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Memorial de vida dos professores, registros para reflexões sobre o saber docente em reconstrução

A RECONSTRUÇÃO DOS SABERES DOCENTES: PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS

3.4. Memorial de vida dos professores, registros para reflexões sobre o saber docente em reconstrução

“A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo”.

Eduardo Galeano

Ao propor aos sujeitos desta pesquisa a escrita do memorial de seu percurso profissional, pretendeu-se ampliar os elementos da pesquisa e fazer da escrita do Memorial um exercício reflexivo da própria história. Rever a própria trajetória de vida e aprofundar a reflexão sobre ela constitui-se um exercício de autoconhecimento e de retomada da própria experiência a partir dos fatos significativos que nos vêm à lembrança e que nos permitem refazer caminhos de forma refletida, ou como afirma uma das professoras da pesquisa (P.7), referindo-se à escrita de sua história que o memorial possibilita relembrar: “caminhos percorridos, tendo a vida como processo de formação” (P.7, p. 1).

Para analisar as escritas dos professores, optou-se por algumas subcategorias como: fatores que influenciaram na escolha pelo magistério, a formação inicial, a formação continuada e as influências das reformas do Ensino Médio Politécnico na

reconstrução dos saberes docentes e o significado atribuído ao Seminário Integrado como espaço curricular articulador da pesquisa.

Analisando a escrita das histórias dos professores a partir das subcategorias citadas pode-se inferir que a família, como primeiro espaço de formação, exerce influência na constituição dos sujeitos e de suas escolhas pessoais e profissionais, como ilustra Tardif (2014, p. 73), “[...] a vida familiar e as pessoas significativas na família aparecem como uma fonte de influência muito importante que modela a postura da pessoa toda em relação ao ensino”. No memorial uma das professoras (P.7) escreve:

Durante 11 anos vivi na localidade em que meus pais trabalhavam – Linha Seis Oeste –, comunidade formada por famílias de descendência alemã. Meus pais – ambos professores – tiveram formação diferenciada. Minha mãe, filha mais velha de uma família italiana composta por oito filhos, juntamente com outra irmã, dedicou-se ao estudo, uma vez que demonstrava aptidão para isso. Meu pai, um homem muito sério e fechado, teve sua formação em um Seminário de Santa Maria (RS). Filho de família pobre sem condições de prover estudo e sustento para os sete filhos, cada qual precisou logo encontrar seu caminho. No Segundo Grau cursei o Magistério, assim como minha mãe e minha irmã, pois toda a família seguia esse caminho, e profissionalmente era o mais indicado para a mulher, posto que, depois de formada, poderia trabalhar um turno e no outro cuidar da casa e da família. (P.7, p. 1).

O fato dos pais serem professores exerceu forte influência na escolha profissional da filha e também por ser uma profissão que garantia a possibilidade de ingressar cedo no mercado de trabalho e obter renda para contribuir nas despesas de uma família numerosa e continuar estudando. Identifica-se nos memoriais dos professores que a família influência nas escolhas profissionais e que as experiências vividas na infância e na adolescência nas relações familiares e no círculo de amigos também constituem os saberes docentes conforme depoimento de duas das professoras da pesquisa (P.4 e P.2):

[...] trazendo a lembrança das leituras da infância, o contato com o trabalho do pai – professor que se iniciou nas antigas escolas rurais e depois enveredou pelas cidades, a mãe que entre uma e outra tarefa doméstica puxava seus óculos e o “Correio do Povo” a fim de descobrir o que se passava pelo mundo, o que possivelmente tenha me influenciado, desde cedo, a seguir através da área da linguagem (P.4, p. 2).

[...] eu iniciei na escola, com seis anos e desejava ser professora, pois me inspirava na minha primeira professora. Essa influência de todas as professoras que me ensinaram ainda levo comigo pois muitas delas servem como inspiração pelo seu jeito de dar aulas e me relacionar com o aluno” (P.2, p. 1).

