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Formação inicial em nível superior/ graduação – “você vai se construindo ali, com

TRABALHO DE CINCO PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA

4.3 Formação inicial – “com certeza ajudou no meu dia a dia como professora Aprendia

4.3.2 Formação inicial em nível superior/ graduação – “você vai se construindo ali, com

aqueles profissionais que vão passando e a faculdade, o curso, ele abre a mente”

A formação inicial em nível superior traz uma abordagem diferenciada da formação proporcionada pelo Curso Normal. O caráter acadêmico do curso de licenciatura abrange um currículo mais complexo, com disciplinas diversas que geralmente compreendem os campos de atuação do profissional da educação. No caso do curso de Pedagogia, qualifica

para outras atuações do pedagogo, que não exclusivamente a sala de aula. Todas as professoras entrevistadas fizeram um curso de graduação em algum

momento da vida profissional; Açucena, Rosa e Margarida o iniciaram tão logo concluíram o nível médio. Açucena cursou Licenciatura em História, no Município de Baturité - CE, e as outras duas professoras, Pedagogia, em Fortaleza - CE, todas pela Universidade Vale do Acaraú (UVA). Numa situação nem tão comum, Rosa também cursou Pedagogia na Universidade Federal do Ceará (UFC).

Acácia e Tulipa cursaram a formação inicial em nível superior somente depois que ingressaram, por concurso público, como professoras, na rede municipal de ensino de Caucaia - CE, mediante um convênio celebrado entre a Prefeitura desse Município e a Universidade Estadual do Ceará (UECE), com o Curso de Formação de Professores para o Ensino Fundamental em Áreas Específicas (1a a 8a série) – Licenciatura Plena16.

Açucena revela que cursar Licenciatura em História foi uma decisão tomada após sua vivência como aluna e as experiências de ensino que teve ainda na educação básica. Convicta de que seguiria a carreira docente, a opção pela área de História ocorreu porque, além de ser a disciplina que mais a interessava quando aluna, teve, ainda no Ensino Fundamental, a oportunidade de estudar com dois professores (de História) que a encantaram ao ministrar suas aulas, uma vez que explicavam os conteúdos relacionando-os com o cotidiano e incentivavam a participação dos alunos nas discussões em sala de aula. A fala abaixo se refere à decisão pelo curso de licenciatura em História:

Eu fiz em Baturité. Veio a Vale do Acaraú para cá e eu me inscrevi para História. Era realmente aquilo que eu queria. Eu acho que em qualquer outro curso eu não seria tão feliz quanto eu sou sendo professora de História porque talvez a minha decisão para o curso ela tenha surgido com a vivência com dois professores (das séries finais do Ensino Fundamental). Talvez eles tenham me ajudado nessa opção do que especificamente eu queria fazer da minha vida. Aí eu me realizava, sabe, nas minhas aulas. Sempre foi de fato aquilo que eu queria fazer.

Esse depoimento explicita a ideia da escolha da profissão por influência de professores da educação básica. Os dois docentes que marcaram positivamente Açucena nas séries finais do Ensino Fundamental foram determinantes para sua opção pela área de História, ao decidir-se pelo magistério. A forma como conduziam as aulas, explorando diversas possibilidades para o ensino de História, provavelmente tenha chamado a atenção de Açucena, uma vez que, em outro momento da entrevista, ela relata que esses professores utilizavam em sala de aula outros recursos textuais, como jornal, revista e gravuras, para abordar os conteúdos da disciplina, e instigavam os alunos a refletir e questionar sobre os fatos históricos estudados. Essa forma de trabalhar, inovadora para Açucena, que até então havia tido professores que usavam apenas o livro didático e reproduziam a História como disciplina “decorativa”, foi incorporada à sua prática pedagógica.

