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Formação dos gestores regionais: um caminho para a reflexão sobre a construção da proposta para o Ensino Médio

A POLÍTICA PÚBLICA PARA A EDUCAÇÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL NO PERIODO DE 2011 2014: O ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO

1.3. Formação dos gestores regionais: um caminho para a reflexão sobre a construção da proposta para o Ensino Médio

No ano de 2011, a direção da SEDUC/RS iniciou os eventos de formação continuada, contemplando as equipes das CREs, Equipes Diretivas e uma representação de professores de todas as escolas de Ensino Médio, de Educação Profissional e Curso Normal da rede estadual do RS. Os seminários de formação, realizados pela Secretaria de Educação, contaram com a mediação de educadores pesquisadores como Acácia Kuenzer, Dermeval Saviani, Gabriel Gabrowski, Gaudêncio Frigotto, Mônica Ribeiro da Silva e Sandra Garcia. Os pesquisadores referidos aprofundaram os conceitos de politecnia, educação e trabalho que embasam a proposta, na perspectiva de romper com a dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, apontando caminhos para que os educandos compreendam com maior lucidez o mundo do trabalho e suas relações com as tecnologias, com a cultura e os conhecimentos formais produzidos pelas ciências.

Em todos os eventos houve a mediação do Secretário de Educação José Clóvis de Azevedo, Maria Eulália Nascimento- Secretária Adjunta, Alejandro Jalviez e José Tadeu de Almeida, assessores do gabinete do secretário, Silvio Rocha- Diretor Pedagógico, Vera Amaro - Diretora Pedagógica Adjunta, Vera Ferreira - assessora referência do EM e redatora do documento base, construído a partir das reflexões, experiências e aportes teóricos de autores que sustentam epistemológica e pedagogicamente a proposta em questão.

A equipe dirigente da SEDUC/RS explicitou suas concepções e princípios, deixando claro que trabalharia pela democratização da educação em todas as instâncias, para garantir o direito à aprendizagem com qualidade social, acolhendo e incluindo a diversidade, que hoje tem acesso à escola e possui valores, hábitos e atitudes com os quais não estamos preparados para trabalhar, conforme manifestação do professor José Clóvis de Azevedo- Secretário de Educação na época.

Precisamos aprender a trabalhar com este público e fazê-los aprender, este é nosso grande desafio: criar novas relações com esta população que traz uma carga de abandono, pobreza e exclusão. Não vê-los como coitadinhos, mas como seres humanos capazes de aprender, inclusive hábitos e atitudes que para nós são corriqueiros. Aprender é um processo interno de cada um (AZEVEDO, 2011).

Em abordagem realizada em reunião pedagógica na SEDUC/RS, o Secretário de Educação explicitou o compromisso da escola pública em acolher e saber escutar a todos. Desafiou os gestores a pensar coletivamente sobre os problemas de aprendizagem dos alunos, a propor estratégias para sanar as dificuldades, a partir de uma avaliação emancipatória. Enfatizou que dessa forma professores e alunos teriam um caminho para repensar seu percurso e suas ações e construir a autonomia de questionar, buscar novas possibilidades de trabalhar os conhecimentos e desvelar os problemas vividos, através da pesquisa, da investigação, do diálogo com outras disciplinas e áreas do conhecimento.

Os debates foram permeados por questionamentos e inquietações das equipes das CREs e das Equipes Escolares que possuíam concepções e entendimentos diversos sobre os princípios da Proposta e sua operacionalização na escola. Pensar a pesquisa de forma interdisciplinar, numa escola onde as práticas de reprodução e memorização dos conteúdos acontece de forma linear e disciplinar, desafia gestores, professores e alunos a pensar como desenvolver a pesquisa, no Seminário Integrado, como possibilidade de potencializar a reinterpretação e a construção do conhecimento novo, pela investigação, pelo questionamento, pela formulação de hipóteses e busca de respostas para os problemas afetos à realidade local e global.

Os eventos de formação continuada dos professores aconteceram de forma planejada, durante os 4 anos da gestão e foram marcados por relatos e problematização de práticas socializadas. Essa estratégias garantiram dar voz a quem realiza a educação escolar e tem muito a dizer sobre seus saberes. Com o objetivo de recuperar a curva decrescente da falta de investimentos na educação e buscando valorizar a carreira do magistério, o governo realizou 2 concursos públicos para professores, promoções na carreira, recuperando um passivo de dez anos de promoções atrasadas, recuperação salarial de 76% , destinação de 1/3 da carga horária para estudo e planejamento, revogando a ordem de serviço da gestão anterior, pela qual o professor não poderia participar de eventos de formação no horário de trabalho.

Para incentivar a autoria do professor na construção de práticas pedagógicas sintonizadas com a realidade da escola, em diálogo com os conhecimentos científicos, a mantenedora deixou claro que o planejamento, execução e coordenação das formações, no âmbito macro, seria do órgão central, desdobrados em ações desenvolvidas pelas equipes das CREs e pelas equipes diretivas das escolas. A mantenedora também deu autonomia para as escolas construírem seus projetos de formação continuada, recebendo

aporte financeiro para efetivá-los de acordo com as temáticas elencadas como prioritárias pelo coletivo de cada escola e com assessoria das Universidades e Instituições de Ensino Superior, revogando a contratação de Pacotes prontos realizados por diversos institutos no governo anterior.

Na compreensão dos gestores estaduais, as ações de formação potencializaram a reflexão sobre as práticas pedagógicas, desenvolvidas em cada escola estadual da rede, enriquecendo o debate e a compreensão da proposta do EMP, num processo de diálogo com os professores, que legitimam ou não as reformas na sala de aula pelas práticas pedagógicas que desenvolvem. Freire, nos ajuda a pensar esta questão quando afirma que: “[...] É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática” [...] (FREIRE, 2015, p.40).

No movimento de diálogo, estudo e de escuta dos professores, que efetivam as mudanças na sala de aula, a equipe da 36ª CRE organizou um evento de apresentação da proposta aos docentes do EM, com a intenção de dar-lhes a palavra para que expressassem suas percepções, entendimentos e sugestões sobre a proposta em questão, valorizando seus saberes e práticas, temática que será apresentada no próximo subcapítulo.

1.4. Apresentação e debate da proposta do Ensino Médio Politécnico aos

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