As referências das professoras reforçam as percepções das pesquisas (LESSARD & TARDIF, 1996, 2000; RAYMOND et.Al, 1993) que enfocam que a escolha da carreira e o saber-fazer docente estão ligados à história de vida familiar e escolar dos professores; bem como as suas vivências e relações que estabelece com o grupo familiar e com outros grupos. Compreender essa dimensão da constituição docente permite descortinar um universo pouco explorado e revelador de que os saberes dos professores são formados por um repertório de saberes plurais e “heterogêneos, pois mobiliza conhecimentos e formas diferentes, adquiridas a partir de fontes diversas, em lugares variados, em momentos diferentes: história de vida, carreira, experiência de trabalho” (TARDIF, 2002, p. 109), construídos ao longo da vida e da carreira profissional. Uma das professoras (P.5) da pesquisa, relata em seu memorial sobre seu sonho de ser professora:

Desde pequena sempre tive o sonho de ser professora. As brincadeiras com as irmãs e amigas não raro eram de “aulinha”. Por conta disso, me alfabetizei antes de ingressar na 1ª série, “aluna” das irmãs mais velhas e depois “professora” da irmã mais nova e das amigas. Creio que muito dessa influência veio das tias paternas, que vinham do interior para fazer a faculdade de férias na UNIJUÍ. Naquela época, nos idos dos anos 80, ser professora era uma profissão muito valorizada, o que também deve ter impulsionado meu sonho. Somos cinco irmãos (quatro mulheres e um homem) e todos trabalham na área da educação, três como professores e duas como técnicas-administrativas. Embora o pai e a mãe, filhos de agricultores, não tenham concluído a Educação Básica, sempre nos incentivaram a estudar, pois sabiam que o estudo poderia nos dar um futuro um pouco melhor [...] (P, 5, p. 1).

A professora ao narrar, sua história, revive as memórias da infância que a constituíram como pessoa e professora, lembrando que brincava de aulinha com as irmãs, para as quais, as tias serviram de referência para a escolha pelo magistério. Como escreve Miguel Arroyo, em Ofício de Mestre: Imagens e autoimagens (2013), “Revisitar o magistério é como revisitar nosso sítio, nosso lugar ou nossa cidade. É reviver lembranças, reencontros com nosso percurso profissional e humano”.

A constituição do ser professor é atravessada pelas experiências de vida desde a infância que vão se transformando e incorporando novas experiências, saberes e práticas que são próprias da profissão. A constituição do professor é marcada por sua história pessoal e profissional que matizam sua identidade, seu modo de ser e de atuar como professor. Refletir sobre o que nos constitui como professor requer pensar sobre nossas experiências, conflitos, contradições, lembranças e práticas. A melhor maneira de fazer

esse exercício de autocrítica, segundo Mário Osório Marques(1999), é através do registro escrito dos momentos significativos de nossas vivências e práticas. Prossegue Marques:

Buscar a identidade e dar consistência aos saberes emergentes da prática profissional, dando prioridade, ante o instituído, às intensidades vividas, é colocar-se na perspectiva da aprendizagem e da mudança. Se a vida é o lugar da educação, a história de vida é o terreno do alargamento das competências que fazem o educador um investigador crítico, pela auto-reflexão das próprias práticas (MARQUES, 1996, p. 10).

O professor como profissional que trabalha essencialmente com o humano em interação com diferentes sujeitos que carregam histórias e memórias, hábitos e costumes de diferentes culturas, incorpora saberes, maneiras de ser e de ensinar. Ao trabalhar com esses sujeitos o professor precisa dialogar com essas diferenças ao desenvolver sua tarefa de ensinar. O professor comporta saberes que ao longo do exercício profissional vão sendo atualizados, modificados e reconstruídos de forma crítico-reflexiva para dar significado ao seu fazer pedagógico.

O professor carrega imagens, representações e experiências que o constituem como profissional que tem como função principal educar para a autonomia, para a liberdade de pensar, de fazer escolhas, de se relacionar com o outro, com seus alunos, com os colegas de profissão, com os pais, com a comunidade, compartilhando saberes, refletindo sobre a realidade na perspectiva de compreendê-la e ajudar a pensar alternativas aos desafios que vivem seus alunos, abrindo-lhes horizontes para buscar novas aprendizagens, como expressa uma professora (P.8) da escola A: “sempre procurei oportunizar aos meus alunos o contato com a pesquisa e com atividades que despertassem neles o desejo de aprender e de ir em frente [...]”. Segundo ela: Revisitar momentos de minha trajetória profissional é como descrever uma história ainda em andamento. Refletir sobre momentos vividos e compartilhados com tantas pessoas, tanto alunos, com os colegas professores, direções, funcionários e pais de alunos” (P. 8, p. 1).