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O Curso de Formação de Professores para o Ensino Fundamental em Áreas Específicas (1a a 8a série) – Licenciatura Plena visava a oferecer aos professores em exercício na rede pública de ensino graduação plena para o exercício do magistério no nível fundamental (1a a 8a série). Com duração de dois anos e meio a três anos, portanto, de caráter intensivo, esta Licenciatura garantia o diploma de Graduação Plena por meio de cursos presenciais ou modulados, podendo ser cumpridos a distância. Foram realizados em parceria com a Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará ou com as prefeituras municipais cearenses. A matriz curricular do referido curso abrangia áreas de conhecimento do Ensino Fundamental e disciplinas pedagógicas.

Em outra parte da entrevista, ela ressalta que, antes de cursar a graduação, as experiências docentes vivenciadas por ela já exigiam muito estudo. Por isso, segundo ela, além dos livros, recorria a revistas, internet, entre outras fontes de pesquisa, para planejar e ministrar suas aulas. A visão de mundo que formulara mais individualmente até aquele momento ampliou-se após o ingresso em um curso de licenciatura, com as novas leituras e materiais didáticos a que teve acesso, associados às explicações e questionamentos dos professores, aos debates com os colegas, aos trabalhos em grupo. E todas essas novas possibilidades, para Açucena, contribuíram para a formação de si como professora. A fala a seguir é representativa neste sentido:

Eu acho que a graduação ela te abre novos horizontes. Então, de prática de sala de aula, de tudo o que você aprendeu, das práticas que a gente já tinha, você vai se construindo ali, com aqueles profissionais que vão passando e a faculdade, o curso, ele abre a mente.

Açucena atribui ao curso de graduação uma abertura a novas percepções sobre a prática, acerca do papel do professor e a respeito da realidade de sala de aula. Com o embasamento teórico que adquiriu na faculdade e as orientações fornecidas por seus professores, suas práticas estavam respaldadas. Compreendia e tinha como argumentar por que estava agindo daquela forma, desenvolvendo ditas atividades, articulando certos conteúdos. A graduação proporcionou novas possibilidades de ação, com mais segurança,

ancorada nos embasamentos teóricos, nas escolhas feitas. A formação inicial em nível superior também foi um período bastante

significativo para a professora Rosa; ela cursou Pedagogia duas vezes, em duas universidades: iniciou o curso na Universidade Federal do Ceará (UFC) e nos primeiros semestres conseguiu um contrato temporário em uma escola da rede estadual de educação. Pensando na possibilidade de surgir um concurso para professor durante o período em que cursava a graduação na UFC, Rosa ingressou no curso de Licenciatura em Pedagogia em Regime Especial pela Universidade Vale do Acaraú (UVA), pois era sequencial, com apenas dois anos de duração e, portanto, concluiria bem antes do que o da UFC.

De acordo com Rosa, na UFC, o currículo do curso de Pedagogia priorizava a parte teórica da educação, enquanto na UVA era mais evidenciada a prática docente em sala de aula, uma vez que ser professor era um requisito para fazer o curso. Ressalta que as aulas da UVA favoreciam uma “aproximação” com a realidade de sala de aula, proporcionada pela troca de experiências entre os docentes em situações vivenciadas por eles, que tanto revelavam as dificuldades quanto as recompensas de ser professor. Foi em meio a essa “teia”

de experiências e práticas docentes de que tomava conhecimento a cada aula do curso que Rosa exprime ter confirmado sua escolha pela profissão. O comentário a seguir trata da diferença que Rosa percebia entre os cursos:

A UFC é muito conceituada. Aprendi a parte teórica. Eu tenho uma base muito boa da parte teórica que eu consegui na UFC. A UVA foi a que me mostrou todos os caminhos da sala de aula. Trabalhou mais a realidade, por causa da troca de experiência. De todo mundo que estava lá acho que a mais nova da sala era eu. Todo mundo tinha dez, quinze anos de sala de aula. Então assim, enriqueceu a minha bagagem educacional. Ali (na UVA) realmente eu vi que eu queria ser professora, ali concretizou a minha escolha. [...] Tinha as minhas colegas da faculdade que diziam para mim realmente a realidade da sala de aula, as dificuldades, os dilemas, mas também as conquistas, as recompensas que vinham junto com o aluno.

