neste sentido, a solução das mazelas sociais recai sobre a responsabilidade (social) de todos: Estado, gerenciador do fundo público; da sociedade civil organizada em torno do empresariado, que além de destinar recursos, participa na orientação e gestão de projetos sociais, particularmente os educacionais; do suposto terceiro setor, instituições ditas sem fins lucrativos, que atuam mediata e imediatamente na gestão administrativa e pedagógica de ofertas formativas (SILVEIRA, 2018, p. 290-291)

. Porém, sua ampla utilização desconsidera o caráter de classe que o conceito oculta. A noção de capital humano tem como papel ideológico expressar a separação das

ideias dominantes das classes dominantes, como se uma não tivesse relação com a outra; no entanto, a aceitação das ideias dominantes implica a aceitação da classe dominante (CHAUÍ, 1980). Vale lembrar que a ideologia vai ter como base espiritual-estruturante as posições teleológicas assumidas no trabalho, porém, isso só vai ser possível, primeiro, com o surgimento das classes sociais; classes sociais com interesses antagônicos (LUKÁCS, 1979).

Ao analisar a relação entre educação e economia capitalista, Rodrigues (2007) apoiado em Boito Jr. (1999, 2005), indica que, qualquer tipo de política pública, incluindo a política dedicada a educação - favorável ao capital produtivo - deve estar em concordância com a orientação macroeconômica de caráter monetarista, deve estar em concordância com o setor financeiro do capital. Nesse sentido, formação educacional, dentro dos moldes do capital humano, possui vínculos com o setor produtivo e também o setor financeiro. A educação possui uma relação complexa com a economia capitalista, essa relação é apresentada pela burguesia como sendo benéfica à classe trabalhadora.

O modo como o pensamento burguês relaciona educação com economia é indicado por Frigotto; ele aponta que, de acordo com os estudos macroeconômicos, a educação tem conexão com o desenvolvimento econômico (2010); e de acordo com a perspectiva microeconômica a educação é relacionada a renda dos indivíduos, o indivíduo é a combinação de trabalho físico, treinamento e formação. Esse raciocínio acaba conduzindo a ideia de que educação é um fator efetivamente importante para a distribuição de renda e igualdade social (FRIGOTTO, 2010). Analistas, comumente, difundem a ideia de que qualificação garante desenvolvimento econômico e aumento da renda individual. A ação empresarial no campo da educação, em parte, é legitimada por esses argumentos.

Mesmo o pensamento educacional empresarial refletindo os interesses da classe que detém os meios de produção, há a aceitação de noções herdadas de teorizações feitas por intelectuais orgânicos da classe trabalhadora; há aceitação, inclusive, do pensamento crítico58 dentro da escola; porém, trata-se de uma “crítica” adequada ao melhoramento e favorecimento do aperfeiçoamento de um comportamento subsumido ao modo de produção capitalista.

58É muito comum as instituições educacionais empresariais recorrem a conceitos que tem origem na tradição teórica marxiana. Daí a necessidade de considerar a aplicação de certos conceitos aos reais interesses envolvidos.

Os fatos evidenciam que a burguesia participa de políticas educacionais munida de um pensamento pedagógico (MARTINS, 2015). A escola como formadora de capital humano é parte desse pensamento; capital humano é uma concepção de educação fundamentada em uma visão utilitarista da escola59. O ministro José Mendonça Filho justifica o projeto de Lei nº 13.415/2017 como investimento para o desenvolvimento da economia; trata-se de garantir formação de capital humano e manter as relações de produção capitalista, ele fala nestes termos:

a partir disso, inicia-se uma queda projetada em 12,5 milhões de jovens, de modo que este é o momento mais importante e urgente para investir na educação da juventude, sob pena de não haver garantia de uma população economicamente ativa suficientemente qualificada para impulsionar o desenvolvimento econômico (BRASIL, 2016).

Educação como capital humano implica considerar o indivíduo como sendo o responsável pelo seu sucesso ou fracasso, seja porque investiu ou não investiu na sua educação, porque fez a escolha acertada ou errada no percurso formativo. Trata-se de uma concepção que não aponta as desigualdades sociais como sendo resultado da organização econômica capitalista, mas sim, como resultado de falhas do próprio indivíduo em não investir em si mesmo.