O discurso da professora, ao escrever sobre o seu percurso profissional, revela que ao refletir sobre a profissão o memorial apresenta-se como “um exercício de interrogação de nossas experiências passadas para retomar não só recordações e lembranças, mas também informações que confiram novos sentidos ao nosso presente” (DELAPIANE, 2015, p. 6).

Pensar sobre a ação profissional e a necessidade de mudar as práticas para dialogar com o tempo presente a partir da Reconstrução Curricular do EMP também ficou evidente na escrita dos professores, como relata o professor (P2): “acredito que a maior contribuição do Seminário Integrado, e da pesquisa em si, é estabelecer uma conexão onde as áreas do conhecimento dialogam”.

A professora (P6) ao falar do EMP, relata que a proposta possibilitou que as compreensões construídas fossem a partir do trabalho que realizava, permitindo uma reflexão sobre as próprias ações, “buscando subsídios em diferentes matérias e relatos de pessoas que já trabalhavam com a pesquisa como metodologia de trabalho”.

A professora (P5) destaca a relevância da pesquisa instituída como momento curricular no SI para dinamizar a aprendizagem e envolver professores e alunos com a reconstrução do conhecimento, ampliando os horizontes culturais e expressivos dos sujeitos envolvidos nesse processo. Esta professora destaca a preocupação que a escola passou a ter em relação ao EM, após a apropriação da proposta, enfatizando que mesmo a gestão atual tendo retirado o espaço/tempo do SI, a escola continuará trabalhando com a pesquisa.

[...] na Escola onde atuo, sempre incentivou a pesquisa, tendo no projeto político pedagógico essa diretriz[...] Neste sentido, a organização do Ensino Médio Politécnico, que contemplou horas específicas para o desenvolvimento de projetos de pesquisa com o Seminário Integrado (SI), foi um impulsionador dessa atividade que antes era feita quase que à margem da maioria das disciplinas[...] O SI também trouxe o rigor científico para o ensino médio, já que antes não nos preocupávamos tanto com isso. Durantes os anos de implementação do Politécnico, com toda a sua complexidade e com muitos aspectos a serem melhorados, vários foram os projetos desenvolvidos e até premiados em feiras escolares, sendo que o legado do Seminário Integrado, que deixou de existir neste ano de 2017, certamente será a perpetuação da pesquisa como um princípio educativo (P 5, p. 1, 2).

A professora P4, ao falar do EMP, reforça a importância que a proposta teve ao desencadear mudanças nas práticas pedagógicas na escola onde trabalha, produzindo um movimento na forma dos professores e alunos se relacionarem com o conhecimento:

Foi muito importante e nós fomos aprendendo fazendo e refazendo os caminhos do SI. Os alunos se envolviam mais, iam a campo buscar dados, informações, questionavam mais. Para nós foi um desafio por que não estamos mais acostumados trabalhar com projetos interdisciplinares, apesar da escola ter uma caminhada de trabalhar com projetos. [...] Foi um processo muito novo para nós acostumados a trabalhar cada um na sua área, cada um trabalhar o seu conteúdo, a gente teve que parar e pensar na questão do grupo, de todo mundo se voltar

para a pesquisa. A questão da avaliação que não era por nota mas a questão da construção de conhecimento, acho que a gente só teve a ganhar, esses momentos foram bem construtivos (P 4, p. 1).

No depoimento da professora (P3), destaca-se a experiência de trabalhar com o EMP e com o Técnico Integrado ao Ensino Médio, relatando os percursos construídos e os instrumentos utilizados para que o trabalho com a pesquisa se tornasse uma metodologia de ensino que produzisse bons resultados na aprendizagem.