Reconhecendo a relevância da parte teórica, Rosa evidencia que o contato com a docência e o cotidiano da sala de aula são fundamentais num curso de formação de professores. Mesmo sendo incomum fazer o mesmo curso duas vezes, possivelmente, a junção das duas graduações pode ter completado a formação de Rosa como professora: a parte teórica (na UFC) e a parte prática (na UVA). A importância que a professora entrevistada atribui ao curso de Licenciatura em Pedagogia em Regime Especial, por tê-la “mostrado os caminhos da sala de aula”, se dá pela oportunidade de aproximação com questões práticas na convivência com outros docentes, ouvindo relatos de suas experiências, dos desafios da sala de aula, do cotidiano da profissão e da realidade dos alunos. Interessante seria se os cursos de graduação em Pedagogia pudessem consolidar esse amálgama entre a teoria e a prática que ela conseguiu no seu percurso.

Em seu memorial, Rosa confirma a importância dos conhecimentos teóricos que as disciplinas e professores da UFC imprimiram à sua formação, possibilitando aprendizagens interessantes e reafirmando sua escolha pela profissão; segundo Rosa, o “encontro” com o educador Paulo Freire foi uma das maiores contribuições que a graduação propiciou à sua formação como professora. O trecho a sequência, retirado do seu memorial, trata do curso oferecido pela UFC:

Posso descrever a minha trajetória na UFC como um complemento a minha descoberta de querer ser professora, uma etapa em que aprendi muito sobre pensadores importantes que fizeram muito pela evolução da educação, pelas mudanças que a educação teve ao longo dos anos. [...] Na UFC tive a oportunidade de participar de encontros estudantis, seminários, palestras e principalmente dos congressos, coisa que na UVA, por ser um curso sequencial e rápido, isso não era possível.

É interessante perceber que, além dos conhecimentos teóricos, Rosa valoriza a participação em encontros e eventos científicos na área da educação como momentos

importantes da sua formação. A oportunidade de vivenciar a universidade, que articula ensino, pesquisa e extensão, oferece possibilidades fundamentais e determinantes para uma formação profissional, política e social. Rosa reconhece que a UFC teve significativo papel no seu percurso formativo, ao dar condições de acesso a um ensino de qualidade, com professores capacitados que proporcionaram aprendizagens que foram incorporadas à sua prática, e à pesquisa, por meio dos congressos e seminários de que participou.

A professora Margarida demonstra trazer ótimas recordações do seu curso de Pedagogia. Ingressou na graduação bastante jovem, logo que concluiu o Curso Normal, e naquele momento vivenciava formalmente uma experiência docente em escola particular. Identifica muitos aspectos positivos no seu curso superior, principalmente quanto às aprendizagens constituídas com base nos conteúdos e autores estudados nas disciplinas, que repercutiram tanto no exercício da profissão como na sua formação pessoal.

Em termos de conhecimento aprendi bastante, posso analisar que tive uma boa preparação, que me ajudou bastante depois que eu terminei esse curso porque antes da gente fazer uma graduação a gente tem uma visão muito pequena do universo do que é o aluno, do que é a aprendizagem, mesmo porque a gente não tem esse domínio de vários autores que vai repercutir na nossa prática docente, então eu considero uma preparação boa, que me ajudou bastante a desenvolver um bom papel na sala de aula quanto pessoa e quanto profissional.

Margarida assinala, também, que a graduação lhe proporcionou conhecimentos aprofundados sobre os alunos e o processo de ensino e aprendizagem, que até então eram parcialmente compreendidos, apenas nas vivências que havia tido como aluna. Além da questão profissional, Margarida destaca que a graduação também lhe proporcionou uma formação no plano pessoal. Em outro momento da entrevista, a professora relata que as aprendizagens obtidas com o curso contribuíram para lidar com a heterogeneidade nas turmas de alunos, assim como com situações diversas em sala, muitas vezes conflituosas, e que demandavam atitude mais sensível por parte dela.