Nesta perspectiva, a escola é considerada em seus objetivos estratégicos para o acumulo de capital (LEHER, 20141). Educação é entendida como investimento, índice econômico, essa percepção como mostra Marx (2004) não considera a formação econômico-social como um processo histórico-natural e responsabiliza o indivíduo por relações das quais ele é apenas o resultado.

A contrarreforma do ensino médio implementada em 2017, ocorre em um momento em que o empresariado se mobiliza para garantir a formação de capital humano a partir de uma escola com um modelo eficiente de gestão que garanta processos eficazes de aprendizado e produtividade; isso confirma a ideia de que a escola é valorização do capital. A contrarreforma do ensino médio propõe superar o sistema educacional de sua “ineficiência”. A educação se torna, efetivamente, fator de produção (FRIGOTTO, 2010). Nesse cenário pode-se afirmar que:

59Os clássicos da economia fazerem menção ao investimento em pessoas. É a partir do final da década de 1950 que se desenvolveu sistematicamente – a partir de pesquisadores americanos e ingleses – em comparação com a teoria do capital físico, a teoria do capital humano (FRIGOTTO, 2010, p. 48).

a educação institucionalizada, especialmente nos últimos 150 anos, serviu – no seu todo – ao propósito de não só fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do capital, como também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes [...] (MESZÁROS, 2008, p. 35).

2.1.2. (Con)formando atitudes e comportamentos do capital humano

É na fase neoliberal do capital que a pedagogia por competência e a formação utilitarista - para a adequação de jovens e crianças ao ethos capitalista - se torna política de Estado para a educação (LEHER, 2014, p. 2). A noção de competência passa a fazer parte de todo aparato legal emanado pelo MEC e pelo MTb, seja por meio de resoluções, decretos e leis, seja em pareceres, diretrizes curriculares e programas de governo.

Segundo Ramos (2002 apud OLIVEIRA, 2007), a noção de competência surge em um momento de crise capitalista, com origem na psicologia. Trata-se de uma noção que enfatiza as atribuições subjetivas demandadas no trabalho com base nas capacidades socioafetivas, psicomotoras e cognitivas.

Manfredi (1998 apud OLIVEIRA, 2007) acrescenta que a noção de competência é utilizada pelo empresariado para significar mais capacidade de atuação e resolução de problemas do que habilidades e conhecimentos.

Sendo meios para a “recomposição de hegemonia da classe dominante” (SAVIANI, 1981, p. 23-33 apud FRIGOTTO, 2010, p. 162), a educação e respectiva formação por competências, assumem um importante papel no processo de difusão de valores e práticas.

Como a relação entre educação e sociedade não se dá de forma mecânica, acontece dialeticamente, ocorre a ação da educação sobre a sociedade e não somente o contrário (SAVIANI, 2011). Várias iniciativas educacionais não-governamentais, fundações, institutos, associações e OSCIPs (Organização da sociedade civil de interesse público) difundem um ethos comportamental com ênfase na subjetivação de valores neoliberais por meio de práticas educativas para o desenvolvimento socioemocional, propõe o aprimoramento de capacidades individuais.

Na mesma direção, a CNI (Confederação Nacional da Indústria), Fundação Bradesco, Fundação Gerdau, Fundação Itaú, FVC (Fundação Victor Civita), Instituto

Ayrton Senna60, IEL (Instituto EuvaldoLodi), SENAI, SENAC, SESI além de grandes conglomerados educacionais, capitaneados por grupos econômicos do porte das redes Anhanguera e Kroton, Estácio Participações S.A, e Grupo UNINTER colaboram para a construção do consenso de uma nova educação com base em práticas pedagógicas formadoras de um ethos moral de natureza empresarial.

O comportamento, atitudes e valores resultam de sociabilizações que acontecem na escola e são importantes para garantir a produtividade no trabalho, pois garantem funcionalidade, respeito à hierarquia e disciplina (FRIGOTTO, 2010). As experiências, a assimilação de valores e ideologias abrangem toda a sociedade, o que, como bem indica Martins (2015, p. 74), significa o envolvimento de todos na construção da coesão cívica e de produção do bem-comum.