O período que trabalhei com o SI foi muito bom e interessante, porque trabalhei nas turmas do Politécnico e também em uma turma de curso técnico, sendo duas experiências diferentes. No EM politécnico trabalhei com as turmas de 1º ao 3º ano. Começava no 1 ano com a escrita do projeto, com as suas etapas, o desenvolvimento do projeto até a apresentação final e relatório de pesquisa, sempre com uma atividade prática. Nas turmas de 2º e 3º anos já trabalhava a escrita de artigo. Era bom ver o crescimento durante o processo da pesquisa (P 3, p. 2).

Outro ponto destacado pelos professores em seus discursos refere-se à importância da formação continuada como espaço de crescimento profissional, de troca com os colegas. Passar a formação por dentro da profissão, considerando a escola como espaço do aprender da docência encharcado da realidade vivida pelos professores, torna-se caminho profícuo para o professor desenvolver um ensino contextualizado e refletido sobre as formas pelas quais os alunos aprendem. O dizer da professora (P4) é ilustrativo de como a socialização de práticas contribui para a formação docente:

A formação continuada é muito importante por que se a gente fica só numa escola a gente fica só no trabalho que é realizado ali, e quando a gente troca ideias, quando a gente está com um colega a gente socializa, a gente descobre coisas novas ou a gente leva alguma coisa que pode ser útil para eles lá. Mas ouvir o relato do outro é muito interessante porque a teoria nós todos temos acesso mas, saber como o colega fez, o que deu resultado, o que pode ser melhor, isso é muito mais gratificante do que só uma teoria: trocar ideias é muito importante (P4, p 4).

A socialização das práticas contribui para o desenvolvimento profissional na medida em que os professores falam de si, de suas aprendizagens, dos desafios que enfrentam no exercício profissional para responder o papel que ocupam de ensinar as juventudes diversas presentes na escola pública. Reconstruir seus saberes a partir da própria experiência com o EM, repensando as práticas desenvolvidas com esta Etapa da Educação Básica, apropriando-se de referenciais teóricos que ajudem o professor a pensar

novas formas de trabalhar o conhecimento no âmbito da educação escolar, requer compromisso profissional, estudo, planejamento e o experenciar de novas metodologias que envolvam os alunos com o processo de aprender. O discurso da professora (P.4) fala desta perspectiva:

Em 2013 e início de 2014 tive o prazer de trabalhar com meus colegas O Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio e aqui trago uma breve introdução que preparei em certa ocasião de socialização na nossa CRE: Durante o ano letivo de 2014 fomos desafiados a trabalhar a nossa própria FORMAÇÃO CONTINUADA, no “chão da escola” – como gosta de a ela se referir nosso Secretário da Educação José Clóvis de Azevedo. Um projeto grandioso, em nível nacional, que necessita da parceria, do coletivo escolar para se efetivar, ou seja, necessita do PACTO, do acordo tácito entre os envolvidos com o Ensino Médio Politécnico para se efetivar. Fomos, ou melhor, estamos sendo, desafiados a repensar esta etapa tão importante da educação escolar dos nossos jovens. Acredito que foi um período de grandes conquistas, de estudo, de pesquisa e de buscas. Em certos educandários rendeu muitos frutos com relação à pesquisa escolar, que naquele momento recebeu um espaço privilegiado (P 4, p. 2).

Os professores revelam em suas práticas discursivas a disposição para mudar as práticas pedagógicas, trocar ideias com os colegas, refazer-se constantemente enquanto profissionais comprometidos com a educação transformadora. Referem-se ao planejamento coletivo enquanto espaço que agrega qualidade ao trabalho do professor que contribui para o seu crescimento profissional com a contribuição dos conhecimentos das outras áreas.

Revelam em suas reflexões a complexidade da proposta, a qual exigiu muito estudo, conversas, planejamento e compreensão da realidade social para que os professores pudessem contribuir na elaboração e orientação dos problemas de pesquisa dos alunos. No entanto, todos destacam que a pesquisa no SI mudou a dinâmica da escola e o clima escolar, tornando professores e alunos mais autônomos, curiosos, tornando a escola um espaço vivo de trabalhar o conhecimento a partir da pesquisa, do questionamento, da formulação de perguntas “a partir de um problema que está em debate na sociedade para que compreendam melhor a realidade e se posicionem, argumentem, compreendam o que está acontecendo à sua volta” (P 4).