Para ela, a formação inicial em nível superior propiciou boa preparação profissional em decorrência da qualificação dos professores do curso e, sobretudo, pelo bom nível de conhecimento e relacionamento da turma. Encontrou colegas professores que possuíam uma ampla “bagagem” profissional, constituída pelos muitos anos de trabalho e pelas diversas experiências docentes vivenciadas. Margarida destaca o fato de que aprendeu muito com essas pessoas, que, por serem mais maduras, tinham outras responsabilidades, principalmente familiares, que demandavam uma atenção especial, além do trabalho durante a semana e dos estudos da graduação aos finais desta. Reconhecia o esforço que aquelas professoras faziam para dar continuidade à sua formação e admirava a dedicação delas ao

curso, percebendo o quanto foi enriquecedor para o seu desenvolvimento profissional ter convivido com aquelas docentes, que durante as aulas gostavam de compartilhar suas experiências, trazendo situações vivenciadas na escola como exemplo relacionado a algum assunto da aula. A fala seguinte revela as impressões de Margarida sobre o importante papel que suas colegas de curso tiveram na sua formação:

À nível de preparação mesmo profissional (a graduação) foi boa porque tinha professores muito bons. A turma era muito boa, esforçada e muito integrada em tudo que ia fazer, então isso facilitou também o aprendizado da gente. Pessoas já maduras, eu acho que eu era uma das que tinha menos experiências a nível profissional e também de idade. Eram professoras com uma bagagem enorme de conhecimento, vivências incríveis dentro do ambiente escolar e isso também engrandece muito. Eu me senti muito acolhida por elas. Eu era cheia de ideias, sempre gostei de fazer provocações e elas eram muito cansadas, com filhos, marido, a escola, várias coisas que contribuíam para elas não ter esse ritmo. Para mim também foi enriquecedor, porque era uma experiência nova para a gente e dentro de mim borbulhava essa curiosidade de querer aprender.

É interessante perceber neste comentário em que Margarida dá um “tom” mais reflexivo à sua formação e daquelas professoras. Noutro momento da entrevista, a professora declarou que o Curso Normal havia permitido novos olhares e leituras de mundo pela oportunidade de abertura a questionamentos que possibilitava a formação de uma atitude mais reflexiva perante a realidade. Seguindo essa mesma perspectiva, e movida pela curiosidade e necessidade de aprender mais, Margarida revela que no seu curso de graduação deu continuidade a esse exercício, buscando formar e expor sua opinião e fazer questionamentos e provocações sobre os assuntos em pauta na sala de aula. Embora também estivesse lecionando naquela época, dispunha de um pouco mais de tempo do que aquelas professoras para aprofundar o tema em estudo, complementando com outras leituras e realizando pesquisas.

A professora Açucena, por sua vez, destaca que sua segurança relativamente à profissão que queria seguir foi um diferencial para a sua posição como estudante da graduação. Antes do início das aulas, sentia-se ansiosa com a possibilidade de aprofundar seus conhecimentos na área de História, vivenciar novas experiências, conhecer bons professores, participar das aulas, dedicar-se aos trabalhos, além de estar particularmente atenta às oportunidades de cursos, encontros e outros momentos formativos que pudessem favorecer outras aprendizagens. Embora seu sentimento fosse esse, percebeu, logo no início, que a maioria dos colegas não tinha as mesmas expectativas: “gente que não queria estar ali, que estava lá porque era o que tinha aparecido e o nível (da turma) não era tão bom por conta disso”.

As opções de cursos de graduação nas cidades do interior do Ceará, à época em que Açucena prestou exame vestibular, eram bastante escassas. A oferta maior eram cursos de licenciatura, até como forma de atender o que estabelecia a LDBEN/96 quanto à formação dos profissionais da educação. Dessa forma, as pessoas que precisavam permanecer no interior, pelos mais diversos motivos, e queriam dar continuidade aos estudos, cursando uma graduação, tinham que optar por um dos cursos disponíveis ou esperar por outra oportunidade. Nessa situação, muitos estudantes ingressavam nos cursos, como no de História, cursado por Açucena, por não haver oferta daqueles que realmente gostariam de fazer.