A ênfase no desenvolvimento de aptidões individuais exerce influência sobre a organização das diretrizes curriculares, o indício desta influência está na ênfase ao desenvolvimento de competências e habilidades que tornem o indivíduo capacitado a agir no mercado; é exigido dos jovens, atitudes e comportamentos típicos de empreendedores. É fomentado um tipo de pedagogia voltada para o individualismo e dedicada a competição e empreendedorismo (SILVEIRA, 2007).

Trata-se de desenvolver habilidades e competências para a cidadania e produção flexível (MARTINS, 2015). Práticas educacionais são fomentadas com o objetivo de capacitar o trabalhador se conformar as novas condições de restruturação produtiva e instabilidades do mercado adequado a lógica política neolibeal.

É nestes termos que Silveira (2007) aponta para o aprofundamento da individualidade a partir da aplicação das políticas neoliberais.

Esse individualismo leonino que norteará as diretrizes curriculares nacionais para a educação no Brasil, centradas no conceito de competências e habilidades, exigindo de jovens estudantes, futuros trabalhadores, iniciativa própria, capacidade de resolver problemas, criatividade, autonomia e espírito empreendedor (SILVEIRA, 2007, p. 20).

60O instituto Ayrton Senna desenvolve vários programas, o principal deles é o ‘Acelera Brasil’ (GUIMARÃES, 2013, p. 8).

A cultura da individualidade61 também é matéria de ação política, caracteriza um tipo de percepção das relações humanas no capitalismo; é fomentado valores e percepções de mundo que se enraízam no pensamento neoliberal. Trata-se de uma democracia mercantil que intenciona invadir ideológica e administrativamente as instituições escolares públicas em todos os níveis e modalidades (RODRIGUES, 1997, p. 245).

Silveira (2007), ao abordar o fracasso escolar evidencia que,

Segundo Patto (1999, p. 114-116), a expressão do pensamento oficial brasileiro sobre as causas da reprovação e da evasão escolar encontra- se nas edições da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), publicação do MEC/INEP, no período 1944—1984. Diante da crescente demanda social por escola, a explicação das diferenças de rendimento escolar entre as classes sociais e as justificativas sobre o acesso desigual da população aos níveis de ensino mais avançados ‘se movimentam nos limites do ideário liberal e invariavelmente partem da crença de que a universalização e a diversificação do ensino promovem a igualdade de oportunidades e são a garantia de um regime democrático’ (op.cit.); isso, sem ferir o princípio da ideologia liberal segundo o qual o mérito pessoal é critério único e legítimo do processo de seleção educacional. É nesse sentido que surgem justificativas para o fracasso escolar baseadas nas características biológicas, psicológicas e socioculturais dos estudantes, e no fator pedagógico relacionado ao processo de ensino da instituição de ensino. Cunha (1975) afirma que o papel social dos governos e autoridades escolares tem sido o de permitir que os indivíduos desenvolvam seus talentos, em competição com os demais, ao máximo da sua capacidade. Como o individualismo parte do pressuposto de que são os indivíduos que escolhem voluntariamente o que lhes interessa e são capazes de realizar, ‘a autoridade não limita nem tolhe os indivíduos, mas, ao contrário, permite a todos o desenvolvimento de suas potencialidades, o único responsável pelo sucesso ou fracasso social de cada um é o próprio indivíduo e não a organização social’ (SILVEIRA, 2007, p. 240).

Nesta perspectiva, o êxito escolar dependeria exclusivamente de fatores individuais. Os problemas escolares como, a não aprendizagem, a evasão62 e a repetência também são atribuídas aos indivíduos (SILVEIRA, 2007; 2010). Nesse cenário, a cultura filosófica, religiosa e econômica é focada no indivíduo e na individualidade. A pobreza e a riqueza são compreendidas como resultante das escolhas de cada um. Essa percepção

61 O individualismo tem sido disseminado como valor moral para as novas gerações; isso desmobiliza politicamente a juventude e difunde o pragmatismo.