A relação do professor com sua prática carrega a possibilidade de escuta, ou seja a de voltar-se para o que faz. A “escuta” a que refiro tem a ver com o modo especial de ler, de olhar, de refletir, e pôr-se a ouvir o que a prática tem a dizer. É como se tudo o que se realizasse chamasse para si uma atenção especial, provocando o ouvir. Os alunos, os livros, a cultura da instituição escolar, os pais, todos e tudo têm algo a ser dito na constituição do ser professor (RUFINO, 2001, p. 36).

Essas compreensões expressam a ideia de que há saberes na prática pedagógica dos professores que carecem ser refletidos e socializados através do registro escrito como um critério de profissionalização docente. “A formação de professores deve passar para “dentro” da profissão, isto é, deve basear-se na aquisição de uma cultura profissional, concedendo aos professores mais experientes um papel central na formação dos mais jovens” (NÓVOA, 2009, p. 36).

3. 5. Aprendizagens construídas pelos professores do Seminário Integrado nas práticas de ensino com o princípio da pesquisa: reflexões sobre o experienciado

A mudança que eu fiz dialoga com vida, com o cotidiano dos nossos jovens que frequentam o ensino médio. Eu acho que trabalhar projeto relacionado aos temas mais em relação à sociedade, em relação ao cotidiano, em relação a região que você mora, você vai ter temas polêmicos, mas temos que fazer o debate. Então os debates que estão na sociedade, por mais polêmicos que sejam, tem que ser problematizados. Eles tem interesse nos temas que estão no cotidiano: a gente precisa relacionar através do trabalho na sala de aula: estou procurando fazer depois que tive essa experiência de trabalhar com o Seminário Integrado (P.2, p. 2).

A reflexão sobre as experiências com a pesquisa realizadas no exercício da docência constituiu-se em categoria fundamental de análise para compreender as mudanças experenciadas pelos professores do Seminário Integrado no EMP. Ao realizar o acompanhamento e orientação dos temas pesquisados no SI pelos alunos, o professor (P.2) refletiu sobre os conteúdos ensinados, aproximando-se mais da realidade dos alunos, valorizando a bagagem de conhecimentos que eles trazem para a escola, suas experiências, seus sonhos, dificuldades e incertezas que são próprios dos jovens que vivem um momento de escolhas em suas vidas. É imprescindível, nessa fase da vida dos adolescentes e jovens que o professor tenha como horizonte o questionamento, a investigação, a reflexão para que esses sujeitos construam novas formas de ler as transformações da sociedade, reconstruindo os conhecimentos no cenário contemporâneo.

O professor que dialoga com seus alunos, que propõe novas formas de trabalhar o conhecimento, consegue dar sentido e significado aos conteúdos que ensina marcando de forma positiva a vida do aluno. Paulo Freire (1979), ao tematizar sobre a importância do

professor pensar sua prática afirma que é participando das experiências entre e com sujeitos, pensando e repensando a prática que o professor reflete sobre seu fazer e constrói possibilidades de ler o mundo e intervir nos contextos de vida de seus alunos na perspectiva da mudar a realidade social e individual. Neste caminho de ação-reflexão- ação emerge o processo de mudança vivido pelos professores do SI, relatados nessa pesquisa.

. O ensino pela pesquisa propiciou que os professores ressignificassem suas metodologias, propondo instrumentos de investigação em diferentes fontes em interlocução com o mundo social na perspectiva de dar resolutividade aos problemas e contradições vividos por esses sujeitos. Em sua narrativa, a professora explicita com lucidez a relevância de trabalhar com o princípio pedagógico da pesquisa em diálogo com os conhecimentos da ciência, da cultura, do mundo do trabalho e com as inquietações e dilemas vividos pelos jovens na vida cotidiana. A professora afirma que a experiência de ensinar pela pesquisa mudou sua forma de atuar em sala de aula, produzindo uma nova relação com o conhecimento e com os sujeitos do EMP.

Pode-se inferir que a atividade docente exige um professor que crie, pesquise e pense sobre sua ação, como afirma Libâneo (1998), “[...] a tarefa de ensinar a pensar

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