Como sua turma não externava bom nível de conhecimento, Açucena percebia que os professores do curso eram mais “cautelosos” e superficiais na abordagem dos conteúdos e não cobravam muito nas avaliações. Em função disso, Açucena revela que tanto ela como alguns estudantes procuravam outras formas de aprofundar os conteúdos daquelas disciplinas, ao afirmar: “eu buscava outros meios para suprir essa necessidade. Então os professores indicavam livros e eu buscava; eles indicavam outras fontes e a gente buscava; a gente buscava fazer grupo de estudo”.

Ela acentua que procurava completar os conhecimentos teóricos que considerava importantes à formação que lhe era oferecida com muito estudo e pesquisa, buscando outras fontes, documentos e materiais didáticos que aprofundassem os temas abordados nas aulas. Residindo em Baturité, a docente esbarrava em outra dificuldade: encontrar as fontes indicadas por seus professores. Para conseguir os textos de que necessitava, vinha para Fortaleza juntamente com seus amigos e iam às bibliotecas das universidades. A constituição de um grupo de estudo com alguns colegas e a participação em encontros, eventos científicos e cursos de extensão na área de História foram formas de suprir a carência a que se refere.

As professoras Acácia e Tulipa ingressaram no ensino superior pouco tempo depois de assumirem o concurso no Município de Caucaia. O Curso de Formação de Professores para o Ensino Fundamental em Áreas Específicas (1a a 8a série) – Licenciatura Plena, em parceria celebrada entre a Prefeitura Municipal de Caucaia e a Universidade Estadual do Ceará (UECE), era destinado a professores já no exercício da profissão e objetivava torná-los aptos a lecionar no Ensino Fundamental as disciplinas Português, Matemática, Geografia, História e Ciências Naturais.

De acordo com elas, o curso trouxe muitas contribuições às suas trajetórias de formação e também foi a realização de um sonho, pois revelam que tinham muita vontade de cursar uma graduação, mas não conseguiram passar no exame vestibular de uma universidade

pública e a situação financeira de ambas impedia que pagassem uma faculdade particular. Consideram, todavia, que no curso, em um curto intervalo, tiveram muitas disciplinas que demandavam aprofundamento pelo grande volume de conteúdos, que infelizmente não tinham como dar conta, pois já trabalhavam nos turnos manhã e tarde durante a semana; como as aulas aconteciam nos finais de semana, quase não sobrava tempo para os estudos.

Principalmente para a professora Tulipa, eram evidentes as oportunidades que a graduação oferecia, colaborando no seu processo de formação. Permitiu a obtenção de aprendizagens diversas, especialmente em razão dos professores que teve e pela possibilidade de estudar na UECE, considerada por ela uma ótima instituição. O que foi mais gratificante para ela, contudo, foi perceber que algumas teorias que estudava na faculdade fundamentavam certas práticas da sua primeira experiência docente, como expressa na fala seguinte:

Na graduação tudo foi um aprendizado bom por conta da instituição e dos professores, mas o que mais me gratificou foi perceber durante todo esse período do curso que quando eu comecei a conhecer Paulo Freire, Piaget, esses grandes teóricos, eu comecei a perceber o seguinte: que eu nunca estive tão longe deles. Isso para mim foi uma riqueza. Foi muito bom descobrir que eu sempre estive no caminho certo, mesmo sem ter a escolaridade, mesmo sem ter frequentado uma faculdade.

Tulipa destaca sua satisfação no momento em que começou a conhecer as obras de autores como Paulo Freire e Piaget. No início da sua prática docente, utilizava estratégias de ensino e desenvolvia atividades arrimadas nas possibilidades que o meio oferecia. Durante a faculdade, foi percebendo que a sua forma de lecionar, mesmo sem conhecer teorias em que se baseasse para ministrar suas aulas, “estava no caminho certo” ao utilizar materiais concretos que faziam parte do seu cotidiano e dos estudantes. Nesta perspectiva, demonstra valorizar seu curso de graduação por lhe haver proporcionado mais segurança na condução do trabalho docente, incorporando novos elementos pedagógicos, assim como por haver descoberto “acertos” na sua primeira experiência docente, mantendo-os em sua prática, e ter subsídios para também identificar “erros” cometidos, transformando-os.

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