62 O individualismo responsabiliza os indivíduos por suas dificuldades escolares, desconsidera uma série de fatores envolvidos nesse processo.

é um mascaramento da ideologia burguesa do modo de produção capitalista (FRIGOTTO, 2010).

A classe social se torna meramente uma variável (classe média, alta e baixa) avaliada por certos indicadores (ibid., ibid). Nesse modo de pensar a educação, classe social e luta de classes deixam de ser categorias importantes e passam a ceder espaço para a ideia de investimento no capital humano.

A burguesia despreza os pactos estabelecidos com a classe trabalhadora no período de crescimento e no momento de estagnação se configura um ambiente marcado pela ideologia individualista, consumista e hedonista ao extremo (BEHRING, 2003).

A ênfase no individualismo – com a difusão de valores e conceitos - é uma característica do neoliberalismo. Harvey (2015) explica esse fenômeno nestes termos:

nenhum modo de pensamento se torna dominante sem propor um aparato conceitual que mobilize nossas sensações e nossos instintos, nossos valores e nossos desejos, assim como as possibilidades inerentes ao mundo social que habitamos. Se bem-sucedido, esse aparato conceitual se incorpora a tal ponto no senso comum que passa a ser tido por certo e livre de questionamento (HARVEY, 2015, p.15).

Os empresários defendem a ideia de que os indivíduos podem ter uma formação que os preparem para a autorrealização63, a instrumentalização do indivíduo para que seja criador de sua própria história; que tenha a capacidade de escolher o que quer dentro das possibilidades oferecidas pelo mundo do trabalho capitalista. Nesse processo o professor cumpre um importante papel. O empresariado indica que o professor deve abandonar seu papel tradicional, deve ser um facilitador de aprendizados (RODRIGUES, 1997).

De acordo com o artigo 4º da Lei nº 13. 415/2017 o professor não precisará ter formação específica em práticas de ensino, basta ter profissão, mesmo que de nível técnico; de acordo com a Lei nº 13. 415/2017 o profissional com notório saber poderá assumir função de docente; abre-se uma perspectiva em que a formação pedagógica se torna desnecessária. A Lei fala nestes termos:

IV profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por titulação específica ou prática de ensino em unidades educacionais da rede pública ou privada ou das corporações privadas em que tenham atuado,

63A visão econômica burguesa ao presar pela neutralidade científica acaba convalidando a pseudoconcreticidade, a visão fetichizada do real (FRIGOTTO, 2010).

exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36 (BRASIL, 2017).

Na direção da formação de um ethos moral de natureza empresarial, a burguesia brasileira vem propondo que as instituições escolares sejam gestadas por empresas privadas, com o objetivo de garantir eficiência administrativa e melhores resultados escolares é apresentado novos recursos pedagógicos. Para o empresariado os problemas de ensino e aprendizado também dizem respeito ao melhoramentos na gestão da escola; dentre outras atribuições, há a intenção de formar moralmente e instruir tecnicamente os trabalhadores sem romper com a divisão social do trabalho e as condições impostas pelo capital, tais como, precarização do trabalho e fragilização dos direitos trabalhistas; oferecem uma formação, qualificação simplificada que distância ainda mais as práticas educacionais emancipadoras e de aprendizados de conteúdos cientificamente e filosoficamente avançados.

Embora não satisfeitos, por completo, os interesses burgueses vêm se manifestando nas contrarreformas da educação, no Brasil e na América-Latina, a partir de referências de gestão e qualidade empresarial. Tratam-se de concepções que se articulam as orientações metodológica, financeira e pedagógica de organismos supranacionais, que segundo Silveira (2011, 2012, 2015) propõem orientar, de modo geral, as reformas e contrarreformas a serem implantadas tanto em países de capitalismo central quanto de capitalismo dependente, segundo as relações que travam com a burguesia local.

O empresariado apresenta, efetivamente, uma alternativa de educação para a classe trabalhadora tendo por base o discurso da qualidade total, da gestão e práticas pedagógicas eficientes, propondo, assim, a formação e o desenvolvimento de competências e habilidades conforme a divisão sociotécnica do trabalho.

3. A EDUCAÇÃO VISTA COMO RESPONSABILIDADE DE TODOS